OS HABITANTES DO INVISIVEL (Dion Fortune)

 
OS HABITANTES DO INVISÍVEL

Qualquer um que entre em contato com o mundo invisível, seja por meio do próprio psiquismo ou seja empregando o psiquismo de uma outra pessoa, como um canal de evocação, tem necessidade de usar algum sistema de classificação para poder compreender os diferentes fenómenos com os quais se defrontará. Nem todos estes se devem aos espíritos dos que já partiram; no mundo invisível há outros cidadãos além daqueles que certa vez tiveram forma humana. E nem todos os fenómenos, atribuídos à mente subconsciente, são inteiramente subjetivos. A confusão tem origem quando aquilo que deveria ser atribuído a uma divisão é designado para outra. É possível mostrar claramente que a explicação oferecida não responde pelos fatos. Não obstante, não é possível solucionar os fatos simplesmente mostrando que a explicação é enganadora. Uma classificação correta trará uma explicação que pode resistir a qualquer investigação imparcial e justificar-se por sua própria sabedoria. A classificação cujo emprego se propõe nestas páginas é, em sua maior parte, retirada das fontes ocultas tradicionais, e acredita-se que ela poderá lançar luz sobre certas experiências enfrentadas pelos que trabalham na pesquisa psíquica. Ë oferecida num espírito de cooperação, como um testemunho independente para uma experiência comum.

As Almas dos Mortos 

De todos os habitantes do mundo invisível, aqueles com os quais toma-se mais fácil estabelecer um contato são as almas dos seres humanos que se despojaram da sua vestimenta exterior de carne, temporária ou permanentemente. Qualquer um que esteja familiarizado com o pensamento espiritualista ou esotérico logo se habitua à ideia de que o homem não é modificado pela morte. A personalidade permanece, apenas o corpo é que se vai.
O esoterista, no seu conceito sobre a natureza das almas que partiram, estabelece uma distinção entre aquelas que estão atravessando a fase internatal, isto é, que estão vivendo, entre encarnações, nos mundos não-físi-cos, e aquelas que não tornarão a encarnar. Há uma grande diferença, em capacidade e concepção, entre estes dois tipos de almas, e muitas das questões, atualmente em evidência, entre espiritualismo e ocultismo, sem dúvida se devem ao não reconhecimento deste fato.
O ocultista não sustenta que a existência é uma eterna sequência de nascimento e morte, porém afirma que em certas fases de evolução a alma entra numa série de vidas materiais e, através do desenvolvimento realizado durante estas vidas, ela finalmente deixa para trás a fase mundana de evolução, tomando-se cada vez mais e mais espiritualizada à medida que este período vai chegando ao seu termo, até que, finalmente, conquista a sua liberação da matéria e não torna a reencarnar, continuando a sua existência como um espírito sem corpo e com mente humana. O intelecto, afirma o ocultista, só pode ser obtido através da encarnação na forma humana. Aqueles seres que não passaram por esta experiência não têm intelecto na forma em que o compreendemos, com certas exceções que analisaremos mais tarde. Na maioria das vezes, é com a alma de mortos viventes que são feitos os contatos no decurso das sessões. As almas liberadas vão para o seu próprio lugar e não se pode alcançá-las com facilidade. Só aquelas que têm alguma coisa que fazer aqui é que retornam para ficar ao alcance da esfera da terra. A discussão deste ponto abriria um vasto campo de interesse com o qual não nos podemos ocupar no momento. Será suficiente dizer que, conforme é do conhecimento de todos os aficcionados à pesquisa psíquica, há almas de um tipo mais elevado do que aquelas comumente encontradas, almas que estão envolvidas na evolução da humanidade e no treinamento daqueles que estão dispostos a colaborar com elas no trabalho que realizam. Podemos dizer, então, que as almas dos mortos podem ser divididas em três tipos: as almas dos mortos viventes, que tornarão a voltar para a vida terrena; as almas liberadas, que deixaram para trás a vida terrena e foram para uma outra esfera de existência; e as almas liberadas que, tendo partido, tornaram a voltar para a esfera terrestre porque têm aqui um trabalho a cumprir. O reconhecimento dessa divisão servirá para explicar muitas das discrepâncias que encontramos entre as afirmações dos espiritualistas e dos ocultistas. O ocultista visa principalmente entrar em contato com as almas liberadas, tendo como propósito o trabalho específico no qual ambos, ele e elas, estão envolvidos; quase sempre se mostra rigoroso no que concerne a deixar em paz as almas dos mortos viventes. Pessoalmente, sou da opinião que ele está enganado ao agir assim. É bem verdade que estas pouco poderão ajudá-lo no trabalho por ele escolhido, mas a convivência normal dos vivos com os mortos poderia despojar a morte da maioria dos seus terrores e construiria, firmemente, uma ponte entre aqueles que estão aqui e aqueles que já se foram.
O ocultista certamente não solicita a cooperação dos mortos viventes, como solicitaria das almas liberadas, pois elas têm o seu próprio trabalho para fazer; e nem ele pode depositar tanta confiança, no conhecimento e na penetração delas, como depositaria naquelas que já foram liberadas da roda do nascimento e da morte; além disso, ele não tem qualquer direito de usá-las, no curso das suas experiências, como usaria os espíritos Elementais. Admitindo estas limitações, porém, parece não haver nenhuma razão para que o ocultista não possa tomar parte no intercâmbio de cortesias que está ocorrendo continuamente na linha da fronteira. Afinal de contas, a morte é um dos processos da vida e os mortos estão bem vivos e são absolutamente normais.



Projeções dos Vivos


A aparição do simulacro de um ser humano, na hora da morte, é extraordinariamente comum e existem inúmeros exemplos, muito bem atestados, da sua ocorrência. O que não é tão sabido, e nem impossível, é que o simulacro, ou forma astro-etérica, seja projetado voluntariamente pelo ocultista treinado. Comparadas com a multidão de almas desencarnadas, que são encontradas quando o limiar é transposto, tais projeções são extremamente raras; não obstante, elas ocorrem e podem ser encontradas, portanto, devem ser incluídas em qualquer classificação que tenha a intenção de ser compreensível. Normalmente, uma tal alma projetada aparenta estar inteiramente preocupada com os seus próprios negócios e dá a impressão de estar numa condição de absorção que faz com que ela pareça ignorar o ambiente que a rodeia. Diga-se de passagem, acontece, com muita frequência, que o espírito sem corpo tem um trabalho elaborado para manter um pouco de consciência nos planos mais elevados e a sua auto-absorção é igual à de alguém que está aprendendo a andar de bicicleta. Ocasionalmente, uma comunicação pode ser estabelecida entre um tal corpo etérico projetado e um grupo de experimentadores, e os resultados obtidos são muito interessantes, contudo, a menos que haja uma materialização suficiente para tornar o simulacro visível para aquele que não é psíquico, o experimento terá uma natureza mais próxima da telepatia praticada por intermédio da mediunidade do que de uma projeção verdadeira da forma astro-etérica. Tais visitantes não são anjos e nem são demônios, mas sim "humanos, demasiadamente humanos".
As Hierarquias Angélicas
O Protestante comum tem uma noção muito vaga no tocante às hierarquias angélicas, o grande exército de seres de uma outra evolução que não a nossa, muito embora sejam filhos do mesmo Pai Celestial. A Cabala, porém, é explícita a respeito deste ponto e os classifica em dez arcanjos e dez ordens de seres angelicais. As teologias Budista, Hindu e Maometana, são igualmente explícitas. Podemos, portanto, reconhecer que esta concordância dos testemunhos prova a certeza da afirmação, e será benéfico para o nosso propósito tomarmos como guia aquele sistema do qual o Cristianismo tirou a sua origem do Judaísmo místico.
Não entraremos nas classificações elaboradas empregadas pelos rabinos judeus, que, embora importantes para propósitos de magia, não dizem respeito ao assunto em foco. Basta compreendermos que há seres, divinamente criados, de vários graus de grandeza, desde o mais poderoso arcanjo que São João, o Profeta, viu em pé no sol, descendo até os anónimos mensageiros celestes que de tempos em tempos têm visitado a humanidade. Além das esferas, para as quais são remetidos os espíritos desencarnados da humanidade, habitam estes seres celestiais, e em alguns níveis elevados de luz espiritual, o psíquico, ou médium, às vezes entra em contato com eles. Nos escritos de Vale Owen há muitas coisas, de grande interesse, referentes a eles. É dito, pelos rabinos, que estes seres são perfeitos, cada um igual ao outro; mas eles não evoluem e é evidente que não são intelectualizados. Quase poderíamos chamá-los de Robôs divinos, cada um rigidamente condicionado, pela sua própria natureza, para executar com perfeição o trabalho para o qual foi criado; livre de todas as lutas e conflitos interiores, porém imutáveis e, conseqüentemente, sem possibilidade de evolução. Segundo se afirma, nenhum anjo jamais sai da sua própria esfera de atividade. O anjo que tem "cura em suas asas" não pode dar visão, nem aquele que confere a visão serve como poderoso guarda contra o poder das trevas. Os esoteristas fazem uma distinção fundamental entre os anjos e as almas dos homens. Eles dizem que as Centelhas Divinas, que são os núcleos das almas dos homens, provêm do cosmo numênico, do mesmo plano onde o Logos Solar tem o Seu ser. Eles são, portanto, da mesma natureza mais interior da Divindade. Por outro lado, os anjos são criados pelo Logos Solar, sendo os primeiros dos Seus seres criados. Eles nem caem em geração e nem se elevam pela regeneração, porém, permanecem em imutável perfeição, sem evoluir, até o final dos tempos. As funções dos anjos são diversas e aqui não podem ser abordadas pormenorizadamente. Cada um, de acordo com sua função e hierarquia próprias, é o mensageiro de Deus nas coisas do espírito, mas não tem contato direto com a matéria densa. Essa função é inteiramente realizada por uma outra ordem de seres, os Elementais, que diferem, em origem e natureza interior, tanto dos anjos quanto dos homens.



Elementais




Existe muita confusão de pensamento no que se refere às ordens de seres conhecidos como Elementais. Às vezes eles são confundidos com os espíritos dos homens. Indubitavelmente, muitos acontecimentos atribuídos a espíritos devem ser consignados às atividades destas outras ordens de seres. Mais uma vez, não devem ser confundidos com os demónios do mal ou, para dar a estes o seu nome cabalístico, com os Qliphoth. Os Elementais são as formas-pensamento geradas por sistemas coordenados de reações que se tornaram estereotipadas pela repetição constante e imutável. Tornam-se necessárias algumas explicações para tornar claro este conceito, e nós o compreenderemos melhor se examinarmos os meios pelos quais os elementais são criados. Cada época de evolução é constituída pela ida e volta de uma onda-vida de almas viventes. Na terminologia esotérica, estas ondas-vida são citadas como os Senhores da Chama, da Forma e da Mente. A evolução atual se transformará nos Senhores da Humanidade. Cada onda-vida desenvolve sua contribuição característica para a evolução. Quando as Centelhas Divinas, que constituem os núcleos evoluídos das almas de cada evolução, são levadas de volta para os planos e reabsorvidas no Reino de Deus, o trabalho que elas realizaram permanece além delas, naquilo que construíram, quer sejam os elementos químicos evoluídos pelos Senhores da Forma, ou as reações químicas desenvolvidas pelos Senhores da Chama, ou mesmo as reações de consciência desenvolvidas pelos Senhores da Mente. Segundo é dito, a humanidade está desenvolvendo o poder da consciência coordenada, portanto, os Senhores da Humanidade mantêm com os Senhores da Mente o mesmo relacionamento que os Senhores da Chama mantém com os Senhores da Forma. Todavia, estes seres, de três ondas-vida anteriores, já ultrapassaram o nível de vida na terra, cada grupo indo para o seu plano apropriado; e os Senhores da Humanidade ainda estão absorvidos na tarefa de construir e, com exceção de alguns poucos que se tornaram Mestres, ainda não escaparam do aprisionamento do material no qual trabalham. Conseqüentemente, é muito raro que qualquer psíquico, salvo um adepto dos graus mais elevados, alguma vez entre em contato com qualquer um destes seres. Todavia, conforme já foi apontado, eles deixaram para trás as formas que construíram no decorrer da sua evolução. Estas formas, conforme os psíquicos ensinam, na realidade, consistem de sistemas coordenados de repetições eletromagnéticas. Toda a vez que qualquer movimento tem lugar, uma corrente elétrica se estabelece, e, se a série de movimentos coordenados é repetida muitas vezes, estas correntes tendem a fazer ajustamentos entre si e se tornam coordenadas por sua própria conta, totalmente independentes das formas físicas cujas atividades deram origem a elas. Ë destas coordenações que são desenvolvidos os Elementais.
Nestas páginas não podemos penetrar mais fundo neste assunto, por demais interessante e complexo. Este é um tema para estudo à parte. Todavia, foi dito o suficiente para indicar que, embora o produto final da evolução dos reinos angélico, elemental e humano, seja o de produzir consciência e inteligência, a origem dos três tipos de seres é totalmente diferente, o mesmo acontecendo com o destino deles. As Centelhas Divinas são as emanações do Grande Não-Manifesto, Ain Soph Aur, na terminologia dos cabalistas; os anjos são as criações do Logos Solar e os Elementais são "as criações dos criados", quer dizer, originados pelas atividades do universo material. Dos Elementais assim desenvolvidos, há muitos tipos. Em primeiro lugar, as quatro grandes divisões dos espíritos Elementais da Terra, do Ar, do Fogo e da Água, que os alquimistas conhecem, respectivamente, como Gnomos, Silfos, Salamandras e Ondinas. Estes representam, na verdade, quatro tipos de atividade originados por quatro tipos de relacionamento. Nos sólidos (o Elemento da terra) as moléculas estão reunidas. Nos líquidos (o Elemento da água) as moléculas se movem livremente. Nos gases (o Elemento do ar) elas se repelem mutuamente e, em consequência, dispersam-se até os seus limites mais extremos. E no fogo a propriedade essencial da sua atividade é mudar de plano, ou transmutar. Os quatro reinos de Elementais primários, comandados por seus reis angélicos, representam a ação coordenada, deliberada e inteligente destas quatro propriedades da matéria o lado mental do fenômeno material, para ser exata. Este fato é muito conhecido dos ocultistas e no seu trabalho mágico eles utilizam o lado-mente da matéria. Conseqüentemente, muitos destes sistemas Elementais de reações foram, por assim dizer, domesticados por adeptos. Os Elementais assim domesticados ficaram impregnados de consciência de um tipo humano. Os psíquicos às vezes se encontram com estes Elementais desenvolvidos (ou iniciados). Nós agora estamos violando alguns dos aspectos mais secretos do ocultismo, e o que pode ser dito não é muito; e mesmo que mais fosse dito, pouco seria entendido, exceto por aqueles que já estão bem versados na ciência esotérica. Não-Humanos Neste artigo, por este termo queremos significar, em sentido geral, todo e qualquer tipo de inteligência sensível que agora não esteja encarnada em um corpo humano isto inclui aqueles espíritos desencarnados que falam por intermédio dos médiuns e aqueles que nós chamamos de Mestres ou Adeptos do Plano Interior, que não participam da vida humana, embora sendo espíritos humanos, mas que incluímos na categoria de não-humanos para fins de classificação. Examinaremos os contatos com seres que não estão em corpos físicos. Na literatura medieval lemos muito acerca desses contatos, portanto, homens do passado e também dos nossos dias, entre as tribos primitivas do Oriente e do Novo Mundo, têm muito para dizer sobre o assunto. Também há muito material a respeito em certas seções do folclore americano, especialmente entre os Celtas. O anglo-saxão comum se contenta apenas com um não-humano, e este é o Demónio. Sendo assim, então, estamos lidando com um considerável conjunto de testemunhos do contato entre seres humanos e não-humanos, e não existe fumaça sem fogo. Portanto, temos que refletir. Essas coisas existem? A comunicação é possível, e se é possível, será aconselhável sob quaisquer condições ou apenas sob certas condições? Tomando a questão geral das outras fases de evolução, não há nenhuma razão por que não devam existir outras formas de existência além daquelas da matéria física densa. Para a pessoa sem treinamento, nada é real exceto as coisas materiais nas quais ela pode tropeçar e sobre as quais pode cair. Todavia, qualquer um que tenha experiência no trabalho científico sabe que há forças de existência invisíveis no nível logo além da matéria densa, que podemos alcançar com absoluta certeza. Por que não haveria outras, apenas um pouquinho mais além? Devemos nos limitar àquilo que podemos ver, ou devemos dizer que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia ? Por ora, no intuito de economizar tempo, tomemos isto como certo e sigamos em frente, a fim de estudarmos a natureza dos não-humanos. A ciência esotérica nos ensina que, assim como há a nossa, também há outras linhas de evolução. Assim como a luz e o som não ocupam espaço no nosso ar, assim também estes seres não ocupam espaço, não têm peso ou massa, interpenetram a matéria e você pode passar através deles como passaria através de um fantasma. Eles são modos de consciência diferentes do
nosso. Podemos ver um musicista mergulhado em êxtase, num estado de êxtase ante aquilo que para nós soaria como um simples barulho, isto porque o seu ouvido treinado distingue os sons. Portanto, estes outros modos de existência são diferentes do nosso e interpenetram o nosso. Entramos em contato com estes outros modo de vida somente sob três condições. Primeiro, temos que começar a percebê-los de uma maneira diferente; então descobriremos que estamos travando conhecimento com seres de um tipo cuja existência ignorávamos, e para ambos essa é uma experiência surpreendente. Segundo, podemos entrar em contato com estes outros seres se há alguém, por perto, que seja um médium de materialização e possa exsudar ectoplasma. Terceiro, os ocultistas que se dedicam a tais formas de trabalho podem invocar, por meio de operações mágicas, seres de outras formas de existência, fazendo com que se materializem. Assim sendo, vemos então que existem condições por meio das quais podemos estabelecer contato com eles, mas este é um processo fora do normal para ambas as partes. Quando um ser humano eleva a sua consciência para os planos sutis, ele se torna, por assim dizer, um fantasma para os habitantes desses planos. Conseqüentemente, isso nos transmite uma sensação de perigo, uma sensação hostil; na verdade, são esses seres que têm medo de nós e se colocam na defensiva. O assunto passa a ser diferente no caso do ocultista iniciado, que vai para o invisível levando "cartas de apresentação" e então há um relacionamento fraternal. Desse modo, a consciência do adepto se movimenta, com suas credenciais, ao longo de trilhas bem conhecidas e ele já não acha que esses planos são hostis, ele sabe como se comportar e a questão muda de figura. Estas viagens, porém, não devem ser empreendidas ao acaso por ninguém. Poderíamos ofender gravemente os seres de outro plano e até ser expulsos à força. A questão da comunicação entre os dois planos é resolvida por meio da troca dos níveis de consciência do nosso lado, ou pela estruturação de uma forma substancial do outro lado, e nos dois casos é essencial que ambos saibam o que estão fazendo e observem certas precauções. E agora, que tipos de seres são aqueles com os quais um contato é estabelecido dessa maneira? Primeiro, eles são mortos viventes, são aqueles com quem os espiritualistas habitualmente entram em contato quando alcançam o invisível. O movimento espiritualista foi formado mais ou menos na época em que surgiram o movimento oculto moderno e a Ciência Cristã. Quatro grandes movimentos entraram em funcionamento no último quartel do século passado: o espiritualismo; a Ciência Cristã e seus similares, Novo Pensamento, etc.; a Sociedade Teosófica, sob a direção da Blavatsky; e uma agitação e movimentação geral de vida na própria Tradição Esotérica Ocidental, que é muito menos conhecida. Cada um delesteve o seu próprio trabalho para realizar. Os espiritualistas tiveram, como tarefa, a associação com os espíritos humanos dos mortos que ainda estão dentro da esfera terrena. Eles nunca fizeram muita coisa além disso. Assim como o ocultista, acionando as suas ligações para cima e para baixo, num determinado raio, entra em contato com seres desse raio, os espiritualistas também trabalham e sua experiência é igualmente limitada. Estes seres são Personalidades humanas. Muitos de vocês sabem que a Personalidade humana perdura por algum tempo depois da morte do corpo, passando por uma experiência purificatória, partindo daí para um céu inferior, a fim de repousar num sonho agradável, e depois indo para a segunda Morte, a morte da Personalidade desta encarnação, inclusive da mente interior, que é desintegrada; a partir daí o Eu Superior é liberado e passa algum tempo no céu mais elevado, antes de reencarnar. Os tipos de seres que os espiritualistas encontram são aqueles que estão no céu inferior; não vejo o menor indício de seres operando na Individualidade. A função do movimento espiritualista é a de romper as barreiras entre os vivos e os mortos. Por outro lado, o ocultista está proibido, por sua condição, de ter quaisquer contatos com os mortos viventes. Ele deve estabelecer suas ligações com aqueles, da espécie humana, que já passaram além da fase evolutiva da reencarnação, e também com algumas outras formas diferentes de existência, que são muito interessantes. De modo que, quando é capaz de operar na sua consciência mais elevada, o ocultista descobre que começa a encontrar seres de espécies muito diferente da sua seres classificados. Podemos considerá-los como Elementais. São de uma espécie absolutamente diferente da espécie humana. Não possuem Centelha Divina e serão desintegrados no fim desta evolução, deixarão de existir, a menos que consigam desenvolver uma natureza espiritual dentro de si mesmos. Estes seres passam a existir da seguinte maneira: sempre que se manifesta em você uma série de ações e reações constantemente coordenadas, você obtém aquilo que podemos chamar de "rastros no espaço", que permanecem após o término das atividades que lhes deram origem. Podemos compará-los ao remoinhar da água numa vasilha que foi agitada; cessada a agitação, os remoinhos continuam durante algum tempo. Esta é, na natureza inteira, a base de todo e qualquer ser, e sobre esta base desenvolvem-se as possibilidades de memória e de reação ao ambiente. Assim, gradualmente chegamos ao difícil conceito da construção da consciência por obra de um fenômeno natural.
Os Espíritos Construtores, que quando estavam sendo criados produziram, desse modo, os primeiros grandes fenómenos naturais, são Seres Angélicos. Afastaram-se para os planos e deixaram as consciências Elementais encarregadas de prosseguir com o modo estereotipado de reação. Estas ficaram e se desenvolveram, e nós as chamamos de "criações dos criados" são vidas chamadas para a existência, não por Deus, mas por criaturas de Deus, que não têm poder para dotá-las de vida imortal. Sempre que você encontra, na natureza, um sistema que reage como uma unidade -uma montanha, um pequeno vale, um bosque você encontra o mesmo sistema de enfatizações coordenadas no seu substrato, e assim surgem os pequenos espíritos da natureza, ou Devas, ou deuses de localidades, que os nossos ancestrais adoraram. A mesma ideia está por trás das diferentes espécies de animais. Se você tem qualquer conhecimento sobre biologia, saberá que há seres muito simples, unicelulares, cuja consciência geral poderá não ter apenas uma única vida sob o seu controle, porém muitas. Na existência destes seres há certos períodos em que existe apenas uma mancha verde sobre uma superfície úmida, e depois esta mancha se rompe em inumeráveis pontos; estes vivem por algum tempo numa espécie de nado livre e depois todos se juntam e formam uma larga massa homogénea, chamada plasmódio. O que acontece com a consciência como una, na sua forma que se move livremente? Ou então, veja as abelhas; aqui a unidade é a colmeia e não a abelha. A unidade poderia ser chamada de anjo-abelha. Possuímos estas curiosas e diferentes unidades de consciência evoluída. E em seguida, qual é a consequência lógica? Modos de forças da natureza, mais elevados e mais desenvolvidos. Há uma doutrina oculta, muito curiosa, que diz que estes seres, tomando-se mais e mais desenvolvidos e parecendo-se cada vez mais com os tipos de onsciência com os quais estamos familiarizados, passam a ter percepção de que são almas perdidas - a menos que desenvolvam uma natureza espiritual. Eles procuram, como iniciadores, aqueles que têm uma natureza espiritual; o homem iniciado é o iniciador do ser Elemental; humanos os tomam como pupilos e os ajudam a desenvolver as suas "centelhas" de consciência individual. Em troca, os Elementais realizam serviços para o mago. Lemos sobre eles como sendo espíritos familiares. Via de regra, os que escreveram sobre estas questões foram os padres, que tendo sido encarregados, pela Inquisição, de investigar este assunto, quase sempre se mostravam um tanto parciais. Há, porém, um certo relacionamento entre pessoas que compreendem os planos interiores e seres de uma outra ordem. E também há, com certa frequência, um relacionamento involuntário entre aquelas pessoas que são psíquicas por natureza, mas não têm treinamento e por isso entram, de maneira absolutamente espontânea, em contato com outros seres. A consequência disso raramente é saudável; tem o efeito de desequilibrar essas pessoas. Ê um contato demasiadamente estimulante. Os Elementais são de um tipo puro, compostos apenas de um elemento, seja ele qual for, ao passo que um ser humano é uma mistura de todos os elementos. Assim, são eles um estímulo por demais potente para aquele um Elemento existente no nosso ser, que é bem capaz de tirar um ser humano do seu equilíbrio, induzi-lo a seguir em sua companhia e a abandonar os modos humanos. A pessoa fica "possuída pelas fadas", ou por aquilo que poderíamos chamar de uma patologia. Você pode ver o controle do pensamento afastando-se do veículo físico. Essas pessoas ouvem o chamado das fadas e o que fica é apenas uma concha vazia, insana. Ao invocar um espírito para uma aparição individual, o mago se coloca dentro de um círculo, desenha um triângulo fora desse círculo e faz com que o espírito se manifeste nesse triângulo; depois, ele executará o ritual para fazê-lo sair e voltar para o lugar de onde veio, para o seu próprio plano. Normalmente, porém, ele só o fará como trabalho de pesquisa ou para ajudar num caso patológico. Devemos traçar a distinção entre o trabalhador que se empenha em pesquisa séria e a pessoa que o faz por mera experiência. Neste último caso, provavelmente nada de bom poderá resultar. Que outras formas de criaturas existem? Eu mencionei os Seres Angélicos e os grandes Arcontes, os espíritos construtores que construíram os planos da natureza no tempo de outras evoluções. Há todos os tipos de seres espirituais muito elevados, cujo modo de manifestação está na natureza. Eles são classificados de maneiras diferentes. Nós falamos do pagão que adora muitos deuses, mas em todas as religiões sempre há o Ser por trás dos deuses, o Pai dos deuses, a Alma exterior, uma concepção muito abstrata de um Ser. Os "deuses" de qualquer sistema são estas forças naturais, que no sistema hebreu, que nós mesmos usamos, são chamadas de Arcanjos e de Anjos. Os seres espirituais nunca tiveram uma encarnação material, nunca desceram para a matéria. A velha tradição diz que a escolha foi oferecida aos espíritos se eles queriam permanecer nos planos interiores, nunca se elevando ou decaindo, ou se queriam descer para as profundezas da matéria para depois ascender além do ponto de onde haviam começado; e uma parte deles escolheu uma direção um grupo liderado por Adão, ou melhor, por Eva e outros escolheram a outra. Portanto, as hostes angélicas são da nossa mesma natureza, e se você voltar para trás o suficiente irá encontrar um tempo no qual anjos e homens andavam juntos. Desse modo é possível, sob certas condições, estabelecer contato com esses seres angélicos, mas na maioria dos casos, não fazemos contato com o verdadeiro ser, que é muito vasto; fazemos contato com o seu raio, com a sua emanação.
Se você for suficientemente rico poderá contratar uma grande cantora de ópera para vir a sua casa e cantar na sua sala de visitas; mas se tivesse apenas o suficiente para comprar um aparelho de rádio, poderia ouvi-la no ar. Quando invocamos o Arcanjo Rafael não podemos esperar que ele apareça em pessoa, mas esperamos sentir a sua força, o seu raio. O mesmo se dá com as aparições do Cristo que têm sido vistas a Bela Visão. Não é o ser real, mas sim o ser sintonizado no raio, muito embora no fim, para os propósitos práticos, seja a mesma coisa. Precisamos compreender tudo isso. Não estamos lidando com uma forma antropológica real, mas com modos de consciência, e alguns são tão diferentes do nosso que não há analogia. Não devemos pensar a respeito de todos eles como se fossem figuras ilusórias são consciências absolutamente incompreensíveis para nós. Em adição a todos estes, há um inumerável exército de formas-pensamento expelidas pelas consciências humanas, Elementais artificiais deliberadamente criados por seres humanos. Estes perduram por vários períodos de tempo, de modo que há uma legião de diferentes tipos de seres que não são anjos e nem demónios. A ideia de que tudo o que não é físico é divino ou é demoníaco, não é verdadeira. Os não-humanos são muito parecidos com os humanos, não são perfeitos e nem oniscientes, mas estão evoluindo. Um ponto final - os seres que os cabalistas chamam de Qliphoth. Estes são demoníacos e habitam no Reino da Força Desequilibrada, que começou a existir antes de que o equilíbrio fosse estabelecido; diferentes tipos de desarmonia, desde então reforçados pela massa de pensamentos maus. Quando você toca o Invisível, não é provável que possa entrar em contato com os seres divinos de qualquer esfera sem também entrar em contato com os Qliphoth dessa esfera. Se estabelece uma comunicação com um Sephira, também estabelecerá uma comunicação com o seu lado desequilibrado. Não se atreva a abrir um contato mais elevado com qualquer uma destas esferas, a menos que seja capaz de controlar as mais inferiores. Esta é uma grande verdade da vida espiritual. O adepto iniciado tem conhecimento dela. Ele sempre tem como alvo o equilíbrio destas grandes forças. No fim, todos os reinos da terra e abaixo da terra serão redimidos. Nosso Senhor foi orar pelos espíritos que estavam na prisão, para redimi-los. Eles são simplesmente uma força extraviada, que deixará de ser maligna quando tiver voltado para o seu lugar adequado. O adepto não amaldiçoará os demónios, ele deverá colocá-los no lugar certo, para equilibrá-los. O adepto nunca fala do inferno, mas sim dos reinos de força desequilibrada. A Árvore da Vida nos permite viajar pelos trinta e dois caminhos, que são trilhas diferentes e bem palmilhadas, e o adepto se movimenta com precisão entre os seres Elementais e sabe onde se encontra; ele pode manter o seu próprio equilíbrio. Qual é a utilidade do contato com estas forças? Primeiro, às vezes o adepto tem necessidade de criar tais condições com o fito de esclarecer alguma coisa que tenha saído errada com alguma alma. Ele poderá ter que abrir uma esfera para, como um Cirurgião, realizar uma operação a fim de restituir o equilíbrio e fazer retornar, para sua própria esfera, aquilo que está errado. E ele também poderá operar as forças de uma esfera com o propósito de trazer o poder concentrado dessa esfera para o seu próprio ser, a fim de poder trabalhar com ele. Terceiro, pode ser que ele tenha que realizar algum trabalho especial, que só pode ser feito dessa maneira. Em suma, para trazer harmonia, para intensificar a sua própria natureza e, possivelmente, por outras razões. Este reino é de uma natureza variada. As condições sob as quais a comunicação pode ser feita corretamente são raras; deve haver um distinto abrir e fechar do canal comunicante; mas, usando esses meios podem ser realizadas coisas que de outro modo seria impossível.


 


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