Concentração: sua Prática




Concentração: sua Prática



A mortificação, o estudo, e a entrega do frutos do trabalho a Deus, são chamados kriya-yoga.

Os samadhis, com que terminamos o capítulo primeiro, são muito difíceis de serem alcançados; devemos portanto, abordá-los vagarosamente. O primeiro passo, o passo preliminar, é chamado kriya– yoga, que, literalmente, significa prática da yoga através do trabalho. Os órgãos são os cavalos, a mente são as rédeas, o intelecto é o cocheiro, a alma é o passageiro e o corpo é a carruagem. Se os cavalos são muito fortes e não obedecem às rédeas, e se o co– cheiro não tem discriminação, então o passageiro sofre. Mas se os cavalos, os órgãos, estão bem controlados pelas rédeas, a mente, e o cocheiro possuir discriminação, então o passageiro, a alma, chega a seu destino.


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Técnicas de Projeção Astral e Exercicíos para a Espiritualidade


O que significa, aqui, “mortificação”? Significa segurar firme mente as rédeas, ao guiar o corpo e os órgãos; não deixá-los fazer o que querem, mas conservá-los sob o devido controle.

O que significa “estudo”? Certamente não o estudo de romances ou livros de História, porém, o estudo das obras que tratam da 1iberação da alma. Também, esse estudo não significa estudos controversos. O yogui deve ter terminado o seu período de controvérsias. Teve bastante disso e se tornou satisfeito. Seus estudos são feitos somente para intensificar suas convicções. Vada e siddhanta são as duas espécies de conhecimento das escrituras: vada, o argumentativo, e siddhanta, o decisivo. Quando um homem é inteiramente ignorante, aborda o primeiro, o argumentativo, discutindo e raciocinando pró e contra; e quando terminou, toma o siddhanta o decisivo, e chega a uma conclusão. Simplesmente chegar a uma conclusão não basta. preciso realizá-la. Os livros são infinitos em número, e o tempo é curto; portanto, o segredo do conhecimento é tomar sàmente aquilo que é essencial. Tom-1o e tentar viver de acordo. Diz uma antiga lenda hindu que colocando-se uma taça de leite e água ante um raja-hamsa, um cisne real, ele tomará todo o leite e deixará a água. Da mesma forma, no conhecimento, devemos tomar aquilo que possui valor e deixar a impureza. A ginástica intelectual é necessária, ao início; nada façamos, cegamente. Mas o yogui passou o estágio argumentativo e chegou a uma conclusão, que é inamovível, como as rochas. A única coisa que agora busca é intensificar aquela conclusão. Não discutais, diz ele, se alguém forçar argumentos convosco, permanecei em silêncio. Não respondais a nenhum argumento, mas retirai-vos calmamente, porque os argumentos só fazem perturbar a mente. A única utilidade da argumentação é treinar o intelecto. Quando isso é conseguido, ‘qual a vantagem de perturbá-lo mais? O intelecto é um instrumento frágil e só pode dar-nos o conhecimento limitado pelos sentidos, O yogui deseja ultrapassar os sentidos; portanto o intelecto não lhe será de nenhuma utilidade final. Ele está certo disso, portanto, permanece silencioso e não discute. Cada argumento tira sua mente do equilíbrio, faz surgir perturbação em chitta; e uma perturbação é um passo atrás. A argumentação e o raciocínio são estágios preliminares; há algo mais, além deles. A vida toda não é para lutas escolares e sociedades de debate.

A “entrega dos frutos do trabalho a Deus” significa não reivindicar nem crédito nem culpa, mas entregá-los, ambos, ao Senhor e permanecer em paz.

2

(Kriya-Yoga conduz ao) samadhi e atenua as dificuldades que causam sofrimento.

A maioria de nós assemelha-se a crianças mimadas, que permite à mente fazer tudo o que ela deseja. É necessário, portanto, -que se pratique constantemente a kriya-yoga, para se obter o controle da mente e sujeitá-la. As obstruções à yoga nascem da falta -de controle e nos causam sofrimento. Só podem ser removidas pelo controle da mente, mantendo-a sob repressão através de kriya-yoga.

3

As dificuldades que causam sofrimento são ignorância, consciência intrínseca do “eu”, ligadura, apego, aversão e o agarrar-se à vida.

São estas as cinco espécies de sofrimento, o quíntuplo laço que nos prende. Delas, ignorância é a causa e as outras quatro, os efeitos. Ela é a única causa de toda nossa infelicidade. Que mais pode tornar-nos infelizes? A natureza da Alma é eterna ventura. O que pode torná-La angustiada, exceto a ignorância, a alucinação, a delusão? Toda dor da Alma é simplesmente a delusão.

4

A ignorância é o campo produtivo de todos aqueles sofrimentos que se seguem, estejam dormentes, atenuados, subjugados ou ativos.

A ignorância é a causa da consciência intrínseca do “eu”, apego, aversão, e amor à vida. Essas impressões existem em diferentes estágios. As vezes, estão adormecidas. Freqüentemente ouvimos a expressão “inocente como uma criança”; todavia, na criança, pode existir a natureza de um demônio, que se manifesta gradualmente. No yogui, essas impressões, os samskaras deixados pelas ações passadas, estão “atenuadas”, isto é, seu poder está bastante enfraquecido; e ele pode controlá-las, não permitindo que se manifestem. “Vencidas” significa que, por vezes, um conjunto de impressões é mantido sob controle por aqueles que são mais fortes; porém, manifestam-se quando a causa repressiva é afastada. O último estado é o “ativo”, quando os samskaras, tendo ambiente propício, atingem atividade mais intensa como bem ou como mal,

5

Ignorância é tomar o não-eterno, impuro, doloroso, e o não-EU, pelo eterno, puro e feliz Atman ou o EU, (respectivamente).

Todas as várias espécies de impressões têm uma única fonte: a ignorância. Devemos primeiramente saber o que é a ignorância. Cada um de nós pensa: “Eu sou o corpo, não o EU, o puro, o efulgente, o sempre-venturoso” – isso é ignorância. Pensamos no EU e o vemos como o corpo. Eis a grande delusão.

6

A consciência intrínseca do “eu” é a identificação do Vedor com o instrumento da visão.


O Vedor é, em realidade, o EU, o Puro Uno, o Sempre Santo, o Infinito, o Imortal. este é o EU do homem. E quais são seus. instrumentos? Chitta, o estofo mental, buddhi, ou faculdade determinativa, manas, ou mente, e indryas, ou órgãos dos sentidos. São. estes Seus instrumentos, para ver o mundo externo; e a identificação do EU com os instrumentos é chamada consciência intrínseca. do “eu”, resultado da ignorância. Dizemos: “Sou a mente”, “Estou infeliz”, “Estou zangado”, ou “Estou feliz”. Como podemos estar zangados e como podemos odiar? Devemos identificar-nos com o EU; esse não pode mudar. Se Ele é imutável como pode ser um momento feliz e outro momento, infeliz? E’ sem forma, infinito, onipresente, O que pode transformá-Lo? Está além de toda lei, o que pode afetá-Lo? Nada no universo pode produzir efeito sobre Ele; todavia, pela ignorância, identificamo-nos com o estofo mental e pensamos sentir prazer ou dor.

7

Apego é aquilo que reside no prazer.

Achamos prazer em certas coisas, e a mente, como uma cor- rente, flui para elas; este seguir o centro do prazer, por assim dizer, é o que chamamos apego. Nunca nos ligamos ao que nos desagrada. Encontramos prazer em coisas muito esquisitas, às vezes, mas o princípio permanece: todo objeto que nos causa prazer, a ele nos ligamos.

8

Aversão é aquilo que reside na dor.

Do que nos causa dor, imediatamente procuramos nos afastar.

9

Permanecendo em sua própria natureza (devido à experiência passada da morte), e estabelecido at nos instruídos, está o agarrar-se à vida.

Este agarramento à vida, vemo-lo manifestado em todo ser vivente. Sobre ele foram feitas várias tentativas para construir-se a teoria de uma vida futura, porquanto os homens amam tanto a vida que desejam também uma vida futura. Naturalmente, não é necessário dizer que o argumento não tem muito valor; mas a parte mais curiosa dele é que, nos países ocidentais, a idéia que o apego à vida indica uma possibilidade de vida futura, aplica-se somente aos homens, não incluindo os animais.

Na Índia, a sede pela vida tem sido um dos argumentos para provar a experiência e a existência passadas. Por exemplo, se é verdade que todo nosso conhecimento proveio da experiência, então é certo que o que jamais experimentamos não pode ser imaginado ou entendido por nós. Logo que os pintos saem do ovo, começam a buscar alimento. Muitas vezes viu-se que, quando patos são chocados por uma galinha, correm para a água, logo que saem dos ovos, e a mãe-galinha pensa que vão se afogar. Se a experiência é a única fonte de conhecimento, onde os pintinhos aprendem a buscar alimento, ou os patinhos aprendem que a água é o seu elemento natural? Se dizeis que é instinto, não dizeis nada; dais apenas uma palavra, não uma explicação. O que é esse instinto? Temos muitos, em nós. Por exemplo, aqueles de vós que toquem piano podem lembrar-se, quando aprendiam, quão cuidadosamente tinham que colocar os dedos sobre as teclas, brancas e pretas, uma após a outra; mas agora, depois de longos anos de prática, podeis conversar com amigos enquanto vossos dedos tocam, mecanicamente. Vosso toque tornou-se instintivo. Assim com todo trabalho: pela prática ele se torna instintivo e automático, e tanto quanto sabemos, todos os casos que agora olhamos como automáticos, são raciocínio degenerado. Na linguagem dos yoguis, instinto é razão involuida. A discriminação se torna involuída é passa a ser samskaras automáticos. Portanto, é perfeitamente lógico pensar que tudo que chamamos instinto neste mundo é simplesmente raciocínio involuido. Como a razão não pode surgir sem experiência, todo instinto é, portanto, o resultado da experiência passada. Os pintinhos temem o gavião e os patinhos amam a água; ambos são resultados da experiência passada

Então a pergunta é se aquela experiência pertence a uma alma particular ou simplesmente ao corpo, se essa experiência que vem ao pato é a experiência de seus ancestrais ou sua própria. Os modernos homens de ciência afirmam que pertence ao corpo; luas os yoguis afirmam que é a experiência da mente, transmitida através do corpo. Isto é o que se chama teoria da reencarnação. Vimos que todo nosso conhecimento, chamemo-lo percepção, razão, instinto, deve vir através daquele único canal chamado experiência, e que tudo que chamamos, agora, instinto, é o resultado da experiência passada degenerada em instinto, e que o instinto se regenera novamente em razão. E é assim por todo o universo. Sobre isto, na Índia, construiu-se um dos maiores argumentos em favor da reencarnação.

A repetida experiência de vários temores produz, no passar dos tempos, esse apego à vida. Essa a causa do medo, instintivo, da criança; a experiência passada de dor está presente. Até os homens mais cultos, que sabem que este corpo morrerá e que dizem: “Não importa. Tivemos centenas de corpos; a Alma não pode morrer” – até neles, com toda a sua convicção intelectual, encontramos esse aferrar-se à vida. Por quê? Vimos que ele se tornou instintivo. Na linguagem psicológica dos yoguis, tornou-se um samskara. Os samskaras, finos e ocultos, estão adormecidos em chitta. Todas as experiências passadas de morte, tudo o que chamamos instinto, são experiências tornadas subconscientes. Vivem em chuta; não são inativas, mas agem sutilmente.

Os chitta-vrittis, as ondas da mente, que são densas, podemos apreciar e sentir; podem ser controladas mais facilmente; mas o que dizer dos instintos mais finos? Quando estou zangado, toda minha mente se torna em enorme onda de cólera. Eu a sinto, manejo-a, manipulo-a com facilidade, luto com ela; mas não terei sucesso algum na luta a menos que vá às suas causas. Alguém me diz algo muito áspero e começo a sentir que estou ficando esquentado; ele continua até que eu fique totalmente colérico, a ponto de me esquecer completamente e identificar-me com a cólera. Quando esse alguém começou a abusar, pensei: “Vou ficar zangado”; a cólera era uma coisa e eu, outra. Mas quando me tornei colérico, eu era a cólera. Estes sentimentos devem ser controlados quando em germe, na raiz, em suas formas finas, mesmo antes de nos tornarmos conscientes que estão agindo sobre nós. Para a maioria da Humanidade, os estados finos dessas paixões são completamente desconhecidos – os estados abaixo da consciência, dos quais elas vagarosamente emergem. Quando uma borbulha está surgindo do fundo do lago, não a vemos, nem mesmo quando quase chegou à superfície. Somente quando arrebenta e provoca uma ondulação, é que sabemos que eia está ali. Somente teremos sucesso em lidar com as ondas quando pudermos segurá-las em suas formas finas; até eutf o, e quando as tivermos subjugado antes que se tornem densas, não há esperança de conquistar qualquer paixão, totalmente. Para controlar nossas paixões, devemos fazê-lo em sua própria raiz; só então estaremos aptos para queimar suas sementes. Assim como sementes cozidas semeadas no solo jamais hão de brotar, assim também aquelas paixões. Nunca mais surgirão.

10

Os samskaras finos devem ser conquistados, resolvendo-os a sou eu estado causal.

Os samskaras são as impressões sutis que permanecem, mesmo quando as ondas mentais são destruídas pela meditação. Como p0- demos controlar os samskaras? Pela resolução do efeito na causa. Quando chitta, que é um efeito, for resolvida, através do samadhi, em sua causa, asmita ou “consciência do EU”, somente então as impressões finas desaparecerão com ela.

11

Pela meditação, suas modificações (grosseiras) serão rejeitadas.

A meditação é um dos meios efetivos para controlar o surgimento dessas ondas. Pela meditação poderemos subjugá-las; e se continuarmos a praticar meditação por dias, meses, anos, até tornar-se um hábito, até que ela venha, apesar de nós mesmos – a cólera e o ódio serão completamente controlados e reprimidos.

12

O “receptáculo de trabalhos” tem suas raízes nas já menciona - das obstruções que causam sofrimento, e a experiência destas vem durante a vida visível (presente) ou na. invisível (próxima).

Por “receptáculo de trabalhos”, queremos significar a soma total dos samskaras. Qualquer trabalho que façamos, lança a mente numa onda; e depois que o trabalho está terminado pensamos que a onda se foi. Não é assim; a onda se tornou fina, mas está ainda ali. Quando tentamos nos lembrar do trabalho, ela surge e se torna uma onda outra vez, pois estava presente; se não estivesse, não haveria memória. Assim toda ação, todo pensamento, bom ou mau, vai ao mais profundo nível da mente, torna-se fino e ali permanece armazenado. Tanto os pensamentos alegres como os tristes são chamados “obstruções causadoras de dor”, porque, de acordo com os yoguis, ao fim ambos trazem sofrimento. Toda a felicidade que deriva dos sentidos, eventualmente provoca dor. Todo gozo fará com que desejemos mais, o que nos traz dor como resultado. Não há limites aos desejos do homem; continua desejando e quando o desejo não pode ser satisfeito, o resultado é dor. Portanto, os yoguis olham a soma total das impressões, boas ou más, como obstruções causadoras de dor; impedem o caminho para a liberdade da Alma.

Os samskaras, as raízes finas de todos nossos trabalhos, devem ser olhados como causas que produzem efeitos, seja nesta ou nas vidas futuras. Em casos excepcionais, quando os samskaras são muito fortes, o fruto aparece ràpidamente; atos excepcionais de maldade ou de bondade trazem seus frutos, ainda nesta vida. Dizem os yoguis: aqueles que, enquanto vivendo, conseguem adquirir tremenda força de bons samskaras, não morrem, mas nesta mesma vida podem transmutar seus corpos em corpos de deuses. Há diversos casos assim que estão mencionados pelos yoguis, em seus livros. Tais homens transformam realmente o material de seus corpos; rearranjam as moléculas de tal forma, que não têm mais doença, e o que chamamos morte não chega para eles. Por que não? Fisiologicamente, alimentar-se significa assimilar a energia do sol. A energia primeiro entra na planta, a planta é comida pelo animal e o animal, pelo homem. Isto quer dizer, em linguagem de ciência, que tomamos uma quantidade de energia do sol e tornamo-la parte de nós mesmos. Se é assim, por que deveria existir apenas uma maneira de assimilar energia? A maneira da planta não é a mesma que a nossa; o processo da terra, de assimilação de energia, difere do nosso. Mas, todos, assimilamos energia de uma forma ou de outra. Os yoguis afirmam que estão aptos a assimilar energia apenas pelo poder da mente e que podem absorver tanto dela quanto desejam, sem recurso aos métodos ordinários. Como uma aranha faz a teia de sua própria substância e fica ligada por ela, não podendo ir a nenhuma parte exceto ao longo das linhas daquela teia, assim também projetamos, do material de nossos corpos, essa rede chamada nervos, e agora não podemos trabalhar, a não ser pelos canais desses nervos. Os yoguis, entretanto, dizem que não há necessidade de continuarmos ligados a eles.

Para dar outro exemplo, podemos enviar eletricidade a qualquer parte do mundo, mas temos de fazê-lo por meio de fios. A natureza pode enviar vasta massa de eletricidade sem quaisquer fios. Por que não podemos fazer o mesmo? Podemos enviar eletricidade mental a todas as partes. O que chamamos mente asse- molha-se à eletricidade. Está claro que o fluido nervoso tem ai- guina quantidade de eletricidade, porque é polarizado e tem todas características da eletricidade, Podemos, agora, enviar nossa eletricidade somente através dos canais nervosos. Por que não, podemos enviar a eletricidade mental sem utilizarmos esses canais? Os yoguis dizem que isso é perfeitamente possível e praticável, e, quando pudermos fazê-lo, trabalharemos em todo o universo. Estaremos aptos para trabalhar com qualquer corpo, em qualquer lugar, sem o auxílio do sistema nervoso. Quando a Alma atua através dos canais nervosos, dizemos que o homem vive, e quando ela cessa de agir através deles, diz-se que está morto. Mas quando o homem pode agir com ou sem esses canais, nascimento e morte perdem o significado para ele. Todos os corpos do universo são constituídos de tanmatras, e diferem pela maneira como estes últimos estão dispostos. Se sois os arranjadores, podeis arranjar um corpo como quiserdes. Quem faz este corpo senão vós mesmos? Quem come o alimento? Se outro comesse o alimento por vós, não viveríeis muito. Quem produz o sangue do alimento? Vós, certamente. Quem purifica o sangue e o envia através das veias? Vós. Somos Os amos do corpo e vivemos nele. Somente, perdemos o conhecimento de corno rejuvenescê-lo; tornamo-nos automáticos, degenerados; olvidamo-nos do processo de arranjar suas moléculas. Assim pois, o que é feito automàticamente deve ser feito conscientemente. Somos os senhores e devemos regular esse arranjo, e assim que possamos fazê-lo, estaremos aptos para rejuvenescer como desejamos. Então, não estaremos sujeitos nem a nascimento, doença, morte.


13

As raízes estando ali, a fruição vem (na forma de) espécie, longevidade, e experiência de prazer e dor.

As raízes, as causas, os samskaras, estando presentes, na mente, manifestam-se e produzem os efeitos. A causa, desaparecendo, torna– se o efeito; o efeito, mais sutil, torna-se causa do efeito seguinte. Uma árvore produz uma semente, que se torna a causa de outra árvore e assim por diante. Todos nossos trabalhos atuais são os efeitos dos samskaras passados; também tais trabalhos, tornando- se samskaras, serão as causas de futuras ações. E assim continuamos Portanto, este aforismo diz que as causas, estando ali, o fruto deve chegar na forma de espécie de seres: um será homem, outro, ajo, outro, animal, outro, um demônio. Além disso há efeitos diferentes de karma sobre a longevidade: uma pessoa vive cinqüenta anos, outra, cem, outra morre em dois anos e nunca atinge a maturidade. Todas essas diferenças de longevidade são reguladas pelo karma passado. Um homem nasce, por assim dizer, para o prazer; poderá internar-se numa floresta, o prazer o seguirá até lá. Outro homem, onde vai, é seguido pela dor; tudo lhe resulta doloroso. Esse é o resultado de seus passados karmas. De acordo com a. filosofia dos yoguis, toda ação virtuosa traz ‘prazer e toda ação viciosa gera dor. Aquele que comete atos maus, com certeza colherão o fruto sob forma de dor.

14

Elas (as ações) produzem fruto como prazer ou dor, causados pela virtude ou vício.

15

Para aquele que discrimina, tudo é, por assim dizer, doloroso, porque nada existe que não provoque dor, seria como conseqüência ou como antecipação da perda de felicidade, seja como novo desejo derivante de impressões de felicidade e também porque os gunas agem uns contra os outros.

Os yoguis dizem que o homem que possui poder de discriminação, o homem de bom senso, vê através de tudo que é chamado prazer ou dor e sabe que estes chegam para todos e que um segue e funde-se no outro. Vê que os homens perseguem um fogo fátuo durante toda a vida, jamais conseguindo satisfazer seus desejos. O grande rei Yudhishthira disse certa vez que a coisa mais maravilhosa na vida é que a cada momento vemos as pessoas morrendo em nossa volta e todavia cremos que nunca havemos de morrer. Pensamos, mesmo cercados de tolos por todos os lados, que somos a única exceção, os únicos instruídos. Ainda que por toda parte exista inconstância, pensamos que nosso amor é o único duradouro. Como pode ser assim? Até o amor é egoísta; e, os yogui’ afirmam que, ao final, descobriremos que até o amor de maridos e esposas e filhos e amigos, vagarosamente desvanece. A decadência assalta tudo nesta vida. Só quando todas as coisas, .o amor, falham, é que, num lampejo, o homem descobre quão vaio, quão fugaz, é este mundo. Obtém então um vislumbre de vairagya, renúncia, e um clarão do Além. Sàmente abandonando este mundo que o outro é visto – jamais através de apego a este. Nunca existiu uma grande alma que não tivesse de rejeitar os prazeres dos sentidos e o gozo, para adquirir sua grandeza. A causa da infelicidade é o choque entre as diferentes forças (gunas) da natureza, cada qual puxando para seu lado e transformando em quimera a felicidade permanente.

16

A infelicidade que todavia não chegou deve ser evitada.

Algum karma já esgotamos, algum estamos esgotando em nossa vida atual e algum está à espera de produzir fruto numa vida futura. A primeira espécie é passada e ida. A segunda, temos de esgotar. Somente aquela que aguarda produzir fruto no futuro é que temos que conquistar e controlar; e para a consecução desse objetivo todas nossas forças devem ser convocadas. É o que Patanjali quer dizer quando afirma (II. 10.) que os samskaras devem ser controlados pela resolução em seu estado causal.

17

A causa dessa (infelicidade) que deve ser evitada é a unção do Vedor com a cousa vista.

Quem é o Vedor? O EU do homem, o Purusha. O que é a coisa vista? Toda a natureza, desde a mente à matéria densa. Todo prazer e dor surgem da junção do Purusha e da mente. O Purusha, deveis recordar, de acordo com esta filosofia, é puro; quando unido à natureza, e nela refletido., aparece como sentindo prazer ou dor.

18

O visto, composto de elementos e órgãos e’ caracterizado pela Siumhiação, ação’ e inércia existe para o propósito de experiência e libertação (do Vedor).

A natureza, ou o visto, está composta de elementos grossos e finos –.- isto é, os órgãos dos sentidos, a mente e assim por diante – e está caracterizada pela iluminação (sattva), ação (rajas), e Inércia (tamas) . Qual o propósito cabal do visto, ou natureza? É de proporcionar ao Purusha, experiência. O Purusha tem, por assim dizer, esquecida, Sua poderosa e divina natureza. Há a história que o rei dos deuses, Indra, tornou-se certa vez um porco, chafurdando-se na lama; tinha uma porca e uma porção de porquinhos e vivia muito contente. Alguns deuses viram sua triste situação o chegaram até ele, dizendo: “Tu és o rei dos deuses; tens sob teu comando todos os deuses; por que estás aqui?” Indra respondeu: “Não importa. Estou bem aqui; não me importo com o céu enquanto ten1a esta porca e estes porquinhos.” Os pobres deuses ficaram perplexos. Depois de certo tempo decidiram matar todos os porcos, um após outro. Quando todos estavam mortos, Indra começou a chorar e a se lastimar. Então os deuses rasgaram seu corpo suíno, de alto a baixo. Dele saiu Indra e começou a dar gargalhadas quando compreendeu que sonho terrível tinha tido – ele, o rei dos deuses, ter-se tornado porco e ter pensado que a vida de porco era a única vida! Não somente isso, mas ter deseja- cio que todo o universo se juntasse a ele na vida suína!


Da mesma forma, o Purusha, quando identificado com a natureza, esquece que é puro e infinito. O Purusha não ama; é o próprio amor. Não existe; é a própria existência. A Alma não cabe; é o próprio conhecimento. um erro dizer que a Alma ama, existe, ou sabe. O amor, a existência, e o conhecimento não são qualidades do Purusha, mas Sua essência. Quando se refletem sobre algo, podemos chamá-las qualidades daquele algo. Não são as qualidades, mas a essência do Purusha, o grande Atman, o Ser Infinito, sem nascimento nem morte, estabelecido em Sua própria glória. Ele aparece como tão degenerado que se Lhe dissermos: “Tu não és um porco”, ele começa a esbravejar e a morder

O mesmo se passa com todos nós nesta maya, este mundo de sonho, onde tudo é miséria, choro, lamentação, onde algumas bolas de ouro são jogadas e todo mundo se acotovela, atrás delas: Nunca fostes atados por leis; a natureza jamais vos agrilhoou. isso o que os yoguis vos dizem. Sede pacientes em aprendê-lo. E os yoguis mostram como, pela junção com a natureza, por sua identificação com a mente e com o mundo, o Purusha se crê infeliz. Então os yoguis prosseguem mostrando que a forma de fugir é pela. experiência. Tendes de obter toda essa experiência; mas, apressai-vos. Vós vos colocastes nesta rede e tendes de sair. Fomos apanhados na armadilha e temos de sair dela, para a liberdade. Assim, obtende a experiência de maridos e esposas e amigos e pequenas afeições; passareis por elas, a salvo, se nunca vos esquecerdes quem realmente sois. Jamais vos olvideis que este é um. estado momentâneo e que tendes que passar por ele. A experiência. é o maior instrutor .– a experiência de prazer e dor – mas sabei que é somente momentânea. Passo a passo leva ao estado onde todas as coisas se tornam diminutas, e o Purusha, tão imenso, que- o universo inteiro parece ser uma gota no oceano e desaparece por sua própria insignificância. Temos de passar por diferentes experiências. Que nunca olvidemos o ideal.

19.

Os estados dos gunas são os definidos (os elementos grosseiros), os indefinidos (os elementos sutis), os simplesmente indicados (a inteligência cósmica), e os sem-sinal (prakriti).

O sistema Yoga está inteiramente construído sobre a filosofia Samkhya, como vos disse; e aqui novamente, devo recordar-vos a cosmologia Samkhya. De acordo com ela, a natureza é a causa material e eficiente do universo. Na natureza estão os três gunas, ou elementos sattva, rajas e tamas. Tamas é tudo o que é obscuro, tudo o que é ignorante e pesado; rajas é atividade; e sattva é calma, luz. A natureza, antes da criação, é chamada avyakta, indefinida ou indiscreta – isto é, o estado no qual não existe distinção de forma ou nome, onde os três gunas se mantêm em perfeito equilíbrio. Então esse equilíbrio é rompido, os três gunas principiam a misturar-se de várias maneiras e o resultado é o universo.

Em todo homem, também, existem os três gunas. Quando prevalece sattva, surge o conhecimento; quando rajas, a atividade; e quando tamas, a escuridão, a lassidão, a preguiça e a ignorância.De acordo com a teoria Samkhya, a mais elevada manifestação da natureza, consistindo desses três gunas, chama-se mahat, ou inteligência, inteligência universal, da qual é parte o intelecto humano. Na psicologia Samkhya há distinção definida entre a função de manas, ou mente, e a função de buddhi, o intelecto. A função, da mente é simplesmente de coletar as impressões externas e apresentá-las a buddhi, ou mahat individual, que decide. De mahat; provém o sentimento do “eu” do qual, por sua vez, procedem os elementos sutis. Estes se combinam e tornam-se em materiais grosseiros o universo exterior. A tese da filosofia Samkhya é que, do intelecto a um bloco de pedra, tudo é o produto de uma substância, diferindo somente como estados mais finos ou mais grosseiros de existência. Os mais finos são as causas e os mais grosseiros os efeitos. Além de toda a natureza está o Purusha, que não é, absoluta-- mente, material. Não é semelhante a coisa alguma, seja buddhi, mente, tanmatras ou os materiais grosseiros. Não é afim de nenhum destes está inteiramente separado, é inteiramente diferente em Sua natureza; e mais ainda, argumenta-se que o Purusha deve ser imortal, porque não é o resultado de combinação. O que não é resultante de combinação, não perece. De acordo com a Samkhya, os Purushas são infinitos em número.

Agora podemos compreender o aforismo, quando ele diz que os estados dos gunas são os definidos, os indefinidos, os simplesmente indicados e os sem-sinal. Por “definidos”, entendem-Se os elementos grosseiros, que podemos experimentar pelos sentidos. Por “Indefinidos”, são significados os materiais muito finos, tanmatras, que não podem ser experimentados pelos sentidos de pessoas comuns. Entretanto, se praticais yoga, diz Patanjali, depois de um certo tempo vossas percepções se tornarão tão finas que vereis realmente os tanmatras. Por exemplo, ouvistes que todo homem irradia urna certa luz à sua volta; todo ser vivo emite urna certa luz que, segundo os yoguis, pode ser vista por eles. Nem todos vemos, mas todos enviamos esses tanmatras para fora, como urna flor continuamente emite partículas finas que nos permitem sentir-lhe o perfume. Cada dia de nossas vidas emitimos n’a massa -de bem ou mal, e aonde formos, a atmosfera está cheia desses -materiais Foi assim que veio à mente humana, inconscientemente, a idéia de construir templos e igrejas. Por que constroem os homens igrejas onde Deus é adorado? Por que não adorá-Lo por toda parte? Mesmo se não soubessem a razão, os homens encontrariam que um lugar onde as pessoas adoram Deus se tornaria cheio de bons tanmatras. Cada dia as pessoas vão ali, e quanto mais santas se tornem, mais sagrado aquele lugar. Se qualquer homem que não -possua muito - sattva, vai ali, o lugar o influenciará e despertará suas qualidades sattvicas. Eis, portanto, o significado de todos os templos e lugares santos; recordareis que sua santidade depende -da congregação de pessoas santas nesses lugares. A dificuldade é que o homem se esquece do significado original e põe o carro adiante dos bois. Foram os próprios homens que tornaram tais lugares santificados e depois o efeito tornou-se a causa e fez com que aqueles se santificassem. Se somente gente má freqüentasse esses lugares, eles se tornariam tão daninhos como outros quaisquer. Não é o edifício, mas as pessoas, que fazem uma igreja; e isso é o que sempre esquecemos. Eis porque sábios e santos, que possuem muito dessa qualidade sattva, podem irradiá-la e exercem tremenda influência, dia e noite, a seu redor. Uma pessoa pode ser tão pura que sua pureza se tornará tangível. Todos os que entram em contato com ela também se tornarão puros.

A seguir, os “meramente indicados” significam a buddhi cós- mica, o intelecto cósmico. E’ a primeira manifestação da natureza; -dela provêm todas as outras manifestações.

Por fim, os “sem-sinal”, ou natureza. Parece existir grande -diferença entre a ciência moderna e as religiões, sobre este ponto. Toda religião diz que o universo vem da inteligência. A teoria de Deus, tomando a palavra no seu significado psicológico, aparte todas -as idéias de personalidade, é que a inteligência vem primeira na ordem da criação e que da inteligência procede o que chamamos matéria grosseira. Os filósofos modernos afirmam que a inteligência é-- a última a surgir. Dizem que as coisas não inteligentes vagarosamente evoluem em animais, os animais em homens. Afirmam que. ao invés de tudo provir da inteligência, é esta última a aparecer. Tanto as afirmativas religiosas, como as científicas, ainda que pareçam diametralmente opostas umas às outras, são verdadeiras. Tomai urna série infinita AB-A-B-A-B e assim por diante. pergunta é: qual vem primeiro, A ou B? Se tomais a série como A-B, direis que A vem primeiro mas se tomais a série E-A, afirmareis que E vem primeiro. Depende do modo de se considerar a série. A inteligência sofre modificação e se torna matéria grosseira; esta por sua vez funde-se em inteligência; e assim o processo continua. Os seguidores da Samkhya, e outras pessoas re1igiosas, colocam a inteligência em primeiro lugar, e a série se torna inteligência C depois matéria. O homem científico coloca o dedo sobre a matéria e diz que primeiro vem matéria e depois inteligência. Ambos indicam a mesma cadeia. A filosofia hindu, entre- tanto, vai além da inteligência e da matéria, e descobre um Purusha, o EU, que está além da inteligência, e do qual a inteligência é somente a luz emprestada.

20

O Vedor é somente inteligência, e, embora puro, vê através do colorido do intelecto.

Temos novamente aqui a filosofia Samkhya. Vimos dessa mesma filosofia, que, da forma mais baixa á inteligência, tudo é natureza; além dela estão os Purushas, que não possuem qualidades. Então, como um Purusha parece estar feliz ou infeliz? Por reflexo. Se uma flor vermelha for colocada perto de urna peça de puro cristal, o cristal parecerá vermelho. Da mesma forma, a aparência de felicidade OU infelicidade na Alma é sàmente um reflexo; a Alma, em Si, não tem colorido. A Alma está separada da natureza; a natureza é urna coisa, a Alma outra, eternamente separadas. A filosofia Samkhya diz que a inteligência é um composto, que cresce e murcha, que se modifica, assim como o corpo, e que sua natureza quase a mesma que a do corpo. Assim como a unha está para o corpo, assim o corpo está para a inteligência. A unha é uma parte do corpo, mas pode ser aparada centenas de vezes e o corpo todavia permanece. Similarmente, a inteligência dura eons, enquanto este corpo pode ser aparado, atirado fora. Todavia a inteligência não pode ser imortal, porque muda, crescendo e fenecendo. Aquilo que se transforma não pode ser imortal. Certamente a inteligên-. eia é produzida; e esse fato mostra-nos que algo deve existir além dela. Ela não pode ser livre; tudo conectado com matéria está na natureza, e portanto, ligado para sempre. Quem é livre? Os livres certamente devem estar além de causa e efeito.

Se dizeis que a idéia de liberdade é uma ilusão, eu direi que a idéia de servidão também o é. Dois fatos chegam à nossa consciência e permanecem ou desaparecem juntos. Estes são nossos conceitos de servidão e liberdade, Se desejamos atravessar o muro e batemos a cabeça contra ele, vemos que estamos limitados por esse muro. Ao mesmo tempo, encontramos que temos uma força ‘de vontade e pensamos que podemos dirigi-la a todas as partes. A cada passo, essas idéias contraditórias surgem. Temos de crer que somos livres, todavia, a cada momento descobrimos que não o somos. Se uma idéia é ilusão, a outra também o é, e se uma é verdadeira a outra também, porque ambas se firmam sobre a mesma base: a experiência.

O yogui diz que ambas são verdadeiras – que estamos escravizados até onde vai a inteligência, mas que somos livres no que concerne à Alma. A natureza real da Alma, ou Purusha, está além da lei de causação. Sua liberdade filtra-se através de camadas de matéria em várias formas, através da inteligência, mente, e assim por diante. Sua luz a que brilha através de tudo. A inteligência não tem luz própria. Cada órgão tem um centro particular no cérebro. Não há um único centro para todos os órgãos; cada órgão é separado. Por que todas as percepções se harmonizam? Onde conseguem sua unidade? Se fosse no cérebro, seria necessário que todos os órgãos – os olhos, o nariz, os ouvidos, etc. – possuíssem sã- mente um centro; entretanto, sabemos com certeza que há dii e- rentes centros para cada. Mas uma pessoa pode ver e ouvir ao mesmo tempo; portanto, deve haver uma unidade atrás da inteligência. A inteligência está ligada com o cérebro, mas por detrás, até da inteligência, está o Purusha, a unidade, onde todas as diversas sensações e percepções se juntam e se tornam uma só. A própria Alma é o centro para onde todas as diferentes percepções convergem e se unificam. Essa Alma é livre e é Sua liberdade que nos diz a cada momento que somos livres, não-ligados. Mas erroneamente, identificamos essa liberdade com a inteligência e com a mente. Tentamos atribuí-la ao intelecto e imediatamente encontramos que o Intelecto não é livre; a atribuímos ao corpo e imediatamente a natureza nos afirma que estamos enganados. Eis porque existe esse sentido misto de liberdade e escravidão ao mesmo tempo. O yogui analisa ambos, o que é livre e o que é ligado, e sua ignorância desaparece. Descobre que o Purusha é livre, é a essência daquele conhecimento que, vindo através de buddi3i, torna-se inteligência e, como tal, fica ligado.

21

A (transformação que ocorre na) natureza do visto (isto é, prakriti) é para Ele (isto é, o Purusha).

Prakriti não tem poder próprio. Estando o Purusha cerca, ela aparenta possuir poder; mas esse poder é emprestado, assim como a luz da lua. De acordo com os yoguis, o universo manifestado procedeu inteiramente da própria prakriti; mas a prakriti não tem propósito, a não ser libertar o Purusha.


22.

Apesar de destruída para aquele cujo objetivo foi alcançado, prakriti, todavia, não é destruída para outros, sendo comum a eles.

Toda a atividade da natureza é fazer saber à Alma que Ela está inteiramente separada da natureza. Quando a Alma o descobre, a natureza perde seus encantos para Ela. Mas a natureza inteira somente desaparece para aquele que se tornou livre. Um número infinito sempre permanecerá, daqueles outros, para quem a natureza continua a trabalhar.

23

A junção (de prakriti e do Purusha) é a causa da realização da natureza dos poderes, tanto do visto como de seu Senhor.

De acordo com este aforismo, os poderes, tanto da Alma, como da natureza (isto é, que um é o experimentador, e o outro, o experimentado), tornam-se manifestos quando eles (isto é, a Alma e a natureza) estão em conjunção. então que a manifestação do universo fenomenal tem lugar. A ignorância é a causa dessa. conjunção. Vemos, cada dia, que a causa de nossa dor ou prazer sempre está em nos identificarmos com o corpo. Se estivesse perfeitamente certo que não sou este corpo, não sentiria o calor e o frio, ou algo semelhante. Este corpo é uma combinação. É pura. ficção dizer que tenho um corpo, vós outro, e o sol, outro. O uni.- verso inteiro é um oceano de matéria, e sois o nome de uma pequena partícula, eu de outra, o sol de uma terceira. Sabemos que,; a matéria está continuamente em mudança. O que forma o sol um dia, no dia seguinte pode formar o material de novos corpos.

24

A ignorância é sua causa.

Devido à ignorância é que nos juntamos com corpos particulares e assim nos tornamos vulneráveis à infelicidade. Essa idéia do corpo é simplesmente uma superstição. É superstição que nos torna felizes ou infelizes. É superstição causada pela ignorância que nos faz sentir o calor e o frio, dor e prazer. É nosso dever superarmos essa superstição; e o yogui mostra-nos como fazê-lo. Foi demonstrado que sob certas condições mentais um homem pode ser queimado e todavia não sentir dor. Mas essa súbita exaltação da mente vem como um redemoinho, num minuto, e desaparece no outro. Se, entretanto, ela for obtida pela yoga, permanentemente alcançaremos a separação entre EU e o corpo.

25

Havendo ausência daquela (a ignorância), haverá ausência de junção. Isto é a destruição da ignorância e a. h4éiiéndêúci’ dó Vedor.

De acordo com a filosofia Yoga é pela ignorância que a alma foi juntada a natureza O objetivo é liberarmo-nos do controle que a natureza exerce sobre nós. Essa é a meta de todas as religiões Toda alma é potencialmente divina O objetivo e manifestar essa divindade interior pelo controle da natureza externa e interna Fazei-o, seja pelo trabalho, adoração, controle psíquico, ou filosofia – por um, mais, ou todos – e sede livres. Eis toda a religião. As doutrinas, os dogmas, os rituais, os livros, os templos, as formas, são somente detalhes secundários:

O yogui procura alcançar esse objetivo pelo controle psíquico. Enquanto não pudermos nos livrar da natureza, somos escravos; como ela ordena, assim devemos fazer, O yogui afirma que quem controla a mente também controla a matéria A natureza interna e muito mais sutil que a externa, muito mais difícil de ser manejada, muito mais trabalhosa de ser controlada. Portanto, aquele que conquistou a natureza interna controla todo o universo; este se torna seu servo.’ Raja-Yoga propõe o método de obter tal controle. Forças mais sutis que quaisquer outras que conhecemos na natureza física devem ser subjugadas Este corpo e somente a crosta externa da mente. Não são duas coisas diferentes; são como a ostra e sua concha. São dois aspectos de uma só coisa. A substância interna da ostra tira matéria do exterior e manufatura a concha Da mesma forma, as forças finas internas que constituem a mente tiram matéria grosseira do exterior e dela manufaturam essa concha externa o corpo Se então controlarmos as internas é muito fácil ter também o controle das externas Também, essas forças não são diferentes Não são algumas físicas e algumas mentais, as físicas são apenas as manifestações grosseiras das finas da mesma forma que o mundo físico é a manifestação grosseira do fino.

26

Os meios de destruição da, ignorância são prática ininterrupta de discriminação,

É esta a meta real de toda prática: discriminação entre o real e o irreal, sabendo que o Purusha não é a natureza, não é nem matéria nem mente, e porque ele não é a natureza, não pode possivelmente mudar, Somente a natureza muda, combinando e recombinando, dissolvendo-se continuamente. Quando, pela prática constante, começamos a discriminar, a ignorância desaparecerá e o Purusha brilhará em Sua natureza real, onisciente, onipotente, Onipresente

27.

Seu conhecimento é alcançado em sete passes supremos,

Quando esse conhecimento vem, chega, por assim dizer, em sete passos, um após o outro; e à medida que atingimos cada um deles, sabemos que estamos obtendo conhecimento, O primeiro passo nos fará sentir que tomamos conhecimento do que deve ser conhecido. A mente cessará de sentir-se insatisfeita. Logo que temos consciência de uma sede de conhecimento, buscamo-lo aqui e ali, onde pensamos poder obter alguma verdade, e falhando em encontrá-la, tornamo-nos insatisfeitos e saímos para nova busca. Toda a pesquisa é vã até que começamos a perceber que o conhecimento está dentro de nós mesmos, que ninguém pode nos ajudar, que devemos ajudar-nos, nós mesmos. Ao começarmos a desenvolver o poder de discriminação, o primeiro sinal que estamos nos aproximando da verdade será o desaparecimento daquele estado de insatisfação. Sentimo-nos realmente certos que encontramos a verdade e que ela não é nada mais do que a verdade. Saberemos, então, que o sol está nascendo, que a manhã surge para nós; e tomando coragem, devemos perseverar até alcançar a meta.

O segundo passo será a ausência de toda dor. Impossível, qualquer coisa do universo, externo ou interno, causar-nos dor. O terceiro será a consecução de pleno conhecimento. A onisciência será nossa. O quarto será o atingirmos, através da discriminação, o fim de todos os deveres. A seguir virá o que é chamado liberdade de chitta. Realizaremos que todas as dificuldades e lutas, todas s vacilações da mente, caíram, assim como uma pedra rola do alto da montanha para o vale, nunca mais voltando. No passo seguinte chitta realizará que pode fundir-se em suas causas sempre que desejarmos.

Por fim, encontraremos que estamos estabelecidos em nosso EU verdadeiro, que o EU em nós tem estado só, por todo o universo, e que nem corpo nem mente, alguma vez, estiveram ligados, muito menos juntados, a Ele. Caminhavam sua própria rota e nós, pela ignorância, juntamos-lhes o EU. Mas estivemos sós, onipotentes, onipresentes, sempre-benditos; nosso EU era tão puro e tão perfeito que não requeríamos mais ninguém. Não necessitávamos de mais ninguém para nos tornar felizes, pois somos a própria felicidade. Encontraremos que esse conhecimento não depende de mais nada. Por todo o universo nada existe que não se torne efulgente ante esse conhecimento. Será o último passo e o yogui se tornará cheio de paz e calmo, jamais sentirá dor, jamais será desiludido, nunca mais será tocado pela infelicidade. Saberá que é eternamente abençoado, eternamente perfeito, todo-poderoso.

28.

Através da prática das diferentes partes da yoga, são destruídas as impurezas e o conhecimento é atiçado, levando à discriminação.

Agora vêm as disciplinas práticas. Tudo de que falamos até agora é muito difícil, está muito acima de nossas cabeças. Mas é o ideal. A primeira coisa necessária de obter-se é o controle da corpo e da mente. Então a realização do ideal se tornará firme. Uma vez conhecido o ideal, resta-nos praticar o método para alcançá-lo.

29.

Yama, niyama, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana, e samadhi são os oito membros da yoga.

30

Não matar, veracidade, não roubar, continência e não receber presentes são chamados yama.

Aquele que deseja ser um perfeito yogui deve abandonar a idéia de sexo. A Alma não tem sexo; por que Se degradaria a Si Mesma com idéias de sexo? Mais tarde entenderemos melhor porque devem tais idéias ser abandonadas A mente do homem que recebe presentes e influenciada pela mente do que da assim o recebedor provavelmente se tornara degenerado A recepção de presentes leva a destruição da independência da mente e nos torna escravos. Portanto, não deveis receber presentes.

31

Estes, não interrompidos por tempo, local, propósito, ou regras dê casta, são votos, grandes e universais.

Tais disciplinas –. não matar, veracidade, não roubar, castidade e não receber – devem ser praticadas por todo yogui – homem, mulher, criança; por todos, irrespectivamente de nação, país, ou posição.

32

A purificação externa e interna, o contentamento, a mortificação o estudo e a adoração de Deus são os niyamas.


Purificação externa significa manter o corpo puro; um homem não-limpo nunca sera yogui Deve haver também purificação interna, obtida. através da prática das virtudes mencionadas em

1.33. Naturalmente, a pureza interna é de maior valor que a externa; mas são ambas necessárias e a pureza externa, sem a interna, não tem valor.

33

Quando surgem pensamentos obstrutivos à yoga, deve-se utilizar pensamentos contrários.

É essa a forma de praticar as virtudes que mencionamos. Por exemplo, quando uma enorme onda de cólera surgiu na mente, como a controlar’ Levantando uma onda contraria. Pensai no amor. As vezes uma mãe está muito zangada com seu marido, e enquanto está nesse estado, o filhinho chega, e ela o beija; a velha onda morre e uma nova surge – amor pela criança. Uma eclipsa a outra. O amor e o oposto da cólera Similarmente quando a idéia de roubo chega não-roubar deve ser tentado quando a idéia de receber da- clivas surge deveis substituí-la por um pensamento contrario

34

As obstruções à yoga são, matar, falsidade, assim por diante – se cometidas, causadas, ou aprovadas; seja pela avareza, cólera, ou ignorância; se leves, médias, ou grandes. Resultam em ignorância infinita e infelicidade – isto é (o método de) pensar o contrário.

Dizer mentira, induzir alguém a fazê-lo, ou aprovar que alguém o faça – é igualmente pecaminoso. A mentira leve é todavia mentira. Todo pensamento vicioso retornará, cada pensamento de ódio que se tenha tido, até numa caverna, fica armazenado e um dia voltará com tremendo poder, sob forma de alguma infelicidade, aqui. Se projetais ódio e ciúme esses sentimentos voltar-se-ão sobre vos com redobrada Intensidade. Nenhum poder poderá impedi-los e urna vez colocados em movimento tereis de suportar seu fruto Lembrai– vos disso. Evitareis praticar atos maus.

35.

Quando o yogui está estabelecido em não-matar, todas as inimizades (em outros) cessam em sua presença.

Se uma pessoa realiza o ideal de não injuriar os outros, antes ela até os animais, por natureza ferozes, se tornarão mansos. O tigre e o cordeiro brincarão juntos ante o yogui .Quando tiverdes alcançado esse estado, sàmente então compreendereis que vos tomastes firmemente estabelecidos na não-injúria.

36

Por estabelecer-se na veracidade, o yogui adquire o poder de atingir para si e para os outros os frutos cio trabalho sem o trabalho.

Quando esse poder de verdade se estabelece dentro de vós, jamais direis uma inverdade, mesmo em sonho. Sereis verdadeiros em. pensamento, palavra e obra. Tudo o que disserdes será verdade. Direis a um homem: “Eu te abençôo”, e aquele homem será abençoado. Se um homem está enfermo e disserdes: “que fiques curado”, ele se curará imediatamente.

31

Por estabelecer-se em não-roubar, o yogui obtém toda a riqueza.

Quanto mais fugirdes da natureza, mais ela vos segue; e se não vos importardes absolutamente com ela, tornar-se-á vossa escrava.

38

Por estabelecer-se na continência, o yogui obtém energia.

A pessoa casta tem tremenda energia e gigantesca força de vontade. Sem castidade não pode existir fortaleza espiritual. A continência proporciona maravilhoso controle sobre a Humanidade. Os lideres espirituais de homens foram continentes e isso lhes deu poder. O yogui, portanto, deve ser continente.

39

Quando o yogui está estabelecido em não-receber, obtém a memória da vida passada.

Quando um homem não recebe presentes, não fica obrigado a outros, mas permanece independente e livre. Sua mente se torna pura. Com cada presente, corre o risco de receber os males daquele que dá. Se não recebe presentes sua mente é purificada e o primeiro poder que ela obtém. é a memória da vida passada. Então somente, o yogui se torna perfeitamente fixo em seu ideal. Ele vê que veio e foi muitas vezes; assim propõe-se a si mesmo que desta vez será livre; não mais ir e vir; não mais será escravo da natureza.

40

Quando ele está estabelecido na limpeza interna e externa, surge nele o desgosto por seu próprio corpo e o desejo de não-contato com outros.

Quando há real purificação do corpo, externa e interna, surge a negligência pelo corpo; a idéia de tê-lo belo, desaparece. Um rosto que os outros chamam de muito bonito aparecerá ao yogui pomo um rosto meramente animal se o Espírito não estiver por trás dele. O que o mundo chama um rosto vulgar será por ele olhado como celestial se brilha o Espírito atrás dele. A sede em pós do corpo é o grande veneno da vida humana. Assim, o primeiro signo de obtenção de pureza é não pensar que somos um corpo. Somente quando a pureza chega é que nos liberamos da idéia de corpo.

41

Também surgem purificação do sattva, alegria da mente, concentração, conquista dos órgãos e aptidão para realizar o EU.

Pela prática de limpeza, O material sattva prevalece e a mente se torna concentrada e alegre. o primeiro sinal de que estais vos tornando religiosos serdes alegres. Taciturnidade pode ser um sinal de dispepsia, mas certamente não é religião. Um sentimento agradável é a natureza de sattva. Tudo é agradável ao homem sattvico e quando isto chega, sabei que estais progredindo na yoga. Toda dor é causada por tamas deveis vos livrar dela. A morosidade é uma, as conseqüências de tamas. Os fortes, os bem-moldados os jovens os saudáveis os ousados somente esses são aptos a serem yoguis Para o yogui tudo e ventura cada rosto humano que vê lhe traz alegria E esse o sinal do homem virtuoso A infelicidade e causada pelo pecado e por mais nada Que tendes a ver com rostos sombrios. É terrível. Se tiverdes um rosto sombrio não vos ausenteis nesse dia; fechai-vos em vosso quarto. Que direito tendes de levar essa enfermidade para o mundo? Quando vossa mente tornou-se controlada tereis controle sobre todo o corpo; ao invés de serdes escravos dessa máquina, fareis dela vossa escrava. Ao invés de degradar a alma, será sua maior ajuda.

42

Do contentamento surge superlativa felicidade.

43

A mortificação dos órgãos e do corpo, pela destruição de Sua impurezas, traz-lhes poderes

Os resultados da mortificação são imediatamente vistos, à vezes por exaltados poderes de visão, de audição de coisas a distância, e assim por diante.

44

Pela repetição do mantra vem a realização da Deidade Escolhida.

Quanto mais elevado o ser que desejais realizar, mais dura a prática.

45

Pelo sacrifício de tudo a Ishvara vem o samadhi.

Pela resignação ao Senhor, o samadhi se torna perfeito.

46

Postura é aquela que é firme e agradável.

Agora vem asana, postura. A menos que adquiramos firme postura não poderemos praticar a respiração e outros exercícios. Firmeza de postura significa que não se sente o corpo absolutamente. Falando de uma maneira geral, encontrareis, logo ao sentar por alguns minutos, que sentis toda espécie de perturbações corporais. Mas quando tiverdes ultrapassado a idéia de corpo grosseiro, físico, perdereis todo o sentido do corpo. Nem sentireis prazer, nem dor. E quando novamente tiverdes consciência dele, vos sentireis completamente descansados. Este e o unido descanso real que podeis dar ao corpo Quando tiverdes obtido êxito ao controlar o corpo e conservá-lo firme, vossa prática também será firme; mas enquanto estiverdes perturbados pelo corpo, vossos nervos também estarão em desequilíbrio e não podereis concentrar a mente

47

Pela diminuição da tendência natural (para a atividade, causada pela identificação com o corpo), e pela meditação sobre o Infinito, (a postura se torna firme e agradável)

Podemos tomai a postura firme pensando no Infinito Não podemos realmente pensar no Infinito transcendental mas podemos pensar no céu infinito.

48

A postura, sendo conquistada, as dualidades não obstruirão.

As dualidades – bem e mal, calor e frio e todos os pares de opostos – não vos perturbarão

49

O controle do movimento de exalação e inalação vem em seguida.

Quando a postura foi conquistada, o movimento do prana será então dominado e controlado. Assim chegamos a pranayama, o controle das forças vitais do corpo. Prana não é o alento, ainda que assim seja traduzido usualmente. É a soma total da energia cós- mica. É também a energia que existe em cada corpo e sua maia aparente manifestação é o movimento dos pulmões. Esse movimento é causado por prana, levando para dentro o alento e é o que buscamos controlar por pranayama. Começamos controlando o alento como a maneira mais fácil de obter controle do prana.

50

Suas modificações são triplas, a saber, externas, internas, e sem movimento; são reguladas pelo lugar, tempo, e número; e além disso, são longas ou curtas.

As três espécies de movimento em pranayama são: uma, pela. qual inalamos, outra, pela qual expelimos o alento, e uma terceira,. quando o alento é conservado nos pulmões ou impedido de ali entrar. Também variam de acordo com o local e tempo. “Reguladas pelo local”, significa que o prana é conservado em alguma parte específica do corpo. “Reguladas pelo tempo”, refere-se ao tempo que o prana deve estar confinado a um certo lugar; e assim sabemos quantos segundos devemos manter uni movimento e quantos, uni outro, O resultado de pranayama é udghata, ou o despertar da Kundalini.

51

A quarta é a retenção do prana, dirigindo-o, seja a objetos externos, seja a objetos internos,

Esta é a quarta espécie de pranayama. O prana pode ser dirigido para dentro ou para fora.

(O aforismo acima foi também traduzido e interpretado da seguinte maneira: “O quarto pranayama é aquele que rejeita tanto o movimento externo, como o movimento interno do prana”.

Quando o alento externo e o interno, regulados pelo lugar,. tempo, número, etc., como descrito no aforismo anterior, foram deixados de lado segue-se então a quarta espécie de pranayama. Consiste na parada gradual do curso, tanto da exalação, como da inalação; a diferença entre o que foi descrito no aforismo prece– ciente e no atual é que, neste último, a parada da exalação e da inalação é afetada por objetos e alcançada em estágios. Caracteriza-se pela ausência de todo movimento do alento, seguindo a completa cessação da inalação e da exalação. Não há necessidade de dizer que estes exercícios, como todos os outros em raja-yoga devem ser praticados sob a orientação de um instrutor).

52

Por esse, atenua-se a cobertura da luz de chitta.

Chitta, por sua própria natureza, é dotada de todo conhecimento. É feita de partículas de sattva, mas está coberta por partículas de rajas e tamas; e por pranayama, essa cobertura é removida.

53

A mente torna-se apta para dharana.

Após a remoção dessa cobertura, estamos aptos para concentrar a mente.

54

Pratyahara, ou trazer os órgãos para dentro, é efetuado quando eles abandonam seus próprios objetos, tornando, por assim dizer, a forma do estofo mental.

Os órgãos são estados separados do estofo mental. Vejo um livro: a forma não está no livro; está na mente. Algo do lado de fora evoca aquela forma; mas a forma real está em chitta. Os órgãos se identificam e tomam a forma de tudo que entra em contato com eles Se puderdes impedir que o estofo mental tome essas formas, a mente permanecerá calma. Isto é chamado pratyahara.

55

De onde surge o supremo controle dos órgãos.


Quando o yogui foi bem sucedido em impedir que os órgãos tomassem a forma dos objetos externos e fazer que eles permanecessem unos com o estofo mental vem o perfeito controle dos órgãos. Estes, sob perfeito controle, cada músculo e nervo também o estarão, porque os órgãos são os centros de todas as sensações e de todas as ações sses órgãos estão divididos em órgãos de ação e órgãos de sensação. Quando os órgãos estão controlados, o yogui pode controlar todo o sentir e o agir; o corpo inteiro fica sob seu domínio, Só então começamos a sentir alegria em haver nascido. Somente então verdadeiramente poderemos dizer: “Bem-aventurado sou que nasci Quando esse controle dos órgãos for alcançado sentiremos quão maravilhoso este corpo e realmente.














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