A Cabala e Anjos
A Cabala e Anjos
O
povo judeu, ao longo de sua existência, sofreu continuas
perseguições e exílios. Desde o período bíblico, com os
cativeiros no Egito e na Babilônia até sua execução em massa na
Alemanha nazista, sua expulsão da Espanha e da Inglaterra, entre
tantos outros acontecimentos, sempre se mantiveram unidos como um
povo, mantendo intactas sua cultura e sua língua. Para isso,
valiam-se da Cabala, que condensa seus ensinamentos religiosos e, ao
mesmo tempo, protege-os da extinção, pois é tão complexa e de
difícil interpretação que poucos a ela têm acesso.
A
palavra Cabala vem de uma raiz hebraica KBL, ou receber e, segundo
consta, surgiu no primeiro século depois de Cristo. Seus livros mais
importantes são o Zohar, ou Livro do Esplendor, o Livro da Criação
e o Livro da Imagem.
A
correta interpretação desses textos revelaria o mapa a ser trilhado
pelas almas para percorrer esse caminho de volta ao seu Criador.
Através
da numerologia, que se vale dos algarismos de 1 a 9, muitas
revelações vão surgindo aos olhos do iniciado e dos poucos que tem
o privilégio de compreenderem suas mensagens ocultas.
De
qualquer forma, preciosas informações já foram assimiladas pelos
estudiosos do assunto, fornecendo regras para o entendimento, ainda
que precário, da relação dos homens com os Anjos e de como ter
acesso a estes. Angelólogos se debruçaram sobre isso ao longo dos
séculos, chegando às informações que, hoje, já se encontram
consolidadas e à disposição de quem delas queira fazer uso.
Para
descobrirem os nomes dos Príncipes e dos Anjos de cada uma das
falanges, os cabalistas partiram de um número inicial, o 72, que
nada mais é que o resultado da inscrição do nome de Deus, Ieve ou
Jehovah, dentro de um triângulo considerado sagrado e chamado de
Tetragramaton, com a seguinte configuração:
I
I
E
I
E V
I
E V E
Nesse
triângulo, o I eqüivale a 10, porque corresponde a YOD, décimo
caracter do alfabeto hebraico, que simboliza tempo, espaço, ciclos
de existência, tudo que nasce, cresce, se reproduz e desaparece. O E
eqüivale a HE, equivalente a 5, significando a dualidade do ser
diante da natureza e do universo. O V corresponde a VAU, equivalente
a 6, simbolizando a presença do espírito. Aplicando isso às letras
do Tetragramaton, temos:
10
10
+ 5
10
+ 5 + 6
l0
+ 5 + 6 + 5
Efetuando-se
essa soma, obtém-se o 72, que foi a base inicial para a descoberta
dos nomes dos Anjos. Esse número aparece, também, em outras
passagens bíblicas. 72 nações e línguas se originaram da
intervenção de Deus na Torre de Babel. Em todas essas línguas, o
nome de Deus sempre foi escrito com 4 letras. Eram 72 os anciãos das
sinagogas e são 72 também o número de quinários, graus ou dias,
do ano cabalístico, que se inicia em 20 de março, no signo de
Áries.
A
partir desse número, os cabalistas descobriram que os versículos
19, 20 e 21 do Capítulo 14 do Êxodo, tinha cada um deles 72
caracteres hebraicos. Na tradução de João Ferreira de Almeida, são
os esses os versículos citados:
(Ex
14:19)
"E
o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou e ia
atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles e
se pôs atrás deles."
(Ex
14:20)
"E
ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era
escuridade para aqueles e para estes esclarecia a noite; de maneira
que em toda a noite não chegou um ao outro."
(Ex
14:21)
"Então
Moisés estendeu a sua mão sobre o mar e o Senhor fez retirar o mar
por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se seco
e as águas foram partidas."
Para
chegar a esses nomes, os versículos foram dispostos paralelamente e
os primeiros caracteres da esquerda dos versículos 19 e 21 foram
ligadas ao primeiro letra da direita do versículo 20. Aos três
caracteres resultantes foram acrescentados a terminação HE ou VAU,
extraídas do sagrado nome de Deus. Feito isso, o processo é
repetido com os segundos caracteres, até completar todos os setenta
e dois.
Reduzindo-se
numerológica e cabalisticamente o número 72, temos 7 +2= 9. Nove
foram, portanto, as falanges, cada qual com 8 Anjos, mais um Príncipe
comandante, assim como nove eram os planetas do ano cabalístico.
Desse conhecimento surgiram os nomes dos Príncipes, totalizando 81
Anjos, cuja redução numerológica e cabalística também resulta em
9, como toda a hierarquia angelical, diga-se de passagem.