NA ESFERA DOS ORIXÁS
Experiencia completa no livro " EXPERIENCIAS ASTRAIS E MAGICAS" a ser publicado em breve.
Sou
por natureza curioso, natureza que tem me causado alguns transtornos e também
algumas experiências interessantes. Tenho a seguinte opinião “procure
experimentar por si mesmo”. Nada mais gratificante do que experimentar a
realidade de algo por si mesmo e por seu próprio esforço. Num dia de finados
resolvi ir num cemitério para verificar por mim mesmo o que acontecia por ali
nesse dia especifico. Infelizmente durante o dia recebi visita de parentes e
não pude realizar essa experiência a luz do dia. O que de certa forma foi
decepcionante, pois queria estar no cemitério durante o dia com toda aquela
multidão de pessoas visitando seus entes queridos. Queria ver a interação dos
mortos com os vivos e como essa interação se processava. Minha opção era uma
visita noturna de preferência antes da meia noite para que o dia de finados
fosse analisado dentro do seu contexto simbólico. Era uma noite de lua cheia e
de brisa fresca. Deitei-me por volta das 22:00, relaxei meu corpo e minha mente
e sai do meu corpo com facilidade. Somente quem experimenta sabe o quanto é
delicioso sair do corpo físico e sentir a liberdade espiritual que essa
experiência proporciona. Sai com meu corpo astral para fora de casa e segui
flutuando ate o cemitério. Tenho o costume de ir flutuando devagar, atento a
todos detalhes do percurso. Pois se pode perceber muitas coisas interessantes
quando se esta atento. O plano astral nos reserva muitas surpresas
interessantes e por mais experiente que seja nesse plano sempre existe algo de
novo. E muitas vezes o novo se reveste com simplicidade. Algo simples pode nos
mostrar mistérios.
O
cemitério não ficava longe de minha casa, mas isso de distancia no astral não
existe, mas eu morava e ainda moro perto de um grande cemitério. Então logo
cheguei ao portão de entrada do cemitério. O cemitério estava iluminado por um
luz brilhante de coloração azul claro e podia ouvir um burburinho de muitas
vozes. No portão do lado esquerdo um ser vestido de palha e tinha o que parecia
ser um cinto feito de mamonas envolta de sua cintura. Talvez fosse Omulu ou
algum dos seus comandados, por via das duvidas o saudei pronunciando a palavra
“Atôtô” e pedi permissão para entrar, ele então deu um passo para trás e o
portão do cemitério se abriu para mim. O cemitério estava muito bem iluminado
por uma grande quantidade de luzes individuais que iam do branco, dourado e
azul, mas em alguns pontos também havia manchas negras. Havia muitos espíritos,
pessoas com fisionomias felizes e outras tristes, mas essas eram poucas. O mais
interessante era o cruzeiro. A sua volta muitos espíritos se aglomeravam
formando círculos. Formavam círculos dentro de círculos como uma espécie de
espiral e de suas cabeças saiam pontinhos de luz que iam em direção ao centro
do cruzeiro e do centro para a direita e esquerda, formando um triangulo com as
três bolas de luz dourada com linhas azuis, assim que saia o pontinho de luz da
cabeça de um espírito esse saia do circulo e logo em seguida outro entrava em
seu lugar. Abordei um desses espíritos que acabara de sair do circulo.
--
Amigo! Paz seja contigo. Porque esses espíritos fazem isso? Ele parou e me
olhou com certa curiosidade. Devia ter aproximadamente uns 45 anos, branco,
rosto brilhante e tinha um feixe de palhas em sua mão esquerda. Vestia uma túnica
toda branca. Ele tinha uma energia forte, mas era agradável e me fez sentir
bem.
--
Paz seja contigo visitante dos vivos. O que busca nessa seara? Perguntou ele a
mim.
--
Busco conhecimento se me é permitido. Respondi fazendo uma pequena reverencia
como é de meu costume frente a qualquer ser. No astral sempre se deve mostrar
respeito frente a qualquer ser, seja ele bom ou mal. Dessa forma podemos muitas
vezes conversar ate mesmo com um ser maligno sem ter o inconveniente de ser
atacado ou considerado como inimigo. Ele consentiu com a cabeça e me disse.
--
São as primícias das oferendas que se dá aos Senhores desta seara. Tudo o que
foi recebido no dia de hoje pelos espíritos é dado uma parte como oferta pela
sua generosidade e trabalho. Há direita do cruzeiro esta Obaluayê e a esquerda
Omulu e estes dão ao que é digno de receber.
--
Pode me mostrar mais? Perguntei a ele.
--
Sim. Aquilo que me é permitido mostrar. Respondeu ele e me conduziu pelo
cemitério.
Entre
as lapides espíritos conversavam entre si, mulheres, homens e crianças. Estavam
felizes e cada um tinha o seu brilho. Mas enquanto caminhávamos mais ao fundo
do cemitério este se tornava mais sombrio e nos espíritos ali já não se
percebia alegria nem brilho. Vez ou outra uma luz se aproximava deles, mas era
rejeitada veemente com gritos estridentes.
--
Porque esses espíritos não são como os outros? Perguntei intrigado com aquela
súbita mudança energética.
--
Estes são espíritos que se recusam a mudar seu estado. Espíritos presos aos
seus desejos, anseios, rancores, ódio e todo tipo de sentimento negativo que
cultivaram quando pertenciam ao plano físico. É um trabalho árduo liberta-los
desse estado. Constantemente trabalhamos ensinando e orientando, mas não
podemos ir contra o livre arbítrio de cada um. Varias esferas espirituais
trabalham no desenvolvimento desses seres. Cada esfera tem sua vibração característica.
Esta que estamos agora é a esfera do orixás, mas nesse exato momento vários seres
de outras esferas estão trabalhando no mesmo objetivo.
-- E
porque não posso perceber essas outras esferas e seus seres trabalhando? Perguntei
intrigado.
-- Você
não pode perceber outras esferas porque ao entrar aqui você se harmonizou com a
vibração da esfera dos orixás e nesse estado você só pode perceber o nosso
trabalho nessa seara. Respondeu ele e apontou para um local onde se via
mulheres e homens vestidos de branco sentados sobre túmulos e a sua volta vários
espíritos pareciam atentos a estes. – Vê aqueles de branco. Disse ele. – São os
que vocês conhecem no mundo físico como pais e mães de santos. Destes, alguns
já estão entre nós e outros ainda possuem corpo físico. Estes que possuem um
brilho em sua cintura são os que possuem corpo físico e estão aqui conscientes em
corpo astral. Poucos são os que estão no plano físico que possuem este
desenvolvimento espiritual. Durante o dia com seus corpos físicos estão a
orientar e ensinar os verdadeiros servos, e durante a noite estão aqui a
trabalhar com os que se acham perdidos.
--
Amigo tu falas com sabedoria, quem és realmente? Perguntei intrigado. Pois podia
perceber uma forte energia que provinha dele.
--
Sou jágun, guerreiro e soldado. Disse ele.
Então quando olhei para ele havia se
transformado. Um capuz de palha deixava descoberto seu rosto e em sua mão
direita segurava uma lança prateada. Um colar de contas feitas de búzios pendia
do seu pescoço. Tinha um porte altivo e emanava vitalidade e força. Apesar de
não conhecer muito sobre orixás percebi que era ali uma manifestação de Omulu. –
Atôtô disse eu e sai dali com tranquilidade.
Quero
deixar claro que não pertenço a nenhuma vertente da religião afro nem tenho
conhecimento profundo sobre esta. Mas a respeito assim como todas as outras
religiões. Essa experiência astral me trouxe uma nova visão desta filosofia mística.
Tetragrama