A História da Golden Dawn
A História da Golden Dawn
A
Golden Dawn (ou Aurora Dourada), foi a segunda sociedade ocultista
mais importante do século passado (a primeira foi a Sociedade
Teosófica de H.P. Blavatsky). Foi criada em 1880 por quatro membros
da S.R.I.A. (Societas Rosecruciana in Anglia) chamados:
A.F.A.
Woodford, membro do Clero Anglicano e Maçon;
William
Wynn Westcott, médico legista;
W.R.
Woodman, médico;
Samuel
Liddell Mac Gregor Mathers, estudioso de ocultismo.
A
principal proposta da Ordem Hermética da Aurora Dourada, era colocar
em prática os Rituais e Ensinamentos da Magia, fortemente
influenciados pelos textos de John Dee, Eliphas Levi e Francis
Barret, entre outros.
Sua
reivindicação era a de ser a verdadeira herdeira dos primórdios do
rosacrucianismo e dos princípios de Cristian Rosenkreutz (misterioso
pai do rosacrucianismo), baseando-se num misterioso conjunto de
manuscritos cifrados, oriundos de Westcott. De posse desses
documentos cifrados, encontraram em meio a estes, uma carta com o
endereço da Fraülein Ana Sprengel (Sapiens Dominabitur Astris = O
Sábio Será Governado pelas Estrelas) originária de Nuremberg. Mais
tarde descobriu-se que esses documentos foram na verdade, criados por
eles.
Esses
manuscritos estavam em inglês arcaico, transcritos num código
"secreto" inventado no séc. XVI pelo Abade Trithemius.
Nesses manuscritos encontram-se os rituais e a estrutura hierárquica
básica da organização.
Através
de um grande volume de cartas remetidas pelos dois lados, o quarteto
de magos foi instruído de forma a preencher os rituais esboçados
nos manuscritos cifrados. Em 1887 Ana Sprengel deu ao grupo, que até
então estava subordinado à ela, autoridade suficiente para poderem
abrir a primeira Loja (ou Templo) da Aurora Dourada, o Templo de
Ísis-Urânia. Logo após a fundação do Templo foi anunciada a
morte de Ana Sprengel.
A
Aurora Dourada era fundamenta em Graus de aprimoramento, onde o
estudante evoluía de acordo com suas aptidões. O recrutamento de
novos membros era feito na maioria das vezes por cooptação, através
de um padrinho, que iria cuidar de sua evolução dentro da
organização e de sua diligência nos estudos.
A
divisão dos Graus era baseada na Árvore da Vida, proveniente da
Qabalah. São onze Graus divididos em três classes cada. A partir do
Sexto Grau, ao que nos parece, reúne não seres humanos, mas
entidades ou seres superiores.
A
Grade de Estudos era bastante exigente em relação ao estudante,
que, para passar de um Grau a outro necessitava provar seu domínio
do Grau ao qual estava preste a abandonar. Partindo de rituais do
Pentagrama, Armas Mágicas, Talismãs, conversas com Anjos e Artes
Divinatórias, pretendiam dar ao estudante o domínio do mundo em que
este vivia.
A
partir de 1892, Mathers começou a chefiar a Aurora Dourada
praticamente sozinho, alegando que era iluminado por Mestres
Secretos, os quais lhe davam plenos poderes para tanto. Criou-se
então a Ordem Interna (Rubrae Rosae et Aurae Crucis = R.R.A.C.).
Os
rituais da Ordem eram bem construídos pelo profundo conhecimento que
Mathers tinha do ocultismo e eram plenos de poesia e filosofia. Seus
efeitos sobre o espírito humano eram inegáveis assim como seus
resultados.
Em
1898, Aleister Crowley ingressa na Aurora Dourada, tornando-se
discípulo de Alan Bennett. Por seu talento com as artes esotéricas
e pela sua perspicácia, adquiriu o respeito de Mathers. Por esse
mesmo motivo além de sua independência nos estudos, surgiram
atritos com outros membros da ordem. Em 1899, os membros de Londres
recusaram-se a dar a Crowley o ingresso na Ordem Interna. Essa
atitude contribuiu para a desagragação da Ordem conforme veremos a
seguir.
Mathers
havia se mudado para Paris com sua esposa Moina, para fundar um ramo
continental da organização e lá conferiu a Crowley o grau de
Adeptus Minor. Isso causou furor nos membros de Londres que votaram a
expulsão de Mathers da Chefia da Organização.
A
partir de 1900, a história da Aurora Dourada parecia estar chegando
ao fim. Mathers troca insultos com vários membros da Ordem. Expulsou
Florence Farr de seu posto de segunda no comando da organização.
Mathers então manda Aleister Crowley a Londres para reprimir os
rebeldes.
Após
vários episódios bastante dramáticos e alguns até tragicômicos,
Mathers foi afastado da Ordem. Depois do ano de 1900, a Ordem
Hermética da Aurora Dourada deixou de existir na sua forma original,
sendo dividida em diversos seguimentos, a saber: A Ordem de São
Rafael, A Stella Matutina, Alpha-Omega, A Luz Interior, Builders of
the Adytum.
A
organização tentou reerguer-se através das mãos de outros grandes
nomes do ocultismo, como Yeats, e A.E. Waite, mas seus esforços não
conseguiram manter nem uma pálida lembrança dos dias de glória
daquela que seria conhecida mais tarde como a maior Sociedade
Rosacruz de todos os tempos.
A
Ordem separou-se em várias facções que lutavam entre si pelo posto
de verdadeira herdeira da Ordem Hermética da Aurora Dourada.
Hoje
ainda existem várias Lojas e Templos espalhados pelo mundo que se
dizem descendentes daqueles quatro magos. A verdade de sua herança,
apenas o tempo será capaz de dizer.
A
Aurora Dourada foi o centro onde reuniram-se grandes cabeças da
época, sendo que, da totalidade, podemos citar com segurança:
Maud
Gonna, musa inspiradora de William Butler Yeats;
William
Butler Yeats, poeta, nobel de literatura de 1924;
Jean-Marc
Bride, pai de Maud Gonna, político;
Florence
Farr, atriz, conselheira de Bernard Shaw;
William
Peck, astrônomo;
Gérard
Kelly, presidente da Real Academia;
Arthur
Machen, escritor;
Bram
Stocker, escritor, autor de Drácula;
Violet
Wirth, ou seja, Dion Fortune, escritora;
Sam
Rohmer, escritor;
Edita
Montés, condessa de Landsfeld, filha bastarda de Luís I da Baviera,
e de Lola Montés;
Bulwer
Lytton, escritor de Zanoni;
Aleister
Crowley, mago, fundador da Astrum Argentum, mais tarde O.H.O. da
O.T.O
"Como
um prelúdio ao que sucederá mais adiante, haverá agora uma reforma
geral, tanto de coisas divinas como humanas, conforme desejamos, e
outros esperam. Pois, é natural que, antes do nascer do Sol, surja a
AURORA, ou alguma claridade, ou divina luz, no Céu; e, entretanto,
alguns, que darão seus nomes, se reunirão para aumentar o número e
o respeito de nossa FRATERNIDADE, dando feliz e tão desejado começo
aos nossos Cânones Filosóficos, para nós prescritos pelo nosso
irmão R.C., participando então dos nossos tesouros (que nunca se
esgotam ou corrompem), com toda humildade, e amor que os alivie do
labor e das misérias deste mundo, de modo que não caminhem tão
cegamente no conhecimento das maravilhosas obras de Deus.