BREVE INTRODUÇÃO MAGICA III
A
primeira parte dos processos de classificação é a percepção de
padrões e, à partir da identificação, surgem os grupos em que
cada participante tem pelo menos alguma coisa em comum. O que faz de
mim um ser humano e não uma rocha? Por que chamam meu instrumento de
escrita de notebook e não ipad? O que eu vejo para falar que o céu
durante o dia é azul e não amarelo?
As
respostas são bastante óbvias, mas enquanto alguém não se
perguntou “qual a diferença entre o ser humano e uma rocha?”,
não havia diferença entre a pessoa e a rocha. Esta ideia pode ser
encontrada no Gênesis da Bíblia, livro que fala, de maneira
metafórica, sobre os primórdios da vida do homem:
“E
viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável
aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu
fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com
ela.
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.”
Gênesis 3:6-7
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.”
Gênesis 3:6-7
Viagem Alem | Fazer Viagem Astral | Paranormal | Ocultismo | Espiritualidade |
Técnicas de Projeção Astral e Exercicíos para a Espiritualidade
“Olho”
(em Hebraico Ayin) é por onde enxergamos, é por onde reconhecemos
as diferenças entre as coisas e, assim, também os padrões.
Conseguir reconhecer as diferenças é a grande maldição que “tirou
o homem do paraíso”, quando sabemos que existe algo em melhor
situação que a nossa sofremos. A ignorância é uma ‘benção’
neste sentido, o paraíso relatado no Gênesis é um estado mental em
que se acha que está na melhor situação possível por não
conhecer outra melhor.
Porém,
essa abertura da visão não é de todo ruim. No próprio Gênesis
isso é melhor explicado logo depois:
“Então
disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o
bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da
árvore da vida, e coma e viva eternamente, o Senhor Deus, pois, o
lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora
tomado.”
Gênesis
3:22-23
Se
lembrarmos do clichê de que o homem havia sido feito “à Sua
imagem e semelhança” (como citado no próprio livro citado,
Gênesis 1:26), a única coisa que o separava de ser realmente um
Deus era ter seu olho aberto e conhecer as diferenças entre cada
coisa (Conhecimento ou Da’ath em Hebraico), poder perceber aquilo
que não percebia.
Voltando
à analogia da primeira parte desta série, do homem que dominou o
fogo, o primeiro padrão que ele deve ter percebido é que sentia
algum incômodo ao chegar muito próximo do fogo; um segundo é que o
fogo precisava queimar algo para se manter vivo e aceso, e que não
queimava tudo de uma vez… algumas coisas demoravam um pouco mais
para serem queimadas ou nem queimavam ao ter contato com o fogo; uma
terceira é que se ele colocasse um graveto próximo ao fogo sua
ponta começava a queimar, porém, sem causar incômodo a ele
enquanto o fogo estivesse só no graveto. A partir da observação,
ele começou a conseguir transportar o fogo de um lugar para o outro.
Notem
que a percepção de padrões está presente em qualquer processo de
descoberta e essa é a principal ferramenta (como uma muleta para a
Vontade, o Querer, citado no texto anterior) para a evolução do
homem, para a escalada do abismo, indo de um simples animal até
Deus.
Com
a percepção de padrões, o homem passou a perceber que muitos deles
se repetiam nas diferentes coisas do universo, por exemplo, Yin e
Yang (contração e expansão) estão presentes no modo como a
musculatura do ser humano se move para ele se mexer, no temperamento
das pessoas (extrovertidas e introvertidas), no comportamento sexual
(ativo e passivo), na presença e ausência e em infinitas outras
coisas. A percepção das correspondências entre padrões é
essencial para a expansão do conhecimento do ser humano, é a base
do que no hermetismo chamam de ‘princípio da analogia’.
Este
princípio fala que, ao começar a analisar algo, começamos a
entendê-lo fazendo analogia com outros padrões previamente
conhecidos; passada esta fase, começamos a fazer novas descobertas e
assim o universo do conhecimento se expande.
Se
antes tínhamos a ideia da Contração e Expansão que estava
presente em tudo no Universo, estudando-as a fundo, tirando as
cobertas, descobrimos que existe também contração dentro da
Expansão e também uma expansão dentro da Contração, como foi
abordado na parte 2. Podemos ir nos aprofundando cada vez mais,
analisando os padrões e chegando a padrões cada vez mais precisos,
como podemos notar na figura, que mostra como se chega aos signos
astrológicos.
O
total aprofundamento na precisão nem sempre é desejável, pois,
muitas vezes, pode nos deixar mais perdidos do que nos ajudar. Vamos
a um exemplo:
Das
paletas de cores mostradas acima, qual a mais indicada para um pintor
iniciante e qual a mais indicada para um pintor profissional? A
paleta da esquerda normalmente é mais indicada para um pintor
iniciante, pois ela é mais simples, está dividida em padrões mais
fáceis de se perceber; porém, após o domínio do uso da primeira,
geralmente é melhor passar a utilizar a da direita, que oferece uma
diferenciação técnica maior, capaz de gerar detalhes melhores. Na
maioria das vezes, o iniciante nem consegue perceber muito bem as
diferenças entre uma cor e suas duas cores vizinhas na paleta da
direita, o que pode atrapalhá-lo, deixá-lo perdido.
Gosto
de dar o seguinte exemplo em minhas palestras: na engenharia
classificamos grãos em vários grupos diferentes, como argila,
silte, areia fina, areia grossa, etc. Já um pipoqueiro chama tudo
isso de sujeira… e cada sistema funciona muito bem para ambos,
mesmo sendo diferentes em precisão.
Voltando
ao assunto, utilizaremos nesta série a divisão dos Quatro
Elementos, e não outras mais precisas, por se tratar de uma apostila
introdutória. Após o domínio do conteúdo apresentado aqui, sugiro
o estudo de novas e mais precisas divisões, como as da Kabbalah
Hermética, do Tarot, da Astrologia, da Umbanda, etc. Utilizando o
padrão dos elementos para definir e classificar os diferentes planos
com que o Homem consegue ter contato, fica mais ou menos assim (os
nomes complicados vêm do hebraico, que é uma linguagem muito
utilizada nesses meios de estudo):
-
Fogo: Atziluth, o mundo arquetípico, onde estão as energias puras,
fatorais, e sem combinações.
-
Água: Briah, o mundo criativo, onde estão nossas emoções.
- Ar: Yetzirah, o mundo formativo, onde estão os símbolos e ideias, o plano astral.
- Terra: Assiah, o mundo ativo, onde vivemos.
- Ar: Yetzirah, o mundo formativo, onde estão os símbolos e ideias, o plano astral.
- Terra: Assiah, o mundo ativo, onde vivemos.
Não
existe uma divisão precisa destes mundos, tudo que existe em um
plano pode existir nos outros como um continuum, a divisão, em
teoria, é feita simplesmente para simplificar o entendimento do
todo, mas as divisões têm uma certa precisão naquilo que exige
mudanças bem marcantes de percepção para o entendimento. Então
seria algo assim: tenho esse meu corpo físico, que está em Assiah,
tenho o corpo astral (conjunto de todas as minhas ideias e
conhecimentos puros) em Yetzirah, tenho meu corpo emocional (conjunto
de todas as emoções que sinto ou já senti) em Briah e, por fim,
meu corpo mais puro, livre de qualquer influência mundana (conjunto
de utopias que persigo), que está em Atziluth. Mas, se olharmos de
uma maneira geral, todos eles juntos formam a pessoa e não só uma
das partes.
No
primeiro texto de magia falamos do engenheiro que constrói um prédio
baseado em ideias, não em simples força física. Quando ele recorre
às ideias, está recorrendo a um outro “plano” e, quando isto é
feito de forma consciente, é uma forma de magia.
Peço
licença para propor um experimento prático e finalizar este texto.
Experimento
prático – Organização e consagrações
Como
foi citado no texto anterior, o mundo físico pode alterar o mundo
intelectual e vice-versa. Tendo isso em mente, vamos a um
experimento:
-
Por uma semana deixe seu quarto, ou ambiente em que mais tempo
costuma ficar, totalmente desorganizado, com as coisas todas jogadas
e fora do lugar. Analise (sente e pare para observar, como uma
meditação) seus pensamentos e sonhos e faça algumas anotações
que achar pertinentes;
-
Na semana seguinte arrume tudo, não deixe nem uma pequena
sujeirinha, nada fora do lugar, tudo perfeitinho. Analise seus
pensamentos e sonhos, faça algumas anotações que julgar
pertinentes, e compare com as da semana anterior.
Uma
semana pode ser pouco para algumas pessoas, mas a diferença será
notável dependendo do tempo de cada um; se quisermos ter o corpo
mental organizado e harmônico, precisamos dominar o meio físico de
maneira que ele nos transmita a ideia de que estamos em um lugar
organizado e harmônico. Arrumar o próprio quarto, lavar a louça,
arrumar o jardim, são formas básicas de começar a controlar sua
mente à partir do controle do mundo físico.
Note
que desenhos, símbolos, frases, esculturas, objetos, tudo isto
influencia a maneira como sua mente enxerga o ambiente: se você
coloca uma escultura de um Deus que te faça sentir bem no seu
quarto, sempre que entrar nesse local, ela irá modificar sua mente
de maneira a ajudá-lo a se sentir bem naquele ambiente. Rezar antes
de dormir pode colocar a pessoa em conexão com uma ideia com que
gostaria de sonhar. Muitas são as formas de ação no mundo físico
para modificar algo ou a nós mesmos no mundo das ideias.
Para
finalizar este texto, podemos fazer algo para melhorar mais ainda
esta força de modificação, o que é chamado de “consagração de
um objeto”. A consagração é uma maneira de falar para você
mesmo “Este objeto é isto e faz isso toda vez que eu olhar para
ele”, por exemplo, posso consagrar uma vela para colocar no meu
quarto para que me lembre, toda vez que olhar para ela, que existe um
deus dentro de mim.
Existem
muitas maneiras de se consagrar um objeto, uma delas é utilizando os
Quatro Elementos que ajuda lembrar qual/quais será/serão o(s)
plano(s) que a consagração visa atingir (existem outras melhores,
esta é uma simples para quem não sabe nenhum tipo de consagração),
por exemplo:
-
Se quero que algo tenha um objetivo no mundo físico, como um
ventilador que irá aliviar o calor, faço uma consagração jogando
sal grosso (normalmente utilizado para representar o elemento Terra)
nele. Passo o sal grosso nele e falo em voz alta: “Eu, Pessoa x,
consagro esse ventilador com as energias de terra, com o intuito de
aliviar um pouco do calor.”, ou pode-se fazer uma oração como
“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador…” pedindo para seus
guias consagrarem para você.
-
Se quero algo que tenha um objetivo no mundo das ideias, como uma
pintura que sempre vai me lembrar de um grupo, faço uma consagração
passando a fumaça (representa o elemento Ar) de um incenso pelo
objeto e falo algo parecido com a consagração com a Terra (acima),
mas trocando por “energias do ar”.
-
Se quero algo que tenha um objetivo no mundo emocional, como um
quadro que me ajuda a lembrar de alguém de que gosto, faço uma
consagração passando vinho (representa o elemento Água) pelo
objeto (cuidado para não estragar o objeto) e falo o mesmo já
mencionado para a Terra e o Ar, mas trocando por “energias da
água”.
-
Se quero algo que tenha um objetivo no mundo arquetípico, como uma
estatueta de um deus que me lembra dos meus objetivos mais
importantes em vida, faço uma consagração passando o objeto perto
da chama de uma vela (que representa o elemento fogo) e falo algo
parecido, trocando por “energias do fogo”.
Não
há problemas em usar um objeto para mais de um plano, para isso use
mais de um elemento na consagração. Pode-se combinar com as
energias astrológicas também para maior precisão na consagração.
Quando
todos os objetos de seu quarto forem devidamente consagrados, sua
mente se sentirá “em casa” e funcionará de maneira absurdamente
bem e harmônica ali, mas note que se alguém que não seja você
tocar seu objeto, a consagração será perdida, pois o objeto foi
utilizado para algo que não era seu objetivo (objeto e objetivo são
palavras bem parecidas não?!).