Estudo sobre Astrologia
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Técnicas de Projeção Astral e Exercicíos para a Espiritualidade
Ainda
hoje, quando falamos em astrólogos, muita gente pensa em homens
sinistros de chapéus pontudos, a contemplar o céu de suas altas
torres e a interpretá-lo segundo seus delírios. E, no entanto, eles
já estão penetrando nos gabinetes e laboratórios da ciência,
misturando-se entre químicos, biólogos, meteorologistas, médicos e
financistas. . .
No
século passado, Carl Gustav Jung anunciou a volta da astrologia às
cátedras universitárias. Na época, isso era verdade apenas em
algumas raras escolas de psicologia na Suíça, onde pioneiros
corajosos, como o próprio Jung, incentivavam ou promoviam cursos
semi-oficiais de astrologia, à noite, para os futuros clínicos, sob
os olhos complacentes dos velhos reitores.
Hoje,
a Universidade de Stanford, a Escola Técnica Superior de Zurique e
mais sete universidades em todo o mundo promovem estudos regulares
sobre a astrologia. Na Universidade de Paris (e a França é o pais
mais conservador face a astrologia), o professor Robert Jaulin, no
curso de etnologia, concede “créditos” suplementares aos alunos
que frequentam aulas de astrologia, e outro etnólogo, Jacques
Halbronn, fundos o Movimento Astrológico Universitario, que reúne
centenas de estudantes e professores da mesma universidade, e
promoveu o último Congresso de Astrologia, em Paris. Desse congresso
participaram figuras do porte de um Eric Weil, professor de filosofia
em Louvain e pensador de renome universal.
Em
1666, expulsa das cátedras universitárias
Para
começo de conversa, quem expulsou a astrologia das cátedras
universitárias não foi o avanço da ciência, como normalmente se
supõe, mas uma interpretação apressada das descobertas de
Copérnico. A expulsão foi decretada em 1666, por Colbert, ministro
de Luís XIV, com a alegação de que a astrologia não tinha
fundamento cientifico.
Na
realidade, a ciência da época não tinha condições mínimas para
averiguar isso realmente, e a primeira pesquisa estatística sobre o
assunto foi feita só trezentos anos depois. O que Colbert supôs foi
que, como os horóscopos eram desenhados geocenteicamente – isto é,
com a Terra no meio, e o Sol, a Lua, os signos e os Planetas em torno
– não podiam funcionar, já que Copérnico havia demonstrado que o
que estava no centro era o Sol e não a Terra.
Colbert
simplesmente não percebeu que o horóscopo não era propriamente
geocêntrico mas antropocéntrico, isto é, que representava o
universo centralizado não na Terra enquanto realidade física, mas
no Homem, no indivíduo. O horóscopo não era um mapa físico do
universo (embora fosse também isto), mas um mapa do seu significado,
um mapa do sentido do universo, tal como este se apresentava para
determinado indivíduo na hora e no local em que este nascia. Para
esses fins, o centro do universo, o centro da experiência
individual, continuava a ser obviamente a Terra (excetuando-se a
hipótese de o consulente ter nascido em Marte ou na Estrela Vega), e
o próprio Kepler, que calculou as órbitas heliocêntricas dos
planetas, continuou a desenhar horóscopos geocentricamente até o
fim dos seus dias.
Enquanto
o mapa astronômico era inteiramente objetivo e material, o mapa
astrológico era ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, tal como as
mandalas tibetanas, que representam ao mesmo tempo o círculo do
universo exterior e o interior do homem. Esta sutileza escapou a
Colbert. As universidades alemãs e suíças, mais sensatas,
preferiram deixar abertas suas cátedras de astrologia, embora sem
ocupantes, e foi esta brecha que permitiu a Jung anunciar uma volta
triunfal.
Em
1945, reabilitada pelas provas estatísticas
Essa
volta não seria nada triunfal, entretanto, se não se houvesse
descoberto, pouco depois, provas eloqúentes de que a relação
astroHomem não é uma pura fantasia.
Essa
descoberta veio quando, em 1950, o pesquisador francês Michel
Gauquelin resolveu tirar a limpo, pela estatística (sua
especialidade acadêmica), a questão das “influências astrais”.
Desde o começo do século, o grande astrólogo Paul Choisnard pedia
aos estatísticos que fizessem isso. Mas era muito difícil, porque
um único mapa astrológico (feito para a hora, data e local de
nascimento de um indivlduo) tem mais de mil fatores a serem levados
em ponta.
Por
volta de 1945, outro astrólogo, Léon Lasson, conseguiu finalmente
formular um bom método de aplicar a estatística à astrologia.
Gauquelin aperfeiçoou esse método e o empregou numa pesquisa que
abrangeu cinco mil mapas astrológicos.
A
pesquisa submeteu à prova uma única doutrina astrológica, porém
antiga e fundamental: a de que não só determinados planetas estão
associados a determinadas profissões (Júpiter à política e ao
teatro, Saturno à ciência, Marte aos esportes e artes militares,
Lua à literatura), como também tais planetas exercerão uma
influência mais intensa, se no instante do nascimento do indivíduo
estiverem colocados em determinados pontos privilegiados do céu.
Esses pontos são, segundo a doutrina, o ascendente, que é a parte
mais oriental da linha do horizonte, e o meio-do-céu, que é o ponto
mais alto do Zodíaco (faixa dos signos) em relação a determinado
lugar da Terra.
Se
a teoria estivesse certa, pensou Gauquelin, determinados planetas
estariam com maior frequência no ascendente e no meio-do-céu no
nascimento das pessoas cujas profissões estivessem relacionadas com
esses planetas, do que no nascimento das outras pessoas. Saturno
estaria com mais freqüência no ascendente e meio-do-céu dos
cientistas, Marte no dos militares, Júpiter no dos políticos e
atores, etc. Inversamente, seria raro um Saturno no ascendente ou
meio-do-céu dos esportistas ou atores, e assim por diante. Mais
ainda: seria preciso que essa freqüência ultrapassasse a média do
acaso (no jargão dos estatísticos: feeqüência teórica) de
maneira significativa, para se poder acreditar que o fenômeno fosse
algo mais do que mera coincidência.
Do
ponto de vista cientifico, a hipótese a ser testada era um absurdo
completo, mas as estatisticas foram mais favoráveis ao absurdo do
que ao ponto de vista científico. Com uma freqüência que só seria
possível atribuir ao acaso com uma possibilidade de 1 contra 10
milhões (isso mesmo), os planetas estavam lá onde os astrólogos
diziam que estariam: Júpiter no ascendente e meio-do-céu dos atores
e políticos, Saturno no dos cientistas, Marte no dos esportistas e
militares, Lua no dos escritores. Inversamente, a Lua não estava no
ascendente nem no meio-do-céu de quem não era escritor, Marte no de
quem não era militar, etc.
Embora
tudo isso parecesse uma trama diabólica dos astros para confundir o
bom senso dos pobres cientistas, Gauquelin, com exemplar honestidade
intelectual, publicou os resultados da pesquisa, que se tornaram
imediatamente motivo de escândalo e protestos gerais. O diretor do
Instituto Nacional de Estatística da França, Jean Porte, convidado
pelos adversários de Gauquelin a desmascarar a farsa toda, refez os
cálculos e informou depois de algum tempo: lamentavelmente, os
cálculos estavam certos. Ainda assim, Gauquelin refez a pesquisa,
desta vez reunindo nada menos que 25.000 mapas, na França, na
Bélgica, na Holanda, na Itália e na Alemanha, e chegou novamente
aos mesmos resultados. Novamente Jean Porte refez as contas, e
novamente elas estavam impecáveis.
Recentemente,
nos Estados Unidos, a revista The Humanist publicou um
abaixo-assinado de 186 cientistas contra a astrologia. Em resposta,
vieram centenas de cartas a favor, e The Humanist resolveu arbitrar a
questão promovendo uma pesquisa igual à de Gauquelin, com
amostragem menor mas controle estatístico maior. Os resultados, pela
terceira vez, foram os mesmos. (No Brasil, durante um debate na TV, o
abaixo-assinado de The Humanist foi exibido como o sumo argumento
antiastrológico por um psiquiatra, que obviamente não contou a
continuação da história . . .)
Agora,
resta saber qual e natureza do fenómeno
Todos
os debates que houveram serviram para mostrar que a astrologia é um
assunto infinitamente mais completo do que seus opositores jamais
imaginaram.
Exemplo.
Quando não pôde mais negar os resultados da pesquisa, o mais feroz
adversário francês da astrologia, o astrônomo Paul Couderc, então
chefe do Observatório de Paris, julgou ter descoberto um argumento
fulminante ao declarar que uma correlação era uma coisa, e um
mecanismo de causa e efeito, outra; que a pesquisa Gauquelin havia
estabelecido uma correlação entre os astros e o Homem, mas não
havia de modo algum provado que os astros causam as ações humanas,
“como pretendem os astrólogos”.
Os
astrólogos limitaram-se a exibir os textos clássicos da sua arte,
desde a Tábua de Esmeralda de Hermes Trimegisto (milênios anterior
a Cristo) e as Enéadas de Plotino (século 39) até os tratados de
Paracelso (século 15), Kepler (século 16) e Robert Fludd (século
17), em que por toda parte se explica a relação entre os astros e
os homens como um processo de semelhança, de analogia, de simpatia,
de correlação, de sincronismo, e nunca de causa e efeito.
E
completaram: nenhum astrólogo jamais disse que os astros causam as
ações humanas, pela simples razão de que o principio de causa e
efeito, tão importante para o cientista materialista, é, para os
astrólogos, um principio menor e secundário. O princípio maior é
a lei de analogia, mediante a qual o grande e o pequeno, o macrocosmo
e o microcosmo, a matéria e a consciência, têm uma estrutura e uma
dinâmica semelhante, já que são apenas faces diversas do mesmo
fenômeno.
O
pobre Couderc jamais imaginou que estivesse mexendo num vespeiro tão
grande. Desde essa época, praticamente cessou a polêmica rasteira
tipo pró-e-contra a astrologia, e desencadeou-se um debate teórico
de alto nível sobre a natureza do fenômeno revelado pela pesquisa
Gauquelin. Se não se tratava de uma relação de causa e efeito, que
relação era então? Um sincronismo, como pretendia Jung? Ou, como
afirmava o próprio Gauquelin, tenaz estudioso dos biorritmos, existe
em cada ser vivo um “relógio cósmico” que o torna receptivo a
todos os ritmos do universo ao seu redor? Qual era precisamente o
sentido com que os antigos falavam em “analogia”? Não seria a
analogia um instrumento mental utilizável pela ciência, para a
análise de fenômenos demasiado grandes e complexos, como a dinâmica
da vida social e política, os grandes sistemas ecológicos, a
economia das grandes nações? Não teriam os antigos astrólogos
tido, milênios atrás, a intuição de um método cientifico para a
abordagem de grandes problemas? Não teriam feito, como disse Lucien
Malavard, “ciências humanas avant Ia lettre”? Esse é hoje o
grande debate astrológico, que envolve algumas das questões mais
contundentes e vivas da cultura contemporânea e ocupa alguns dos
melhores cérebros da atualidade.
Os
astros na religião, na biologia, nas finanças . . .
Paralelamente,
prosseguiram as pesquisas. No campo da história, foi possível obter
uma vasta coleção de evidências em favor da tese da astróloga
Marcelle Senard (e de todos os astrólogos tradicionalistas), segundo
a qual o Zodíaco é uma espécie de chave universal de todas as
religiões.
Aplicando
um método estrutural a praticamente todas as religiões e mitologias
do mundo, o historiador Jean-Charles Pichou descobriu que existem
apenas doze mitos básicos em todos os povos e lugares, e que esses
mitos se sucedem segundo uma ordem mais ou menos regular.
Essas
estruturas básicas são nada menos que os doze signos do Zodíaco. O
trabalho de Pichou é demasiado revolucionário e demasiado volumoso
para poder ser endossado ou contestado em bloco, mas certamente
permanecerá como um clássico na historiografia das religiões.
Os
biólogos também descobriram algumas coisas agradáveis aos
astrólogos. Primeiro, simples correlações entre ciclos planetários
e o metabolismo de animais e plantas estabelecidas por Frank A.
Brown, da Northwestern University, EUA (o que não tem valor
astrológico direto, mas constitui indicio favorável ao tipo de
interdependência postulado pelos astrólogos, e que até 40 anos
atrás era considerado mera ficção). Depois, um vendaval de
confirmações da antiga correlação – esta, puramente astrológica
– entre a lua e a fertilidade. Um pesquisador tcheco, Eugen Jorias,
médico e astrólogo, chegou a estabelecer um processo astrológico
de previsão de períodos de fertilidade das mulheres pela posição
da Lua no instante do seu nascimento. Uma pesquisa feita pelo governo
tcheco encontrou 94 por cento de acerto no método Jonas.
Em
seguida, o neurologista Leonard Ravitz, da Duke University, descobriu
que mudanças marcantes de potencial elétrico emitido pelo corpo
humano ocorriam segundo as fases da Lua e, mais ainda (coerente com a
doutrina astrológica de que a Lua está relacionada com as doenças
mentais, donde a palavra lunático), que nos pacientes psicóticos
tais mudanças eram nitidamente mais agudas do que nas pessoas
mentalmente sadias.
Mais
recentemente o economista norte-americano L. Peter Cogan procurou
averiguar em que medida os ciclos de pessimismo e otimismo dos
investidores, com reflexos nítidos na bolsa de valores, coincidiam
com posições planetárias. Abarcando o período de 1873 a 1966, seu
estudo concluiu que tais ciclos respondiam simetricamente às
posições do Sol com relação a Saturno e Urano (planetas que,
segundo a astrologia, regem o capitalismo). Os ciclos de pessimismo
correspondiam às relações de 180 e 90 graus (ângulos “maléficos”,
segundo a tradição astrológica).
“Bem-aventurado
aquele que pode ler no céu estrelado”
Ao
lado disso, o médico holandês Nicholas Kollerstrom, pesquisador do
Medical Research Hospital de Londres, refazendo uma experiência do
filósofo Rudolf Steiner, demonstrou que certas reações químicas
com tons metálicos têm seu resultado alterado quando realizadas sob
determinadas conjunções planetárias. Kollerstrom observa que os
planetas que tiveram o poder de alterar essas reações foram
precisamente aqueles que, segundo a tradição astrológica, estão
relacionados com os metais que, em solução, ele usou na
experiência. Saturno, cujo metal tradicional é o chumbo, alterava
as reações com sulfato de chumbo, e ficava indiferente às demais;
a Lua, cujo metal é a prata, só mexia com o nitrato de prata; Vênus
só alterava o sulfato de cobre, já que seu metal é o cobre; e
Marte, que rege o ferro, alterava as reações de sulfato de ferro.
Paralelamente,
médicos e biólogos de todo o mundo vêm estudando, até sob o
patrocínio da Unesco, as relações entre os ciclos planetários e
os ritmos biológicos e emocionais humanos, sob o nome de
biometeorologia ou de biopsicometeorologia.
Diante
da convergência de tantos caminhos em direção a um fenômeno que
há algumas décadas era negado em bloco, os entusiastas da conexão
entre homens e astros exultam de alegrias e esperanças. Mas o que
importa não é isso, e sim estudar esse fenômeno, aprender a
contempla-lo e a compreendê-lo. Épocas inteiras o ignoraram. Kant e
sua época viam acima de si o céu estrelado e dentro de si a lei
moral. Viam um universo dividido, onde a necessidade interior do
homem, a lei moral, não tinha nenhuma relação com a realidade
objetiva. Até muito recentemente foi assim.
Assim
no inicio do século XX, entre os horrores da Grande Guerra, o
pensador materialista Georg Lukacs dizia: “Bem-aventuradas as
épocas que podem ter no céu estrelado o mapa dos caminhos que lhe
estão abertos! Bem-aventuradas as épocas cujos caminhos são
iluminados pela luz das estrelas! Para elas, tudo é novo, e
entretanto familiar! Tudo é aventura, e tudo lhe pertence, pois o
fogo que arde em suas almas é da mesma natureza das estrelas”. Ao
redescobrir a pista das relações entre o cosmo e o Homem, nossa
época recomeça a ver, depois de uma longa escuridão, a lei moral
no céu estrelado e as estrelas no coração do Homem.