BREVE PREAMBULO SOBRE A MAGIA MAGNETICA

Quando o Dr. Mesmer atraiu, pela primeira vez, a atenção internacional, no século XVIII, sobre suas notáveis curas e sua doutrina peculiar, o mundo ocidental estava apenas começando os estudos mais sérios das mais recônditas forças da natureza, como a eletricidade, o magnetismo e a gravidade.
Mesmer, na tese de seu doutoramento, delineou uma teoria do universo que era e ainda é a da Tradição Esotérica Ocidental, embora, em sua forma pública, por necessidade, apresentasse apenas uma sombra de sua real configuração. Resumidamente, Mesmer viu todo o universo como uma unidade viva, em que cada parte era afetada e, por sua vez, afetava todas as outras partes. A saúde, portanto, estava em cada parte se ajustando a outra parte, dando o máximo de sua capacidade para dirigir, controlar e manter a vida como um todo.
Ele ensinou que essa vida formativa poderia ser transmitida de um ser para outro e afirmava que essa força era funcional e apartada das energias do plano físico que estavam sendo estudadas pelo mundo científico. Particularmente, essa força universal está por detrás e se manifesta por meio do fenômeno do magnetismo, afirmava Mesmer. Ele se utilizava de varetas magnéticas, que, segundo sua teoria, possuíam poder curativo por causa dessa força universal; porém, mais tarde, não só ele, mas também seus seguidores, passaram a ensinar que essa força era igualmente emitida dos organismos humanos. Foi assim chamada de“magnetismo animal”, e a escola dos magnetistas animais, entre os quais havia nomes como os de Puysegar e o Barão du Potet, desenvolveu suas teorias e práticas segundo essa linha de pensamento.
Quando o Dr. James Braid desenvolveu a sua própria teoria do “hipnotismo”* e, mais tarde, quando os seguidores de Charcot e os membros da assimc chamada “Escola de Nancy” elaboraram a teoria da “Sugestão”, o “fluído” de Mesmer foi descartado, e a própria idéia do magnetismo animal, ridicularizada. Mas embora fosse “salutar” desmentir a existência do fluído magnético, houve quem tranqüilamente trabalhasse na linha indicada por Mesmer e du Potet. Um dos notáveis nomes dessa vertente é o do Barão Reichenbach, que conduziu exaustivas pesquisas naquilo que chamou de “força ódica” ou, mais simplesmente, “Od”. Suas pesquisas estabeleceram claramentea existência de uma força que subjaz a todas as forças naturais.
Dessa maneira, os sensitivos que agiam como seus observadores podiam ver, na total escuridão, uma “chama”, como eles denominavam, emanando da ponta de um arame, cuja outra ponta havia sido exposta à forte luz solar ou ao luar. Os experimentos mostraram que, se a ponta fosse recoberta com uma proteção, os observadores notariam o desaparecimento da chama ódica, embora não tivessem sido alertados para qualquer alteração no procedimento experimental.
Observou-se que chamas ódicas similares estavam associadas com os pólos eletromagnéticos e imãs. O corpo humano pôde ser visto irradiando essa mesma força. Um toque de humor surge aqui quando se descobriu serem os lábios humanos grandes fontes irradiadoras de fluído ódico, o que esclareceria o poder e a eficácia dos beijos dos amantes apaixonados!
Na atualidade, as pesquisas do Dr. Killner e o uso de instrumentos de medição elétrica altamente sensíveis mostram que a existência dessa força ódica é cada vez mais aceita.
Podemos até usar o termo “magnetismo”, desde que fique claro não ser o mesmo magnetismo estudado pelos físicos e engenheiros elétricos, embora lhe possa ser associado.
Esse magnetismo animal, portanto é uma força ou energia real emitida automaticamente pelo animal e pelo ser humano saudável, mas também pode ser conscientemente desenvolvida e direcionada, e é esse poder direcionado e intensificado a base do ramo da magia com a qual iremos lidar agora.
Será de grande ajuda para o leitor, para melhor compreender o fenômeno do magnetismo, pensar nessa força como “fluído magnético”. Talvez o fenômeno do rádio possa proporcionar alguma analogia. Sabe-se que, num pequeno grão de rádio, existem inúmeras diminutas partículas irradiando em fluxo constante, e esse fluxo é mensurável enquanto força definida, embora seja composto por essas partículas extremamente pequenas.
A força magnética também possui a mesma natureza dessa emanação, uma substância extremamente sutil que pode ser direcionada e controlada pelo pensamento e pela vontade.
Essa energia pode ser acumulada, concentrada ou absorvida por certos materiais, enquanto outros objetos agem como isolantes. Nisso parece haver alguma relação indireta com a eletricidade, pois muitos dos isolantes elétricos são também isolantes magnéticos, embora existam algumas exceções intrigantes. Todos os metais são bons condutores de magnetismo, o óleo e a água o absorvem prontamente, embora o óleo o conserve por período mais longo. Lã e papel, tijolo e pedra absorvem-no ligeiramente, mas a seda não o conduzirá nem absorverá.
Descobriu-se, mediante cuidadosos experimentos, que a força magnética tende a reproduzir, no objeto para qual está direcionado, sua própria “vibração” ou “nota”particular, e o objeto entrará em forte empatia psíquica ou rapport com a pessoa que projetou o magnetismo.
Assim, o magnetismo animal é o poder fundamental em muitas formas de curas psíquicas e espirituais, sendo o poder curador por si próprio e também agindo como veículo para muitas outras forças ainda mais sutis que, por seu intermédio, vão afetar o corpo físico.
Deve-se lembrar que um dos milagres* atribuídos a Jesus foi ter curado uma mulher que estava com hemorragia. O evangelho nos dá uma visão nítida da ocorrência, o Mestre no centro de uma multidão que se comprime em torno d’Ele, empurrando seus discípulos que estão tentando manter um espaço aberto à Sua volta, e todos tentando tocar nem que seja a borda de Sua túnica. O Oriente não muda tão rapidamente, e este autor tem, freqüentemente, testemunhado cenas similares na Índia. O Mestre pergunta: “Quem me tocou?” O espanto dos discípulos é compreensível. Quem O tocou? Eles bem poderiam exclamar: “Quem não o tocou?” Mas o registro continua dizendo que ele percebeu que uma virtude havia saído dele.
Talvez, possamos ser traídos por essa palavra “virtude”, pensando somente em seu significado ético – “Uma mulher virtuosa vale mais que rubis.” Mas o verdadeiro significado dessa palavra é o do poder, de modo que nós também dizemos que isso e aquilo têm virtude. (Na Idade Média e hoje, no Oriente, a virgem e a criança sem pecado são detentoras de um poder o qual é resultado de sua pureza.) Quando a palavra “virtude” é traduzida da Versão Autorizada da Bíblia, descobrimos que ela é raiz das palavras “dínamo”, “dinâmico” e “dinamite”, todas subentendendo uma poderosa energia ativa. Assim, a pergunta do Mestre é transparente. A mulher que O havia tocado se havia tornado, por meio das condições morais criadas dentro dela por sua fé, uma condutora, ou mais precisamente, uma absorvedora de energia de cura ou energia dinâmica vital que estava emanando Dele. Muitos curadores magnéticos nos dias de hoje podem reproduzir a declaração do Evangelho, pois eles também perceberam que uma “virtude” saiu deles.
Nos trabalhos de magia, esse poder é usado de muitas maneiras. Em curas, carregando-se ou impregnando-se um lenço ou outro artigo com poder curativo; Esse objeto “carregado” será usado ou vestido pela pessoa doente. Algumas vezes, a água ou óleos são “carregados” da mesma forma; crucifixos, pingentes ou outros objetos pessoais são carregados ou “magnetizados” para utilizar o termo técnico. No Novo Testamento, lemos sobre pessoas que levavam tecidos que haviam estado nas proximidades de São Paulo para curar os doentes, e a prática de carregar ou “benzer” objetos nunca desapareceu na Igreja Católica em qualquer um de seus ramos.
É importante lembrar que o fluído magnético é por si só neutro e vai receber a impressão da mente e da vontade que o emitiu. Como todas as forças somáticas, ele é manipulado pela mente subconsciente, e uma vez que o subconsciente reage mais eficientemente à sugestão de imagens da mente consciente, o mago tem que ter um estoque de imagens nítidas, às quais a mente subconsciente já tenha sido “vinculada” ou condicionada. Um tal estoque de imagens é encontrado na Árvore da Vida da Kabalah, que é o glifo de treinamento do mago ocidental; No Oriente, outros glifos ou símbolos compostos são usados.
O processo de magnetiza um objeto apresenta duas divisões: a desmagnetização ou “exorcismo”, e a magnetização ou “benção”.
O terceiro processo é conhecido como “consagração”, mas isso envolve outros fatores, como será visto. A desmagnetização é produzida ao se afirmar a mente na intenção de purificar o objeto, e o magnetismo do operador é direcionado sobre ele por um ou outro
dos sinais tradicionais de poder. Na Igreja Católica, o exorcismo é realizado por intermédio do sinal da cruz. O cabalista também usa a cruz, mas é importante esclarecer que é a cruz dos quatro Elementos, com os quatro braços do mesmo comprimento, e não a de forma latina.
Uma fórmula tradicional é usada, e a fórmula geral do padre católico e a do cabalista são muito similares - provavelmente devido à influência da época medieval, quando freqüentemente acontecia que o padre realizava certa quantidade de trabalhos de magia
além do seu dever clerical rotineiro. Padres transviados que seguiam a magia tradicional tinham, quase necessariamente, que adaptar suas fórmulas familiares ao novo trabalho, e o mago esclarecido alterou tais fórmulas para adequá-las ao seu próprio propósito. Em qualquer desses casos, a Igreja Romana, com sua espantosa versatilidade, absorveu muito das tradições mágicas dos cultos que ela veio a substituir,e , como Evelyn Underhill nos mostra em sua valiosa obra Mystcism, o verdadeiro emprego hermético de velas, sal, água e óleo no serviço batismal está longe de ser apenas uma simples lustração de São João Batista.
Tendo desmagnetizado ou exorcizado o objeto, nós o temos agora em condição neutra, pronto para absorver qualquer força magnética que venha a ser impressa sobre ele. Agora começa o processo de magnetização. Novamente o operador tem que ter em sua mente uma certa “intenção”, e essa intenção tem que ser expressa em palavras e em gestos, os quais são vinculados em sua mente à ação desejada do objeto imantado. Junto com isso, o mago emprega um certo esquema de técnica mental conhecido como “comemoração”, que consiste na récita de trabalhos similares por outros no passado e serve para ligar o operador com as imagens arquetípicas da consciência coletiva da raça, assim reforçando os poderes individuais do mago. Tenham os eventos comemorados realmente ocorrido ou não, isso não faz diferença para a sua eficácia se eles fazem parte da mitologia ou do folclore.
É importante ressaltar que as idéias e as imagens mantidas na mente do operador devem ser positivas, nunca negativas. Assim, se estivermos carregando ou imantando um objeto com o objetivo de reforçar a coragem da pessoa que o vai usar, devemos encher nossa mente com imagens de coragem, e não de medo. Não devemos dizer “Que o portador de pare de sentir medo”, mas sim “Que o portador desse seja forte e corajoso”, e devemos usar as palavras de forma que reiterem essa idéia. De fato devemos proceder como se estivéssemos dando essa sugestões diretamente à pessoa envolvida.
Falamos da consagração como um método técnico envolvendo outros fatores. Na magnetização normal dos objetos, os poderes e as forças da personalidade do operador são utilizados, mas na consagração, depois que o objeto foi desmagnetizado, ele é remagnetizado com uma intenção especial de que venha a ser um veículo ou canal de uma força maior ou ser afastado do operador. Um típico ritual de consagração é a missa da Igreja Católica. Aqui temos todos os elementos mencionados, a purificação do pão e do vinho, sua benção solene e a divisão, e então, na Prece da Consagração, a comemoração da primeira eucaristia da Igreja Cristã é a invocação da presença do Cristo na cerimônia e por intermédio dos elementos oferecidos.
Em se tratando dessa magia talismânica e da maior “Magia da Missa”, pode-se pensar que nos afastamos de nossa definição de magia como arte de provocar mudanças na consciência. Esse não é o caso. O efeito do talismã é efetuar uma mudança de consciência usualmente de forma gradual na pessoa que o usa, e o mesmo se aplica ao poder do sagrado sacramento. Que a mudança de consciência não seja notada pelo participante, isso não importa. A consciência do homem, como já vimos, é maior do que a sua superficial mente vígil.
É possível que a ligação da Eucaristia com o assunto da magia possa causar algum
desconforto. Isso não se dará se os objetantes se ativerem sinceramente à doutrina central do Cristianismo. Pois o que é a encarnação senão um ato de suprema magia por meio do qual o Verbo se torna carne e passa a habitar entre nós, Seu poder transcendente inundando o planeta no qual vivemos e, como o fermento na massa informe, trabalhando ao longo das eras para produzir uma mudança de consciência em toda a humanidade!
A magia talismânica foi muito popular durante a Idade Média, e mesma a hóstia consagrada era usada para propósitos mágicos. No primeiro Livro da Oração reformada por Edward VI, em 1549, existe uma frase que é a seguinte: - “E, embora ... as pessoas durante todos esses anos tenham recebido das mãos do padre o Sacramento do Corpo de Cristo nas suas próprias mãos ... ainda como eles muitas vezes o desviaram secretamente, o mantiveram com eles e o utilizaram para fins supersticiosos e malignos, é, pois conveniente que as pessoas recebam o Sacramento do Corpo do Cristo em sua boca das mãos do padre.”

Postagens mais visitadas deste blog

ENTIDADES III (Entendendo a vampirização II )

UM CASO DE VAMPIRISMO

Enoch e os Sentinelas: A Real Historia dos Anjos e Demonios.