Da iniciação e dos fundamentos da magia


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Técnicas de Projeção Astral e Exercicíos para a Espiritualidade


A magia não é um mero ato direto de interferência no universo.Primeiro por ela não atender as nossas vaidades pessoais de qualquer maneira,tampouco “interfere” nas leis naturais que regem tudo que existe.

Isso por que existem leis naturais que nos regem.Leis essas que ao longo dos tempos sofreram muitas adaptações para os mais diversos ramos da física,química,biologia,astronomia,dentre outras,estão todas sujeitas a postulados e axiomas mais antigos (e nem por isso menos verdadeiros) que foram preservados a todo custo para que hoje ainda pudéssemos ter algum acesso e resgate dessa essência eterna.

No começo,quando todas as ciências eram ainda pouco abrangentes e desenvolvidas,todo o saber arcaico foi compilado pelos vários corpos de iniciados ao redor do mundo conhecido.O maior deles foi um homem divino chamado Hermes Trimegistus,o “Três vezes grande”.A sua grandeza se devia pelas três grandes ciências que punham ordem ao mundo,que eram a ciência sacerdotal,medicinal e legislativa.Hermes Trimegistrus também é uma junção dos três deuses do conhecimento.

O primeiro deles foi Toth,divindade egípcia que tinha por papel ser escriba dos deuses e compilador das leis que regiam o mundo e o homem.Em algumas versões mitológicas se fundia a Anúbis (o que atravessava o submundo,semelhante ao Caronte grego) sob o augúrio de Hermanúbis,significando que as leis que regem a natureza visível são as mesmas que confirmam as metafísicas de planos mais sutis de existência.

Sempre visto com uma pena e um papiro para qualquer anotação,o mesmo tinha como mascote de estimação um macaco ao ombro.O sinocéfalo representa a mente instintiva que vez ou outra confundia o homem e o levava ao erro,pois a mente primitiva necessita de controle e disciplina para se manter racional num mundo cruel e violento,onde a única de todas as certezas é a morte.

O segundo é a divindade grega Hermes,o mensageiro dos deuses,indo a todos os cantos possíveis para transmitir as informações assim como os neurotransmissores se fazem úteis para que a mensagem sináptica do cérebro possa comandar à boa vontade do homem a si mesmo.Hermes é o ardiloso mestre da lábia,dos conhecimentos práticos e da malandragem além do bem e do mal,portando-se como um legítimo exú ante as trevas da ignorância.Afinal,como dizem em umbanda:”exú é luz”.E isso significa muito.

Por fim,Mercúrio.O tão famoso deus-menino com um penico na cabeça,patrono do comércio e ciências.De todas elas,vide os símbolos para contabilidade,medicina…

Mas não se engane pelo caráter de menino.A inocência e fragilidade é o mais poderoso dos ardis,representando a simplicidade do conhecimento objetivo sem obscuridades.A fluidez é o maior de seus trunfos,tanto é que mercúrio na tabela periódica dos elementos é representado pela sigla Hg,que significa Hydrargirus,a “prata líquida”.A flexibilidade e abrangência do conhecimento não serão barradas por nada,pois a natureza visível como oculta encontra sempre sua via de acesso para poder obrar sobre o mundo do mesmo modo como o curso de um rio destrói e corrói as maiores muralhas.”Ceder para vencer”,como falam no judô.

Hermes Trimegistus nunca existiu,que fique bem claro.Ele apenas foi uma máscara,um instrumento simbólico de proteção e anonimato de vários sábios ao longo do mundo antigo e tinha por propósito a divulgação e compilação de leis e ensinamentos que dessem ao buscador uma base de auto-conhecimento necessários para que se sustentasse por conta própria rumo a um objetivo maior,que é unir-se ao Todo.

Nesse processo paulatino da magia,começa-se a alcançar o objetivo mais simples e o mais difícil dentro da senda.

Esse objetivo é o que se chama de iniciação.

Iniciação em quê?”

A iniciação é um começo,o verdadeiro começo da jornada,pois o homem até lá vive obscurecido pela ignorância e dor inerentes ao mundo que habita.Ascender aos céus e alcançar a apoteose não é tão simples como parece,tampouco um processo curto.Afinal,não é da Grande Obra que estamos falando?

A primeira das iniciações diz a respeito do nosso próprio plano físico,uma vez que o homem é cego para a verdade que se encontra (aparentemente) oculta nas entrelinhas.Em cabala é o que se chama de iniciação em Malkuth,o plano físico de existência no qual estamos todos inseridos.O plano físico é terrestre e aleatório,sujeito as intempéries da destruição e morte e paradoxalmente á vida e prosperidade.Essa natureza dupla de caráter dialético é o significado de um de seus sinônimos:”mundo dos discos”.Discos ou moedas,a sorte e seu revés,que é o azar e os infindáveis tipos de opostos que convivem harmonicamente sem conflito aparente.

Um dos dramas míticos comuns sobre o homem e o mundo físico é a tão conhecida passagem do Gênesis que diz a respeito de Adão e Eva após o ato de desobediência a Demiurgo serem condenados á condição de mortalidade num mundo duro,tendo de recorrerem ao trabalho para o próprio sustento e sobrevivência.Esse drama gnóstico retrata que o homem,para voltar a condição original perdida de união com o Criador,teria de suportar o castigo de estar no mundo terreno e tentar sair dele a qualquer custo.

Por isso o drama da iniciação sob o cerne da morte.A morte que elimina o mal do ego dualista e o renascimento do homem para um novo mundo de perspectivas infinitas em sua busca de união.Quando não,o drama do enfrentamento do homem com a “noite escura da alma”,onde se depara com o pior de si mesmo encarnado na face alheia de seres hostis.


Fundamentos de Magia (K)

Um dos primeiros livros em português que tive que falavam de thelema abertamente e de forma bastante didática foi Fundamentos de Magia (k),escrito por Sérgio Bronze.O livro é fino e objetivo em sua proposta,que é dar ao iniciante os fundamentos no qual a magia,a iniciação e a busca se sustenta,sob um ponto de vista thelêmico,fazendo já uma propaganda explícita e bastante agradável (diga-se de passagem!) da Astrum Argentum,da qual o autor faz parte sob a alcunha de Frater Fênix.

Por algum motivo desconhecido na época eu perdi o livro e 5 ou 6 anos depois o reencontrei me “chamando” num sebo em que frequento bastante.Nada como um reencontro saudoso e amoroso.Ora,essa não é a essência de filosofia?

Pois bem.No livro supracitado existe uma abordagem de iniciação bastante sensata,que começa pelo conflito do homem com o demônio,no qual o mesmo sente uma “aversão”.O que é um pouco contraditório,pois magia é uma arte do demônio.

Calma,vou explicar:O demônio a que me refiro é o daemon grego,do qual se origina a palavra,que significa “espírito livre”.Por esse caráter de Hermes ser o patrono da magia mais conhecido no Ocidente,que mantém correspondência de significado com exú (atribuidíssimo á imagem catolicizada do demônio),que tem a mesma função em umbanda.

O daemon é totalmente distinto de diabo,pois diabo vem de “diabolos”,que significa “perverso”.Essa perversão é que é constantemente usada pelas religiões de massa e seus fanáticos para incutir medo aos buscadores que se interessem por magia.

Segundo o próprio autor,”(…)estando o homem comum no mundo das conchas,teoricamente ele estará mais próximo dos seres demoníacos do que dos Anjos.Deve o homem,então,buscar nesses seres demoníacos o ajustamento necessário para conhecer a si mesmo e amar seu semelhante(…)” ,pois “(…)Os demônios,como comumente são chamados,são os grandes iniciadores dos verdadeiros iniciados,pois os iniciados conseguem compreender que muito de sua própria natureza se reflete neles;é o reconhecimento de si mesmos a partir de suas limitações(…)”.

O homem começa (e deve!) trabalhar com os próprios defeitos,com o mais podre e pérfido de si mesmo,devendo fincar os pés nas mais profundas entranhas infernais para ascender a mente ás alturas,como Crowley certa vez disse,ao modo de uma árvore:quanto maior a copa,mais profundas são as raízes.


Atu XV-"O Senhor dos Portões da Matéria"

O demônio é muito útil.Basta analisarmos o Atu XV,que se refere ao “Senhor dos portões da matéria”,segundo minhas pesquisas da visão tarológica da Golden Dawn.Para se dominar a matéria tem de ser proficiente em alquimia ou gnose meditativa para dominá-la,estando acima dela.”Do pó vieste e ao pó voltarás”,assim está escrito nas Sagradas Escrituras.Alquimia em tese é a manipulação de matéria por separação e aglutinação,que remete a fórmula hermética “solve et coagula” encontrada em Baphomet.

Ainda em atu XV,vê-se nas mais antigas ilustrações o diabo em cima de um cubo.O cubo é a representação do elemento terra tridimensionalizado.Terra corresponde a letra Tav e o mundo físico/matéria corresponde a união de Aleph(Ar),Mem(água) e Shin(Fogo) que,unidas a Tav,formam a cruz AmeShT em uma significação semelhante a formula I.N.R.I….uma “encruzilhada” donde reside a sua figura,se amalgamando herméticamente com a figura do Exú,que é “Senhor” da encruzilhada.

Ainda em Tav,analisando a letra descobre-se que ela corresponde ao planeta Saturno,que rege o processo de morte(a efemeridade da matéria) e o “retorno de saturno”(tão bem esposto por Renato Russo) remete a iniciação por meio de festividades pagãs muito presentes na Antiguidade sob inspiração de Baco,Dionísio e….Pã/Cernunnos(senhor do submundo celta),daí relacionando a figura na posição de dominador(note as correntes nos amantes) dos homens,que tem a potencialidade de alcançar as alturas ou as profundezas…

o que volta novamente ao posicionamento dos braços de Baphomet,cujo atbash é Sophia,sabedoria,e cuja significação etimológica signifique batismo.Essa figura andrógina é uma chave de mistérios cujo propósito é a iniciação,daí corroborando opiniões de magistas como Sérgio Bronze,Duquetti e outros de que o Diabo é o verdadeiro iniciador dos verdadeiros iniciados rumo ao adeptado(note que o Atu XV conecta as esferas Hod e Tipharet),o que se mantém como tradição em correntes de bruxaria tradicional,candomblé,umbanda etc.

Isso é apenas uma análise singela e simplória,pois ainda teria muita coisa a ser discutida mas que não mais caberia nessa discussão do tema.Tudo por ser algo de caráter universal e que não se limita a uma corrente específica de iniciação.

A busca pela iniciação não é fácil,pois antes mesmo o buscador é testado para ver se é digno de mérito por prática e sinceridade estar na senda.Algo semelhante ocorreu comigo quando fui escrever para o autor perguntando algumas coisas tolas há um bom tempo.Hoje eu me envergonho de um dia ter sido assim,burro e imbecil a ponto de perguntar pela simples curiosidade e frivolidade.O que me moveu foi a vaidade e soberba que hoje execro.

Se não fosse as patadas e a “finesse” de uma hiena que ele teve comigo eu não teria ficado puto e entendido algumas coisas pessoais da busca.

Num dos e-mails de resposta ele diz:

Quanto a questão de linhagem, você não deveria se preocupar tanto com isso, linhagem não quer dizer que você conseguirá alguma coisa no caminho iniciático. Você pode contar nos dedos quantos alunos do próprio Crowley que conseguiram atingir alguma coisa. Linhagem nada significa, se você não tiver perseverança, inteligência, discrição, etc. Conhecimento e, mais tarde, Sabedoria não são coisas dadas, mas adquiridas por si mesmo. Portanto, essa coisa de linhagem de nada vale! Linhagem para mim nunca representou nada. Com toda certeza posso dizer e garantir que a minha “linhagem” provêm diretamente de Mestre Therion, mas foi algo conquistado e não dado. Portanto, saber de quem descendo não deixa de ser apenas mera curiosidade sádica, que não leva a lugar algum.

Para você ter uma idéia, pouco antes de falecer, meu Instrutor pediu que todas as nossas correspondências que não fossem instruções oficiais fossem destruídas logo assim que eu soubesse de sua morte. Assim foi feito e fisicamente não existe nenhum documento oficial que me ligue a esta pessoa. Por que isto foi pedido? Ora, obviamente para evitar coisas como essa bobagem de linhagem; para evitar a exacerbação do ego; problemas futuros com a curiosidade alheia; etc. Dentro da Santíssima Fraternidade não existem tais coisas, Ela é uma Fraternidade totalmente espiritual e não-física: leia o documento que citei acima. Portanto, você só saberia de quem descendo, se um dia você estivesse sob minha Instrução e se eu achasse por bem dizer, mas garanto que isso nada significa. Fuja da vaidade!”

O contexto dessa resposta dura (porém necessária) foi uma pergunta frívola a respeito de iniciação física em ordens (a A.’.A.’.,para ser mais exato).Isso porquê a iniciação não é somente um ritual,mas um fenômeno de trasformação espiritual estritamente pessoal.Rituais são meras formalidades que as vezes se fazem necessárias para manter um vínculo de tradição de sinceridade na busca.Essa é uma questão que poucos entendem,pensando que ordens ou sendas diferentes são apenas camisas de times.Ou quando não,iniciações via msn,astrais á distancia,auto-iniciações que nada provam o mérito de ultrapassar as barreiras de Malkuth…

Foi isso que eu entendi as duras penas,e reconheço o erro.Peço desculpas ao autor se um dia ele ler isso,e agradeço de coração pela dureza do ensinamento.Não é o que desejamos,mas o que é necessário que seja feito.

Como o próprio mesmo diz:”(…)Muitos são aqueles que falam de linhagem e tradição mágica,mas nenhuma linhagem ou tradição mágica pode substituir a dedicação,a perseverança e a aspiração do iniciado(…)Não existem iniciação coletiva ou iniciação que possam ser profanadas;ou seja,essas experiências são individuais e intransferíveis.Assim,todos os rituais da verdadeira iniciação são secretos em sua essência,pois jamais poderemos expressar em palavras o que foi vivenciado(…)”

Eu ainda não passei por alguma iniciação propriamente dita,estou ainda bastante distante do meu objetivo e com grande dificuldade avanço para cumpri-lo.Isso por ser,como muitos,apenas um buscador em início de jornada…um logo caminho.

Essa busca é a mesma de sair da caverna de Platão.Ao modo dos egípcios a iniciação pela morte do ego e saída a luz do dia como um deus redivivo é instruída pela purificação e julgamento do iniciado no tribunal de Osíris.A melhor referência que encontrei a esse respeito foi a do ritual do neófito da Golden Dawn,onde “antes você estava em trevas,agora sais á luz”,que remete bastante as antigas fórmulas de iniciação do Livro para sair á Luz,vulgarmente conhecido por “Livro dos Mortos Egipcio”.

O mesmo se dá com o Bardo Thodol,conhecido também de forma vulgar como “Livro dos Mortos Tibetano”,onde se trata dos estágios de “clara luz” (coincidência essa “luz”,não???) e passagens por transformações e enfrentamentos de divindades coléricas e benéficas ante ao próprio julgamento que o homem faz de si mesmo após a sua morte física.

Diferentemente da visão de iniciação em thelema,onde a morte não é mais cultivada como o cerne central da iniciação sob uma filosofia piegas de submissão e escravidão do homem.A morte não é excluída,mas seu ciclo é relegado as aparências ilusórias bastante comuns ao ignorante que desconhece das leis que regem o universo.

Como é dito no texto “Passando do Velho para o Novo Aeon”:

Se não quereis ser um Rei vós mesmos,entretanto admiti que eles tem direito á Realeza,mesmo como vós tendes este direito,quando quiserdes aceitá-lo.E no momento em que quiserdes aceitá-lo,tendes apenas que vos lembrar disto-Olhai as coisas do ponto de vista do Sol”


Fontes

Fundamentos de Magia (K),Sérgio Bronze,Ed.Madras

O Caibalion e Corpus Hermeticum,de Hermes Trimegistus

Hermes,Coleção Grandes Iniciados,Edouard Shuré,Ed.Martin Claret

O Livro dos Mortos Egípcio

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