RELATO PARALISIA DO SONO (A Velha Malvada)

Não sei se as pessoas que escreveram esses comentários tiveram mesmo alguma experiência com paralisia do sono ou se inventaram para fazer assunto. Algumas pessoas as vezes inventam coisas para contar um caso.

Mas posso falar por mim mesma e dizer que eu sofro dessas paralisias desde criança, é uma coisa assustadora, muito ruim mesmo. Quem já teve não gosta nem de falar a respeito, às vezes por vergonha, mas também por medo de que falar sobre isso pode fazer acontecer de novo. Sei que é bobagem, mas eu mesma sinto um pouco de afliçaum (sic) apenas de mencionar o assunto.

Achei esse blog por acaso quando pesquisava a respeito de Paralisia do Sono e fiquei impressionada pela quantidade de pessoas nos comentários dizendo que também sofre com isso. Por um lado é bom saber que não estou sozinha, por outro é ruim descobrir que outros são atormentados por algo que nos deixa impotentes

Quando era menina eu não conseguia dormir sozinha. Precisava ter alguém ao meu lado, meu pai ou minha mãe. Para dormir eu tinha que ter um deles do meu lado, de vez em quando eles até precisavam resar (sic) comigo. Nossa família não é muito religiosa, mas resar (sic) às vezes me tranquilizava e deixava eu pegar no sono.  

Quando acordava de madrugada tinha tanto medo que chamava por eles baixinho, torcendo para que só eles ouvissem minha voz. Na maioria das vezes eles vinham e ficavam do meu lado até eu dormir de novo. Tive sorte porque meus pais ficavam comigo sabendo que o que eu sentia era medo de verdade e não birra de criança.

Com uns doze anos mais ou menos, fui passar as férias do colégio com meus tios na casa de férias deles que ficava em S(...). Era muito bom porque eu tinha a  chance de brincar com meus primos e primas e sendo criança era ótimo aproveitar a companhia deles para fazer bagunça. Uma noite, meus tios foram a uma festa e nós, ficamos em casa prometendo que íamos ver um filme, brincar e depois ir dormir. Estávamos no interior e naquela época (era 1988) as coisas eram mais tranquilas e seguras.

Por volta da 01:00 da manhã já estávamos cansados e fomos dormir. Eram seis crianças com idades entre 10 e 14 anos, as quatro meninas ficaram em um quarto e os dois meninos no outro. Tudo estava tranquilo e silencioso e depois de um dia agitado eu lembro de estar bem cansada por isso dormi rápido.

Mas naquela noite, meu sono seria tudo menos tranquilo.

Eu lembro que o pesadelo começou quando eu ouvi os latidos do cachorro da casa. Abri os olhos assustada achando que alguém estava tentando entrar pela porta dos fundos mais (sic) no momento em que tentei falar, as palavras não saíram da minha boca. O meu rosto estava paralisado, eu não podia abrir a boca pra falar, a língua parecia pesada e dormente. Sabe quando você recebe uma anestesia no dentista? Era a mesma coisa!

Meu corpo ficou todo pesado, parecia que eu tinha sido amarrada. Nisso, percebi que minha prima mais nova também estava de olhos abertos, pálida com uma expressão de agonia no rosto como se ela também estivesse lutando para se mover. Eu ouvia ela gemendo baixo e rangendo os dentes. O rosto dela estava virado pro teto e ela estava chorando.

Pensei no que poderia ter assustado ela daquela maneira e acompanhei os seus olhos para o teto do quarto e vi uma coisa horrível lá em cima. Eu tentei gritar, tentei chamar ajuda ou correr, mas não conseguia me mexer. O que estava no teto do quarto parecia uma pessoa mas era algo que eu não conseguia descrever. Ela flutuava no ar, como se não tivesse peso e permanecia ali, imóvel sem se segurar em nada. A coisa era do tamanho de uma pessoa e eu podia ver ela mesmo no escuro. Parecia coberta com um véu preto, como uma cortina feita de seda. Os braços eram compridos e os dedos terminavam em unhas pontudas. Ela estendia os braços na direção da minha prima e passava aquelas unhas a poucos centímetros do seu rosto como se estivesse tentando arranhá-la. 

Mas o pior naquela forma assustadora era quando o véu destampava seu rosto e permitia que eu visse o que estava ali em baixo. Eu juro que mesmo agora, eu sinto um desconforto ao falar a respeito, um temor que quase me fez apagar esse texto duas vezes,. Aquela coisa era tão assustadora que pensar nela ainda me dá arrepios. Primeiro achei que era um homem, mas depois vi que era uma mulher velha. Ela sequer parecia uma pessoa, ao menos, não alguém vivo. Os olhos eram brancos, como os de um cego. Os cabelos compridos brancos e oleosos voavam no ar. Mas o pior era a boca, que abria e fechava sem parar e cada vez que ela o fazia estalava os lábios. Dentes feios e acavalados mordiam os beiços grossos e ela parecia chupar o ar. Cada vez que o fazia aquilo, sorria deixando à mostra os dentes amarelados em uma expressão maldosa.

Eu fechei os olhos, torcendo para que aquilo sumisse. Estava apavorada demais para continuar olhando, mas quando ouvi um som mais próximo não resisti. Abri os olhos e ela estava ali me encarando. Fluituava (sic) a poucos centímetros do meu rosto, tão perto que eu podia sentir um fedor de leite azedo em seu hálito. E quando ela estalou os lábios, senti saliva quente pingando no meu rosto. ela estava babando em cima de mim.  E aí tudo ficou escuro...

O que eu lembro em seguida é do meu tio me sacudindo e minha tia com olhar preocupado tentando acalmar as outras crianças repetindo "está tudo bem, está tudo bem" sem parar. Eu despertei sem fôlego, lutando para respirar.

Contei o que havia acontecido e eles ficaram procupados (sic), meus pais vieram no dia seguinte e foram muito pacientes. Não duvidaram da minha estória. Minha prima disse que não havia visto nada de estranho e apesar de jurar que não viu aquela coisa flutuando no teto, nunca mais quis dormir no mesmo quarto que eu. Engraçado como são as coisas, ela era minha prima mais próxima, mas depois daquilo nunca mais fomos amigas. Não a vejo há anos, imagino que ela tenha ficado tão assustada com o que aconteceu que nunca me perdoou pelo susto. Ou quem sabe ela viu aquela coisa e não quis adimitir (sic). 

O que aconteceu naquela noite eu nunca esqueci. Uma das meninas acordou achando que eu estava me engasgando, ela teve presença de espírito de chamar meus tios e eles vieram rápido para me socorrer.

Aquilo serviu para que eu lembrasse. Eu me dei conta que aquela não era a primeira vez que sonhava com aquela presença e que ficava paralisada meio acordada, meio dormindo. Meus pais contaram que eu havia sonhado com algo semelhante quando devia ter entre 5-6 anos. Na ocasião fiquei sem ar, desmaiei e fiquei tão pálida, que chegaram a pensar que eu estava tendo um ataque chamaram até um médico.

Após esse incidente, minha mãe disse que eu chorava de medo da coisa que eu chamava de velha malvada. Foi nessa época que comecei a ter um medo profundo de dormir sem alguém por perto que pudesse me acordar caso tivesse um pesadelo com a velha. Lá pelos 9 anos a coisa foi sumindo e eles acharam que eu tinha superado o medo, ao menos até aquele dia na casa dos meus tios.

Depois daquilo, a velha malvada apareceu mais algumas vezes, principalmente quando eu era adolescente. Em pelo menos duas ocasiões o medo me paralisou, mas acabei acordando por conta própria. Nas vezes em que ela me visitou, o sonho foi sempre o mesmo: ela surge andando no teto, escalando as paredes ou suspensa no ar imóvel sobre a cama. Ela tem um cheiro ruim, de coisa velha e estragada - que me faz sentir muito mal quando sinto um cheiro parecido. Também tenho um pouco de medo de pessoas velhas, não é um medo que me impede de chegar perto delas, mas sempre fico com receio de chegar perto de velhinhas (parece bobagem kkk (sic). 

Às vezes a velha murmurava alguma coisa mas eu jamais consegui entender o que ela dizia. Na maioria das vezes, ela apenas fica olhando, como se estivesse adorando me deixar apavorada. Uma das coisas que mais me dá medo, é justamente um dia conseguir entender o que ela fala. É como se fosse algum tipo de segredo, quem sabe, o dia em que eu vou morrer ou alguma coisa parecida.

Faz um bom tempo que a velha malvada me visitou pela última vez. Meu marido sabe da história e sempre brinca a respeito, ele nunca teve paralisia e não sabe como é. Como disse, é bom poder escrever a respeito e saber que não sou a única pessoa que sofre com essas coisas. É algo muito ruim que eu não desejo a minha pior inimiga.

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