Magia Enoquiana
Magia Enoquiana
Histórico
A
Magia Enochiana é um poderoso sistema mágico (não uma Tradição,
deve-se notar) que utiliza uma antiga linguagem apresentada ao homem
moderno pelo mago John Dee e pelo sensitivo Edward Kelly no século
XVI. Utilizando-se de uma coleção de cristais e pedras Kelly
comunicou-se com formas de inteligência angélicas, enquanto Dee
dirigia os experimentos, cuidava dos procedimentos e anotava os
resultados de cada seção. Desta forma a linguagem Enochiana –
base deste sistema mágico – foi descoberta (ou talvez,
redescoberta). Posteriormente este sistema foi ampliado por Aleister
Crowley pela revelação de suas correspondências planetárias e
numéricas, o que possibilitou a criação da Gematria Enochiana.
É
importante ressaltar que as entidades angéllicas com as quais se
lida na Magia Enochiana não correspondem per si nem à concepção
popupar de anjos nem à cabalística. Não podemos pensar nos Anjos
Enochianos como as figuras contemplativas e sem Vontade que são os
anjos cabalísticos. E sob hipótese nenhuma pode-se pensar neles
como as criaturas patéticas ditas "anjos" de certos ramos
dos movimentos "New Age". Para todos os meios e fins são
consideradas entidades particulares com cuja lida deve ser cuidadosa.
Um Anjo Enochiano é uma inteligência antiqüíssima,.estas
entidades representam energias poderosas as quais não se devem
tratar levianamente.
O
Alfabeto Enochiano
Este
representa a linguagem angélica que foi transmitida a Dee e Kelly,
sendo tão poderosa que teve seus nomes anunciados de trás para
diante, de modo a prevenir a conjuração acidental de algumas
entidades. Acreditava-se que a simples pronúncia do nome desta
entidade seria suficiente para conjurá-la, ou pelo menos algum
aspecto seu. Esta linguagem foi denominada "Enochiano" por
causa do patriarca bíblioco Enoch, o qual dizia-se ter "caminhado
com Deus". Este também era o nome de um grupo de adeptos que
praticavam o ocultismo durante a Idade Média. Segue abaixo uma
tabela apresentando este alfabeto:
Carac.
|
Nome
|
Equiv.
|
Corresp.Planetaria ou Elemental
|
Corresp. no Tarot
|
Valor Gematrico
|
A
|
Un
|
A
|
Touro
|
Hierofante
|
6
|
B
|
Pe
|
B
|
Áries
|
Estrela
|
5
|
C
|
Veh
|
C | K
|
Fogo
|
Julgamento / Aeon
|
300
|
D
|
Gal
|
D
|
Espírito
|
Imperatriz
|
4
|
E
|
Graph
|
E
|
Virgem
|
Heremita
|
10
|
F
|
Orth
|
F
|
Cauda Draconis
|
"Juggler"
|
3
|
G
|
Ged
|
G
|
Câncer
|
Carro
|
8
|
H
|
Na-hath
|
H
|
Ar
|
Louco
|
1
|
I
|
Gon
|
I | Y | J
|
Sagitário
|
Temperança / Arte
|
60
|
L
|
Ur
|
L
|
Câncer
|
Carro
|
8
|
M
|
Tal
|
M
|
Aquário
|
Imperador
|
90
|
N
|
Drun
|
N
|
Escorpião
|
Morte
|
50
|
O
|
Med
|
O
|
Libra
|
Justiça
|
30
|
P
|
Mals
|
P
|
Leão
|
Força / Desejo
|
9
|
Q
|
Ger
|
Q
|
Água
|
Enforcado
|
40
|
R
|
Don
|
R
|
Peixes
|
Lua
|
100
|
S
|
Fam
|
S
|
Gêmeos
|
Amantes
|
7
|
T
|
Gisa
|
T
|
Leão
|
Força / Desejo
|
9
|
Caput Draconis
|
Alta Sacerdotiza
|
3
| |||
U
|
Vau
|
U | V | W
|
Capricórnio
|
Demônio
|
70
|
X
|
Pal
|
X
|
Terra
|
Universo
|
400
|
Z
|
Ceph
|
Z
|
Leão
|
Força / Desejo
|
9
|
Caput Draconis
|
Alta Sacerdotiza
|
3
|
Deve-se
perceber que, de conformidade com o trabalho de Crowley conforme já
dito, cada letra apresenta sua correspondência planetária,
elemental e nos Arcanos Maiores, além de seu valor Gematrico.
Para
a utilização deste sistema mágico é imprescindível a correta
pronúncia dos nomes e fórmulas. Há uma certa semelhança entre a
pronúncia deste idioma e a do Hebraico, sendo quem, por uma
facilidade (muitas vezes gráfica) normalmente utilizam-se os
caracteres latinos correspondentes. As dez principais regras de
pronúncia são:
1
- A maioria das consoantes possuem um e ou um eh adicional. Por
exemplo, a letra b (B) pronuncia-se beh e a letra k (K) é
pronunciada como keh.
2
- A maioria das vogais pronuncia-se com um suave h ao final.
Exemplos: a (A) é pronunciada ah e e (E) pronuncia-se eh.
3
- A palavra enochiana sobha (SOBHA) é pronunciada em três sílabas:
SO
(SO)– soh
B
(B)– beh
HA
(HA)– hah
Esta
é uma regra geral para as palavras.
4
- A letra g (G) tanto pode ser pronunciada como um gu (como em "gato"
ou "guerra") ou como um j (como em "gelo" ou
"giz").
5-
As letras I e Y possuem o mesmo caractere: i. Desta forma elas podem
ser trocadas por terem a mesma pronúncia. O mesmo ocorre com as
letras V e U (v). Quando em representação latina, as letras J e W
raramente são utilizadas.
6
- A letra x (X) pode possuir o som de um s (como em "samekh")
ou de tz (como em "tzaddi").
7
- A letra s (S) tanto pode ser pronunciada como ess quanto como seh.
8
- A letra r (R) possui tanto a pronúncia de rah quanto a de reh e de
ar.
9
- A letra z (Z) é pronunciada como zeh mas pode ser trocada com a
letra s (S).
10
- A vogal i (I) pronuncía-se í, como no Português.
De
uma forma genérica, quando se trata de Enochiano a pronúncia das
palavras assume uma forma fluida, passando de sílaba para sílaba
sem uma sensação de "quebra". Há quase que a idéia de
uma canção, um ritimo. Raramente uma palavra Enochiana possuirá um
som áspero. Quando se tratam de nomes de entidades o ideal é que
cada nome flua em um único fôlego.
Algumas
palavras possuirão mais de uma pronúncia possível. Isto ocorre por
serem proveniente das Tábulas Enochianas, que contém mais de uma
letra em cada uma das células. Como uma regra geral, a pronúncia
deverá incluir todas as letras. Caso não seja possível fazê-lo,
deve-se utilizar a letra de cima.
Alguns
nomes não deverão ser apenas pronunciados, mas sim "vibrados"
– especialmente durante invocações. Esta "vibração"
deve ser efetuada como o som ocupando não apenas a boca do invocador
mas todo o seu peito, extendendo-se para os membros e a cabeça.
Quando verbalmente "vibrados" os nomes devem também
possuir uma projeção mental e espiritual. Para que tal se de, o
invocador deve estar em plena concentração.
Procedimentos
Dentro
do sistema de magia Enochiano compreende basicamente dois tipo de
operações mágickas: a invocação dos espíritos e a viagem
astral. Ambos os tipos têm sido utilizados com a mesma eficácia.
Deve-se lembrar que este sistema funciona por ser esta a Vontade do
magista; ou seja faz-se aqui necessária uma intensa disciplina de
forma a que a determinação da Vontade possa ser apartada do
capricho.
Estas
invocações ou viagens astrais, de uma forma ou de outra, envolvem o
deslocamento através dos Planos Cósmicos. O conhecimento destes
Planos é um ponto central no estudo de Magia Enochiana, complementar
ao da linguagem. Tal como na doutrina cabalística, no sistema
Enochiano a divindade expressa-se dos Planos mais altos para os mais
baixos, "adensando-se" ao descer. Esta estrutura é
apresentada na tabela seguinte, que apresenta as divisões
cabalísticas dos Planos e suas correspondentes Enochianas (com os
corpos nelas assumidos).
Plano No
|
Sistema Cabalista
|
Sistema Enochiano
| |
Plano
|
Corpo
| ||
1
|
Os 3 Planos do Mundo Divino
|
Divino
|
Divino
|
2
|
Espiritual
|
Espiritual
| |
3
|
O GRANDE ABISMO EXTERIOR
| ||
4
|
Arquetípico
|
Mental
|
Mental
|
5
|
Intelectual (criativo)
| ||
6
|
Substancial (formativo)
|
Astral
|
Astral
|
7
|
Físico
|
Físico
|
Físico
|
Um
lembrete interessante é que não necessitamos, por quaisquer
operações especiais, criar os corpos usados em cada plano, uma vez
que já os possuímos todos.
Mais
do que as divisões de Planos encontradas nos sistemas mágicos tais
como o da Cabalá, que vê estes Planos como esferas concêntricas, o
sistema Enochiano divide-as em treze sub-planos ou zonas, denominadas
Aethyrs.
O
Sistema Enochiano define que em cada um dos planos existe a presença
de uma chamada Torre de Vigia. As quatro Torres de Vigia
correspondentes aos quatro elementos físicos (terra, água, ar e
água) circundam nosso plano, cada uma em um diferente Plano Cósmico.
Por sobre estas Torres há uma área chamada de Tableta da União,
que ocupa o Plano Espiritual acima do Abismo.
De
forma a permitir o estudo das Torres e sua hierarquia, Dee e Kelly
criaram um tábulas quadrangulares, representativas de cada uma das
Torres e da União. Estas tábulas representam o fio condutor do
sistema de magia Enochiana, sendo uma representação do Cosmo, tal
como a Árvore da Vida. Todos os nomes de todos os Anjos e suas
hierarquias podem ser encontradas nestas tábulas. Os Aethyrs podem
ser vistos como quadrados concêntricos circundando as Torres, sendo
que cada quadrante possui uma complexa representação interna dos
entrelaçamentos dos elementos físicos.
Um
estudo completo destas estruturas vai muito além do propósito deste
resumo, entretanto deixaremos aqui uma pequena idéia deste todo.
As
Tábulas
Deve-se
saber que assim como cada uma das tabletas representa um dos
elementos físicos, estas quatro podem ser unidas em uma Grande
Tábula, através de uma cruz unificadora. Esta cruz, quando
rearranjada na forma de um quadrado forma a Tableta de União,
representando o Espírito. Devido a esta estrutura interna, forma-se
uma hierarquia de entidades relativas a cada elemento. Os graus
hierárquicos são: Nomes (ou Nomes Sagrados), Reis (ou Grandes Reis)
e Senhores.
Os
Nomes Sagrados são obtidos na coluna central, chamada "Linea
Spiritus Sancti". Os nomes dos Grandes Reis são obtidos a
partir do centro de cada tableta e formando-se uma espiral. E os
nomes dos Senhores são obtidos na linha central e nas duas colunas
centrais de cada quadrante, lendo-se de dentro para fora. Por uma
questão de precaução estes nomes serão omitidos deste estudo. Há
de se saber, entretanto, que não basta o conhecimento dos nomes
destas entidades angélicas. Para um efetivo uso da Magia Enochiana é
fundamental o conhecimento das características de cada uma destas
entidades, obtidas através da Gematria Enochiana e do conhecimento
do significado de cada um dos nomes. Tal conhecimento proporciona não
apenas a ciênca de qual das entidades deve ser contatada mas quais
as imagens mentais deverm ser utilizadas durante a operação mágica.
Através
de estudos mais aprofundados das Tábulas, outras hierarquias podem
ser encontradas. A estas hierarquias, por uma questão de
conveniência foram dados os nomes de: Kerúbicos (Querubins),
Arcanjos e Anjos Menores. Foram também encontradas evidências de
criaturas às quais denominaram-se Demônios Enochianos.
Rituais
de Invocação
Cada
grupo de entidades angélicas possui uma forma ritual própria para
invocação/banimento, baseadas nos hexagramas elementais. Por
exemplo, um ritual de invocação Enochiano para as Entidades
Superiores segue a seguinte base:
Preparação
Determinação
do Rei ou Senhor a ser invocado (tradicionalmente não se invocam
Nomes), dependendo do propósito do ritual de Invocação.
Determinação,
na Tábula correspondente do elemento e signo planetário relativos à
entidade (no caso de Reis, todos os seis signos planetários são
utilizados).
Memorização
da pronúncia de todos os nomes envolvidos (Nome, Rei e, dependendo,
Senhor).
Verificação
do(s) hexagrama(s) a serem utilizados.
Posicionamento
face à Torre de Vigia adequada (ar = leste, água = oeste, terra =
norte, fogo = sul).
Invocação
Traçagem
no ar dos hexagramas apropriados com a Varinha, começando no vértice
correspondente ao planeta daquele Senhor ou no topo se for um Rei
fazendo o movimento em sentido horário.
Como
os hexagramas completos, repetir o Nome e o nome do Rei envolvidos e,
conforme o caso, do Senhor. Conçentração nas características
daquela entidade
Banimento
Trace
os mesmo hexagramas do ritual de invocação, mas agora em sentido
anti-horário. Há também formas rituais para invocação de
Querubins, Arcanjos e Anjos Menores, que não apresentaremos para não
extender por demais este trabalho.
Rituais
Astrais – Visão Espiritual
Muitas
vezes um magista fica frustrado por não perceber manifestações
mais diretas da entidade sendo invocada. Isto deve-se ao fator
limitante do Paradigma. Entretanto há uma forma de se eliminar este
fator. Para isto deve-se reduzir o âmbito de realidade ao próprio
magista. Ou seja, ao invés de se invocar uma entridade não-terrena
para nosso plano o magista vai até o plano da entidade. A isto Dee e
Kelly chamaram "Visão Espiritual"; ou como dir-se-ia hoje,
viagem astral.
Três
formas de trabalho podem ser utilizadas, a saber:
Visualização:
método mais recomendado a iniciantes, lembra a clarividência.
Basicamente utiliza simbolismos e meditação para ativar a visão
interior, de forma a se obter as visões correspondentes às Tábulas
e quadrantes.
Viagem
astral: utiliza as técnicas de projeção astral para lançar o
magista aos Aethyrs.
Ascenção:
forma mais avançada da técnica anterior, é fortemente recomendada
apenas para magistas de grande experiência. Similar à projeção
astral mas com uma vivência mais profunda.
Para
facilitar o trabalho mágico, Dee e Kelly prepararam também uma
série de Chamadas (ou Chaves), a serem utilizadas. São em número
de 49, sendo que a primeira (numerada como 0) não possui palavras e
é usada com o intento de se limpar a mente para o ritual. A mesma
chave é utilizada para todos os Aethyrs, sendo apenas acrescentado o
nome do Aethyr que se deseja alcançar. Na Chamada este nome costuma
ser deixado em branco para que o magista preenchao-o com o nome
adequado às suas necessidades.
Conclusão
O
sistema de Magia Enochiana é uma forma poderosa de experiência
mágica. Seu estudo é compensador a todos aqueles que desejam
ampliar seus conhecimentos neste campo. Muitas outras correlações
podem ser encontradas nos estudos das Tábulas, como aquelas entre
Aethyrs e a Árvore da Vida ou as correspondências entre as
entidades angélicas e o panteão egípcio.