PLANO ASTRAL E CABALA
Eliphas
Lévi descreve a Luz Astral como sendo um agente que é natural e
divino, material e espiritual, um mediador plástico universal, um
receptáculo comum das vibrações cinéticas e das imagens das
formas, um fluído e uma força, que podem de certo modo ser chamados
de Imaginação da natureza, e diz que essa força é o grande arcano
da magia. Já a definição que muitos esoteristas dão ao Plano
Astral, é que se trata de um estágio de substância plástica
refinada, menos densa e grosseira que a matéria, de natureza
magnética e elétrica, servindo como o fundamento real sobre o qual
as formas e o acúmulo de átomos do universo físico se ordenam a si
mesmos. É dito também que o Plano Astral é povoado por vários
tipos de espíritos, desde os desencarnados, até por espíritos de
luz, de anjos e demônios a elementais, que esse plano compreende
desde as faixas mais densas vibratórias (infernais) até as mais
elevadas e sutis, que há cidades como as daqui do plano material, e
que é pra esse plano que os desencarnados vão depois da morte.
Nós
já sabemos que a Cabala é um dos sistemas mais completos de estudo
e prática de magia, e tenho que concordar, de fato a ÁRVORE DA VIDA
é completa em suas correspondências. Pois bem, é a Árvore da Vida
que vai esclarecer pra nós sobre o plano Astral.
Antes,
vale lembrar que as Sephiroth não são lugares, mas estados de
consciência. Resumidamente, na Árvore da Vida, verificamos que os
planos de manifestação se dão da seguinte forma: Primeiro temos as
três Sephiroth superiores, ou três princípios supremos, Kether,
Chochmah e Binah, é o primeiro triângulo de energias que
representam o Ser Puro, são os princípios fundamentais, são a base
de nossa manifestação, e que estão além de nossa compreensão.
Aqui está o macroposopos ou macrocosmo, o rosto maior.
Abaixo
do triângulo Supremo, está o mundo formativo, o “plano astral”
é compreendido pelas seis Sephiroth seguintes, ou seja duas tríades
(triângulos) de energias, em cujo mundo tudo é preparado para a
manifestação visível em Malkuth.
O
segundo triângulo na Árvore, logo abaixo das Supremas, e que
consiste em Chesed, Geburah e Tiphareth, são as potências ainda
abstratas que dão “expressão” à manifestação. Podemos dizer
que as três Supremas são latentes e que as três inferiores ou
rosto Menor são potentes, por isso se diz que essas três inferiores
são como o reflexo do grande rosto, é o filho, a alma em Tiphareth.
Já
as Sephiroth abaixo de Tiphareth, a tríade que compreende Netzach,
Hod e Yesod, representam a personalidade, a unidade de encarnação.
Um
ponto importante que Regardie destaca, é que esses dois triângulos
de forças abaixo das Supremas, compreendem o “plano Astral”,
essa luz Astral contém o planejamento ou modelo do construtor,
projetado em sentido descendente pela ideação ou imaginação do
Ser Puro, e que a tríade formada por Chesed, Geburah e Tiphareth no
meio ocultista representa o Astral Superior, é a mais pura expressão
do céu ou do Devachan, por isso é chamado de Divino Astral e de
Alma do Mundo, na terminologia de Jung corresponde à “Psiquê
objetiva”. Netzach, Hod e Yesod compreendem a esfera da ilusão, de
Maya, porque é a partir dessa tríade que as forças edificam a
forma, e fazendo também uma analogia com a psicologia,
corresponderia ao inconsciente pessoal.
Netzach
representa os instintos e as emoções e Hod simboliza a mente
concreta ou intelecto, elas simbolizam respectivamente os aspectos da
força e da forma da consciência. Na esfera de Thiphareth as forças
são percebidas intuitivamente, com percepções de símbolos
altamente abstratos. Na esfera de Netzach, nossas percepções atuam
diferente, a mente humana que formula imagens começa a operar sobre
eles, moldando a luz astral em formas que os representarão à
consciência. É muito importante compreendermos que essas Sephiroth
inferiores do plano da ilusão são densamente povoadas pelas formas
mentais ; que tudo o que a imaginação humana foi capaz de conceber,
embora confusamente, tem uma forma revestida de substância astral, e
que, quanto mais a imaginação humana idealizar essa forma, mais
definida essa forma se tornará. Em Yesod, que é a esfera onde tanto
Netzach como Hod se equilibram, e que por isso é concebida como o
receptora dessas emanações, também é chamada como ” fundação
ou fundamento”, é o depósito das imagens do inconsciente, mas não
daquele inconsciente arquetípico e abstrato, e que é conhecido como
Astral Divino, mas é o depósito de imagens velhas e esquecidas,
reprimidas desde sempre. Yesod é a esfera da ilusão, as imagens
astrais refletidas no espelho do inconsciente, são realidades, e não
serão interpretadas em termos de um plano superior e sob o aspecto
de seu significado ou representação. O indivíduo permanecerá na
esfera da ilusão e será iludido pelos fantasmas de sua própria
projeção inconsciente.
Cada
pensamento que temos, grava uma impressão nessa substância plástica
e impressionável do plano astral. Observamos então, que ao tratar
do plano astral em suas esferas abaixo de Tiphareth, que é
essencialmente o nível de função dos aspectos mais densos da mente
humana, que as forças e fatores desse plano se apresentam à
consciência como formas etéreas de um tipo distintamente humano;
Sempre que o homem entra em contato com o astral, seja como um
sensitivo ou um mago, ele cria as formas à sua semelhança, para
representá-las como forças sutis, fluídicas, a assim entrar em
contato com elas. Os seres dessas esferas não são inteligências
propriamente ditas, mas encarnações de idéias. É aqui que a forma
antropomórfica é conferida à inspiração espiritual que tanto
desorienta os sensitivos.
Vemos,
assim, que todo ser celeste ou não, concebido pela mente humana tem
como base uma força natural, mas que sobre a base dessa força
natural, se ergue uma imagem simbólica que lhe corresponde e que é
animada e ativada pela força que representa.
A
arte da magia consiste em se desvincular da parte ilusória que as
criações mentais exerce sobre o indivíduo, e que esse percebesse
as idéias arquetípicas subjacentes, das quais essas imagens mágicas
são apenas as sombras e as representações simbólicas, e poderia
se tornar então um mestre do tesouro das imagens em vez de ser
alucinado por elas, permitindo ao transcendental expressar-se em
termos de simbolismo, e que o simbolismo se expresse em termos de
metafísica, unindo assim o psiquismo com o espiritual por meio do
intelecto.
A
imagem, portanto, é apenas um modo de representação adotado pelo
espírito humano para a sua própria conveniência, mas a força que
a imagem representa e que a anima é uma coisa muito real, e que, sob
certas circunstâncias, pode ser extremamente poderosa.