Visão da Morte em diferentes Culturas e Religiões
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Visão
da Morte em diferentes Culturas e Religiões
Retirado
de Revista Época
De
maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a
morte há a ressurreição. Já os espíritas crêem na reencarnação:
o espírito retorna à vida material através de um novo corpo humano
para continuar o processo de evolução. Algumas doutrinas acreditam
que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou vegetal. Em
algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha
outro sentido: é a continuação de um processo de purificação.
Nas diversas religiões, o homem encara a morte como uma passagem ou
viagem de um mundo para outro.
Filosofia
A
sobrevivência do espírito humano à morte do corpo físico e a
crença na vida e no julgamento após a morte já era encontrada na
filosofia grega, em especial em Pitágoras, Platão e Plotino. Já
Sartre, filósofo francês, defendia que o indivíduo tem uma única
existência. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem
depois da morte.
Doutrina
niilista
Sendo
a matéria a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de
tudo.
Doutrina
panteísta
O
Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal.
Individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, com a morte, à
massa comum.
Dogmatismo
Religioso
A
alma, independente da matéria, sobrevive e conserva a
individualidade após a morte. Os que morreram em ‘pecado’ irão
para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do
paraíso.
Budismo
O
Budismo prega o renascimento ou reencarnação. Após a morte, o
espírito volta em outros corpos, subindo ou descendo na escala dos
seres vivos (homens ou animais), de acordo com a sua própria
conduta. O ciclo de mortes e renascimentos permanece até que o
espírito liberte-se do carma (ações que deixam marcas e que
estabelece uma lei de causas e efeitos). A depender do seu carma, a
pessoa pode renascer em seis mundos distintos: reinos celestiais,
reinos humanos, reinos animais, espíritos guerreiros,
espíritos
insaciáveis e reinos infernais. Estes determinam a Roda de Samsara,
ou seja, o transmigrar incessante de um mundo a outro, ora feliz e
angelical, ora sofrendo terríveis torturas, brigando e reclamando.
Em qualquer um destes estágios as pessoas estão sujeitas a
transformações.
De
acordo com o Livro Tibetano da Morte, existem 49 etapas, ou 49 dias,
após a morte. Os monges oram para que as pessoas atinjam a Terra
Pura – lugar de paz, tranqüilidade e sabedoria iluminada – ou
renasçam em níveis superiores.
Para
libertar-se do carma e alcançar a iluminação ou o Nirvana, o ciclo
ignorância, sede de viver e o apego às coisas materiais deve ser
abolido da mente dos homens. Para isso, a doutrina budista ensina a
evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento. O leigo deve
praticar três virtudes: fé, moral e benevolência. Para eles, todo
ser humano é iluminado, embora não tenha consciência disso.
Hinduísmo
A
visão hindu de vida após a morte é centrada na idéia de
reencarnação. Para os hinduístas, a alma se liga a este mundo por
meio de pensamentos, palavras e atitudes. Quando o corpo morre ocorre
a
transmigração.
A alma passa para o corpo de outra pessoa ou para um animal, a
depender das nossas ações, pois a toda ação corresponde uma
reação – Lei do Carma. Enquanto não atingimos a libertação
final – chama de moksha -, passamos continuamente por mortes e
renascimentos. Este ciclo é denominado Roda de Samsara, da qual só
saímos após atingirmos a Iluminação.
No
hinduísmo, a alma pode habitar 14 níveis planetários distintos
(chamadosa Bhuvanas) dentro da existência material, de acordo com
seu nível de consciência. Quando se liberta, a alma retorna ao
verdadeiro lar, um mundo onde inexistem nascimentos e mortes.
Os
hindus possuem crenças distintas, mas todas são baseadas na idéia
de que a vida na Terra é parte de um ciclo eterno de nascimentos,
mortes e renascimentos.
Islamismo
(Religião Muçulmana)
Para
o islamismo, Alá (Deus) criou o mundo e trará de volta a vida todos
os mortos no último dia. As pessoas serão julgadas e uma nova vida
começará depois da avaliação divina. Esta vida seria então uma
preparação para outra existência, seja no céu ou no inferno.
Quando
a pessoa morre, começa o primeiro dia da eternidade. Ao morrer, a
alma fica aguardando o dia da ressurreição (juízo final) para ser
julgado pelo criador. O inferno está reservado para as almas
‘desobedientes’, que foram desviadas por Satanás. No Alcorão,
livro sagrado, ele é descrito como um lugar preto com fogo ardente,
onde as pessoas são castigadas permanentemente. Para o paraíso, vão
as almas que obedeceram e seguiram a mensagem de Alah e as tradições
dos profetas (entre eles, os cinco principais: Noé, Abrão, Moisés,
Jesus filho de Maria e Mohammed). No Alcorão, o paraíso é descrito
como um lugar com rios de leite, córregos de mel e outras belezas
jamais vistas pelo homem.
Espiritismo
Defende
a continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou
pela reencarnação em outro corpo. Aqueles que praticam o bem,
evoluem mais rapidamente. Os que praticam o mal, recebem novas
oportunidades
de melhoria através das inúmeras encarnações. Crêem na
eternidade da alma e na existência de Deus, mas não como criador de
pessoas boas ou más. Deus criou os espíritos simples e ignorantes,
sem discernimento do bem e do mal. Quem constrói o céu e o inferno
é o próprio homem.
Pela
teoria, todos os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra
para evoluir. A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico
para a sua verdadeira vida no mundo espiritual. E mesmo no paraíso,
acredita-se que o espírito esteja em constante evolução para o seu
aperfeiçoamento moral.
As
almas dos mortos ligam-se umas às outras, em famílias espirituais,
guiadas pela sintonia entre elas. Consequentemente, os lugares onde
vivem possuem níveis vibratórios diferentes, sendo uns mais
infelizes e sofredores, e outros mais felizes e plenos.
Muitas
escolas espiritualistas – não todas – defendem a idéia da
sobrevivência da individualidade humana, chamada espírito, ao
processo da morte biológica, mantendo suas faculdades psicológicas
intelectuais e morais.
Igreja
evangélica
Como
no catolicismo, os evangélicos acreditam no julgamento, na
condenação (céu ou inferno) e na eternidade da alma. A diferença
é que o morto faz uma grande viagem e a ressurreição só
acontecerá quando Jesus voltar à Terra, na chamada ‘Ressurreição
dos Justos’, ou, então, aqueles que forem
condenados
terão uma nova chance de ressurreição no ‘Julgamento Final’.
Os que morrerem sem Cristo como seu Deus também receberão um corpo
especial para passar a eternidade no lago de fogo e enxofre.
Igreja
Adventista do Sétimo Dia
Na
Igreja Adventista do Sétimo Dia, os mortos dormem profundamente até
o momento da ressurreição. Quem cumpriu seu papel na Terra recebe a
graça da vida eterna, do contrário desaparece.
Igreja
Batista
Crêem
na morte física (separação da alma do corpo físico) e na morte
espiritual (separação da pessoa de Deus). Os que, após a morte
física, acreditam ou passam a confiar em Jesus Cristo, vão para o
Paraíso onde terão uma vida de paz e felicidade. Com a morte
espiritual, a alma vai para o Inferno para uma vida de angústia,
sofrimento, dor e tormentos.
Catolicismo
A
vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um
Inferno e de um Purgatório. Dependendo de seus atos, a alma se
dirige para cada um desses lugares.
A
alma é eterna e única. Não retorna em outros corpos e muito menos
em animais. Crê na imortalidade e na ressurreição e não na
reencarnação da alma. A Bíblia ensina que morreremos só uma vez.
E ao morrer, o homem católico é julgado pelos seus atos em vida. Se
ele obtiver o perdão, alcançará o céu, onde a pessoa viverá em
comunhão e participação com todos os outros seres humanos e,
também, com Deus. Se for condenado, vai para o inferno. Algumas
almas ganham uma chance para serem purificadas e vão para o
purgatório, que não é um lugar, e sim uma experiência existencial
da pessoa. Quem for para o céu ressuscitará para viver eternamente.
Depois do Juízo Final, justos e pecadores serão separados para a
eternidade. Deus julga os atos de cada pessoa em vida de acordo com a
palavra que revelou através de Seu Filho, com os ideais de amor,
fraternidade, justiça, paz, solidariedade e verdade.
Judaísmo
O
judaísmo crê na sobrevivência da alma, mas não oferece um retrato
claro da vida após a morte, e nem mesmo se existe de fato.
O
judaísmo é uma religião que permite múltiplas interpretações.
Algumas correntes acreditam na reencarnação, outras na ressurreição
dos mortos. Enquanto a reencarnação representa o retorno da alma
para um novo corpo, a ressurreição é definida como o retorno da
alma ao corpo original.
Para
os judeus, a lei permite à pessoa que vai morrer pôr a sua casa em
ordem, abençoar a família, enviar mensagem aos que lhe parecem
importantes e fazer as pazes com Deus. A confissão in extremis é
considerada importante elemento na transição para o outro mundo.
Candomblé
Não
existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna.
As almas que estão na terra devem apenas cumprir o seu destino, caso
contrário vagarão entre céu e terra até se realizar plenamente
como um ser consciente e eterno. Os cultos afro-brasileiros acreditam
que os mistérios da vida e da morte são regidos por uma Lei Maior,
uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno. O Candomblé
vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na
natureza. Morrer é passar para outra dimensão e permanecer junto
com os outros espíritos, orixás e guias. Trabalha com a força da
natureza existente entre terra (Aìyê) e o céu (Òrun). Nos cultos
afros, o assunto de vida após a morte não é bem definido.
Na
Terra, o objetivo do homem é realizar o seu destino de maneira
completa e satisfatória. Ao cumprir o seu destino na Terra, o ser
humano está pronto para a morte. Após a morte, o espírito será
encaminhado ao Òrun, para uma dimensão reservada aos seres
ancestrais, ou seja, eternos. O ser humano pode ser divinizado e
cultuado. Caso o seu destino não seja cumprido, os espíritos
ficarão vagando entre os espaços do céu e da terra, onde podem
influenciar negativamente os mortais. Como não se realizaram
plenamente, estes espíritos estão sujeitos à reencarnação. Já
as pessoas vivas que sofrem as suas influências negativas, precisam
passar por rituais de limpeza espiritual para reencontrar o
equilíbrio.
Umbanda
A
Umbanda sofre influências de crenças cristãs, espíritas e de
cultos afros e orientais. Como não existe uma unidade ou um ‘livro
sagrado’, alguns umbandistas admitem o céu e o inferno dos
cristãos, enquanto outros falam apenas em reencarnação e Carma.
Na
Umbanda, morte e nascimento são momentos sagrados, que marcam a
passagem de um estado a outro de manifestação espiritual, morremos
para um lado e nascemos para outro lado da vida, o que nos aguarda do
outro lado depende de nós mesmos.
A
Umbanda explica o universo através de sete linhas, regidas por
Orixás. Ao morrer, a pessoa será atraída por estes mundos
espirituais. A matéria é apenas um dos caminhos para a evolução
do espírito. Sendo assim, a morte é uma etapa do ciclo evolutivo,
sendo a reencarnação a base da evolução. O objetivo maior do
nascimento e da morte é a harmonização e a evolução consciente
do espírito. Após morte, o ser humano leva consigo suas alegrias,
sua fé, suas crenças, suas mágoas e suas dores. E terá que lidar
com elas, sempre contanto com o auxílio dos espíritos mais
evoluídos que o recepcionarão no outro lado da vida e o ajudarão
na sua adaptação no mundo espiritual.
Com
a morte do corpo físico, os espíritos bons podem se tornar
protetores, enquanto os maus (espíritos de pouca evolução, devido
às poucas encarnações) podem virar perturbadores. Os mortos
(desencarnados) podem ser contatados, ajudados ou afastados.