BRUXARIA X WICCA



O conceito de Bruxaria + Tradicional para poder chegar em um concenso comum. Bom, percebi que querer dar ênfase à cultos regionalistas europeus, de nada tem a ver conosco, ocidentais da América Latina. Mas também, não somos mais um povo do campo para celebrarmos festivais dos quais não participamos propriamente. O que eu vi e vejo, é uma tentativa de se ligar com a Mãe Terra e a partir dela, de alguma forma, descobrir as energias que nos cercam, nosso potencial mágicko e etc... de uma maneira cerimonial ou tradicional. Cansei um pouco de ver textos tentando explicar significados etimológicos, defesas e mais defesas somente em nome de nomenclaturas e posturas versus crenças. Não importa se uma religião usa determinados nomes para determinadas coisas. São apenas nomes e cmomo tal, não é necessária que se faça um alarde em cima disto. 
Procurei textos que explicassem as influências que a Wicca sofreu e, encontrei um bem bacana que fala disto no Abrawicca. Acho que é a sintetização de tudo que eu queria explicar, de uma forma clara de entender e que, mais importante de tudo, não nega as influências e sim, as afirma mas não abala e não muda o que os wiccans acreditam e levam para si como sendo Bruxaria - Tradicional ou não.

A Religião Wicca
Escrito por Morgaine Argante de Gorlois 
Tudo o que achamos veiculado hoje em dia, tanto em livros como na internet, a respeito da história de nossa crença se resume a uma história detalhada da bruxaria desde a época pré-histórica, o que é admirável, e um resumo mínimo sobre a história da Wicca propriamente dita, o que é lamentável, contendo basicamente a informação de que a Wicca é uma religião fundada por Gerald B. Gardner, um funcionário público inglês que nasceu em 13 de junho de 1884 e morreu em 12 de fevereiro de 1964, deixando no ar a parte mais importante pra compreendermos a fundo nossa religião: o ‘quando’, o ‘como’ e o ‘porque’ da Wicca e é sobre isso que vou falar nesse artigo...

QUANDO: DA INICIAÇÃO ATÉ A EXPOSIÇÃO PÚBLICA.
A Wicca deixou de ser somente o antigo culto da bruxaria tradicional (que ainda existe nas formas de Witchcraft, Stregheria, etc...) e tomou a forma que conhecemos atualmente a partir de 1939, quando Gardner foi iniciado, aos 55 anos de idade, por um grupo de bruxas que ele havia conhecido no Teatro Rosacrusiano de New Forest, o Fellowship of Crotona, encabeçado por Dorothy Clutterbuck. No ano de 1949, Gardner lançou seu primeiro livro, um romance intitulado ‘High Magic’s Aid’ (Ajuda da Alta Magia), falando de forma velada a respeito dos rituais da bruxaria. Com o fim das leis contra bruxaria na Inglaterra e com a autorização de Edith Woodford Grimes, a bruxa que substituiu ‘Old’ Dorothy na liderança do coven depois de sua morte, Gardner escreveu o primeiro livro falando claramente sobre a bruxaria. Em 1954 saiu primeira edição de Witchcraft Today (Bruxaria Hoje). Tempos depois ele saiu desse coven e fundou outro, no qual ele elaborou e aplicou uma amalgama de crenças, práticas e rituais das bruxas que o iniciaram e dos conhecimentos que adquiriu através dos anos nas tradições de mistérios com as quais teve contato.

COMO: A ‘COMPOSIÇÃO’ DA RELIGIÃO.
Para entendermos essa parte fundamental da história da Wicca é preciso analisar 3 aspectos importantes: a iniciação formal de Gardner, as influências das tradições de mistérios as quais ele teve acesso e as influências literárias, como a seguir:
1- Gardner conseguiu comprovar sua iniciação em um coven de Witchcraft (sim crianças, Gardner não era gardneriano, bem como Jesus não era cristão, essa nomeclatura começou a ser usada posteriormente pelos membros da craft como forma de se diferenciarem dos wiccans) em New Forest, através de uma pesquisa feita por Doreen Valiente, que comprovou a existência de Dorotthy Clutterbuck, a iniciadora de Gardner.

2- Uma das principais personalidades ocultistas que influenciaram Gardner foi Aleister Crowley que ele conheceu em 1946, quando entrou para a OTO, através de Arnold Crowther. Um ano depois Gardner recebeu das mãos do próprio Crowley sua certificação na OTO. Logo depois Crowley veio a falecer, o que indica que eles tiveram pouco tempo de convivência. Mas dessa convivencia ficaram marcas profundas na Wicca, visto que a própria Doreen afirma que Gardner colocou algum material da OTO e da Golden Dawn para complementar o material fragmentado que recebeu de Old Dorotthy. E as reminiscências desse material são visivelmente notadas em frases comumente usadas pelos wiccanos modernos e em alguns itens da estrutura ritualística da Wicca. Exemplos claros disso são o modo de lançar o círculo que é baseados nos padrões do Ritual do Pentagrama da Aurora Dourada (Golden Dawn), o conceito e a nomenclatura "Guardiões das Torres" são vindos do sistema de Magia Enochiano, transmitidos para Wicca por meio da Aurora Dourada, embora a finalidade de uso seja totalmente diferente, os Elementos e cores geralmente atribuídos aos Quadrantes são os mesmos que os usados na Aurora Dourada e um pouco das ferramentas e seus atributos. Outra influência clara é a Maçonaria Livre, através de J.S.M. Ward, também amigo de Gardner. São influências de Ward expressões usuais como ‘Os Três Graus’, ‘A Arte’, ‘So Mote It Be (Assim Seja)’, ‘O Desafio’, ‘Adequadamente Preparado’, ‘Voto do Primeiro Grau’, entre outras.
Fica observado então que embora Gardner tenha recebido o conjunto de rituais tradicionais do coven onde ele foi iniciado, tais rituais deveriam estar dispostos de forma incompleta e impraticável, de modo que o que conhecemos hoje em dia como sendo Wicca, certamente é derivado, em parte, da Magia Cerimonial e Maçonaria Livre.

3- Por fim, influências literárias, cujas principais fontes são folcloristas e historiadores como C.G.Lelland, Dra. Margareth A. Murray e Robert Graves, influências essas definitivas no nascimento e desenvolvimento da Wicca. Uma das influências mais marcantes observadas através dos próprios livros de Gardner é a historiadora Dra. Margareth A. Murray, com seus livros ‘O Deus das Feiticeiras’, 1933, e ‘O Culto das Bruxas no Oeste Europeu’, 1921. Observando-se que a primeira publicação de Gardner sobre bruxaria tem um apêndice escrito pela própria Dra. Murray. Outra fonte importante foi o folclorista Charles Godfrey Lelland, que publicou em 1899, publicou ‘Aradia: O Evangelho das Bruxas’. De muita importância também é considerado o livro ‘A Deusa Branca’ de Robert Graves, publicado em 1952. Outro livro que influenciou bastante foi ‘O Ramo de Ouro’, de Sir James Frazer. Outras literaturas, menos influentes porém, mas que merecem ser citadas são os livros de Crowley, Dion Fortune, livros anônimos como A Goetia, O Mabinogion e o Abramelin, textos clássicos de filosofia ocidental e material sobre Tantra.

PORQUE: PORQUE GARDNER CRIOU A WICCA.
Evidentemente nós dessa nova geração da Wicca passaremos muito tempo tentando decifrar o mito Gerald Gardner e tentando levar uma luz ás origens da nossa crença. Levando em consideração todas as informações que levantei neste trabalho podemos concluir que Gardner recebeu uma iniciação tradicional, mas que foi além do que aprendeu com as bruxas de New Forest e talvez tenha criado a Wicca como resultado genuíno de uma experiência religiosa, desenhada através de seu extenso conhecimento literário e mágico, capaz de criar ou ajudando a criar, os ritos e a filosofia.
Em resumo, penso que Gardner foi sincero na sua crença e fez o melhor trabalho que pôde e cabe a nós, nova geração, fazer com que o maravilhoso legado que Old Gardner nos deixou não se perca em sua essência e cresça com força, beleza e trabalho!

BIBLIOGRAFIA:
- A História da Wicca na Inglaterra: 1939 – 1991, Lady Julia Phillips.
- Wicca: A Tradição Renovada, Evan John Jones, Doreen Valiente (em inglês).
- Gerald Gardner, Witch, Jack L. Bracelin (em inglês).
- The Wiccan Roots, Philip Heselton (em ingles).
- ABC da Bruxaria, Doreen Valiente.
- Bruxaria Hoje, Gerald Gardner.
- O Significado da Bruxaria, Gerald Gardner.
Fica claro aqui as reais intenções da religião e da onde é que vem as coisas. Se do Tradicional vale os costumes de cada região, porque não a Wicca não poderia ser a união de costumes de várias regiões não sendo a mesma coisa, mas como sendo pequenas partes de um todo maior? Por ser uma religião pessoal composta das tais criticadas e aflamadas tradições, dá a chance ao praticante de seguir e acreditar naquilo que lhe convém e aceita como uma 'verdade'. Da mesma maneira que tradições familiares o fazem. Na verdade, é tudo a mesma coisa com nomes diferentes. Mas o real objetivo de ambos é encontrar as respostas no divino, de si e de tudo que o cerca.

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