Bruxaria (Introdução)




Bruxaria

Introdução

Hoje em dia, está na moda dizer que é "bruxa. Muitas pessoas decidem, um belo dia, "Quero ser bruxa!" Então, lêem um livro ou dois a respeito de Bruxaria, vestem-se de preto, colocam um pentagrama no pescoço e saem dizendo para quem queira ouvir (e para quem não queira, também), com um olhar misterioso, que são "bruxas".

Eu sempre estabeleço um paralelo: é a mesma coisa que alguém acordar um dia e dizer "Eu sou judia, a partir de hoje". Ou "Eu sou muçulmana".

A Bruxaria é uma Religião, como outra qualquer. O fato de uma pessoa ter o Dom, ter a Visão, não significa que ela já seja uma Bruxa. Muitas pessoas têm este Dom. Mas é necessário desenvolvê-lo e - acima de tudo - aprender a usá-lo com consciência e responsabilidade.

É necessário estudar muito, dedicar-se muito, até poder afirmar que é um Bruxo.

Eu não estou dizendo que seja obrigatório passar por todo o processo de estudo de alguma Tradição, com suas Iniciações e Graus. Isto pode até ser dispensável.

O que não pode acontecer, de maneira alguma, é que uma pessoa tome a decisão de se "iniciar" na Bruxaria e faça isto levianamente. Ignorando o fato que a "verdadeira" Iniciação começa de dentro para fora, e não o contrário. Não basta ler 200 livros, copiar algum Ritual de Iniciação e marcar uma data para fazê-lo - porque isso não vai passar de um monte de palavras e gestos vazios e sem sentido, se a pessoa não estiver devidamente preparada, ainda. Se não tiver encontrado o equilíbrio dentro de si mesma. Se não tiver passado, antes, pelo processo de Dedicação.

Talvez devido aos séculos de perseguição, uma área profundamente desenvolvida dentro da Bruxaria é a ética. E estas "bruxas iniciadas" que estão aparecendo por aí, aos milhares, parecem ignorar completamente a ética da Bruxaria.

Em primeiro lugar, a Bruxaria não é um instrumento para alimentar o ego de ninguém. Não é um instrumento para obter "poder sobre" ninguém. Nós jamais usamos magia manipulativa, que possa interferir no livre-arbítrio de terceiros.

Mas... o que mais se vê por aí? Estas "jovens bruxas" fazendo "feitiços de amor" para atrair a atenção de alguém. Isto é magia negra, e Bruxas não fazem isto!

Talvez eu pareça muito dura e implacável com estas pessoas. Mas o que acontece é que, por causa delas, o estereótipo da bruxa irresponsável e sem escrúpulos continua a ser fortalecido. Enquanto nós, Bruxas, temos lutado - e muito - para desfazer esta imagem negativa, estas pessoas disseminam exatamente o conceito que nós queremos desfazer.

É óbvio que, se você chegou até aqui, é porque tem interesse na Bruxaria. A única coisa que nós pedimos é que, se este interesse é sincero, estude. Estude muito, pesquise, converse com você mesma e resgate as perguntas certas. Quando a resposta chegar, você vai saber se este realmente é o seu Caminho.

A Verdade sobre a Bruxaria, hoje

"As Bruxas, como você deve ter ouvido falar, são mulheres velhas e feias que venderam suas almas ao demônio, que trabalham incansavelmente para destruir o Cristianismo, que roubam criancinhas, dão maçãs envenenadas para lindas e incautas princesas e tomam sopa de asa de morcego no jantar. Além disso, acredita-se que as Bruxas pertençam a uma religião que adora a 'satã'.

Muitas pessoas, ainda hoje, acreditam que essas figuras bizarras realmente existiram - e que ainda existem. Mas foi há uns 600, 700 anos, através de uma mistura de fantasia e psicose, que elas se transformaram nessas personagens que a Inquisição inventou. Só que elas não eram Bruxas.

A Bruxaria atual é baseada na Magia Natural - uma forma antiga, sutil e construtiva de usar forças e energias naturais com o único objetivo de operar mudanças positivas. Estas energias não são sobrenaturais ou paranormais. São energias que, simplesmente, ainda não foram qualificadas, quantificadas e aceitas à luz da ciência.

O termo Bruxaria também inclui a Wicca, uma religião moderna (criada na década de 40) baseada na reverência ao Deus e à Deusa, com um profundo respeito pela Natureza. A diferença básica entre a Bruxaria e as religiões ocidentais é exatamente esta: não acreditamos que possa haver equilíbrio na celebração apenas da energia masculina do Deus. Vemos a interação entre a polaridade das energias masculinas/femininas do Deus e da Deusa como a representação do Todo, a energia primordial que deu origem ao Universo.

Consideramos sagradas a Natureza e todas as formas de Vida, e jamais tomamos atitude alguma que vá contra este princípio. Portanto, quando alguém afirma que qualquer tipo de "sacrifício" faz parte dos rituais da Bruxaria, está cometendo um erro absolutamente básico.

Magia e reencarnação são uma parte da filosofia desta religião, que possui diversas tradições.

A Magia Natural não inclui "maldições", "pragas", e nenhuma outra forma de magia negativa. Ela não é operada com poderes derivados de "satã" ou do "diabo".

A Wicca não é uma paródia, inversão ou perversão do Cristianismo. Não é um culto, nem uma religião doutrinadora, controladora ou proselitista. A Wicca não está aí para dominar o mundo, converter pessoas e tomar seu dinheiro, nem para obrigar ninguém a acreditar naquilo em que seus seguidores acreditam. E a Wicca não é "anti-Cristã". Também não é "pró-Cristã". É, simplesmente, uma religião não-Cristã, como tantas outras.

Orgias e sacrifícios também não fazem parte das práticas da Bruxaria. Essa idéia é disseminada por pessoas que simplesmente desconhecem os fatos, ou que escolheram ignorar a verdade por conveniência.

Está na hora de colocar de lado o preconceito e o estigma que pairam sobre a palavra Bruxaria, e compreender a sua finalidade: estar em harmonia com a Natureza, em sintonia espiritual e levar uma vida saudável, feliz, emocional e financeiramente estável. Que terror existe nisso?

Onde estão os horrores que foram tema de milhares e milhares de sermões e que, ainda hoje, contribuem para crimes religiosos?

O horror existe apenas na mente daqueles que não conhecem a verdade. É essa falta de conhecimento que gera o medo e o preconceito.

A Magia Natural e a Wicca são filosofias de vida delicadas e pacíficas, praticadas por centenas de milhares de pessoas. Esta é a verdade sobre a Bruxaria, hoje."

Scott Cunningham
"The Truth about Witchcraft Today"
Ed. Llewellyn)

Por quê as Bruxas são perseguidas até hoje?

Analisando historicamente, há uma explicação bastante clara para o estigma que paira sobre a Bruxaria até hoje. Durante a Inquisição, qualquer pessoa podia ser acusada de "Bruxaria". Bastava alguém acusar. Não era preciso provar as acusações. Uma vez denunciadas, as pessoas não tinham escapatória. A morte era certa. Caso elas insistissem em negar que eram bruxas, eram queimadas vivas. Caso confessassem que eram bruxas, tinham o benefício de morrer por enforcamento.

Das centenas de milhares de pessoas mortas por enforcamento ou queimadas vivas (em nome de sabe-se lá que "deus"), pouquíssimas eram realmente Bruxas. Pois quem, em sã consciência, não confessaria qualquer coisa para evitar a terrível e dolorosa morte na fogueira?

Mas... no caso de dúvidas, havia um teste. Jogavam a pessoa acusada em um poço ou lago. Caso ela morresse afogada, não era uma "bruxa" (que pena...) e recebia o "perdão divino". Se ela não se afogasse era, sem dúvida, uma bruxa ! Era retirada da água e queimada viva.

Os bens das pessoas acusadas eram confiscados e divididos entre o Inquisidor e o denunciante. Assim, era um negócio bastante lucrativo para ambas as partes tanto acusar alguém de "bruxaria" quanto aceitar a acusação - qualquer que fosse o motivo! E esses, geralmente eram os mais banais.


A situação foi tomando tal volume que, depois de algum tempo, os motivos foram ficando cada vez mais fúteis. Morar sozinho (por não ter parentes ou por opção própria), ter um gato (preto ou não...) ou qualquer outro animal doméstico (ou não...), ter uma verruga no corpo, conhecer as ervas e fazer chás com elas, ter olhos e cabelos escuros, ter olhos verdes e cabelos ruivos, ser bonito demais, ser feio demais... tudo - absolutamente tudo - era motivo para ser olhado com desconfiança - e acusado de bruxaria.

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