VIAGEM ASTRAL PARA PRINCIPIANTES (Parte 1)
EXERCÍCIOS
PRELIMINARES
Um
fato óbvio: a única maneira possível de um indivíduo analisar a
verdade do segundo corpo e a existência dentro dele é pela
experiência própria. Logicamente, se isso fosse incumbência fácil,
seria hoje lugar-comum. Desconfio que somente uma curiosidade inata
permitirá às pessoas vencerem os obstáculos no caminho dessa
conquista. Conquanto existam muitos casos de existência sofridos à
parte do corpo físico, eles têm sido, em sua maioria, pelo menos no
mundo ocidental, de natureza espontânea e antiga, ocorrendo nos
momentos de tensão ou incapacidade física.
Estamos
falando de coisa inteiramente diferente, que pode ser investigada
objetivamente. O experimentador desejará proceder de maneira a
produzir resultados consistentes; talvez não o tempo todo, mas com
frequência bastante para comprovar os indícios, para sua própria
satisfação. Acredito que todo mundo pode sentir a existência num
segundo corpo, se o desejo for grande ó bastante. Se todo mundo
deveria fazê-lo está além da essência do meu julgamento. As
provas me têm levado a crer que a maior parte, senão todos, dos
seres humanos abandona seus corpos físicos, de várias formas,
durante o sono. Leitura subsequente confirma que essa concepção tem
milhares de anos de idade na história do homem. Se ela é uma
premissa válida, então o estado em si não é antinatural. Por
outro lado, parece que a prática consciente, voluntária, da
separação do físico é contrária do padrão, em face dos
limitados dados disponíveis.
Efeitos
físicos maléficos derivados de tal atividade são indefinidos. Não
verifiquei (nem médico nenhum) quaisquer mudanças fisiológicas,
boas ou ruins, que possam ser atribuídas diretamente à experiência
fora-do-corpo. Houve, sim, diversas transformações psicológicas
que confirmo, e provavelmente muitas mais de que não fiquei a par.
No entanto, mesmo meus amigos da profissão psiquiátrica não
afirmaram que elas têm sido prejudiciais. Minha revisão gradativa
dos conceitos e crenças básicos é visível, em certas atitudes, no
decorrer desta obra. Se tais mudanças psicológicas e de
personalidade são realmente nocivas, atualmente não há muito que
se possa fazer a respeito.
Recomenda-se
cautela àqueles interessados em experimentar pois, uma vez aberta, a
porta para essa experiência não pode ser fechada. Ou mais
exatamente: é o caso típico de "você não pode viver com
isso, e você não pode viver sem isso". A atividade e
resultante conscientização mostram-se bastante incompatíveis com a
ciência, religião e outros aspectos da sociedade em que vivemos. A
História está semeada de mártires cujo crime único foi o não
conformismo. Quando seus objetivo,' e pesquisa.'. se tornam
conhecidos por todos, você corre o risco de ser rotulado de louco,
charlatão ou pior, e de cair no ostracismo. A 'despeito disso,
alguma coisa extremamente vital estaria faltando se não se
continuasse a explorar e investigar. Nos incontáveis períodos de
"baixa", quando não consegue produzir os fenômenos, não
importa quão cuidadosamente tente, você percebe isso profundamente.
Tem forte sensação de estar sendo deixado por fora das coisas, do
encerramento de uma fonte de grande significado para a vida.
Eis a
melhor descrição escrita que posso oferecer da técnica da
elaboração da experiência não física.
A
BARREIRA DO MEDO
Existe
um imenso obstáculo à investigação do segundo corpo e do
meio-ambiente no qual ele opera. Talvez seja o único obstáculo
significativo. Está presente em todas as pessoas, sem exceção.
Pode estar escondido por camadas de inibição e condicionamento, mas
quando elas são arrancadas, o obstáculo permanece com a barreira do
medo cego, irracional. Ao receber simplesmente pequenos ímpetos,
transforma-se em pânico, e depois em terror. Se você ultrapassa
conscientemente a barreira do medo, terá vencido um marco importante
na sua investigação.
Estou
razoavelmente seguro de que essa barreira é ultrapassada
inconscientemente por muitos de n6s toda noite. Quando essa parte de
nós além da consciência tem o domínio das coisas, ela não é
inibida pelo medo, embora pareça sofrer influência do pensamento e
ação da mente consciente. Parece estar acostumada a operar além da
barreira do temor, e compreende melhor as normas de existência desse
outro mundo. Quando a
mente consciente se aquieta para dormir, essa
supermente assume o controle.
O
processo investigador relativo ao segundo corpo e seu meio-ambiente
parece ser fusão ou mistura do consciente com essa supermente. Se
isso é verdade, a barreira do medo é superada. Tal barreira é
multifacetada. O mais temerário dentre n6s acredita que ela não
existe até, muito para nossa surpresa, a encontrarmos dentro de nós
mesmos. Primeiro e principalmente há medo da morte. Devido à
separação do corpo físico ser muito parecida com o que se encara
como morte, são automáticas as reações imediatas à experiência.
Você pensa: "volte pro físico, depressa!Você está morrendo!
A vida é lá no físico! Volte rápido!"
Tais
reações aparecem, a despeito de qualquer treinamento intelectual ou
emocional. Somente ap6s repetir o processo dezoito ou vinte vezes é
que finalmente reuni coragem suficiente (e curiosidade) para
permanecer fora mais que alguns segundos, para observar
objetivamente. O medo da morte foi limitado, ou amenizado, por me ser
familiar. Outros que têm praticado essa técnica interrompem tudo
após a primeira ou segunda experiência, incapazes de suprimir o
primeiro aspecto da barreira.
O
segundo aspecto dela também é ligado ao medo da morte: será que
conseguirei retornar ao físico ou voltar para "dentro dele Sem
diretrizes ou instruções específicas isso persistiu como meu
primeiro medo durante vários anos, até que descobri uma resposta
simples que fez a coisa funcionar toda vez. O meu caso foi uma
questão de racionalização. Eu estivera "fora" várias
centenas de vezes, e os indícios mostravam que eu conseguia
regressar com segurança, de um modo ou de outro. Portanto a
probabilidade era a de que eu retorna ileso também na próxima
vez.
O
terceiro medo básico era o do desconhecido, As regras e perigos do
nosso ambiente físico podem ser numerados em grau razoável.
Passamos a vida inteira elaborando reflexos que os combatam. Agora,
subitamente, surge mais outro conjunto de normas completamente
diverso; outro mundo de possibilidades inteiramente diferentes,
habitado por seres que parecem conhecê-las todas. Não se tem um
regulamento, nem mapa de estradas, nem livro de etiqueta, nem cursos
apropriados de física e química, nem autoridade incontestável a
quem se possa apelar para conselhos e respostas. Muitos missionários
foram mortos em regiões remotas, sob tais condições!
Devo
confessar que esse terceiro medo ainda aflora, e com razão O
desconhecido continua assim em grande parte. Penetração como eu fiz
levantou lamentavelmente poucos critérios inalteráveis e
consistentes. Só posso dizer que até hoje sobrevivi a essas
expedições. Há muita coisa que não entendo, porque está além da
minha capacidade de compreensão.
Outro
medo são os efeitos conseqüentes no corpo físico, bem como na
mente consciente, da participação e experimentação dessa forma de
atividade. Isso também é muito real, já que nossa história, pelo
menos que eu saiba, parece não conter registros precisos sobra essa
área. Temos estudos de paran6ia, esquizofrenia, fobias, epilepsia,
alcoolismo, doença do sono, acne, doenças virulentas etc., mas
nenhum conjunto de dados objetivos sobre a patologia do segundo
corpo.
Não
sei como enganar a barreira do medo, a não ser por cautelosos passos
iniciais que criem conhecimento íntimo, pouco a pouco, à medida que
você avança. Espero que esta obra, no seu todo, vá fornecer um
"passo" psico16gico para transpor a barreira. Talvez ajude
no reconhecimento de estados e padr5es que são familiares a pelo
menos uma pessoa que teve experiências semelhantes e sobreviveu.
A
seguir, a necessária progressão do procedimento:
1.
RELAXAMENTO
A
capacidade de descontrair-se é o requisito preliminar, talvez mesmo
a própria fase primeira. 8 deliberadamente gerada e é tanto física
quanto mental. Incluído no estado de relaxação deverá estar o
alívio de qualquer senso de premência de tempo. Você não pode
estar com hora marcada. Nenhum compromisso ou telefonema marcado,
senão a atenção porá seus pensamentos em desordem. Impaciência d
qualquer gênero poderá efetivamente refrear suas perspectivas de
sucesso.
Há
muitas técnicas disponíveis para a obtenção desse tipo de
descontração, e certo número de bons livros abordam o assunto.
Simplesmente selecione o método que funciona melhor para você.
Existem três métodos gerais que parecem dar certo, dois dos quais
inseridos nestes exercícios:
Auto-hipnose
A
maior parte dos livros sobre auto-estudo oferece esse método em
versões diferentes. Novamente é assunto mais eficaz para você
individualmente. O meio mais veloz e eficiente é aprender
auto-hipnose por meio de treinamento com hipnotizador experiente. Ele
saberá impor a sugestão pós-hipnótica que trará resultados
imediatos. Contudo, selecione um professor com cuidado. São raros os
praticantes de responsabilidade, mas numerosos os neófitos. Formas
de meditação podem ser convertidas em relaxação eficaz.
Estado
de sono fronteiriço
Esse
é talvez o método mais fácil e natural, e geralmente assegura
descontração simultânea do corpo e da mente. A dificuldade está
na preservação daquela delicada "fronteira" entre o sono
e a vigília total. Com muita freqüência a pessoa simplesmente cai
no sono e isso encerra o experimento, por enquanto. Com a prática, a
conscientização pode ser transportada para esse" estado
fronteiriço, penetrar nele, e atravessá-lo, chegando, após, à sua
destinação. Que eu saiba não existe outra maneira de alcançar
isso a não ser pela prática. A técnica é a seguinte:
deite-se,
de preferência ' cansa e sonolento. Quando se descontrair e começar
a cair no sono, mantenha a atenção em alguma coisa, qualquer coisa,
com os olhos fechados. Uma vez conseguindo manter indefinidamente o
estado fronteiriço sem cair no sono, é sinal que passou pelo
primeiro estágio. Entretanto é padrão normal cair no sono muitas
vezes durante esse processo de aprofundamento da consciência. Você
não poderá ajudar a si mesmo, porém não deixe que isso o
desanime. Não se aprende o processo da noite para o dia. Você
perceberá que teve êxito quando sentir monotonia e desejar que
aconteça mais alguma coisa! Se as tentativas de permanecer no estado
fronteiriço o tornarem nervoso, essa também é uma reação normal.
A mente consciente parece não gostar de partilhar a autoridade de
que dispõe quando em vigília. Se tal ocorrer, interrompa a
relaxação, levante-se e caminhe um pouco, faça exercícios, e
deite-se de novo. Se isso não aliviar o nervosismo, vá dormir e
tente em outra ocasião. Você simplesmente não está disposto.
Quando seu "fixativo", isto é, a imagem pensada na qual
vinha se apoiando, fugir e você se vir pensando em alguma outra
coisa, é porque está na iminência de completar o Estado A.
Uma
vez lá chegando, a capacidade para manter-se calmamente no estado
Fronteiriço indefinidamente, com a mente num pensamento exclusivo,
você estará pronto para a fase seguinte. O Estado B é análogo,
mas elimina-se a concentração. Não pense em coisa alguma, e I
permaneça equilibrado entre vigília e sono. Apenas olhe através
dos olhos fechados para a escuridão à sua frente. Não faça mais
nada. Após certo número de exercícios você poderá: "inventar
imagens mentais" ou padrões luminosos. Tais efeitos não têm
grande e significado, e podem meramente formas
de descarga nervosa.
Lembro-me, por exemplo, de quanto tentei alcançar esse estado após
assistir a um jogo de futebol na TV durante horas. Tudo que eu via
eram imagens '~ mentais de jogadores de futebol americano se
agarrando, correndo, e passando a bola etc. Levou pelo menos meia
hora para o padrão desvanecer-se. Essas imagens mentais são
aparentemente relacionadas i sua concentração visual nas oito ou
dez horas precedentes. Quanto, mais intensa a concentração, maior
parece ser a demora para eliminar ' as impressões.
Você
terá conquistado o Estado B quando conseguir ficar deitado
indefinidamente após õ desaparecimento das impressões, sem
nervosismo, e vendo tão-somente a escuridão. O Estado C é o
aprofundamento sistemático da consciência enquanto no Estado B.
Isso é atingido quando se libera cuidadosamente a firme preservação
da fase fronteiriça do sono e se aprofunda pouco a pouco durante
cada exercício. Você aprenderá a estabelecer os graus desse
aprofundamento da consciência "descendo" até determinado
nível, e regressando voluntariamente. E reconhecerá tais graus pelo
fechamento de várias entradas do mecanismo sensorial. O sentido do
tato aparentemente some primeiro. Você tem a impressão de não
sentir nada em qualquer parte do corpo. Olfato e paladar vêm em
seguida. Os sinais de audição somem, em seqüência, e o ultimo a
desaparecer é a visão (às vezes os dois últimos são invertidos.
Desconfio que o motivo pelo qual a visão vai por último é que o
exercício requer o uso da rede visual, mesmo na escuridão.
O
Estado D é a consecução do C quando se está inteiramente
descansado e revigorado, ao invés de cansado e sonolento, no
princípio do exercício. Isso é muito importante, e nem de perto
tão fácil de atingir como de escrever a respeito. Entrar no estado
de relaxação cheio de energia e consciência é forte garantia para
manter controle consciente. A melhor abordagem nas primeiras
tentativas dos exercícios no Estado D é começar imediatamente após
acordar de uma soneca ou uma noite completa de sono. Principie o
exercício antes de mexer-se fisicamente na cama,
enquanto seu corpo
ainda se acha entorpecido pelo sono, e a mente em alerta total. Não
tome muitos líquidos antes de dormir para não sentir necessidade
imediata de esvaziar a bexiga assim que acordar.
Indução
por drogas
Nenhum
dos remédios que produzem relaxação e que são prontamente
acessíveis parece ajudar. Os barbitúricos forçam a perda do
controle consciente e somente provocam estado de confusão quando em
consciência profunda. O mesmo ocorre em grau menor com
tranqüilizantes. Atinge-se a
relaxação, sim, mas a custo da
percepção. O álcool sob qualquer aspecto provoca efeitos análogos.
Compostos mais exóticos, tais como alcalóides e alucinógenos,
podem ser mais produtivos. Não tenho tido bastante experiência ou
contato com os últimos a ponto de poder fornecer uma opinião, ou
mesmo adivinhação, com base em conhecimento. Parece-me que uma
pesquisa a longo prazo é indicada para esse caso. Já utilizei os
três métodos e rejeitei a relaxação por meio de drogas bem no
início, pois resultou tanto em muita perda do controle consciente
quanto na deturpação da percepção. Na primeira técnica, fitas
para indução hipnótica foram especialmente preparadas para o
experimento. Mostraram-se bastante úteis e eficazes. As técnicas do
estado de sono fronteiriço têm sido empregadas com muita
freqüência. A despeito do procedimento
aparentemente complicado,
para mim é o método mais natural.
2.
ESTADO DE VIBRAÇÃO
A
produção desse efeito é a mais crítica de todas. A impressão
sensorial subjetiva que ela cria vem descrita em outro ponto da obra.
Uma vez alcançado, sem dúvida não lhe precisarão dizer que teve
êxito, e então terá passado por outro grande obstáculo.
Tudo
o que se pode fornecer são pistas. Ao nível atual de conhecimento,
não se sabe por que essas coisas funcionam. É muito parecido com o
ato de ligar-se um interruptor para obter luz sem noção alguma de
como o interruptor opera, de onde vem a eletricidade, ou por que e
como ele atua numa lâmpada protegendo filamentos e tungstênio. Todo
o material aqui contido foi constituído tão empiricamente como
possível. A parte o principal laboratório humano, várias outros
indivíduos tentaram. Basta dizer que obtiveram resultados
positivos.
Complementos
para o estado vibratório. Deite-se em qualquer posição mais
propícia ao seu estado de relaxação. Afrouxe qualquer roupa que
estiver usando. Mantenha-se coberto para sentir-se ligeiramente mais
aquecido do que geralmente o confortável para você. Afaste qualquer
jóia ou objeto de metal perto ou tocando a sua pele. Certifique-se
de que seus braços, pernas e pescoço se descontrairão numa posição
que não
impedirá a circulação sangüínea. Escureça o aposento
o bastante para assegurar-se de que nenhuma luz possa ser percebida
através de suas pálpebras. Não utilize um aposento totalmente
escuro, pois assim não terá ponto visual de referência.
Requisitos
absolutos. Certifique-se de que não será interrompido de maneira
alguma, seja por intervenção física direta, por telefone tocando,
ou outros ruídos interruptores. Não estabeleça limite de tempo ou
de prazo. O tempo que despender no experimento não será mais
valiosamente empregado em outra coisa, e você não deverá' ter
assunto pendente, o que poderia tornar breve a sua atividade.
Atinja
o estado de relaxação. Faça isso por qualquer método que tenha
achado operável para o seu caso individual. Trabalhe até o Estado
D, ou seu equivalente, e mantenha-se no mais profundo estado de
relaxação possível, sem enfraquecer a consciência. Assim que
houver gasto tanto tempo quanto necessário para alcançar isso,
repita mentalmente: "eu reconhecerei e me lembrarei de tudo o
que encontrar durante esse período de
relaxação. Vou recordar em
detalhes, quando estiver completamente acordado, somente aqueles
assuntos que serão benéficos às minhas condições mental e
física". Diga isso mentalmente cinco vezes. Depois comece a
respirar pela boca semi-aberta.
Organize
as ondas vibratórias. Enquanto continua respirando pela boca
semi-aberta, concentre-se na escuridão diante dos seus olhos
fechados. Primeiro olhe para um ponto na escuridão a trinta
centímetros da sua fronte. Agora desloque seu ponto de concentração
para um metro de distância, e depois dois metros. Mantenha-o assim
até se tornar firme. Daí vire o ponto para cima, numa linha
paralela ao eixo do corpo e acima da cabeça. Alcance as vibrações
naquele ponto. Quando as encontrar, puxe-as mentalmente de volta à
sua cabeça.
Essa
descrição simples deve provocar muitas perguntas: alcançar o quê?
Puxar o quê de volta à cabeça? Tentemos outro sistema de
explanação. Inicie uma concentração mental, como se duas linhas
se estendessem dos lados externos de seus olhos fechados. Pense nelas
convergindo para um ponto a trinta centímetros de sua fronte.
Visualize uma resistência, ou pressão, quando as duas linhas se
encontrarem como se dois fios elétricos se unissem, ou os pólos de
um ímã fossem forçados a se tocar. Agora estenda essa junção até
cerca de um metro afora, ou a extensão de seu braço esticado.
Devido à diferença angular, o padrão de pressão será alterado.
Uma compressão do espaço (forças?) entre as linhas convergentes
deverá ser o resultado, e a, pressão deverá, por conseguinte,
aumentar para manter a convergência. Depois que a extensão de um
metro foi efetuada e preservada, estenda o ponto de interseção para
metro de distância da sua cabeça, ou 30º (para que você possa
visualizar
devidamente o ângulo exato que 30º representam : talvez
ajude estabelecer um ângulo de 30º no papel, com um transferidor, e
decorar seu desenho.
Uma
vez tendo aprendido a realizar e manter o ângulo de 30º para fora
(ou mais ou menos a uns dois metros de distância), curve o ponto de
interseção 90º (ou faça um "L") para cima, na direção
de sua cabeça, mas paralelo ao eixo do corpo. Você faz o
"estiramento" com esse ponto de interseção. Esticar ou
estirar mais com. esse ponto até obter uma reação. Novamente, você
saberá quando consegui-la. É como se uma onda sibilante,
ritmicamente pulsante, cheia de faíscas, viesse rugindo para dentro
da sua cabeça. E daí ela parece ir varrendo o resto do corpo,
tornando-o rígido e imóvel. Depois que você aprender o processo ou
o conceito, não mais seria necessário efetuar todas as operações
rotineiras. Precisará apenas pensar nas vibrações, enquanto no
estado de relaxação, e elas começarão a formar-se. Instituiu-se
um reflexo condicionado, ou uma trilha nas neurônios, que pode ser
seguida sempre e sempre. Ainda uma vez, não é técnica passível de
realizar-se na
primeira tentativa. A probabilidade de êxito aumenta
a cada esforço sucessivo. Quanto maior a freqüência com que o
tentar, maiores as possibilidades de obter resultados positivos. No
entanto, uma vez alcançado o sucesso, nem sempre o ato se repete
voluntariamente. Existem ainda muitos desvios que interferem, e que
ainda não foram isolados e identifica-los. Porém, a coisa
"funciona" com freqüência bastante para ser objeto de
contínuo estudo.
3.CONTROLE
DAS VIBRAÇÕES
Quando
você conquistar o estado vibratório, haverá diretrizes definidas
para seguir. A utilização desse estado sob controle consciente é o
objetivo que você almeja. Para realizar isso terá de observar
medidas cautelosas. Elas deverão, lógico, ser mantidas em seqüência
e na ordem apresentada. Não há vestígios indicando que esse estado
vibratório tem efeito nocivo sobre a mente ou o corpo físico.
Vejamos, então, alguns
esquemas que se podem adaptar
sistematicamente. Eles são o resumo de literalmente centenas de
experimentos pelo método das tentativas.
Aclimatação
e adaptação
Essa
é uma forma de dizer que você deve deixar-se acostumar com a
sensação desse estado invulgar. Qualquer medo ou pânico deve ser
eliminado quando sentir ondas iguais a um choque elétrico sem dor,
invadindo seu corpo. O melhor método parece ser o de não fazer nada
quando elas
surgirem. Fique deitado quieto, e analise-as
objetivamente até sumirem de modo espontâneo. Isso costuma
acontecer no espaço de cinco minutos. Após diversas experiências
do gênero você perceberá não estar sendo eletrocutado. Tente
evitar entrar em pânico, lutando para romper a sensação de
paralisia. Você pode interrompê-la sentando-se com grande força de
vontade, mas ficará decepcionado consigo mesmo por tê-lo feito.
Afinal, era isso que estava querendo realizar.
Manipulação
e modulação
Uma
vez tendo eliminado as reações de medo, você está pronto para as
fases de controle. Primeiro "dirija' mentalmente as vibrações
para um anel ou force-as todas para dentro da sua cabeça. Depois
mentalmente empurre-as pelo seu corpo abaixo, até os dedos dos pés,
devolvendo-as à cabeça. Em seguida comece a impulsioná-las em
onda, acima do corpo, e ritmadamente, da cabeça, aos pés, e depois
voltando novamente. Após ter efetuado o mov1-mento de onda, deixe-o
agir espontaneamente até desvanecer-se. Isso deverá levar uns dez
segundos, cinco para baixo, cinco na volta, até que a onda complete
o circuito desde a cabeça até os pés, e volte. Pratique isso até
a onda vibratória começar instantaneamente após a ordem mental, e
deslocar-se firmemente até desaparecer.
A
essa altura você terá notado a "rudeza" das vibrações,
como se seu corpo estivesse sendo sacudido severamente até o nível
molecular, ou atômico. Isso pode ser um tanto desagradável, e você
vai sentir vontade de "amaciá-las". Pode fazê-lo,
obrigando-as a "pulsar" ' mentalmente a fim de
aumentar-1hes a freqüência. Seu padrão vibratório original parece
ser da ordem de uns vinte e sete ciclos por segundo esse é o padrão
da própria vibração, não da freqüência cabeça-aos-pés. O
padrão reage a essa ordem de pulsação muito sutilmente, e
lentamente, no princípio. Sua primeira indicação de êxito vem
quando as vibrações não mais parecem grosseiras e trêmulas. Você
está na iminência de controlá-las quando produzirem efeito firme e
sólido.
É
essencial que aprenda e pratique esse processo de aceleração. O
efeito de vibração acelerada é a forma que permite a dissociação
do físico. Uma vez tendo determinado o momento da aceleração, ela
parece acontecer automaticamente. Eventualmente você poderá sentir
as vibrações apenas quando se iniciam. Elas elevarão sua
freqüência, como um motor sendo acelerado, até ficar tão alta que
você não consegue distingui-la. Nessa fase o efeito sensorial é de
calor no corpo, e de formigamento, mas sem excessos.
A
conquista consistente desse estágio é sinal de que você se acha.
pronto para os experimentos de dissociação física iniciais. Outro
conselho aqui: além desse ponto acredito que você não consiga
recuar. Como conseqüência você se envolverá com a realidade dessa
outra existência. Como isso afetará sua personalidade, sua vida
diária, seu futuro e suas filosofias dependem inteiramente de você,
como indivíduo. Depois que você
for "aberto" a essa
outra realidade, não poderá evitá-la, por mais que se esforce. A
pressão dos problemas materiais poderá sublimá-la durante certo
período, porém ela regressará. Você não poderá ficar sempre de
guarda contra sua reabertura. Quando começar a dormir, ou em vigília
quando meramente descansar, onda de vibrações poderá surgir sem
ser chamada. Claro que você poderá detê-la, mas eventualmente
estará cansado demais para dar ao trabalho, e lá vai você em outra
excursão. Sentirá que estará lutando contra si mesmo. E quem
deseja lutar contra si próprio ao preço de uma boa noite de sono!?
O
PROCESSO DE SEPARAÇÃO
Após
ter atingido o estado vibratório e certo controle do seu estágio de
relaxação, um fator adicional deve ser levado em consideração. É
provável que você já o tenha dominado, tratando-se normalmente de
um produto dos exercícios prévios. Contudo, deve ser enfatizado.
Esse fator é o controle do pensamento. No estado de vibração você
fica aparentemente sujeito a qualquer pensamento, tanto voluntário
quanto involuntário, que passe pela sua mente. Assim, você deve
colocar-se o mais pr6ximo possível dos estados de "nenhum
pensamento", ou "pensamento único" (concentração).
Se alguma idéia dispersa passa pela sua mente, você reage
instantaneamente, e às vezes de maneira indesejável. Desconfio
que
jamais se esteja livre dessa orientação errônea. Pelo menos tem
sido assim comigo, o que talvez explique as muitas inexplicáveis
viagens a lugares e pessoas que não conheço. Parece que elas são
produzidas por pensamentos ou idéias que eu não sabia que me
ocorriam, e abaixo do nível consciente. A melhor abordagem é fazer
o melhor que você puder. Tendo isso em mente, as primeiras
experiências na dissociação do segundo corpo físico deveriam
limitar-se a tempo e ação. O que se segue é elaborado basicamente
como técnica de familiarização e orientação, que deverá
permitir uma abordagem à dissociação, sem medo nem preocupação.
Liberação
das extremidades
Isso
serve para familiarizar você com as sensações do segundo corpo,
sem entrega total. Procure relaxar-se, e após a criação do estado
vibratório, trabalhe com braço e mão direitos, ou esquerdos, um de
cada vez. Isso é tão importante como o será sua primeira
confirmação da verdade do segundo corpo. Com uma das mãos tente
tocar um objeto qualquer: chão, parede, porta, ou outros, que você
se lembre como estando longe do seu braço físico. Tente atingir o
objeto. Realize o processo de estiramento, mas não para cima ou para
baixo, mas na direção em que seu braço estiver' apontando. Faça
isso como se estivesse esticando o braço, sem levantá-lo ou
abaixá-lo. Uma variação consiste simplesmente em esticar mão e
braço da mesma maneira, sem objeto especifico em mente. Esse método
é freqüentemente melhor, pois na hora você não tem idéia
preconcebida do que "tocará". Quando se "alcança"
desse modo e nada se sente, recomenda-se, adiantar a mão um pouco
mais e continuar suavemente, como se estivesse estendendo o braço,
até a mão encontrar algum objeto material. Se o padrão de vibração
estiver fazendo efeito, ela funcionará, e sua mão finalmente
sentirá ou tocará em qualquer coisa. Assim que fizer, examine, com
seu sentido de tato, os detalhes físicos do objeto. Procure
quaisquer rachaduras, entalhes ou detalhes incomuns que, mais tarde
poderá identificar. A essa altura nada parecerá invulgar. Seus
mecanismos sensoriais lhe dirão que está tocando no objeto com a
mão física.
Eis,
então, seu primeiro teste. Depois de familiarizar-se com o objeto
por meio da mão esticada, endireite-a e pressione o objeto com as
pontas dos dedos. No início encontrará resistência. Empurre um
pouco mais, e suavemente vença a resistência que estiver sentindo.
A essa altura sua mão parecerá atravessar direto o objeto. Continue
fazendo pressão até sua mão atravessá-lo completamente e achar
algum outro objeto físico. Identifique o segundo objeto pelo toque.
Depois retire cuidadosamente sua mão, recue através do primeiro,
objeto, e recue lentamente até o normal para que ela se sinta no
lugar ao qual "pertence". Depois disso diminua as
vibrações. A melhor maneira de fazer isso é tentar vagarosamente
mexer o corpo físico. Pense nele e abra os olhos físicos. Traga de
volta seus sentidos físicos deliberadamente.
Depois
de as vibrações se esvaírem completamente, fique deitado, quieto
durante alguns minutos até o retorno integral. A seguir levante-se e
faça anotações a respeito do objeto que "sentiu",
localizando-o de acordo com a posição de sua mão e braço quando
estava deitado. Anote os detalhes tanto do primeiro quanto do segundo
objeto que sentiu. Tendo feito isso, compare sua descrição com o
primeiro objeto real. Faça registro especial dos pequenos detalhes
que não poderia ter enxergado de longe. Sinta o objeto pelo tato a
fim de compará-lo com o que sentiu sob influência das vibrações.
Examine o segundo objeto da mesma forma. Talvez você não tenha
reconhecido conscientemente sua presença ou posição anterior à
experiência. Isso também é muito importante. Teste a linha de
direção desde o ponto onde ficou sua mão física; quando
atravessou os primeiro objeto, e até o segundo. Será uma linha
reta?
Verifique
os resultados. Esteve o primeiro objeto que tocou fisicamente
localizado numa distância na qual teria sido absolutamente
impossível alcançá-lo sem movimento físico? Os detalhes do
objeto, especialmente os detalhes mínimos, coincidem com as
anotações feitas por você? Faça a mesma comparação com o
segundo objeto.
Se
suas respostas forem afirmativas é porque alcançou seu primeiro
êxito. Se os fatos não conferirem, tente de novo outro dia. Se você
produziu o estado vibratório, pode efetuar esse exercício quase sem
restrições. Poderá igualmente realizar o seguinte com muita
facilidade: após produzir o estado vibratorio, deitado de costas,
com os braços ou nos lados, ou em cima do peito, erga-os levemente
sem olhar para eles, e una os dedos. Faça isso distraidamente, e
recorde-se dos resultados sensoriais. Depois de ter cruzado as mãos
sobre o peito, olhe-as primeiro com os olhos fechados. Se você se
moveu com relativa facilidade, verá tanto os braços físicos quanto
os não físicos. Os físicos estarão descansando do seu lado ou em
cima do peito. As impressões sensoriais estarão com os braços e
mãos não físicos acima do seu corpo físico. Você deverá testar
esse fenômeno quantas vezes desejar, e como quer que deseje. Prove
para si mesmo que não está deslocando seus braços físicos, mas
outra coisa. Faça-o pelos meios que forem necessários para lhe
garantir inteiramente essa verdade. É sempre importante devolver
seus braços não físicos à conexão plena, com suas contrapartes
físicas, antes de "desligar" o estado vibratório.
Conquanto possa não haver efeitos posteriores graves, caso isso não
seja feito, acho melhor não tentar isso nos primeiros estágios.
Técnica
de dissociação
O
método mais simples de usar quando na separação do físico é o
processo de "decolagem". O alvo, neste caso, não é viajar
para lugares muito distantes, mas sim familiarizar-se com as
sensações no seu pr6prio quarto, em ambiente já conhecido. A razão
disso é que a primeira experiência
de verdade será, então
examinada e explorada com pontos de referência identificáveis. Com
o fito de reforçar essa orientação é melhor que esses
primeiros
exercícios de completa dissociação sejam conduzidos à luz do dia.
Teste suas proprias necessidades quanto à quantidade de luz no
quarto. Evite luz elétrica, se possível.
Para
alcançar as condições, atinja o estado vibratório e mantenha o
completo controle dos seus processos de pensar. Você vai permanecer
apenas nos limites do seu quarto, o qual lhe é familiar. Pense que
está ficando mais leve; que está flutuando e subindo, e como seria
gostoso flutuar em direção ao alto. Certifique-se de pensar em como
seria gostoso, já que o pensamento associado subjetivo é muito
importante. Você deseja fazê-lo porque é uma coisa à qual reagirá
emocionalmente, reagirá mesmo antes do ato, por antecipação. Se
persistir apenas nesses pensamentos
acabará dissociando, e flutuará
suavemente para cima, saindo do físico. Talvez não o consiga na
primeira i:~ oportunidade, nem na segunda. Mas, sem dúvida alguma,
se conseguiu superar as etapas anteriores de exercícios,
conseguirá.
Um
segundo sistema é a técnica de "rotação". Sob as mesmas
condições já descritas, procure virar-se lentamente, como se
procurasse uma posição
mais cômoda na cama. Não tente ajudar-se
a virar com braços ou pernas. Comece torcendo a parte superior do
corpo, cabeça e ombros em primeiro lugar. A todo custo mexa-se
vagarosamente, exercendo pressão suave, mas firme. Se não o fizer
poderá soltar-se e girar como um toro de tenha no rio, antes de
conseguir modificar a pressão. Esse gesto é perturbador somente
porque você pode perder toda a orientação e ser forçado a
encontrar o caminho de volta cautelosamente, conectando-se em
rotação. A tranqüilidade com que você começa a girar, sem
fricção ou senso de peso, vai informá-lo de que principiou a ter
sucesso na dissociação. À medida que isso for acontecendo, gire
lentamente até sentir que se mexeu 180" (isto é, cara a cara
com seu corpo físico). É impressionante como você reconhecerá
essa posição. Os 180º e o cara-a-cara são meramente duas voltas
de 180º e, sem orientação, é fácil de sentir. Uma vez na posição
de 180º, cesse a rotação simplesmente pensando em fazê-lo. Sem
hesitar, pense em flutuar para cima, afastando-se do corpo físico.
Novamente, se alcançou o estado vibratório com êxito, esse método
certamente lhe trará resultados. Das duas técnicas de separação,
a primeira deveria ser tentada antes da segunda. Então, depois de
ambas serem examinadas e testadas, a que parecer mais fácil deverá
ser utilizada.
Experimentos
locais e familiarização
Depois
que você tiver êxito no processo de separação, é muito
importante para sua própria continuidade de objetivo que permaneça
em completo controle. A única maneira possível de fazer isso é
ficando perto do físico nos primeiros estágios. Tudo o que sentir
emocionalmente mantenha
bem próximo c1o físico. Essa advertência
não é feita por causa de qualquer perigo conhecido, mas para que
você mantenha uma familiarização gradativa, reconhecendo assim
exatamente o que está acontecendo. As viagens loucas e sem controle
nessa altura das coisas bem podem produzir situação e condições
desagradáveis, que o forçarão a reaprender muito do que já
assimilou. O processo de adaptação mental será diferente de
qualquer um que você já tenha praticado conscientemente. A
adaptação gradual realçará grandemente sua paz interior e
confiança.
A
essa altura o exercício principal é o do retorno. Mantenha sua
distância separatória a não mais de um metro, pairando sobre o
físico. Não faça tentativa alguma, nessa ocasião, para mexer-se
lateralmente ou mais "para cima". Como saber a que
distância está? De novo,, isso é coisa que você sente. Sua visão
agora é zero. Você condicionou-se a não abrir os olhos e deixá-los
fechados por ora. Fique próximo do físico. A noção mental disso o
manterá na distância devida.
Durante
os três ou quatro próximos exercícios não faça mais nada além
de "sair" e regressar para o físico. Para retornar sob
tais condições, simplesmente "pense" em si mesmo voltando
para dentro dele, e voltará. Se usou o primeiro método de
separação, a reintegração será relativamente simples. Assim que
se vir de volta num alinhamento exato, poderá mexer qualquer porção
do corpo físico, reativar qualquer um ou todos os sentidos físicos.
Cada vez que regressar abra os olhos físicos e sente-se fisicamente
para saber que está completamente "de volta e uno". Isso é
para assegurar uma orientação: instilar confiança no fato de você
poder retornar à vontade e, o que é mais importante, para
garantir-1he o contato não interrompido com o mundo material ao qual
pertence atualmente. Seja lá em que acredite, essa afirmação é
muito
necessária.
Se
você aplicou o método rotativo, desloque-se lentamente de volta ao
físico, de novo pensando nele e, quando sentir que fez contato
completo, inicie sua rotação de 180º para ligar-se com o físico.
Parece não haver diferença se você continua o círculo de rotação
ou, inverte e regressa num movimento oposto àquele que o ajudou na
liberação. Em ambas as técnicas parece haver ligeiro sacolejão,
semelhante a um estalido, quando você entra de novo em junção com
o físico extremamente difícil a descrição de tal sensação, mas
você a reconhecerá. Aguarde sempre alguns momentos antes de
sentar-se após o regresso, basicamente para evitar qualquer possível
desassossego. Dê algum tempo a si mesmo para readaptar-se ao
meio-ambiente físico. O ato físico de sentar-se oferece prova de
continuidade em forma demonstrável; você saberá que pode
consciente e voluntariamente atuar num movimento físico intercalado
com experimentos no ambiente não físico, e ainda reter a
conscientização das coisas no decorrer do processo.
Você
terá completado o ciclo quando conseguir separar-se, voltar ao
físico, sentar-se e anotar o tempo despendido; repetir o processo de
separação e regressar ao físico uma segunda vez. tudo sem perda da
continuidade de consciência. A leitura da numeração relógio
auxiliará na tarefa.
O
próximo passo na familiarização é separar-se até uma distância
ligeiramente maior, aplicando os mesmos procedimentos. Qualquer
distância até três metros serve. Mantenha sempre a concentração
mental num só propósito, sem padrões de pensamentos dispersivos,
especialmente nesses exercícios alongados. Após você ficar
acostumado com a sensação de estar meio "separado", diga
mentalmente para si mesmo que pode enxergar. Não pense no ato de
abrir os olhos, pois isso pode muito bem transferir você para o
físico, enfraquecendo o estado vibratório. Ao invés disso,
pense
em ver; pense que consegue ver, e verá. Não haverá sensação de
olhos abrindo-se. A escuridão simplesmente sumirá de repente. No
princípio sua visão poderá ser fraca, como na meia-luz, indistinta
ou míope. Até hoje não se sabe por que é assim mas, com a
prática, sua visão se tornará mais aguda. A primeira imagem do seu
corpo físico deitado abaixo de você não deverá ser desalentadora,
caso tenha efetuado os primeiros exercícios. Depois de certificar-se
de que é "você" deitado ali, examine visualmente o quarto
da perspectiva da sua posição. Mentalmente desloque-se em uma
direção ou outra, de modo lento, e jamais com violência. Mexa
braços e pernas para certificar-se de sua mobilidade. Role e pule
pelo quarto, no novo elemento, se quiser, sempre permanecendo dentro
do limite prescrito do seu físico. Nesse estágio você poderá ser
invadido por fortes desejos, que talvez serão quase irresistíveis.
Esse é o maior problema que poderá enfrentar. Esses desejos,
surgindo sem aviso, inesperadamente, são subjetivos e emocionais e
podem facilmente anular a posição racional a priori que você
elaborou com tanto esmero. O mais importante conselho é que eles não
devem ser rotulados de mal nem de erro. Simplesmente existem, e você
deve aprender a lidar com eles. A regra é: não negue a existência
de tais desejos. Reconheça-os como parte profunda e integrante de
você que não pode ser afastada pelo "pensar". Até
conseguir isso você estará incapaz para controlá-los.
Os
desejos incluem liberdade (deleitar-se com a libertação das
limitações físicas e efeitos gravitacionais), contato sexual
(primeiro com a pessoa amada, depois em nível estritamente
sensorial), êxtase religioso (variável, baseado na intensidade do
condicionamento da vida pregressa), e outros que se podem originar de
invulgares experiências ambientais do indivíduo. A crença
apresentada aqui é a de Ne todo mundo sofrerá esses desejos
subjetivos, a despeito da maior disciplina rígida e auto-análise.
Referimo-nos a esses elementos muito abaixo da
consciência
superficial que abrange nosso caráter fundamental e nossa
personalidade. Como já foi explicado anteriormente, esses elementos
surgem porque você não é mais simplesmente uni ego consciente,
intelectual. Você é, e talvez pela primeira vez, uma totalidade.
Cada parte sua ficará conhecida, e deverá ser levada em
consideração em todas as ações em que tomar parte. O truque é
manter o você consciente e racional (aquele mais informado no mundo
físico) numa posição dominante. Não é fácil.
Sendo
assim, você enfrentará problemas se tentar negar seu ego. Em vez
disso, deve aceitar esses por vezes surpreendentes impulsos como eles
são: parte sua, e seguir em frente. Não poderá eliminá-los, mas
sim colocá-los de lado por ora. Ofereça a promessa de realização
futura, e não verá resistência. Essas necessidades sabem
identificar um engodo, já que foram submetidas a ele toda a sua
vida!
Quando
você tiver lidado razoavelmente com essas outras partes suas e
demonstrando isso para sua satisfação, cinco a sete vezes num
estado de quase separação (no mesmo aposento, em proximidade
imediata), estará pronto para viagens mais distantes e específicas
que se segue neste livro presume que você venceu a maior parte dos
medos que encontrou até esta fase. Caso contrário, repita os
exercícios que produzem medo até que sua
familiarização com eles
elimine, o receio.
Sinal
infalível de retorno
Como
já registrado, o medo de ser incapaz de reentrar no físico é
restrição básica para deixar o corpo. Nos meus primeiros
experimentos encontrei esse problema diversas vezes. Felizmente uma
solução era achada sempre que tal dificuldade se apresentava. Após
cuidadosa análise de
centenas de testes, uma técnica infalível foi
elaborada. A única garantia disponível foi a de que continuou
funcionando para mim. Se tiver dificuldades, não entre em pânico.
Acima de tudo mantenha dominados seus processos de pensamento
racional. O terror apenas agrava a situação. Assimile essa fórmula
simples e use-a para retornar ao físico de qualquer lugar onde
esteja, pense no seu corpo físico. Comece mentalmente a mexer alguma
parte do seu corpo físico. Mexa um dedo da mão ou do pé.
Fisicamente faça uma inalação profunda. Reative seus cinco
sentidos, ou somente qualquer um deles. Mova o maxilar. Engula, ou
mexa com a língua. Qualquer ato que deva envolver movimento físico,
ou usar energia física serve. Se um não tiver efeito imediato,
tente outro, Sem dúvida, tal ação de pensamento o levará de volta
ao físico. É apenas questão de decidir qual funciona melhor no seu
caso.
Quando
essa técnica é aplicada, o regresso é virtualmente imediato. f uma
combinação de descobridor automático de direção com a detonação
de um foguete: A reintegração parece instantânea quando é
realizado. Contudo, esse método de retorno imediato elimina seu
poder de opção ou decisão. Uma vez posto para funcionar, você não
consegue detê-lo. E regressará ao físico sem qualquer oportunidade
de saber o que é como está
acontecendo. Logo, isso deve ser
considerado como medida de reserva de emergência, ao invés de um
passo consistente na sua metodologia. Sob condições normais você
deverá pensar ou sentir a direção e a localização do seu corpo
físico. Então, sem pressa, e de maneira calma e voluntária, inicie
o retorno.
A
mecânica do movimento
Agora
que você armou os devidos controles, inclusive o sinal de regresso
de emergência, está preparado' para o mais solene passo de todos:
"ir" até um ponto distante e voltar. Decididamente não é
aconselhável tentar propositadamente esse exercício antes de haver
completado todos
os testes prévios e estar ' acostumado com eles. É
muito possível que você tenha ido inadvertidamente até um ponto
distante durante as fases iniciais. Se for esse o caso, você pode
reconhecer a importância de obedecer a certo procedimento.
Primeiro,
estabeleça o seu "alvo". Lembre-se da regra: você deve
"ir" até uma pessoa, não a um local. Talvez seja possível
chegar ao último, se você tiver profunda ligação emocional com o
lugar, mas os experimentos têm demonstrado pouco êxito nesse
terreno. Isso, lógico, pode dever-se à personalidade do autor.
Escolha
a pessoa (viva) que deseja visitar. Selecione alguém que conhece
bastante. Não informe a ela que está fazendo o teste. Isso é muito
'importante, pois eliminará qualquer auto-sugestão da parte dele ou
dela. Faça a escolha antes de entrar no estado vibratório e de
iniciar o processo de descontração. Efetue a relaxação e o estado
de vibração. Use o método escolhido para separar-se. Afaste-se até
curta distância, mais ou menos dois metros do físico. Com a visão
ainda em "escuridão", cautelosamente "pense" na
pessoa que planeja visitar. Pense não apenas nome, mas na
personalidade e caráter dela. Não procure visualizar um ser físico,
pois é o reflexo da essência da pessoa que o atrairá, e não os
atributos físicos.
Elaborando
esse padrão, gire lentamente numa rotação de 360°. Em algum ponto
do circuito "sentirá" a direção correta. É coisa
intuitiva; uma certeza que o atrai como suave ímã. Mesmo assim, é
bom verificar tudo. Passe por esse ponto no seu giro, e volte até
ele., De novo o sentirá com muita força. Pare de frente para essa
direção. Pense que a visão funcionará e comece a enxergar. Para
dar a si mesmo movimento rumo à sua destinação, empregue uma
versão total do segundo corpo para o "estiramento", que
você praticou nos primeiros exercícios com mão e braço. O sistema
mais fácil é colocar seus braços não físicos acima da cabeça,
com os polegares recolhidos, como um caçador submarino a ponto de
mergulhar. Com os braços nessa posição pense na pessoa que deseja
visitar e estire o corpo nessa direção. Poderá deslocar-se
depressa ou 4 devagar, dependendo do esforço desse gesto de
estiramento. Quanto mais "esticar-se", mais rápido irá.
Chegando ao seu destino, automaticamente deixará de esticar-se sem
percebê-lo.
Para
regressar aplique método semelhante. Pense no seu corpo físico,
faça o movimento de alcançar alguma coisa e estire-se, e voltará
prontamente. Normalmente nada mais se exige além disso. Existe certa
especulação quanto à necessidade de manter os braços, na posição
de nadador. Originalmente presumia-se que tal postura interromperia
um rumo, ou desviaria quaisquer objetos encontrados com as mãos, ao
invés de com a cabeça. Ajuda bastante criar o gesto de estiramento,
em vez de manter os braços ao lado do corpo. Aí está. O que vem a
seguir parecerá ritualístico, mas a intenção não é essa. Pode
não parecer mais eficaz do que as fórmulas mágicas da Idade Média.
Até hoje não há explicação de por que a técnica funciona.
Talvez nos anos por vir, médicos interessados e curiosos, químicos,
neurologistas e outros cientistas elaborarão
teorias exeqüíveis
que se combinarão com a ação. Se muita gente resolver examinar o
assunto empiricamente, talvez daí resulte nova ciência. Nesse
ínterim, as fronteiras podem desaparecer também para você, se
tiver coragem e paciência. A única maneira de aceitar e conhecer
essa verdade disseminada é experimentar por si mesmo. Boa sorte!