MAGIA E OCULTISMO PARA INICIANTES (Parte II)
Magia não surgiu ontem,
ou mesmo durante as perseguições medievais. Magia é algo praticamente inerente
ao homem, alguns diriam que é a verdadeira (e a primeira) religião, que
colocava nossos antepassados em contato com o (Macro)cosmos muito antes de
padres, pastores e sacerdotes usurparem para si as chaves do encontro com Deus.
Mas, assim como a história da civilização precisa de um ponto de partida para
ser ensinada – e geralmente se começa com a história da Mesopotâmia -,
compreender um pouco da história e da filosofia da Magia exige um pouco de
generalizações e de cortes arbitrários. Obviamente que definições diferentes –
e até contraditórias – do que escreverei abaixo, poderão ser encontradas por
vocês em outros livros e artigos, portanto, para esse texto vale o mesmo que Eu
disse: isso é só um primeiro tapa na bunda de
incentivo a busca por mais conhecimento.
O mais importante, acima
de tudo, é o equilíbrio. Desconfie e questione tudo, seja curioso e não tenha
medo de fazer mash-ups com seu aprendizado. Magia é Arte e
arte não possui limites. Arte consiste em apenas utilizar os meios que estão ao
redor para expressar algo ainda não-expresso. E isso geralmente envolve tornar
os que tiveram contato com a Arte pessoas mentalmente mais desenvolvidas. Essas
são as chaves para o sucesso. É importante entender que cada sistema mágico tem
suas falhas, e onde ele falha, outro igualmente desenvolvido pode ser forte.
Não tem mistério, a saída é estudar. Muito. Sem parar.
Conseguir pegar um
conceito da Kabbalah, associa-lo com Kardecismo e logo depois achar referências
na Mitologia Grega e na Umbanda é geralmente um trabalho mágico de grande
sucesso. Na maioria dos casos um professor ou um mestre dificilmente lhe
ensinará esses conceitos. Na verdade, a função de pessoas nessa posição é lhe
dar ferramentas para que você mesmo desenvolva seu próprio sistema mágico,
recheado de conceitos pessoais.
A primeira grande
subdivisão da Magia é aquela que coloca todos os sistemas mágicos dentro da
definição de Dogmática e Pragmática.
As diferenças entre os dois conceitos são simples. A Magia Dogmática, para
funcionar, utiliza de símbolos, ideias, conceitos, rituais e outros métodos já
criados por outras pessoas. É apoiada na tradição, na história e na
segurança que os sistemas dogmáticos possuem. Já a Magia Pragmática envolve
criatividade, e a construção de símbolos pelo próprio magista.
Não é incorreto dizer
que os sistemas que utilizam o pragmatismo são mais “modernos” e recentes –
dentro de um amplo contexto histórico, obviamente – enquanto os sistemas
antigos se utilizam do dogmatismo para produzir resultados. Pense que a
diferença entre os dois métodos é o mesmo de andar em uma avenida larga,
movimentada – não farei correlações com pedágios, ou similares; eles ficam por
conta de vocês – e com praticamente todos os que estão nelas indo para o mesmo
lugar. Não é difícil entender como utilizar métodos assim é bem mais seguro, já
que a própria Tradição dos rituais e práticas é uma forte influência na
segurança deles.
Já o Pragmatismo envolve
andar em um bosque ao entardecer, com trilhas e sinais em árvores para não
ficar perdido, e onde é necessário ficar atento a qualquer sinal da presença
inimiga, aos sons de animais predadores – ou possíveis aliados – e da própria
flauta de Pan, geradora do pânico que assola todos os viajantes. Mesmo em uma
ordem ou grupo, o mago pragmático seguirá praticamente sozinho, em sua própria
direção e com auto-objetivos bem definidos quanto ao que deseja e busca com a
Magia.
Entre os sistemas
dogmáticos mais conhecidos se destacam a Magia de Abramelin, a über-complexa e
perigosa Magia Enoquiana, o Hermetismo de Franz Bardon, o clássico Livro de São
Cipriano – best sellers entre adolescentes e mulheres que querem fazer
amarração – entre outros. Já os sistemas pragmáticos mais importantes são a
Magia do Caos, a Thelema de Crowley e o Satanismo original de LaVey. Para um
iniciante é exigido desde já saber com o que está se metendo. Ter um mestre
pilantra e mal intencionado pode resultar em uma ligação completamente
indesejável entre os dois por anos e que demandará tempo para ser desfeita. Vi
amigos – e por pouco não vi meu irmão – entrarem nessa de quererem virar os
super-poderosos em 15 minutos e se associavam com qualquer um que dissesse
evocar um demônio qualquer e o resultado foi perda de energia, burrices e um
cara assombrando eles em tudo que é canto. A mensagem aqui é: não se associe
com ninguém em trabalhos magísticos antes de ter conhecimento ao menos
intermediário. E, acima de tudo: confie na pessoa – e boa sorte.
Conhecimento é a chave
para identificar possíveis merdas que virão pelo caminho – Eu mesmo vi muita
gente ser enganada recentemente em um Templo de Umbanda em que o pai-de-santo
era um picareta completo, do tipo que fingia estar incorporado, apesar de
diversas entidades respeitáveis trabalharem no local. A “vantagem” é que a
maioria das armadilhas virão logo nesse primeiro estágio, onde tudo tende a ser
mais nebuloso. Uma complexa e equilibrada combinação de ousadia e cautela é
extremamente necessária para dar os primeiros passos em magia efetivamente
prática e visitas ao Plano Astral. Não existe método para consegui-la, assim
como não é possível ensinar como possuir algum grau de intuição, mas explicarei
alguns exercícios que podem ajudar. Por motivos como esse que grande parte da
Magia não é passível de explicação pela Ciência, já que seus efeitos são
pessoais e não perceptíveis por instrumentação ou mesmo por observadores
externos. Cada Magista deve possuir sua própria ciência para verificar
resultados e manter uma postura ambígua quanto a eficácia de seus próprios
rituais.
1 – Modelos de Magia
Dentro dessas divisões
de naturezas mágicas, existem basicamente quatro modelos de Magia quanto ao seu
funcionamento. O primeiro deles é o Espiritual. E quando
digo primeiro, isso provém do fato dele ser o mais antigo, derivado das
técnicas xamânicas de êxtase e visitas a outros planos e dimensões. Tal modelo
exprime o fato dos espíritos – como entidades autônomas e conscientes do Astral
– realizarem os atos mágicos e as mudanças na realidade tão buscadas por
magistas. A chave para o sucesso mágico consiste em possuir e desenvolver
técnicas de comunicação com esses seres. Deve-se agrada-los, ouvi-los ou
arriscar aprisiona-los e torna-los escravos – sabe as histórias dos gênios
árabes? Pesquise sobre os Djinns e descubra os fundamentos realistas de tais
relatos.
A existência de deuses,
demônios, entidades, espíritos e outras formas espirituais estão dentro desse
modelo, provavelmente sendo o sistema espiritual mais importante o Enoquiano,
desenvolvido (ou recebido através da comunicação com anjos) por John Dee. Os principais
sacerdotes do modelo espiritual são o xamã e o médium. Eu nunca vi isso
definido em nenhum lugar (embora tenha lá minhas certezas de que esteja), mas
considero o xamã e o médium diferentes agentes da Magia Espiritual. Enquanto a
função primordial de um xamã é ser um viajante de planos existenciais,
adquirindo conhecimento de espíritos, elementais e outras entidades
espirituais; o médium é uma espécie de porta de entrada para espíritos no Plano
Físico, é um veículo de manifestação espiritual. O xamã é ativo, o médium é
passivo – yang e yin.
O segundo modelo é o Energético,
provavelmente surgido na mesma época do modelo espiritual. Funciona segundo o
princípio de que as energias emanadas por seres vivos constituem a base das
ações mágicas. Todos somos antenas, que recebem e emanam energias, geralmente
associadas com nossas emoções. O modelo é largamente utilizada na China e
Índia, através de técnicas como o Reiki, Yoga e outros métodos para canalizar e
utilizar energias classificadas como sutis (já que não podem ser detectadas por
nenhum instrumento humano) para fins “benéficos”. Ou mesmo “maléficos”, o
importante é causar transformações na realidade.
No Ocidente, o modelo
energético ficou particularmente famoso graças a Anton Mesmer, mais ou menos no
fim do século XVIII, que popularizou a teoria de que os animais também emitem
ondas magnéticas e que elas causam mudanças nos corpos de outros animais.
Graças a descoberta, Mesmer criou tratamentos que utilizavam esse modelo, além
de ter desenvolvido técnicas de hipnotismo.
Como não é difícil
adivinhar, Mesmer não foi lá muito bem recebido pela comunidade médica e a
Sociedade Real de Medicina sequer aceitou nomear uma comissão para examinar os
métodos deles. Quando o fez, em quatro meses eles emitiram um relatório
tendencioso que disse que todas as curas realizadas por ele não passavam de
placebo e auto-sugestão. Um segundo relatório foi escrito direto para a polícia
e afirmou que o ambiente dos consultórios de Mesmer eram perigosos – qualquer
semelhança com a trajetória de Wilhelm Reich e sua energia orgônica não é mera
coincidência.
Postumamente, o trabalho
de Mesmer foi aceito pela Sociedade Real de Medicina, mas um relatório
favorável ao trabalho dele e fruto de cinco anos de pesquisa, terminou por ser
arquivado e jamais publicados, por motivos nunca esclarecidos. Vril, Prana, Od,
Mana, Ki são apenas outros nomes para a mesma energia. Todo o fluxo e teias de
acontecimentos estão submetidos a ciclos e a uma espécie de dança de forças
energéticas, o que em sua forma pura dispensa a necessidade de explicação de
outros planos existenciais.
Já o Modelo
Psicológico é
mais moderno e deriva do trabalho de Sigmund Freud e Carl Jung, o último em
maior grau. O Inconsciente e sua ação na esfera psicológica são os agentes
mágicos desse modelo, e como tal desprendem energias também, denominadas
Emanações Psíquicas. Qualquer que já leu os trabalhos desses dois autores não
demoraram pra sacar porque a Psicanálise não é reconhecida como uma “ciência
pura”. A linguagem de Freud e Jung não é científica, e está mais para a
poética, na descrição de fenômenos antes completamente desconhecidos.
O fato é que o
funcionamento do Inconsciente (Subconsciente, na linguagem de Freud) é um
mistério. Aparentemente ele pode ser descrito como uma espécie de entidade – ou
complexo psíquico, seja lá o que isso seja – com vontade própria. Nossa vontade
ordinal pode ser descrita como mera marionete do Inconsciente. Porém, por mais
que a Psicologia, principalmente a Cognitiva, tenha se desenvolvido, o modelo
psicanalítico do Inconsciente não pode ser completamente combatido,
principalmente a noção de Inconsciente Coletivo criada por Jung e extensamente
provada no trabalho de Mitologia Comparada de Joseph Campbell, por exemplo. Por
esse motivo Eu digo que a Psicologia – mesmo as camadas mais “científicas”,
como a Análise Transacional – é a Magia Ocidental pura e simples. Trata de
símbolos e utiliza métodos não completamente explicáveis em termos de linguagem
epistemológica. Mas os efeitos estão lá, bastante claros. Estudem os trabalhos
de Jung relacionados a Alquimia e entendam melhor a relação.
Os que trabalham com o
Modelo Psicológico – meu preferido, antes que perguntem – devem aprender como
criar uma ponte entre a vontade consciente e a Inconsciente, muito mais
poderosa e capaz de afetar a realidade. A ponte para isso seria a criação de um
Complexo induzido “artificialmente”, que jogaria no Inconsciente a vontade do
Mago para que ela possa ser materializada. É justamente o processo inverso ao
da cura dos complexos psíquicos freudianos. É como querer acabar com a energia
de um prédio inteiro ao causar um curto circuito no quarto onde está.
Como deu para perceber,
não existe muita explicação mais aprofundada sobre como funciona o Modelo
Psicológico – até existe, mas explico mais para frente. Essa aura de mistério
faz parte do próprio modelo e é uma projeção da linguagem escrita nos próprios
livros de psicologia, sempre rebuscados e poéticos.
Lidar com esse modelo é
lidar com símbolos, construtos que ativam no Inconsciente certos complexos de
ação que são ativados através da tal de Energia Psíquica. A chave para isso é a
criação de sigilos e mantras (mais sobre isso na próxima semana) que causam
mudanças significativas no ambiente – ou as chamadas Sincronicidades descritas
poeticamente por Jung.
Após a difusão da
Psicanálise, o Modelo Psicológico se tornou bastante difundido. Magos
importantes como Aleister Crowley e Austin Osman Spare foram alguns dos
principais desenvolvedores das técnicas do modelo. Israel Regardie e Peter
Carroll são outros dois nomes importantes do panteão psicológico.
E por fim temos o Modelo
Informático. Aqui tudo se traduz como pacotes de informação que
controlam a realidade, nas chamadas Leis da Natureza. Essas definições bebem principalmente
na fonte da Física Quântica, que determinou (mais ou menos, porque nos modelos
Quânticos a última palavra que podemos usar é determinado) que a
Informação está acima das leis da Física. Ou seja: nada de velocidade da luz,
Espaço-Tempo e outras prisões.
Um dos modelos básicos
de ação da Informação – o mesmo se aplica ao Modelo Psicológico – do Modelo são
os Campos Morfogenéticos descritos pelo biólogo Rupert Sheldrake, que afirma
que campos de informação conectam os seres vivos da mesma espécie e “dá vida”
às ideias mais variadas. É basicamente uma forma mais científica de dizer sobre
a ação programável e semi-autônoma das Egrégoras (ou Memes, se você é fã de
Richard Dawkins). A Magia da Informação, ou Cybermagick, consiste em lançar nos
campos morfogenéticos os próprios pacotes de informação do Mago. Em última
instância, não é muito diferente de lançar um vírus na Internet. Como esse
modelo é ainda muito novo, muitas das suas possibilidades ainda estão em
processo de debate e desenvolvimento. Mas não seria absurdo dizer que o futuro
é promissor para cybermagos.
Obviamente que a busca
por um Meta-Modelo, que reúna as melhores partes de cada um é o ideal. Não é
preciso acreditar fundamentalmente somente em um, já que o repertório de um
magista crescerá e possibilitará muito mais coisas com o conhecimento de outros
modelos. Geralmente curas são melhor realizadas com o uso de Energias, Feitiços
mais simples carregam melhor com Sigilos, que utilizam o gatilho psíquico para
funcionar. Se o Mago for bom em improvisar, a cybermagick tem mais serventia, e
assim sucessivamente.
2 – Magia por cores
Outras possíveis
definições arbitrárias com relação a Magia é a divisão em Magia Negra e Magia
Branca. Magia Negra seria aquela que interfere diretamente no
livre arbítrio das pessoas. É colocar sua vontade no desejo de que uma pessoa
realize um ato. Já a Magia Branca seria aquela que envolve atos moralmente
louváveis, como ajudar alguém. Tal definição é tacanha e limitada por si só, já
que é possível interferir na vontade das pessoas e ainda assim praticar o
“bem”. Uma delas é a cura de alguém a pessoa não tem contato. Segundo os
teóricos mais moralistas, esse tipo de ato se encaixa numa tal de Magia Cinza,
que me recuso a definir. O importante é entender que cada um possui seu próprio
código moral, que quase nunca é compartilhado, e não seguir a cabeça dos
outros. A Magia Negra, Branca ou de qualquer espécie com relação a moral, são
definições, simples codificações para facilitar – às vezes dificultar – o
entendimento das técnicas por trás do funcionamento delas.
Uma divisão mais correta
da Magia em cores foi feita por Peter Carroll apoiando-se na Kabbalah e na
teoria dos Oito Círculos de Consciência de Timothy Leary – que deriva da
própria Kabbalah e nos trabalhos dos monges tibetanos. A definição mais correta
feita por Carroll foi a relação de Magia Negra com a própria Morte. Um ritual
básico de Magia Negra envolve a criação de uma forma psíquica (Espiritual,
energética ou Informacional) para a destruição de um inimigo ou uma situação.
Morte, no Tarot, envolve uma ceifa ou um processo definitivo. Porém, um Magista
com conhecimentos sobre a Morte pode fazer uma espécie de engenharia reversa e
invocar a personificação de seus conhecimentos sobre a Morte para evita-la na
vida dele o máximo possível.
Evidentemente que um
ritual para destruir um inimigo de forma quase silenciosa é um dos usos da
Magia Negra, ou Magia Entrópica, numa linguagem menos medieval. Carroll vai
mais longe e associa diferentes cores com diferentes estados mentais humanos,
seja o da prosperidade, o do Ego, da Guerra, sexo, e assim vai. Entraremos em
detalhes na quarta parte da série.
É possível conhecer
também a parca divisão que coloca de um lado o que se chama de Alta e do outro
de Baixa Magia. A Alta Magia lida com o objetivo mais antigo da religião: a
ligação do Homem (microcosmo) com o Universo-Deus (Macrocosmo). A chave aqui
é crescimento espiritual. Já a Baixa Magia lida com atos de feitiçaria, ou
coisas terrenas e materiais. É conseguir uma promoção, aumentar o tempo e
concentração dos estudos, se livrar daquele inimigo mala, conseguir sexo. É
tudo que envolva atos físicos. Mais uma vez, é necessário obter equilíbrio para
seguir em frente e construir seu próprio e avançado código moral, para
discernir as consequências de seus atos mágicos e ficar com alguma espécie de
peso na consciência.
Aprendeu? Tem muito
mais, semana que vem deixarei de conversa mole e começarei com a prática.
3 – Exercícios
Agora que vocês
treinaram a respiração e a criatividade e os processos de pensamento (e espero
que continuem treinando e inventando novos exercícios relacionados), é hora de
aprofundar um pouco mais. O primeiro é bem simples: anote TODOS os seus sonhos.
Tudo, qualquer fragmento. Se acordar no meio da noite com ele na cabeça, ANOTE
quanto antes. Tente buscar alguma correlação entre eles, um possível motivo de
ter sonhado com esse determinado assunto e não um dos trilhões de outros. Anote
tudo no mesmo lugar – caderno, agenda, bloco de notas – e tente caçar padrões,
ou mesmo qualquer coisa realmente interessante.
O segundo exercício
treina com as importantíssimas faculdades de visualização. Sente-se em um lugar
calmo , de preferência com uma parede branca em frente. Veja um dado comum de
seis lados em sua mão. Não digo para imaginar, de olhos fechados, mas
efetivamente VER o dado. Sinta o dado, o tamanho, peso, aparência, textura.
Perceba que você criará o objeto de forma geral e os detalhes aparentemente
surgirão “do nada”.
Ele está novo ou
desgastado? Ele é bem feito? Insira nele o máximo de detalhes possíveis. E
finalmente jogue-o. Que número deu? Depois simplesmente faça o dado evaporar
numa nuvem de poeira triunfante. Se tiver dificuldade em iniciar com o dado,
comece com sua comida preferida, ou com uma manga cujo cheiro invada toda a
sala. Apesar do homem ser um animal essencialmente visual, os outros sentidos
são muito mais capazes de guardar lembranças. O cheiro de uma macarronada –
mesmo se for apenas acessado da memória – causa efeitos muito mais poderosos do
que simplesmente ver o prato de macarrão.
Quando passar pelos
dado, é hora de imaginar outro; Ao invés de um dado clássico, branco e com seis
lados, veja em sua mão um dado de 10 lados de um RPG, na cor vermelha. Veja os
dois ao mesmo tempo, interaja com eles e os jogue. Vá acrescentando dados de
lados e cores diferentes até chegar a quatro. Veja-os, sinta-os, jogue-os e
depois os transforme em poeira. Quando conseguir manter o seu constructo
psíquico dos quatro dados por cerca de três minutos, pode ficar feliz. Quando
precisar decidir números na base da sorte, jogue seu dado mental e
surpreenda-se com os resultados.