Concentração: sua Prática
Concentração:
sua Prática
A
mortificação, o estudo, e a entrega do frutos do trabalho a Deus,
são chamados kriya-yoga.
Os
samadhis, com que terminamos o capítulo primeiro, são muito
difíceis de serem alcançados; devemos portanto, abordá-los
vagarosamente. O primeiro passo, o passo preliminar, é chamado
kriya– yoga, que, literalmente, significa prática da yoga através
do trabalho. Os órgãos são os cavalos, a mente são as rédeas, o
intelecto é o cocheiro, a alma é o passageiro e o corpo é a
carruagem. Se os cavalos são muito fortes e não obedecem às
rédeas, e se o co– cheiro não tem discriminação, então o
passageiro sofre. Mas se os cavalos, os órgãos, estão bem
controlados pelas rédeas, a mente, e o cocheiro possuir
discriminação, então o passageiro, a alma, chega a seu destino.
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Técnicas de Projeção Astral e Exercicíos para a Espiritualidade
O
que significa, aqui, “mortificação”? Significa segurar firme
mente as rédeas, ao guiar o corpo e os órgãos; não deixá-los
fazer o que querem, mas conservá-los sob o devido controle.
O
que significa “estudo”? Certamente não o estudo de romances ou
livros de História, porém, o estudo das obras que tratam da
1iberação da alma. Também, esse estudo não significa estudos
controversos. O yogui deve ter terminado o seu período de
controvérsias. Teve bastante disso e se tornou satisfeito. Seus
estudos são feitos somente para intensificar suas convicções. Vada
e siddhanta são as duas espécies de conhecimento das escrituras:
vada, o argumentativo, e siddhanta, o decisivo. Quando um homem é
inteiramente ignorante, aborda o primeiro, o argumentativo,
discutindo e raciocinando pró e contra; e quando terminou, toma o
siddhanta o decisivo, e chega a uma conclusão. Simplesmente chegar a
uma conclusão não basta. preciso realizá-la. Os livros são
infinitos em número, e o tempo é curto; portanto, o segredo do
conhecimento é tomar sàmente aquilo que é essencial. Tom-1o e
tentar viver de acordo. Diz uma antiga lenda hindu que colocando-se
uma taça de leite e água ante um raja-hamsa, um cisne real, ele
tomará todo o leite e deixará a água. Da mesma forma, no
conhecimento, devemos tomar aquilo que possui valor e deixar a
impureza. A ginástica intelectual é necessária, ao início; nada
façamos, cegamente. Mas o yogui passou o estágio argumentativo e
chegou a uma conclusão, que é inamovível, como as rochas. A única
coisa que agora busca é intensificar aquela conclusão. Não
discutais, diz ele, se alguém forçar argumentos convosco,
permanecei em silêncio. Não respondais a nenhum argumento, mas
retirai-vos calmamente, porque os argumentos só fazem perturbar a
mente. A única utilidade da argumentação é treinar o intelecto.
Quando isso é conseguido, ‘qual a vantagem de perturbá-lo mais? O
intelecto é um instrumento frágil e só pode dar-nos o conhecimento
limitado pelos sentidos, O yogui deseja ultrapassar os sentidos;
portanto o intelecto não lhe será de nenhuma utilidade final. Ele
está certo disso, portanto, permanece silencioso e não discute.
Cada argumento tira sua mente do equilíbrio, faz surgir perturbação
em chitta; e uma perturbação é um passo atrás. A argumentação e
o raciocínio são estágios preliminares; há algo mais, além
deles. A vida toda não é para lutas escolares e sociedades de
debate.
A
“entrega dos frutos do trabalho a Deus” significa não
reivindicar nem crédito nem culpa, mas entregá-los, ambos, ao
Senhor e permanecer em paz.
2
(Kriya-Yoga
conduz ao) samadhi e atenua as dificuldades que causam sofrimento.
A
maioria de nós assemelha-se a crianças mimadas, que permite à
mente fazer tudo o que ela deseja. É necessário, portanto, -que se
pratique constantemente a kriya-yoga, para se obter o controle da
mente e sujeitá-la. As obstruções à yoga nascem da falta -de
controle e nos causam sofrimento. Só podem ser removidas pelo
controle da mente, mantendo-a sob repressão através de kriya-yoga.
3
As
dificuldades que causam sofrimento são ignorância, consciência
intrínseca do “eu”, ligadura, apego, aversão e o agarrar-se à
vida.
São
estas as cinco espécies de sofrimento, o quíntuplo laço que nos
prende. Delas, ignorância é a causa e as outras quatro, os efeitos.
Ela é a única causa de toda nossa infelicidade. Que mais pode
tornar-nos infelizes? A natureza da Alma é eterna ventura. O que
pode torná-La angustiada, exceto a ignorância, a alucinação, a
delusão? Toda dor da Alma é simplesmente a delusão.
4
A
ignorância é o campo produtivo de todos aqueles sofrimentos que se
seguem, estejam dormentes, atenuados, subjugados ou ativos.
A
ignorância é a causa da consciência intrínseca do “eu”,
apego, aversão, e amor à vida. Essas impressões existem em
diferentes estágios. As vezes, estão adormecidas. Freqüentemente
ouvimos a expressão “inocente como uma criança”; todavia, na
criança, pode existir a natureza de um demônio, que se manifesta
gradualmente. No yogui, essas impressões, os samskaras deixados
pelas ações passadas, estão “atenuadas”, isto é, seu poder
está bastante enfraquecido; e ele pode controlá-las, não
permitindo que se manifestem. “Vencidas” significa que, por
vezes, um conjunto de impressões é mantido sob controle por aqueles
que são mais fortes; porém, manifestam-se quando a causa repressiva
é afastada. O último estado é o “ativo”, quando os samskaras,
tendo ambiente propício, atingem atividade mais intensa como bem ou
como mal,
5
Ignorância
é tomar o não-eterno, impuro, doloroso, e o não-EU, pelo eterno,
puro e feliz Atman ou o EU, (respectivamente).
Todas
as várias espécies de impressões têm uma única fonte: a
ignorância. Devemos primeiramente saber o que é a ignorância. Cada
um de nós pensa: “Eu sou o corpo, não o EU, o puro, o efulgente,
o sempre-venturoso” – isso é ignorância. Pensamos no EU e o
vemos como o corpo. Eis a grande delusão.
6
A
consciência intrínseca do “eu” é a identificação do Vedor
com o instrumento da visão.
O
Vedor é, em realidade, o EU, o Puro Uno, o Sempre Santo, o Infinito,
o Imortal. este é o EU do homem. E quais são seus. instrumentos?
Chitta, o estofo mental, buddhi, ou faculdade determinativa, manas,
ou mente, e indryas, ou órgãos dos sentidos. São. estes Seus
instrumentos, para ver o mundo externo; e a identificação do EU com
os instrumentos é chamada consciência intrínseca. do “eu”,
resultado da ignorância. Dizemos: “Sou a mente”, “Estou
infeliz”, “Estou zangado”, ou “Estou feliz”. Como podemos
estar zangados e como podemos odiar? Devemos identificar-nos com o
EU; esse não pode mudar. Se Ele é imutável como pode ser um
momento feliz e outro momento, infeliz? E’ sem forma, infinito,
onipresente, O que pode transformá-Lo? Está além de toda lei, o
que pode afetá-Lo? Nada no universo pode produzir efeito sobre Ele;
todavia, pela ignorância, identificamo-nos com o estofo mental e
pensamos sentir prazer ou dor.
7
Apego
é aquilo que reside no prazer.
Achamos
prazer em certas coisas, e a mente, como uma cor- rente, flui para
elas; este seguir o centro do prazer, por assim dizer, é o que
chamamos apego. Nunca nos ligamos ao que nos desagrada. Encontramos
prazer em coisas muito esquisitas, às vezes, mas o princípio
permanece: todo objeto que nos causa prazer, a ele nos ligamos.
8
Aversão
é aquilo que reside na dor.
Do
que nos causa dor, imediatamente procuramos nos afastar.
9
Permanecendo
em sua própria natureza (devido à experiência passada da morte), e
estabelecido at nos instruídos, está o agarrar-se à vida.
Este
agarramento à vida, vemo-lo manifestado em todo ser vivente. Sobre
ele foram feitas várias tentativas para construir-se a teoria de uma
vida futura, porquanto os homens amam tanto a vida que desejam também
uma vida futura. Naturalmente, não é necessário dizer que o
argumento não tem muito valor; mas a parte mais curiosa dele é que,
nos países ocidentais, a idéia que o apego à vida indica uma
possibilidade de vida futura, aplica-se somente aos homens, não
incluindo os animais.
Na
Índia, a sede pela vida tem sido um dos argumentos para provar a
experiência e a existência passadas. Por exemplo, se é verdade que
todo nosso conhecimento proveio da experiência, então é certo que
o que jamais experimentamos não pode ser imaginado ou entendido por
nós. Logo que os pintos saem do ovo, começam a buscar alimento.
Muitas vezes viu-se que, quando patos são chocados por uma galinha,
correm para a água, logo que saem dos ovos, e a mãe-galinha pensa
que vão se afogar. Se a experiência é a única fonte de
conhecimento, onde os pintinhos aprendem a buscar alimento, ou os
patinhos aprendem que a água é o seu elemento natural? Se dizeis
que é instinto, não dizeis nada; dais apenas uma palavra, não uma
explicação. O que é esse instinto? Temos muitos, em nós. Por
exemplo, aqueles de vós que toquem piano podem lembrar-se, quando
aprendiam, quão cuidadosamente tinham que colocar os dedos sobre as
teclas, brancas e pretas, uma após a outra; mas agora, depois de
longos anos de prática, podeis conversar com amigos enquanto vossos
dedos tocam, mecanicamente. Vosso toque tornou-se instintivo. Assim
com todo trabalho: pela prática ele se torna instintivo e
automático, e tanto quanto sabemos, todos os casos que agora olhamos
como automáticos, são raciocínio degenerado. Na linguagem dos
yoguis, instinto é razão involuida. A discriminação se torna
involuída é passa a ser samskaras automáticos. Portanto, é
perfeitamente lógico pensar que tudo que chamamos instinto neste
mundo é simplesmente raciocínio involuido. Como a razão não pode
surgir sem experiência, todo instinto é, portanto, o resultado da
experiência passada. Os pintinhos temem o gavião e os patinhos amam
a água; ambos são resultados da experiência passada
Então
a pergunta é se aquela experiência pertence a uma alma particular
ou simplesmente ao corpo, se essa experiência que vem ao pato é a
experiência de seus ancestrais ou sua própria. Os modernos homens
de ciência afirmam que pertence ao corpo; luas os yoguis afirmam que
é a experiência da mente, transmitida através do corpo. Isto é o
que se chama teoria da reencarnação. Vimos que todo nosso
conhecimento, chamemo-lo percepção, razão, instinto, deve vir
através daquele único canal chamado experiência, e que tudo que
chamamos, agora, instinto, é o resultado da experiência passada
degenerada em instinto, e que o instinto se regenera novamente em
razão. E é assim por todo o universo. Sobre isto, na Índia,
construiu-se um dos maiores argumentos em favor da reencarnação.
A
repetida experiência de vários temores produz, no passar dos
tempos, esse apego à vida. Essa a causa do medo, instintivo, da
criança; a experiência passada de dor está presente. Até os
homens mais cultos, que sabem que este corpo morrerá e que dizem:
“Não importa. Tivemos centenas de corpos; a Alma não pode morrer”
– até neles, com toda a sua convicção intelectual, encontramos
esse aferrar-se à vida. Por quê? Vimos que ele se tornou
instintivo. Na linguagem psicológica dos yoguis, tornou-se um
samskara. Os samskaras, finos e ocultos, estão adormecidos em
chitta. Todas as experiências passadas de morte, tudo o que chamamos
instinto, são experiências tornadas subconscientes. Vivem em chuta;
não são inativas, mas agem sutilmente.
Os
chitta-vrittis, as ondas da mente, que são densas, podemos apreciar
e sentir; podem ser controladas mais facilmente; mas o que dizer dos
instintos mais finos? Quando estou zangado, toda minha mente se torna
em enorme onda de cólera. Eu a sinto, manejo-a, manipulo-a com
facilidade, luto com ela; mas não terei sucesso algum na luta a
menos que vá às suas causas. Alguém me diz algo muito áspero e
começo a sentir que estou ficando esquentado; ele continua até que
eu fique totalmente colérico, a ponto de me esquecer completamente e
identificar-me com a cólera. Quando esse alguém começou a abusar,
pensei: “Vou ficar zangado”; a cólera era uma coisa e eu, outra.
Mas quando me tornei colérico, eu era a cólera. Estes sentimentos
devem ser controlados quando em germe, na raiz, em suas formas finas,
mesmo antes de nos tornarmos conscientes que estão agindo sobre nós.
Para a maioria da Humanidade, os estados finos dessas paixões são
completamente desconhecidos – os estados abaixo da consciência,
dos quais elas vagarosamente emergem. Quando uma borbulha está
surgindo do fundo do lago, não a vemos, nem mesmo quando quase
chegou à superfície. Somente quando arrebenta e provoca uma
ondulação, é que sabemos que eia está ali. Somente teremos
sucesso em lidar com as ondas quando pudermos segurá-las em suas
formas finas; até eutf o, e quando as tivermos subjugado antes que
se tornem densas, não há esperança de conquistar qualquer paixão,
totalmente. Para controlar nossas paixões, devemos fazê-lo em sua
própria raiz; só então estaremos aptos para queimar suas sementes.
Assim como sementes cozidas semeadas no solo jamais hão de brotar,
assim também aquelas paixões. Nunca mais surgirão.
10
Os
samskaras finos devem ser conquistados, resolvendo-os a sou eu estado
causal.
Os
samskaras são as impressões sutis que permanecem, mesmo quando as
ondas mentais são destruídas pela meditação. Como p0- demos
controlar os samskaras? Pela resolução do efeito na causa. Quando
chitta, que é um efeito, for resolvida, através do samadhi, em sua
causa, asmita ou “consciência do EU”, somente então as
impressões finas desaparecerão com ela.
11
Pela
meditação, suas modificações (grosseiras) serão rejeitadas.
A
meditação é um dos meios efetivos para controlar o surgimento
dessas ondas. Pela meditação poderemos subjugá-las; e se
continuarmos a praticar meditação por dias, meses, anos, até
tornar-se um hábito, até que ela venha, apesar de nós mesmos – a
cólera e o ódio serão completamente controlados e reprimidos.
12
O
“receptáculo de trabalhos” tem suas raízes nas já menciona -
das obstruções que causam sofrimento, e a experiência destas vem
durante a vida visível (presente) ou na. invisível (próxima).
Por
“receptáculo de trabalhos”, queremos significar a soma total dos
samskaras. Qualquer trabalho que façamos, lança a mente numa onda;
e depois que o trabalho está terminado pensamos que a onda se foi.
Não é assim; a onda se tornou fina, mas está ainda ali. Quando
tentamos nos lembrar do trabalho, ela surge e se torna uma onda outra
vez, pois estava presente; se não estivesse, não haveria memória.
Assim toda ação, todo pensamento, bom ou mau, vai ao mais profundo
nível da mente, torna-se fino e ali permanece armazenado. Tanto os
pensamentos alegres como os tristes são chamados “obstruções
causadoras de dor”, porque, de acordo com os yoguis, ao fim ambos
trazem sofrimento. Toda a felicidade que deriva dos sentidos,
eventualmente provoca dor. Todo gozo fará com que desejemos mais, o
que nos traz dor como resultado. Não há limites aos desejos do
homem; continua desejando e quando o desejo não pode ser satisfeito,
o resultado é dor. Portanto, os yoguis olham a soma total das
impressões, boas ou más, como obstruções causadoras de dor;
impedem o caminho para a liberdade da Alma.
Os
samskaras, as raízes finas de todos nossos trabalhos, devem ser
olhados como causas que produzem efeitos, seja nesta ou nas vidas
futuras. Em casos excepcionais, quando os samskaras são muito
fortes, o fruto aparece ràpidamente; atos excepcionais de maldade ou
de bondade trazem seus frutos, ainda nesta vida. Dizem os yoguis:
aqueles que, enquanto vivendo, conseguem adquirir tremenda força de
bons samskaras, não morrem, mas nesta mesma vida podem transmutar
seus corpos em corpos de deuses. Há diversos casos assim que estão
mencionados pelos yoguis, em seus livros. Tais homens transformam
realmente o material de seus corpos; rearranjam as moléculas de tal
forma, que não têm mais doença, e o que chamamos morte não chega
para eles. Por que não? Fisiologicamente, alimentar-se significa
assimilar a energia do sol. A energia primeiro entra na planta, a
planta é comida pelo animal e o animal, pelo homem. Isto quer dizer,
em linguagem de ciência, que tomamos uma quantidade de energia do
sol e tornamo-la parte de nós mesmos. Se é assim, por que deveria
existir apenas uma maneira de assimilar energia? A maneira da planta
não é a mesma que a nossa; o processo da terra, de assimilação de
energia, difere do nosso. Mas, todos, assimilamos energia de uma
forma ou de outra. Os yoguis afirmam que estão aptos a assimilar
energia apenas pelo poder da mente e que podem absorver tanto dela
quanto desejam, sem recurso aos métodos ordinários. Como uma aranha
faz a teia de sua própria substância e fica ligada por ela, não
podendo ir a nenhuma parte exceto ao longo das linhas daquela teia,
assim também projetamos, do material de nossos corpos, essa rede
chamada nervos, e agora não podemos trabalhar, a não ser pelos
canais desses nervos. Os yoguis, entretanto, dizem que não há
necessidade de continuarmos ligados a eles.
Para
dar outro exemplo, podemos enviar eletricidade a qualquer parte do
mundo, mas temos de fazê-lo por meio de fios. A natureza pode enviar
vasta massa de eletricidade sem quaisquer fios. Por que não podemos
fazer o mesmo? Podemos enviar eletricidade mental a todas as partes.
O que chamamos mente asse- molha-se à eletricidade. Está claro que
o fluido nervoso tem ai- guina quantidade de eletricidade, porque é
polarizado e tem todas características da eletricidade, Podemos,
agora, enviar nossa eletricidade somente através dos canais
nervosos. Por que não, podemos enviar a eletricidade mental sem
utilizarmos esses canais? Os yoguis dizem que isso é perfeitamente
possível e praticável, e, quando pudermos fazê-lo, trabalharemos
em todo o universo. Estaremos aptos para trabalhar com qualquer
corpo, em qualquer lugar, sem o auxílio do sistema nervoso. Quando a
Alma atua através dos canais nervosos, dizemos que o homem vive, e
quando ela cessa de agir através deles, diz-se que está morto. Mas
quando o homem pode agir com ou sem esses canais, nascimento e morte
perdem o significado para ele. Todos os corpos do universo são
constituídos de tanmatras, e diferem pela maneira como estes últimos
estão dispostos. Se sois os arranjadores, podeis arranjar um corpo
como quiserdes. Quem faz este corpo senão vós mesmos? Quem come o
alimento? Se outro comesse o alimento por vós, não viveríeis
muito. Quem produz o sangue do alimento? Vós, certamente. Quem
purifica o sangue e o envia através das veias? Vós. Somos Os amos
do corpo e vivemos nele. Somente, perdemos o conhecimento de corno
rejuvenescê-lo; tornamo-nos automáticos, degenerados; olvidamo-nos
do processo de arranjar suas moléculas. Assim pois, o que é feito
automàticamente deve ser feito conscientemente. Somos os senhores e
devemos regular esse arranjo, e assim que possamos fazê-lo,
estaremos aptos para rejuvenescer como desejamos. Então, não
estaremos sujeitos nem a nascimento, doença, morte.
13
As
raízes estando ali, a fruição vem (na forma de) espécie,
longevidade, e experiência de prazer e dor.
As
raízes, as causas, os samskaras, estando presentes, na mente,
manifestam-se e produzem os efeitos. A causa, desaparecendo, torna–
se o efeito; o efeito, mais sutil, torna-se causa do efeito seguinte.
Uma árvore produz uma semente, que se torna a causa de outra árvore
e assim por diante. Todos nossos trabalhos atuais são os efeitos dos
samskaras passados; também tais trabalhos, tornando- se samskaras,
serão as causas de futuras ações. E assim continuamos Portanto,
este aforismo diz que as causas, estando ali, o fruto deve chegar na
forma de espécie de seres: um será homem, outro, ajo, outro,
animal, outro, um demônio. Além disso há efeitos diferentes de
karma sobre a longevidade: uma pessoa vive cinqüenta anos, outra,
cem, outra morre em dois anos e nunca atinge a maturidade. Todas
essas diferenças de longevidade são reguladas pelo karma passado.
Um homem nasce, por assim dizer, para o prazer; poderá internar-se
numa floresta, o prazer o seguirá até lá. Outro homem, onde vai, é
seguido pela dor; tudo lhe resulta doloroso. Esse é o resultado de
seus passados karmas. De acordo com a. filosofia dos yoguis, toda
ação virtuosa traz ‘prazer e toda ação viciosa gera dor. Aquele
que comete atos maus, com certeza colherão o fruto sob forma de dor.
14
Elas
(as ações) produzem fruto como prazer ou dor, causados pela virtude
ou vício.
15
Para
aquele que discrimina, tudo é, por assim dizer, doloroso, porque
nada existe que não provoque dor, seria como conseqüência ou como
antecipação da perda de felicidade, seja como novo desejo derivante
de impressões de felicidade e também porque os gunas agem uns
contra os outros.
Os
yoguis dizem que o homem que possui poder de discriminação, o homem
de bom senso, vê através de tudo que é chamado prazer ou dor e
sabe que estes chegam para todos e que um segue e funde-se no outro.
Vê que os homens perseguem um fogo fátuo durante toda a vida,
jamais conseguindo satisfazer seus desejos. O grande rei Yudhishthira
disse certa vez que a coisa mais maravilhosa na vida é que a cada
momento vemos as pessoas morrendo em nossa volta e todavia cremos que
nunca havemos de morrer. Pensamos, mesmo cercados de tolos por todos
os lados, que somos a única exceção, os únicos instruídos. Ainda
que por toda parte exista inconstância, pensamos que nosso amor é o
único duradouro. Como pode ser assim? Até o amor é egoísta; e, os
yogui’ afirmam que, ao final, descobriremos que até o amor de
maridos e esposas e filhos e amigos, vagarosamente desvanece. A
decadência assalta tudo nesta vida. Só quando todas as coisas, .o
amor, falham, é que, num lampejo, o homem descobre quão vaio, quão
fugaz, é este mundo. Obtém então um vislumbre de vairagya,
renúncia, e um clarão do Além. Sàmente abandonando este mundo que
o outro é visto – jamais através de apego a este. Nunca existiu
uma grande alma que não tivesse de rejeitar os prazeres dos sentidos
e o gozo, para adquirir sua grandeza. A causa da infelicidade é o
choque entre as diferentes forças (gunas) da natureza, cada qual
puxando para seu lado e transformando em quimera a felicidade
permanente.
16
A
infelicidade que todavia não chegou deve ser evitada.
Algum
karma já esgotamos, algum estamos esgotando em nossa vida atual e
algum está à espera de produzir fruto numa vida futura. A primeira
espécie é passada e ida. A segunda, temos de esgotar. Somente
aquela que aguarda produzir fruto no futuro é que temos que
conquistar e controlar; e para a consecução desse objetivo todas
nossas forças devem ser convocadas. É o que Patanjali quer dizer
quando afirma (II. 10.) que os samskaras devem ser controlados pela
resolução em seu estado causal.
17
A
causa dessa (infelicidade) que deve ser evitada é a unção do Vedor
com a cousa vista.
Quem
é o Vedor? O EU do homem, o Purusha. O que é a coisa vista? Toda a
natureza, desde a mente à matéria densa. Todo prazer e dor surgem
da junção do Purusha e da mente. O Purusha, deveis recordar, de
acordo com esta filosofia, é puro; quando unido à natureza, e nela
refletido., aparece como sentindo prazer ou dor.
18
O
visto, composto de elementos e órgãos e’ caracterizado pela
Siumhiação, ação’ e inércia existe para o propósito de
experiência e libertação (do Vedor).
A
natureza, ou o visto, está composta de elementos grossos e finos –.-
isto é, os órgãos dos sentidos, a mente e assim por diante – e
está caracterizada pela iluminação (sattva), ação (rajas), e
Inércia (tamas) . Qual o propósito cabal do visto, ou natureza? É
de proporcionar ao Purusha, experiência. O Purusha tem, por assim
dizer, esquecida, Sua poderosa e divina natureza. Há a história que
o rei dos deuses, Indra, tornou-se certa vez um porco, chafurdando-se
na lama; tinha uma porca e uma porção de porquinhos e vivia muito
contente. Alguns deuses viram sua triste situação o chegaram até
ele, dizendo: “Tu és o rei dos deuses; tens sob teu comando todos
os deuses; por que estás aqui?” Indra respondeu: “Não importa.
Estou bem aqui; não me importo com o céu enquanto ten1a esta porca
e estes porquinhos.” Os pobres deuses ficaram perplexos. Depois de
certo tempo decidiram matar todos os porcos, um após outro. Quando
todos estavam mortos, Indra começou a chorar e a se lastimar. Então
os deuses rasgaram seu corpo suíno, de alto a baixo. Dele saiu Indra
e começou a dar gargalhadas quando compreendeu que sonho terrível
tinha tido – ele, o rei dos deuses, ter-se tornado porco e ter
pensado que a vida de porco era a única vida! Não somente isso, mas
ter deseja- cio que todo o universo se juntasse a ele na vida suína!
Da
mesma forma, o Purusha, quando identificado com a natureza, esquece
que é puro e infinito. O Purusha não ama; é o próprio amor. Não
existe; é a própria existência. A Alma não cabe; é o próprio
conhecimento. um erro dizer que a Alma ama, existe, ou sabe. O amor,
a existência, e o conhecimento não são qualidades do Purusha, mas
Sua essência. Quando se refletem sobre algo, podemos chamá-las
qualidades daquele algo. Não são as qualidades, mas a essência do
Purusha, o grande Atman, o Ser Infinito, sem nascimento nem morte,
estabelecido em Sua própria glória. Ele aparece como tão
degenerado que se Lhe dissermos: “Tu não és um porco”, ele
começa a esbravejar e a morder
O
mesmo se passa com todos nós nesta maya, este mundo de sonho, onde
tudo é miséria, choro, lamentação, onde algumas bolas de ouro são
jogadas e todo mundo se acotovela, atrás delas: Nunca fostes atados
por leis; a natureza jamais vos agrilhoou. isso o que os yoguis vos
dizem. Sede pacientes em aprendê-lo. E os yoguis mostram como, pela
junção com a natureza, por sua identificação com a mente e com o
mundo, o Purusha se crê infeliz. Então os yoguis prosseguem
mostrando que a forma de fugir é pela. experiência. Tendes de obter
toda essa experiência; mas, apressai-vos. Vós vos colocastes nesta
rede e tendes de sair. Fomos apanhados na armadilha e temos de sair
dela, para a liberdade. Assim, obtende a experiência de maridos e
esposas e amigos e pequenas afeições; passareis por elas, a salvo,
se nunca vos esquecerdes quem realmente sois. Jamais vos olvideis que
este é um. estado momentâneo e que tendes que passar por ele. A
experiência. é o maior instrutor .– a experiência de prazer e
dor – mas sabei que é somente momentânea. Passo a passo leva ao
estado onde todas as coisas se tornam diminutas, e o Purusha, tão
imenso, que- o universo inteiro parece ser uma gota no oceano e
desaparece por sua própria insignificância. Temos de passar por
diferentes experiências. Que nunca olvidemos o ideal.
19.
Os
estados dos gunas são os definidos (os elementos grosseiros), os
indefinidos (os elementos sutis), os simplesmente indicados (a
inteligência cósmica), e os sem-sinal (prakriti).
O
sistema Yoga está inteiramente construído sobre a filosofia
Samkhya, como vos disse; e aqui novamente, devo recordar-vos a
cosmologia Samkhya. De acordo com ela, a natureza é a causa material
e eficiente do universo. Na natureza estão os três gunas, ou
elementos sattva, rajas e tamas. Tamas é tudo o que é obscuro, tudo
o que é ignorante e pesado; rajas é atividade; e sattva é calma,
luz. A natureza, antes da criação, é chamada avyakta, indefinida
ou indiscreta – isto é, o estado no qual não existe distinção
de forma ou nome, onde os três gunas se mantêm em perfeito
equilíbrio. Então esse equilíbrio é rompido, os três gunas
principiam a misturar-se de várias maneiras e o resultado é o
universo.
Em
todo homem, também, existem os três gunas. Quando prevalece sattva,
surge o conhecimento; quando rajas, a atividade; e quando tamas, a
escuridão, a lassidão, a preguiça e a ignorância.De acordo com a
teoria Samkhya, a mais elevada manifestação da natureza,
consistindo desses três gunas, chama-se mahat, ou inteligência,
inteligência universal, da qual é parte o intelecto humano. Na
psicologia Samkhya há distinção definida entre a função de
manas, ou mente, e a função de buddhi, o intelecto. A função, da
mente é simplesmente de coletar as impressões externas e
apresentá-las a buddhi, ou mahat individual, que decide. De mahat;
provém o sentimento do “eu” do qual, por sua vez, procedem os
elementos sutis. Estes se combinam e tornam-se em materiais
grosseiros o universo exterior. A tese da filosofia Samkhya é que,
do intelecto a um bloco de pedra, tudo é o produto de uma
substância, diferindo somente como estados mais finos ou mais
grosseiros de existência. Os mais finos são as causas e os mais
grosseiros os efeitos. Além de toda a natureza está o Purusha, que
não é, absoluta-- mente, material. Não é semelhante a coisa
alguma, seja buddhi, mente, tanmatras ou os materiais grosseiros. Não
é afim de nenhum destes está inteiramente separado, é inteiramente
diferente em Sua natureza; e mais ainda, argumenta-se que o Purusha
deve ser imortal, porque não é o resultado de combinação. O que
não é resultante de combinação, não perece. De acordo com a
Samkhya, os Purushas são infinitos em número.
Agora
podemos compreender o aforismo, quando ele diz que os estados dos
gunas são os definidos, os indefinidos, os simplesmente indicados e
os sem-sinal. Por “definidos”, entendem-Se os elementos
grosseiros, que podemos experimentar pelos sentidos. Por
“Indefinidos”, são significados os materiais muito finos,
tanmatras, que não podem ser experimentados pelos sentidos de
pessoas comuns. Entretanto, se praticais yoga, diz Patanjali, depois
de um certo tempo vossas percepções se tornarão tão finas que
vereis realmente os tanmatras. Por exemplo, ouvistes que todo homem
irradia urna certa luz à sua volta; todo ser vivo emite urna certa
luz que, segundo os yoguis, pode ser vista por eles. Nem todos vemos,
mas todos enviamos esses tanmatras para fora, como urna flor
continuamente emite partículas finas que nos permitem sentir-lhe o
perfume. Cada dia de nossas vidas emitimos n’a massa -de bem ou
mal, e aonde formos, a atmosfera está cheia desses -materiais Foi
assim que veio à mente humana, inconscientemente, a idéia de
construir templos e igrejas. Por que constroem os homens igrejas onde
Deus é adorado? Por que não adorá-Lo por toda parte? Mesmo se não
soubessem a razão, os homens encontrariam que um lugar onde as
pessoas adoram Deus se tornaria cheio de bons tanmatras. Cada dia as
pessoas vão ali, e quanto mais santas se tornem, mais sagrado aquele
lugar. Se qualquer homem que não -possua muito - sattva, vai ali, o
lugar o influenciará e despertará suas qualidades sattvicas. Eis,
portanto, o significado de todos os templos e lugares santos;
recordareis que sua santidade depende -da congregação de pessoas
santas nesses lugares. A dificuldade é que o homem se esquece do
significado original e põe o carro adiante dos bois. Foram os
próprios homens que tornaram tais lugares santificados e depois o
efeito tornou-se a causa e fez com que aqueles se santificassem. Se
somente gente má freqüentasse esses lugares, eles se tornariam tão
daninhos como outros quaisquer. Não é o edifício, mas as pessoas,
que fazem uma igreja; e isso é o que sempre esquecemos. Eis porque
sábios e santos, que possuem muito dessa qualidade sattva, podem
irradiá-la e exercem tremenda influência, dia e noite, a seu redor.
Uma pessoa pode ser tão pura que sua pureza se tornará tangível.
Todos os que entram em contato com ela também se tornarão puros.
A
seguir, os “meramente indicados” significam a buddhi cós- mica,
o intelecto cósmico. E’ a primeira manifestação da natureza;
-dela provêm todas as outras manifestações.
Por
fim, os “sem-sinal”, ou natureza. Parece existir grande
-diferença entre a ciência moderna e as religiões, sobre este
ponto. Toda religião diz que o universo vem da inteligência. A
teoria de Deus, tomando a palavra no seu significado psicológico,
aparte todas -as idéias de personalidade, é que a inteligência vem
primeira na ordem da criação e que da inteligência procede o que
chamamos matéria grosseira. Os filósofos modernos afirmam que a
inteligência é-- a última a surgir. Dizem que as coisas não
inteligentes vagarosamente evoluem em animais, os animais em homens.
Afirmam que. ao invés de tudo provir da inteligência, é esta
última a aparecer. Tanto as afirmativas religiosas, como as
científicas, ainda que pareçam diametralmente opostas umas às
outras, são verdadeiras. Tomai urna série infinita AB-A-B-A-B e
assim por diante. pergunta é: qual vem primeiro, A ou B? Se tomais a
série como A-B, direis que A vem primeiro mas se tomais a série
E-A, afirmareis que E vem primeiro. Depende do modo de se considerar
a série. A inteligência sofre modificação e se torna matéria
grosseira; esta por sua vez funde-se em inteligência; e assim o
processo continua. Os seguidores da Samkhya, e outras pessoas
re1igiosas, colocam a inteligência em primeiro lugar, e a série se
torna inteligência C depois matéria. O homem científico coloca o
dedo sobre a matéria e diz que primeiro vem matéria e depois
inteligência. Ambos indicam a mesma cadeia. A filosofia hindu,
entre- tanto, vai além da inteligência e da matéria, e descobre um
Purusha, o EU, que está além da inteligência, e do qual a
inteligência é somente a luz emprestada.
20
O
Vedor é somente inteligência, e, embora puro, vê através do
colorido do intelecto.
Temos
novamente aqui a filosofia Samkhya. Vimos dessa mesma filosofia, que,
da forma mais baixa á inteligência, tudo é natureza; além dela
estão os Purushas, que não possuem qualidades. Então, como um
Purusha parece estar feliz ou infeliz? Por reflexo. Se uma flor
vermelha for colocada perto de urna peça de puro cristal, o cristal
parecerá vermelho. Da mesma forma, a aparência de felicidade OU
infelicidade na Alma é sàmente um reflexo; a Alma, em Si, não tem
colorido. A Alma está separada da natureza; a natureza é urna
coisa, a Alma outra, eternamente separadas. A filosofia Samkhya diz
que a inteligência é um composto, que cresce e murcha, que se
modifica, assim como o corpo, e que sua natureza quase a mesma que a
do corpo. Assim como a unha está para o corpo, assim o corpo está
para a inteligência. A unha é uma parte do corpo, mas pode ser
aparada centenas de vezes e o corpo todavia permanece. Similarmente,
a inteligência dura eons, enquanto este corpo pode ser aparado,
atirado fora. Todavia a inteligência não pode ser imortal, porque
muda, crescendo e fenecendo. Aquilo que se transforma não pode ser
imortal. Certamente a inteligên-. eia é produzida; e esse fato
mostra-nos que algo deve existir além dela. Ela não pode ser livre;
tudo conectado com matéria está na natureza, e portanto, ligado
para sempre. Quem é livre? Os livres certamente devem estar além de
causa e efeito.
Se
dizeis que a idéia de liberdade é uma ilusão, eu direi que a idéia
de servidão também o é. Dois fatos chegam à nossa consciência e
permanecem ou desaparecem juntos. Estes são nossos conceitos de
servidão e liberdade, Se desejamos atravessar o muro e batemos a
cabeça contra ele, vemos que estamos limitados por esse muro. Ao
mesmo tempo, encontramos que temos uma força ‘de vontade e
pensamos que podemos dirigi-la a todas as partes. A cada passo, essas
idéias contraditórias surgem. Temos de crer que somos livres,
todavia, a cada momento descobrimos que não o somos. Se uma idéia é
ilusão, a outra também o é, e se uma é verdadeira a outra também,
porque ambas se firmam sobre a mesma base: a experiência.
O
yogui diz que ambas são verdadeiras – que estamos escravizados até
onde vai a inteligência, mas que somos livres no que concerne à
Alma. A natureza real da Alma, ou Purusha, está além da lei de
causação. Sua liberdade filtra-se através de camadas de matéria
em várias formas, através da inteligência, mente, e assim por
diante. Sua luz a que brilha através de tudo. A inteligência não
tem luz própria. Cada órgão tem um centro particular no cérebro.
Não há um único centro para todos os órgãos; cada órgão é
separado. Por que todas as percepções se harmonizam? Onde conseguem
sua unidade? Se fosse no cérebro, seria necessário que todos os
órgãos – os olhos, o nariz, os ouvidos, etc. – possuíssem sã-
mente um centro; entretanto, sabemos com certeza que há dii e-
rentes centros para cada. Mas uma pessoa pode ver e ouvir ao mesmo
tempo; portanto, deve haver uma unidade atrás da inteligência. A
inteligência está ligada com o cérebro, mas por detrás, até da
inteligência, está o Purusha, a unidade, onde todas as diversas
sensações e percepções se juntam e se tornam uma só. A própria
Alma é o centro para onde todas as diferentes percepções convergem
e se unificam. Essa Alma é livre e é Sua liberdade que nos diz a
cada momento que somos livres, não-ligados. Mas erroneamente,
identificamos essa liberdade com a inteligência e com a mente.
Tentamos atribuí-la ao intelecto e imediatamente encontramos que o
Intelecto não é livre; a atribuímos ao corpo e imediatamente a
natureza nos afirma que estamos enganados. Eis porque existe esse
sentido misto de liberdade e escravidão ao mesmo tempo. O yogui
analisa ambos, o que é livre e o que é ligado, e sua ignorância
desaparece. Descobre que o Purusha é livre, é a essência daquele
conhecimento que, vindo através de buddi3i, torna-se inteligência
e, como tal, fica ligado.
21
A
(transformação que ocorre na) natureza do visto (isto é, prakriti)
é para Ele (isto é, o Purusha).
Prakriti
não tem poder próprio. Estando o Purusha cerca, ela aparenta
possuir poder; mas esse poder é emprestado, assim como a luz da lua.
De acordo com os yoguis, o universo manifestado procedeu inteiramente
da própria prakriti; mas a prakriti não tem propósito, a não ser
libertar o Purusha.
22.
Apesar
de destruída para aquele cujo objetivo foi alcançado, prakriti,
todavia, não é destruída para outros, sendo comum a eles.
Toda
a atividade da natureza é fazer saber à Alma que Ela está
inteiramente separada da natureza. Quando a Alma o descobre, a
natureza perde seus encantos para Ela. Mas a natureza inteira somente
desaparece para aquele que se tornou livre. Um número infinito
sempre permanecerá, daqueles outros, para quem a natureza continua a
trabalhar.
23
A
junção (de prakriti e do Purusha) é a causa da realização da
natureza dos poderes, tanto do visto como de seu Senhor.
De
acordo com este aforismo, os poderes, tanto da Alma, como da natureza
(isto é, que um é o experimentador, e o outro, o experimentado),
tornam-se manifestos quando eles (isto é, a Alma e a natureza) estão
em conjunção. então que a manifestação do universo fenomenal tem
lugar. A ignorância é a causa dessa. conjunção. Vemos, cada dia,
que a causa de nossa dor ou prazer sempre está em nos identificarmos
com o corpo. Se estivesse perfeitamente certo que não sou este
corpo, não sentiria o calor e o frio, ou algo semelhante. Este corpo
é uma combinação. É pura. ficção dizer que tenho um corpo, vós
outro, e o sol, outro. O uni.- verso inteiro é um oceano de matéria,
e sois o nome de uma pequena partícula, eu de outra, o sol de uma
terceira. Sabemos que,; a matéria está continuamente em mudança. O
que forma o sol um dia, no dia seguinte pode formar o material de
novos corpos.
24
A
ignorância é sua causa.
Devido
à ignorância é que nos juntamos com corpos particulares e assim
nos tornamos vulneráveis à infelicidade. Essa idéia do corpo é
simplesmente uma superstição. É superstição que nos torna
felizes ou infelizes. É superstição causada pela ignorância que
nos faz sentir o calor e o frio, dor e prazer. É nosso dever
superarmos essa superstição; e o yogui mostra-nos como fazê-lo.
Foi demonstrado que sob certas condições mentais um homem pode ser
queimado e todavia não sentir dor. Mas essa súbita exaltação da
mente vem como um redemoinho, num minuto, e desaparece no outro. Se,
entretanto, ela for obtida pela yoga, permanentemente alcançaremos a
separação entre EU e o corpo.
25
Havendo
ausência daquela (a ignorância), haverá ausência de junção.
Isto é a destruição da ignorância e a. h4éiiéndêúci’ dó
Vedor.
De
acordo com a filosofia Yoga é pela ignorância que a alma foi
juntada a natureza O objetivo é liberarmo-nos do controle que a
natureza exerce sobre nós. Essa é a meta de todas as religiões
Toda alma é potencialmente divina O objetivo e manifestar essa
divindade interior pelo controle da natureza externa e interna
Fazei-o, seja pelo trabalho, adoração, controle psíquico, ou
filosofia – por um, mais, ou todos – e sede livres. Eis toda a
religião. As doutrinas, os dogmas, os rituais, os livros, os
templos, as formas, são somente detalhes secundários:
O
yogui procura alcançar esse objetivo pelo controle psíquico.
Enquanto não pudermos nos livrar da natureza, somos escravos; como
ela ordena, assim devemos fazer, O yogui afirma que quem controla a
mente também controla a matéria A natureza interna e muito mais
sutil que a externa, muito mais difícil de ser manejada, muito mais
trabalhosa de ser controlada. Portanto, aquele que conquistou a
natureza interna controla todo o universo; este se torna seu servo.’
Raja-Yoga propõe o método de obter tal controle. Forças mais sutis
que quaisquer outras que conhecemos na natureza física devem ser
subjugadas Este corpo e somente a crosta externa da mente. Não são
duas coisas diferentes; são como a ostra e sua concha. São dois
aspectos de uma só coisa. A substância interna da ostra tira
matéria do exterior e manufatura a concha Da mesma forma, as forças
finas internas que constituem a mente tiram matéria grosseira do
exterior e dela manufaturam essa concha externa o corpo Se então
controlarmos as internas é muito fácil ter também o controle das
externas Também, essas forças não são diferentes Não são
algumas físicas e algumas mentais, as físicas são apenas as
manifestações grosseiras das finas da mesma forma que o mundo
físico é a manifestação grosseira do fino.
26
Os
meios de destruição da, ignorância são prática ininterrupta de
discriminação,
É
esta a meta real de toda prática: discriminação entre o real e o
irreal, sabendo que o Purusha não é a natureza, não é nem matéria
nem mente, e porque ele não é a natureza, não pode possivelmente
mudar, Somente a natureza muda, combinando e recombinando,
dissolvendo-se continuamente. Quando, pela prática constante,
começamos a discriminar, a ignorância desaparecerá e o Purusha
brilhará em Sua natureza real, onisciente, onipotente, Onipresente
27.
Seu
conhecimento é alcançado em sete passes supremos,
Quando
esse conhecimento vem, chega, por assim dizer, em sete passos, um
após o outro; e à medida que atingimos cada um deles, sabemos que
estamos obtendo conhecimento, O primeiro passo nos fará sentir que
tomamos conhecimento do que deve ser conhecido. A mente cessará de
sentir-se insatisfeita. Logo que temos consciência de uma sede de
conhecimento, buscamo-lo aqui e ali, onde pensamos poder obter alguma
verdade, e falhando em encontrá-la, tornamo-nos insatisfeitos e
saímos para nova busca. Toda a pesquisa é vã até que começamos a
perceber que o conhecimento está dentro de nós mesmos, que ninguém
pode nos ajudar, que devemos ajudar-nos, nós mesmos. Ao começarmos
a desenvolver o poder de discriminação, o primeiro sinal que
estamos nos aproximando da verdade será o desaparecimento daquele
estado de insatisfação. Sentimo-nos realmente certos que
encontramos a verdade e que ela não é nada mais do que a verdade.
Saberemos, então, que o sol está nascendo, que a manhã surge para
nós; e tomando coragem, devemos perseverar até alcançar a meta.
O
segundo passo será a ausência de toda dor. Impossível, qualquer
coisa do universo, externo ou interno, causar-nos dor. O terceiro
será a consecução de pleno conhecimento. A onisciência será
nossa. O quarto será o atingirmos, através da discriminação, o
fim de todos os deveres. A seguir virá o que é chamado liberdade de
chitta. Realizaremos que todas as dificuldades e lutas, todas s
vacilações da mente, caíram, assim como uma pedra rola do alto da
montanha para o vale, nunca mais voltando. No passo seguinte chitta
realizará que pode fundir-se em suas causas sempre que desejarmos.
Por
fim, encontraremos que estamos estabelecidos em nosso EU verdadeiro,
que o EU em nós tem estado só, por todo o universo, e que nem corpo
nem mente, alguma vez, estiveram ligados, muito menos juntados, a
Ele. Caminhavam sua própria rota e nós, pela ignorância,
juntamos-lhes o EU. Mas estivemos sós, onipotentes, onipresentes,
sempre-benditos; nosso EU era tão puro e tão perfeito que não
requeríamos mais ninguém. Não necessitávamos de mais ninguém
para nos tornar felizes, pois somos a própria felicidade.
Encontraremos que esse conhecimento não depende de mais nada. Por
todo o universo nada existe que não se torne efulgente ante esse
conhecimento. Será o último passo e o yogui se tornará cheio de
paz e calmo, jamais sentirá dor, jamais será desiludido, nunca mais
será tocado pela infelicidade. Saberá que é eternamente abençoado,
eternamente perfeito, todo-poderoso.
28.
Através
da prática das diferentes partes da yoga, são destruídas as
impurezas e o conhecimento é atiçado, levando à discriminação.
Agora
vêm as disciplinas práticas. Tudo de que falamos até agora é
muito difícil, está muito acima de nossas cabeças. Mas é o ideal.
A primeira coisa necessária de obter-se é o controle da corpo e da
mente. Então a realização do ideal se tornará firme. Uma vez
conhecido o ideal, resta-nos praticar o método para alcançá-lo.
29.
Yama,
niyama, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana, e samadhi são
os oito membros da yoga.
30
Não
matar, veracidade, não roubar, continência e não receber presentes
são chamados yama.
Aquele
que deseja ser um perfeito yogui deve abandonar a idéia de sexo. A
Alma não tem sexo; por que Se degradaria a Si Mesma com idéias de
sexo? Mais tarde entenderemos melhor porque devem tais idéias ser
abandonadas A mente do homem que recebe presentes e influenciada pela
mente do que da assim o recebedor provavelmente se tornara degenerado
A recepção de presentes leva a destruição da independência da
mente e nos torna escravos. Portanto, não deveis receber presentes.
31
Estes,
não interrompidos por tempo, local, propósito, ou regras dê casta,
são votos, grandes e universais.
Tais
disciplinas –. não matar, veracidade, não roubar, castidade e não
receber – devem ser praticadas por todo yogui – homem, mulher,
criança; por todos, irrespectivamente de nação, país, ou posição.
32
A
purificação externa e interna, o contentamento, a mortificação o
estudo e a adoração de Deus são os niyamas.
Purificação
externa significa manter o corpo puro; um homem não-limpo nunca sera
yogui Deve haver também purificação interna, obtida. através da
prática das virtudes mencionadas em
1.33.
Naturalmente, a pureza interna é de maior valor que a externa; mas
são ambas necessárias e a pureza externa, sem a interna, não tem
valor.
33
Quando
surgem pensamentos obstrutivos à yoga, deve-se utilizar pensamentos
contrários.
É
essa a forma de praticar as virtudes que mencionamos. Por exemplo,
quando uma enorme onda de cólera surgiu na mente, como a controlar’
Levantando uma onda contraria. Pensai no amor. As vezes uma mãe está
muito zangada com seu marido, e enquanto está nesse estado, o
filhinho chega, e ela o beija; a velha onda morre e uma nova surge –
amor pela criança. Uma eclipsa a outra. O amor e o oposto da cólera
Similarmente quando a idéia de roubo chega não-roubar deve ser
tentado quando a idéia de receber da- clivas surge deveis
substituí-la por um pensamento contrario
34
As
obstruções à yoga são, matar, falsidade, assim por diante – se
cometidas, causadas, ou aprovadas; seja pela avareza, cólera, ou
ignorância; se leves, médias, ou grandes. Resultam em ignorância
infinita e infelicidade – isto é (o método de) pensar o
contrário.
Dizer
mentira, induzir alguém a fazê-lo, ou aprovar que alguém o faça –
é igualmente pecaminoso. A mentira leve é todavia mentira. Todo
pensamento vicioso retornará, cada pensamento de ódio que se tenha
tido, até numa caverna, fica armazenado e um dia voltará com
tremendo poder, sob forma de alguma infelicidade, aqui. Se projetais
ódio e ciúme esses sentimentos voltar-se-ão sobre vos com
redobrada Intensidade. Nenhum poder poderá impedi-los e urna vez
colocados em movimento tereis de suportar seu fruto Lembrai– vos
disso. Evitareis praticar atos maus.
35.
Quando
o yogui está estabelecido em não-matar, todas as inimizades (em
outros) cessam em sua presença.
Se
uma pessoa realiza o ideal de não injuriar os outros, antes ela até
os animais, por natureza ferozes, se tornarão mansos. O tigre e o
cordeiro brincarão juntos ante o yogui .Quando tiverdes alcançado
esse estado, sàmente então compreendereis que vos tomastes
firmemente estabelecidos na não-injúria.
36
Por
estabelecer-se na veracidade, o yogui adquire o poder de atingir para
si e para os outros os frutos cio trabalho sem o trabalho.
Quando
esse poder de verdade se estabelece dentro de vós, jamais direis uma
inverdade, mesmo em sonho. Sereis verdadeiros em. pensamento, palavra
e obra. Tudo o que disserdes será verdade. Direis a um homem: “Eu
te abençôo”, e aquele homem será abençoado. Se um homem está
enfermo e disserdes: “que fiques curado”, ele se curará
imediatamente.
31
Por
estabelecer-se em não-roubar, o yogui obtém toda a riqueza.
Quanto
mais fugirdes da natureza, mais ela vos segue; e se não vos
importardes absolutamente com ela, tornar-se-á vossa escrava.
38
Por
estabelecer-se na continência, o yogui obtém energia.
A
pessoa casta tem tremenda energia e gigantesca força de vontade. Sem
castidade não pode existir fortaleza espiritual. A continência
proporciona maravilhoso controle sobre a Humanidade. Os lideres
espirituais de homens foram continentes e isso lhes deu poder. O
yogui, portanto, deve ser continente.
39
Quando
o yogui está estabelecido em não-receber, obtém a memória da vida
passada.
Quando
um homem não recebe presentes, não fica obrigado a outros, mas
permanece independente e livre. Sua mente se torna pura. Com cada
presente, corre o risco de receber os males daquele que dá. Se não
recebe presentes sua mente é purificada e o primeiro poder que ela
obtém. é a memória da vida passada. Então somente, o yogui se
torna perfeitamente fixo em seu ideal. Ele vê que veio e foi muitas
vezes; assim propõe-se a si mesmo que desta vez será livre; não
mais ir e vir; não mais será escravo da natureza.
40
Quando
ele está estabelecido na limpeza interna e externa, surge nele o
desgosto por seu próprio corpo e o desejo de não-contato com
outros.
Quando
há real purificação do corpo, externa e interna, surge a
negligência pelo corpo; a idéia de tê-lo belo, desaparece. Um
rosto que os outros chamam de muito bonito aparecerá ao yogui pomo
um rosto meramente animal se o Espírito não estiver por trás dele.
O que o mundo chama um rosto vulgar será por ele olhado como
celestial se brilha o Espírito atrás dele. A sede em pós do corpo
é o grande veneno da vida humana. Assim, o primeiro signo de
obtenção de pureza é não pensar que somos um corpo. Somente
quando a pureza chega é que nos liberamos da idéia de corpo.
41
Também
surgem purificação do sattva, alegria da mente, concentração,
conquista dos órgãos e aptidão para realizar o EU.
Pela
prática de limpeza, O material sattva prevalece e a mente se torna
concentrada e alegre. o primeiro sinal de que estais vos tornando
religiosos serdes alegres. Taciturnidade pode ser um sinal de
dispepsia, mas certamente não é religião. Um sentimento agradável
é a natureza de sattva. Tudo é agradável ao homem sattvico e
quando isto chega, sabei que estais progredindo na yoga. Toda dor é
causada por tamas deveis vos livrar dela. A morosidade é uma, as
conseqüências de tamas. Os fortes, os bem-moldados os jovens os
saudáveis os ousados somente esses são aptos a serem yoguis Para o
yogui tudo e ventura cada rosto humano que vê lhe traz alegria E
esse o sinal do homem virtuoso A infelicidade e causada pelo pecado e
por mais nada Que tendes a ver com rostos sombrios. É terrível. Se
tiverdes um rosto sombrio não vos ausenteis nesse dia; fechai-vos em
vosso quarto. Que direito tendes de levar essa enfermidade para o
mundo? Quando vossa mente tornou-se controlada tereis controle sobre
todo o corpo; ao invés de serdes escravos dessa máquina, fareis
dela vossa escrava. Ao invés de degradar a alma, será sua maior
ajuda.
42
Do
contentamento surge superlativa felicidade.
43
A
mortificação dos órgãos e do corpo, pela destruição de Sua
impurezas, traz-lhes poderes
Os
resultados da mortificação são imediatamente vistos, à vezes por
exaltados poderes de visão, de audição de coisas a distância, e
assim por diante.
44
Pela
repetição do mantra vem a realização da Deidade Escolhida.
Quanto
mais elevado o ser que desejais realizar, mais dura a prática.
45
Pelo
sacrifício de tudo a Ishvara vem o samadhi.
Pela
resignação ao Senhor, o samadhi se torna perfeito.
46
Postura
é aquela que é firme e agradável.
Agora
vem asana, postura. A menos que adquiramos firme postura não
poderemos praticar a respiração e outros exercícios. Firmeza de
postura significa que não se sente o corpo absolutamente. Falando de
uma maneira geral, encontrareis, logo ao sentar por alguns minutos,
que sentis toda espécie de perturbações corporais. Mas quando
tiverdes ultrapassado a idéia de corpo grosseiro, físico, perdereis
todo o sentido do corpo. Nem sentireis prazer, nem dor. E quando
novamente tiverdes consciência dele, vos sentireis completamente
descansados. Este e o unido descanso real que podeis dar ao corpo
Quando tiverdes obtido êxito ao controlar o corpo e conservá-lo
firme, vossa prática também será firme; mas enquanto estiverdes
perturbados pelo corpo, vossos nervos também estarão em
desequilíbrio e não podereis concentrar a mente
47
Pela
diminuição da tendência natural (para a atividade, causada pela
identificação com o corpo), e pela meditação sobre o Infinito, (a
postura se torna firme e agradável)
Podemos
tomai a postura firme pensando no Infinito Não podemos realmente
pensar no Infinito transcendental mas podemos pensar no céu
infinito.
48
A
postura, sendo conquistada, as dualidades não obstruirão.
As
dualidades – bem e mal, calor e frio e todos os pares de opostos –
não vos perturbarão
49
O
controle do movimento de exalação e inalação vem em seguida.
Quando
a postura foi conquistada, o movimento do prana será então dominado
e controlado. Assim chegamos a pranayama, o controle das forças
vitais do corpo. Prana não é o alento, ainda que assim seja
traduzido usualmente. É a soma total da energia cós- mica. É
também a energia que existe em cada corpo e sua maia aparente
manifestação é o movimento dos pulmões. Esse movimento é causado
por prana, levando para dentro o alento e é o que buscamos controlar
por pranayama. Começamos controlando o alento como a maneira mais
fácil de obter controle do prana.
50
Suas
modificações são triplas, a saber, externas, internas, e sem
movimento; são reguladas pelo lugar, tempo, e número; e além
disso, são longas ou curtas.
As
três espécies de movimento em pranayama são: uma, pela. qual
inalamos, outra, pela qual expelimos o alento, e uma terceira,.
quando o alento é conservado nos pulmões ou impedido de ali entrar.
Também variam de acordo com o local e tempo. “Reguladas pelo
local”, significa que o prana é conservado em alguma parte
específica do corpo. “Reguladas pelo tempo”, refere-se ao tempo
que o prana deve estar confinado a um certo lugar; e assim sabemos
quantos segundos devemos manter uni movimento e quantos, uni outro, O
resultado de pranayama é udghata, ou o despertar da Kundalini.
51
A
quarta é a retenção do prana, dirigindo-o, seja a objetos
externos, seja a objetos internos,
Esta
é a quarta espécie de pranayama. O prana pode ser dirigido para
dentro ou para fora.
(O
aforismo acima foi também traduzido e interpretado da seguinte
maneira: “O quarto pranayama é aquele que rejeita tanto o
movimento externo, como o movimento interno do prana”.
Quando
o alento externo e o interno, regulados pelo lugar,. tempo, número,
etc., como descrito no aforismo anterior, foram deixados de lado
segue-se então a quarta espécie de pranayama. Consiste na parada
gradual do curso, tanto da exalação, como da inalação; a
diferença entre o que foi descrito no aforismo prece– ciente e no
atual é que, neste último, a parada da exalação e da inalação é
afetada por objetos e alcançada em estágios. Caracteriza-se pela
ausência de todo movimento do alento, seguindo a completa cessação
da inalação e da exalação. Não há necessidade de dizer que
estes exercícios, como todos os outros em raja-yoga devem ser
praticados sob a orientação de um instrutor).
52
Por
esse, atenua-se a cobertura da luz de chitta.
Chitta,
por sua própria natureza, é dotada de todo conhecimento. É feita
de partículas de sattva, mas está coberta por partículas de rajas
e tamas; e por pranayama, essa cobertura é removida.
53
A
mente torna-se apta para dharana.
Após
a remoção dessa cobertura, estamos aptos para concentrar a mente.
54
Pratyahara,
ou trazer os órgãos para dentro, é efetuado quando eles abandonam
seus próprios objetos, tornando, por assim dizer, a forma do estofo
mental.
Os
órgãos são estados separados do estofo mental. Vejo um livro: a
forma não está no livro; está na mente. Algo do lado de fora evoca
aquela forma; mas a forma real está em chitta. Os órgãos se
identificam e tomam a forma de tudo que entra em contato com eles Se
puderdes impedir que o estofo mental tome essas formas, a mente
permanecerá calma. Isto é chamado pratyahara.
55
De
onde surge o supremo controle dos órgãos.
Quando
o yogui foi bem sucedido em impedir que os órgãos tomassem a forma
dos objetos externos e fazer que eles permanecessem unos com o estofo
mental vem o perfeito controle dos órgãos. Estes, sob perfeito
controle, cada músculo e nervo também o estarão, porque os órgãos
são os centros de todas as sensações e de todas as ações sses
órgãos estão divididos em órgãos de ação e órgãos de
sensação. Quando os órgãos estão controlados, o yogui pode
controlar todo o sentir e o agir; o corpo inteiro fica sob seu
domínio, Só então começamos a sentir alegria em haver nascido.
Somente então verdadeiramente poderemos dizer: “Bem-aventurado sou
que nasci Quando esse controle dos órgãos for alcançado sentiremos
quão maravilhoso este corpo e realmente.