CURSO DE MAGIA (Modulo III)
1
/ O que é magia ritual?
A
magia ritual, ou cerimonial, é um dos maiores instrumentos de
aprendizado e trabalho ocultistas. Evidentemente, trata‑se de
trabalho de natureza um tanto mais avançada que as conhecidas
técnicas de meditação, visualização, concentração e
sensibilidade psíquica, e, por esta razão, as pessoas em geral não
têm uma idéia muito clara sobre o assunto. Em seu sentido mais
restrito, não tem realmente muitos pontos de contato com a imagem
apresentada por escritores ou jornalistas de sucesso, cuja origem
pode ser encontrada sobretudo nas superstições medievais.
Trata‑se
de uma disciplina e de um método de prática ocultista que exige o
empenho de todas as faculdades do estudante da Grande Obra. Como em
qualquer ocultismo bem‑conceituado, esta é o desdobramento da
percepção, com o intuito de aperfeiçoar nossas qualidades humanas
em geral e nossa compreensão do universo e, a partir disso, agir
como intermediários conscientes para obra de Deus em Sua criação.
A primeira parte do trabalho ocultista consiste em transformar nossa
própria pessoa num instrumento digno para ser utilizado pelas forças
da luz; e, a segunda parte, como conseqüência direta, é a
dedicação ao serviço de Deus e em prol da humanidade.
A
magia ritual pertence mais à segunda parte do desenvolvimento
ocultista, pois não é possível praticá‑la sem conhecer a
fundo as técnicas da visualização; ademais, é imprescindível ter
capacidade para uma concentração demorada, uma sensibilidade
psíquica controlada e, ainda, uma profunda compreensão intuitiva,
que só pode ser conseguida mediante a demorada prática da
meditação. Entretanto ela pode ser utilizada para o desenvolvimento
de principiantes, quando praticada em grupo, pois assistir a uma
série de exercícios rituais, especialmente os de iniciação, pode
ser benéfico para o desenvolvimento dos poderes ocultos e psíquicos
latentes do estudante sincero.
A
importância do simbolismo
O
simbolismo tem importância fundamental para o ritual, como aliás
para grande parte do ocultismo. Entretanto, ao invés de
contemplarmos um símbolo de forma subjetiva, como poderíamos fazer
na meditação, no ritual nos tornamos uma parte do símbolo (ou do
sistema simbólico), representando‑o no sentido físico e
apresentando‑o aos nossos sentidos de todas as maneiras
possíveis, seja por visualização, som, tato, odor, e até
mantendo‑o diante dos nossos sentidos interiores. Os sentidos
interiores não são apenas as faculdades da imaginação, mas também
a compreensão mental e a vontade ou intenção espiritual. O
objetivo é focalizar a atenção temporariamente sobre um
determinado ponto, eliminando tudo o mais além do símbolo.
Esta
pode parecer uma operação efetivamente "restritiva",
quando, na realidade, é exatamente o oposto, porque não existe
qualquer símbolo totalmente independente e auto‑suficiente, e
a "restrição" da meditação e da atenção resultam, de
fato, no desenvolvimento e crescimento numa outra dimensão.
0
processo é semelhante, de uma certa forma, ao que acontece na
meditação, quando a mente revolve, de maneira circunscrita, um
determinado tópico e, através desse método, adquire uma
compreensão mais profunda. Entretanto a magia ritual é muito mais
poderosa que a meditação, pois não empregamos apenas uma
faculdade. Por esse motivo, as pessoas extremamente sensíveis, como,
por exemplo, as que se dedicam ao desenvolvimento ocultista oriental,
que inclui jejum, alimentação vegetariana e exercícios de
respiração de ioga, devem tomar o cuidado de não se expor de
maneira repentina à magia ritual. Poderiam, num sentido psíquico,
"queimar um fusível", porque, sem ter um sistema
suficientemente resistente, ficariam expostas a uma "voltagem"
psíquica excessiva.
A
magia ritual é uma técnica ocidental, para o homem que é obrigado
a viver na balbúrdia do Ocidente. O Oriente tem suas próprias
técnicas para despertar a sensibilidade dos orientais, que podem se
isolar nos eremitérios, afastados das multidões insensatas, sabendo
que suas tigelas de esmola estarão sempre cheias.
Na
magia ritual, como na maior parte do ocultismo, lidamos com o
subconsciente ou inconsciente, e, através destes, entramos em
contato com "realidades invisíveis", estados objetivos da
existência e entidades que, normalmente, não são acessíveis
através do consciente. Isso significa que o ocultismo é muito mais
do que brincar com visões subjetivas ou até com os "arquétipos
do inconsciente coletivo". É tudo isso, e muitas coisas que
tomamos por ocultismo nada mais são do que uma regurgitação de
elementos subconscientes; entretanto, para o ocultista preparado, e
que "mantém seus contatos", o inconsciente é apenas o
espelho mágico, no qual se refletem realidades objetivas, embora
não‑físicas. Dessa forma, a consciência se projeta
indiretamente numa quarta dimensão.
Tipos
de ritual
Os
rituais obedecem a uma classificação bastante ampla, conforme as
intenções. Podemos distinguir rituais sazonais, de aperfeiçoamento,
de iniciação, de exploração e de libertação, embora existam
rituais que não podem ser incluídos em nenhuma dessas categorias, e
outros que incluem duas ou mais. Trataremos do local para o culto no
capítulo dedicado aos rituais, posto que, muitas vezes, existe certa
confusão entre rituais religiosos e rituais mágicos, por causa de
determinadas semelhanças de estilo e de símbolos.
Os
rituais sazonais são celebrados para assinalar acontecimentos
especiais do ano do mago, e os principais são os equinócios e os
solstícios, que se alternam a cada três meses e que representam as
mudanças das marés psíquicas. No trabalho que efetua sobre si
mesmo, o mago considera que cada uma das quatro estações tem uma
correspondência com sua própria psique. Por exemplo, o elemento
água é equiparado freqüentemente ao período entre o solstício de
inverno e o equinócio da primavera e, nesse tempo, sua alma se
purifica, eliminando todos os resquícios psicológicos desgastados e
indesejáveis, preparando‑se para um novo crescimento na maré
do equinócio de primavera, que, em geral, equivale ao fogo. Isso não
significa, necessariamente, uma volta às formas pagãs do culto da
natureza embora tenha, tal como o cristianismo, esses matizes, os
quais só podem enriquecê‑lo, quando compreendidos com
simpatia ‑, mas é um processo consciente, contínuo, de
crescimento psíquico, que se vale das estações do ano como um
contexto natural e adequado.
Distorção
de caráter
Os
rituais de aperfeiçoamento podem ser de dois tipos, que poderíamos
classificar como gerais e específicos. Em geral, têm o intuito de
equilibrar uma distorção de caráter, que pode ser individual ou de
um grupo. Podem auxiliar no tratamento de uma doença física, embora
nenhum mago responsável se atreva a substituir um médico. Cada um
tem suas tarefas bem definidas: o médico trata os transtornos
físicos; o mago cuida das causas internas que podem provocá‑los.
O
método de aperfeiçoamento específico tenta remediar um
desequilíbrio mediante um ritual dedicado à sua qualidade oposta.
Para isso, toma‑se necessário um sistema de correspondências
como as da Árvore da Vida, no qual um excesso de suscetibilidade
(que simbolicamente é atribuído à esfera de Marte) deve ser
tratado através de um ritual ou série de rituais dedicados
exclusivamente a Júpiter. O método de aperfeiçoamento geral, ao
contrário, salientaria mais um complexo de símbolos de natureza
harmoniosa e equilibrada, como o que está associado com o Sol (e
todos os deuses curadores pagãos estão, de algum modo, associados
com o Sol). Mais uma vez, o emprego de sistemas de símbolos pagãos
não deve ser confundido com o culto pagão. Essas formas divinas são
apenas lentes psíquicas, nas quais devem ser concentradas forças de
tipo apropriado, que emanam ou do inconsciente coletivo ou dos
domínios objetivos internos da existência.
Renascimento
da consciência
Os
rituais de iniciação, invariavelmente, são rituais de grupo,
ocasião em que um novo membro aprende o simbolismo específico
utilizado pelo grupo. Freqüentemente se encena um drama de
renascimento, no qual o próprio postulante tem o papel principal. A
idéia inicial é a de induzir o neófito em ocultismo a um
renascimento da consciência, para se conseguir que as realidades
interiores alcancem a mesma força das realidades exteriores. O
recém‑chegado ao ritual, na maioria dos casos, tem sua
expectativa voltada para os acontecimentos físicos, sem dúvida
porque espera que toda espécie de fenômenos taumatúrgicos e outros
espetáculos pirotécnicos ocorram diante de seus olhos.
podemos
concluir que a magia, em seu sentido mais verdadeiro, é uma vocação
espiritual muito especial.
Vestuário
simbólico
Além
do tipo de ritual a ser empregado, temos também de considerar as
vestimentas e outros objetos simbólicos, que representam uma parte
essencial da cerimônia. É nessa área do ritual que se torna
aparente a necessidade de um sistema simbólico abrangente, como a
Arvore da Vida, da Cabala, porque as cores, e até os materiais
usados, variam conforme um ou outro tipo de trabalho. Entrando num
ritual, nos despimos, por assim dizer, de nossa personalidade
cotidiana e vestimos uma versão mágica ‑ a que corresponde ao
rito. Nisso, somos auxiliados pela vestimenta e pelos símbolos. Os
símbolos principais normalmente são parecidos com os que aparecem
nas cartas do Tarô: o bastão, varinha mágica ou lança; a taça,
caldeirão ou cálice; a espada, faca ou flecha; e o disco, ou
pentáculo*. Outros símbolos comuns são a chave, o espelho, o anel,
a salva, a lâmpada, a faixa, e assim por diante, sem falar dos
muitos tipos de incenso que podem ser queimados.
Em
sua maior parte, esses símbolos são muito antigos e estão
profundamente arraigados na psicologia humana, mas, em termos
práticos, seu real valr está na constância com que trabalhamos com
eles na magia e na meditação. Como um violinista, um mago deve
"construir suas próprias notas", e, em uma prática
preliminar e diligente do do "exercício dos cinco dedos"
do ocultismo, qualquer tentativa prematura de realizar um ritual pode
resultar tão desgastante como os esforços de algum violinista
amador e sem treino, com o agravante de possíveis consequências
muito mais serias, especialmente quando a tentativa é feita em
grupo. Em geral, o mago amador solitário não consegue atrair forças
suficientes para se prejudicar.
No
que se refere aos símbolos vocais, o que chamamos de "palavras
mágicas" ou "nomes do poder", ou ainda, "nomes
mágicos", a soma total dos símbolos num ritual, trabalham
conforme um princípio diferente, análogo ao de um reator atômico.
Ao trabalharmos sistematicamente com diferentes símbolos durante a
meditação, de maneira que cada símbolo exerça um efeito poderoso
sobre a percepção, a justaposição e inter‑relação de
muitos desses símbolos provoca um efeito cumulativo que vai além do
lampejo da percepção mundana.
O
altar e as colunas
Entretanto
os símbolos principais são o que poderíamos chamar de a "mobília"
da loja mágica: o altar e as colunas. As colunas representam, em
sentido filosófico, a dualidade que se encontra em toda a
existência; entretanto queremos mencionar, de passagem, que a
filosofia mágica não é dualística, no sentido de que existe um
deus bom que luta contra um deus mau. As colunas representam mais os
complementos positivo e negativo, masculino e feminino, ativo e
passivo, que compõem a teia da vida. Em geral, uma coluna é branca
ou prateada, enquanto a outra é preta, porém podem existir outras
combinações, como verde e ouro, ou vermelho e azul. Nos termos
práticos do exercício do ritual mágico, representam a passagem
consciente para os planos interiores da existência além da física.
Por esse motivo, freqüentemente um véu está suspenso entre elas,
sendo afastado durante o ritual, quando os planos interior e exterior
se unem. Passar entre as colunas, com intenções rituais, numa loja
mágica bem constituída, pode resultar numa grande experiência, até
mesmo para um leigo.
0
altar é o centro focal da atenção durante o ritual e, basicamente,
é apenas uma superfície para o trabalho, considerada como em
equilíbrio entre as realidades interior e exterior, e sobre a qual
podem ser colocados os símbolos utilizados de forma ativa. Muitas
vezes, sobre o altar, há uma luz perpétua, que pode também ficar
suspensa, como em muitas igrejas, simbolizando a luz eterna, à qual
dedicamos toda nossa lealdade.
A
loja mágica
Não
podemos, pois, nos esquecer da área em que tudo isso acontece, a
loja mágica, o templo, ou o círculo. Este é apenas uma esfera
definida de atividade, um local reservado no qual nada pode nos
distrair do trabalho a executar. Podemos compará‑lo a um
anfiteatro para operações cirúrgicas, embora sua atmosfera e o
instrumental possam lembrar mais uma igreja.
A
magia não é, com toda certeza, uma religião "marginal"
ou esquisita. É uma disciplina tão severa como a cirurgia, e com
muitas das inconsistências e incertezas das artes médicas, mas
multiplicadas, pois trata com o que é imperceptível aos nossos
sentidos físicos e à nossa consciência. Não é algo que pode ser
facilmente demonstrado a
um leigo curioso, embora interessado, posto que, a um observador
não‑iniciado, isso poderia parecer uma espécie de encenação
dramática amadora num quarto cheio de cacarecos estranhos. Portanto
apenas os que têm uma vocação real conseguem perceber as
possibilidades em toda sua extensão; isso também explica os
mal‑entendidos e a ignorância a respeito da magia. Esperamos
que este volume possa contribuir para o esclarecimento.
Em
termos mais facilmente aceitos por uma mente moderna, a magia ritual
poderia ser chamada de "ciência da mandala". Os que
estudaram um pouco de psicologia junguiana dispensam explicações
sobre a mandala. É um tipo especial de símbolo que surge na
consciência quando uma pessoa, submetida a psicoterapia, está se
aproximando da integração psicológica, e sua mente consciente
está. entrando em acordo com o inconsciente. Trata‑se de uma
figura regular, em geral quadrada, e Jung também acha que a
estrutura da psique humana é quádrupla. Recomendamos a leitura de
um livro simples, que apresente uma introdução à psicologia
junguiana.
Mandala
‑ círculo mágico
Pode‑se
dizer que a forma mais simples de mandala é representada por uma
cruz num círculo, e sobre essa base é possível construir‑se
um sistema completo de ritual mágico. A tradução da palavra hindu
"mandala" é, de fato, "círculo mágico". Jung
se apropriou dessa palavra para descrever a representação simbólica
da psique humana, completa e equilibrada. No Oriente, de fato, as
mandalas são empregadas como símbolos para a meditação. A
contemplação das mandalas deve produzir uma sensação de paz
interior, bem como do sentido e da ordem da vida.
Em
seu sentido real, não são apenas construções mentais conscientes,
mas símbolos poderosos que surgem, completamente desenvolvidos, das
profundezas do inconsciente. 0 que fazemos, de fato, no ritual
mágico, é construir uma mandala tridimensional, e trabalhar
fisicamente em seu interior. Através desse meio, pretendemos
projetar a percepção numa quarta dimensão.
Duas
categorias
Sob
o aspecto ritual, a magia pode ser dividida em duas categorias. A
camada inferior trabalha ao nível de uma espécie de sociedade
amistosa de cunho filosófico. Pode haver até vestimentas ou
aventais e o recital de vários rituais que, no pior dos casos, se
reduzem a uma espécie de brincadeira meio extravagante e, no melhor
dos casos, é apenas o recital de fórmulas bombásticas benignas,
juntamente com títulos pomposos para a maioria dos participantes.
Quaisquer
que sejam as intenções, nessas reuniões, em geral o poder mágico
se destaca por estar oculto, embora o simbolismo pudesse
eventualmente ter a capacidade de atuar como um canal colimador de
forças ocultas, se os participantes soubessem como usá‑las.
Isso parece indicar que muitos desses sistemas podem ter se originado
de outros com conhecimento de rituais mágicos, mas que decaíram em
nossos dias.
Já
o nível mais elevado da magia pode se valer, portanto, de fórmulas
parecidas, mas, ao invés de ser uma charada colorida, o simbolismo
recebe o poder dos planos interiores por intermédio daqueles que
aprenderam a usá‑lo. Não é fácil encontrar ou se unir a
grupos desse tipo, e existe, ainda, com o correr do tempo, a
lamentável tendência de esses grupos se transformarem nos do
primeiro tipo; nesse processo, porém, os grupos costumam lançar ao
redor disjecta membra (restos desagregados), que formam grupos
menores, de mais longa ou curta duração, que retêm ‑ e que
podem até superar ‑ a original vitalidade mágica.
Esse
processo orgânico pode ser um resultado natural do número de
participantes. Quando qualquer grupo aumenta, incluindo mais de uma
dúzia de associados, acontece a institucionalização, e é muito
raro que um grupo consiga sobreviver e manter sua vitalidade após a
retirada de seu fundador. Por outro lado, o ritual não precisa se
limitar a uma prática de grupos; poucos entendem que tal prática
pode ser individual. Este livro foi escrito para que as pessoas,
tenham a oportunidade de se desenvolver ocultamente e, em seguida,
possam instruir outros ‑ pois o círculo mágico, ou templo, é
um chão mais fértil que qualquer outro para a instrução do
ocultismo.
Os
fundamentos da magia cerimonial são (1) o círculo (ou templo); (2)
as colunas e o altar; (3) a vestimenta; e (4) o ritual. Vamos tratar
sucessivamente de todos.
2/
O círculo
Para
qualquer propósito prático, é possível considerar um templo
mágico como sinônimo de um círculo mágico. O ideal seria dispor
de um aposento, ou talvez de uma pequena construção, reservada
apenas para o ritual. Este seria nosso templo. Entretanto nem sempre
isso é possível, e a melhor alternativa será transformar
temporariamente um aposento qualquer em templo, construindo um
círculo mágico.
Podemos
fazer isso com a maior facilidade pintando um círculo sobre um pano
ou tapete, que estenderemos no chão, e que pode ser enrolado e
guardado quando não estiver em uso. Evidentemente, o que interessa é
o círculo interno, e não o círculo externo. Da mesma forma que o
ocultismo prático está interessado na utilização dirigida da
concentração mental e da visualização, o ritual mágico é apenas
um meio para se conseguir uma concentração e uma visualização
muito mais fortes do que seria possível de outra forma.
A
diferença física entre um círculo mágico e um templo está no
fato de que o primeiro é bidimensional, e o segundo é
tridimensional. Num templo haveria, normalmente, um círculo
permanente marcado no chão, e, mesmo assim, o mago teria de utilizar
sua concentração e imaginação para construir o círculo e o
templo "interiores". Dispondo apenas de um círculo físico,
temos de construir o círculo e o templo com nossa imaginação
concentrada, e a única diferença é que, ao nosso redor, não
existem as paredes físicas do templo para nos ajudar na
visualização.
Orientação
interior
O
propósito do círculo e também do templo é a orientação
interior. Nossa posição é estacionária com respeito a certas
coordenadas predeterminadas. Assim, num sentido bidimensional,
estamos parados no centro de um horizonte infinito, no ponto exato de
encontro das direções cardeais do leste, oeste, sul e norte. Num
sentido tridimensional, vemo‑nos no centro de uma esfera ou de
um cubo e, neste último caso, no ponto central entre as seis faces,
os oito cantos e todos os doze lados.
A
observação pode parecer até banal, mas, entre nós, a maioria
carece exatamente de orientação psíquica, e este simples método é
um meio excelente para alcançá‑la. Podemos ver isso, em forma
diferente, na prática cristã de fazer o sinal da cruz, que tem
também uma correspondência oculta na cruz cabalística, da qual
falaremos mais adiante. Vale a pena tentar isso como um exercício
preliminar para trabalhos mágicos, e também como uma simples
pisotearia. Basta insistir moderadamente para ver que os resultados
realmente valem a pena, e o mago ritualista deve ser, sobretudo,
alguém sempre pronto a experimentar essas práticas, ao invés de
apenas ficar sentado e ler a respeito.
O
círculo representa a totalidade do homem (quer dizer, de si próprio)
e a totalidade do universo. Dessa forma, aprendemos, em primeiro
lugar, a nos orientar em sentido central em relação a nossa
individualidade maior e desconhecida, as alturas e as profundezas, o
Bem e o Mal, o passado e o potencial ‑ e também com respeito à
totalidade maior.
A
divisão do círculo
O
passo seguinte é a divisão do círculo em segmentos, para
fragmentar o infinito num certo número de categorias finitas, a fim
de manuseá‑las. Pode ser um número qualquer, e podemos
empregar qualquer sistema tradicional de símbolos. Poderíamos ter,
assim, doze segmentos, dedicando cada um a um signo do Zodíaco. Ou
poderíamos ter seis segmentos, repartidos entre os planetas ditos
"tradicionais" ‑ com o Sol no centro. Neste livro,
para melhor explicar, utilizaremos um sistema mais simples, baseado
em quatro divisões, designando, para cada segmento, um dos quatro
elementos tradicionais ‑ ar, água, fogo e terra.
Portanto
dividiremos nosso círculo, esfera ou templo cúbico em quatro
quadrantes, com base nos quatro pontos cardeais e designaremos um
elemento para cada um. Teremos, portanto, o ar a leste, o fogo ao
sul, a água a oeste e a terra ao norte. Esse plano básico,
bidimensional, aplicado a um círculo, está representado no diagrama
a seguir. O princípio é igualmente simples quando a aplicação é
tridimensional, mas podemos demonstrá‑lo melhor através da
construção de modelos sólidos em cartolina. São muito fáceis de
fazer e muito instrutivos. Os detalhes da construção estão no
Apêndice.
Utilizaremos
agora a lei das correspondências, reunindo um quadro de atribuições
sob o cabeçalho de cada quadrante. Na página seguinte daremos um
pequeno exemplo de quadro.
Devemos
ressaltar que esses quadros de correspondências deviam ser
empregados, na prática, no interior do círculo. Fora disso, têm
apenas a função estéril de aumentar a barafunda de noções na
mente do estudante, ou, o que é pior ainda, tornarem‑se
objeto, de inúteis discussões sobre as "reais"
atribuições.
De
fato, parece óbvio que as listas de atribuições só podem diferir
de uma pessoa para outra. E, em qualquer caso, as atribuições
"reais" são aquelas que mais atraem o indivíduo, que deve
tê‑las alcançado
através da meditação e de seus próprios sentido e intuição
esotéricos, mais do que coletando‑as dentre as páginas de
alguma "autoridade". Os leitores podem considerar as
atribuições citadas como parte integrante da tradição
estabelecida (as quais, para o autor, são de valor comprovado);
entretanto não há qualquer imposição no sentido de o leitor
adotá‑las como verdades infalíveis. Com a devida experiência,
cada pessoa encontrará por si mesma as melhores correspondências.
Por outro, até adquirir essa experiência, é aconselhável seguir
um sistema já conhecido. Entretanto é preferível não passar de um
sistema para outro por motivo de indecisões. Uma técnica eclética
pode ser útil para os adeptos experimentados, mas, para um neófito,
não passa de desperdício de tempo e de energia.
Ser
apenas um colecionador de simbolismos e ficar estudando quadros de
correspondências sem jamais aplicá‑las na prática é como
ser um colecionador de roteiros turísticos, um viajante de sala de
estar que nunca se aventurou além dos limites de sua própria cidade
natal.
Aplicação
das correspondências
Podemos
começar a adquirir experiência em trabalhos de magia aplicando as
poucas correspondências de amostra que sempre incluímos. Imagine um
círculo ao redor de você, e esse círculo está claramente marcado
e dividido em quatro quadrantes, conforme os pontos cardeais. A
leste, num ponto da circunferência, visualize uma espada flutuando
no ar, com a ponta para cima. Você pode imaginar qualquer tipo de
espada, embora a que se usa com mais freqüência é uma espada com o
punho em cruz. Ou, então, é possível substituir mentalmente essa e
as outras armas mágicas por uma carta do Tarô*, no caso o ás do
naipe correspondente.
Agora,
aproxime‑se da circunferência do círculo, até se encontrar
próximo da arma imaginada, e comece a construir as outras
correspondências anotadas na coluna. Pode‑se fazê‑lo em
qualquer ordem, pois o propósito é conseguir, em seu interior,
despertar a sensação de todas essas correspondências juntas.
Portanto,
enquanto você está parado no leste, diante da espada, imagine‑se
iluminado por uma luz amarela, sinta o ar se mover ao seu redor, ouça
os pássaros chilrear saudando a alvorada e perceba o despertar
urgente da vida na primavera; sinta‑se como uma criança, e
também cheio de fé na glória e na beleza de todas as coisas;
perceba o pulsar da vida. Permaneça assim por um breve período (no
máximo dez minutos), depois volte para o centro do círculo e
reassuma seu estado de consciência normal.
Repita
esse procedimento, sucessivamente, em cada quadrante. Pode ser
proveitoso continuar esse exercício durante algumas semanas. Em cada
sessão você. pode experimentar os quadrantes sucessivamente, ou
pode se concentrar apenas num único quadrante em cada sessão
diária. Entretanto é importante desenvolver todos os quadrantes, e
não se concentrar apenas em um ou em outro, que podem inspirar maior
afinidade. Se você pretende se concentrar especialmente num
quadrante mais que nos outros, este deverá ser o quadrante pelo qual
você se sente menos atraído, pois dessa forma você poderá
restabelecer seu equilíbrio psíquico. A concentração no aspecto
que nos aparece mais fácil é desaconselhável; embora, no começo,
isso possa parecer mais estimulante e de maior progresso, levará
inevitavelmente a um desequilíbrio da personalidade.
Neste
estágio de nossos estudos, não utilizamos as grande palavras e nem
os nomes dos mágicos, que costumam excitar uma curiosidade mórbida
e provocar especulações supersticiosas dos leigos. Estes virão,
mas são apenas acessórios completamente lógicos, razoáveis, que,
como todas as boas ferramentas, poupam tempo e complicações. E
queremos também acrescentar, sem demora, que nenhum deles teria
qualquer utilidade sem o presente trabalho de preparação da
construção de reações conscientes nos quadrantes, com base nos
quadros de correspondências.
A
idéia de que um novato possa, sem querer, ou mesmo presunçosamente,
pronunciar uma palavra mágica ou rabiscar um símbolo místico, e
ser imediatamente punido por terríveis forças sobrenaturais,
pertence apenas à imaginação dos autores de ficção científica.
Podemos conseguir da magia apenas o quanto colocamos nela. Nos
estágios iniciais, uma pessoa não contribui com muita coisa, sendo,
pois, improvável que consiga reações de forças incontroláveis.
(É oportuno lembrar que uma pessoa neurótica ou instável não deve
mexer com o oculto sem a supervisão de uma pessoa experimentada,
para que não aconteçam dissociações descontroladas da
percepção.)
Entretanto
o mago experiente tem a possibilidade de conseguir mais do que aquilo
com que contribuiu. O resultado é proporcional à doação, da mesma
forma que um arqueiro pode impulsionar uma flecha com força
infinitamente maior quando usa um arco, do que lançando‑a
apenas com a força muscular do braço.
Durante
as primeiras semanas ou os primeiros meses de estudo, é suficiente
conseguirmos aumentar nossa experiência no que se refere aos
quadrantes, sem auxílios artificiais, os quais apenas serviriam para
criar obstáculos e confusões nesse estágio, ou estimular atitudes
supersticiosas. Esses períodos de trabalhos com os quadrantes podem
ser utilizados para meditar sobre as qualidades de cada um, e
descobrir mais atributos ou correspondência na parte mais íntima de
nosso interior.
Acessórios
Se
você dispõe de um local adequado, pode começar a procurar os
objetos para cada quadrante. Por exemplo, você pode comprar pequenas
lamparinas a óleo, copos coloridos para colocá‑las, nas cores
apropriadas para cada quadrante. Você pode também ter quadros, um
para cada quadrante, representando as quatro estações, ou os quatro
elementos, ou, ainda, o amanhecer, o meio‑dia, o entardecer e a
meia‑noite.
Você
pode comprar os quadros ou também pintá‑los pessoalmente.
Podem ser realistas, abstratos ou simbólicos. De qualquer forma, é
aconselhável evitar o excesso de peças. É preferível ter poucos,
escolhidos e arrumados com bom gosto, pois assim se evitará aquele
clima desagradável de antiquário.
Você
também poderá arrumar as quatro tradicionais armas mágicas.
Conforme a tradição, a espada deve ser recebida ou conquistada; a
vara mágica deve ter um desenho exclusivo, e deve ser feita por você
pessoalmente, sem que qualquer pessoa saiba, ou possa vê‑Ia; a
taça deve ser um presente de alguém que ama você; e o disco deve
ter um desenho que represente sua própria e pessoal compreensão do
universo. Como a vara representa sua própria e verdadeira vontade
espiritual, jamais deve ser mostrada a outras pessoas, a não ser em
circunstáncias excepcionais, e deve permanecer oculta num local
secreto, envolvida em seda; outras varas podem ser compradas ou
feitas, para serem utilizadas como substitutas externas.
Os
nomes mágicos
Depois
de adquirir, por meio da prática, uma compreensão suficiente do que
representam os quadrantes em seus múltiplos níveis e aspectos,
podemos proceder à formulação de importantes nomes mágicos, ou
nomes do poder. Existem dois nomes principais para cada quadrante. Um
desses é o nome de Deus, quando Dele nos aproximamos sob um
determinado aspecto, e o outro é o da inteligência arcangelical.
que, por tradição, acreditamos estar governando cada quadrante.
Podemos arrolá‑los como segue:
LESTE SUL OESTE
NORTE
IHVH ADNI AHIHA
GLA
Rafael Miguel Gabriel
Ariel
Os
nomes de Deus são todos hebraicos, e são pronunciados com a mesma
força em cada silaba, que deve ser um pouco prolongada: li‑a‑uu‑ê;
A‑do‑na‑ü; E‑eh‑ü‑ê; e A‑gla.
Os que seguem as antigas tradições, freqüentemente visualizam as
quatro letras de cada nome em caracteres hebraicos em luz dourada,
diante deles em cada quadrante.
Por
outro lado, como atualmente em sua maioria os adeptos da magia branca
são cristãos que acreditam que, num certo período da História,
Deus se encarnou numa forma humana como Jesus, o Cristo, e que
permanecerá conosco "até o final dos tempos", não
existem muitas razões para se considerar Deus do mesmo ponto de
vista do misticismo judaico medieval ‑ que é a origem da maior
parte do simbolismo mágico ritual. Empregando um antigo ditado, não
vale a pena conservar a água do banho junto com o neném.
Portanto,
embora mantendo os nomes tradicionais, que são ideografias da aura,
poderemos talvez modernizar nosso conceito de Deus, visualizando Deus
como Homem (a saber, como o Cristo) em cada quadrante, em lugar de um
remoto potentado oriental, do qual só poderíamos nos aproximar
através de símbolos abstratos ou de muitos intermediários
hierárquicos.
Cada
um pode escolher as formas utilizadas a partir de relatos nos
evangelhos. Para ajudar nessa escolha, entretanto, podemos considerar
o Cristo como: o guia, no leste; protetor, ao sul; companheiro, a
oeste; e mestre ao norte. Essa, porém, não é a única maneira de
fazer sua escolha. Talvez você prefira dar ênfase ao ciclo do tempo
no círculo mágico; nesse caso, será apropriado escolher o Cristo
criança, para o leste; o Cristo evangelizador triunfante, para o
sul; o Cristo crucificado,
no supremo sacrifício de amor, para o oeste; e o Cristo oculto,
ressuscitado e em ascenção, para o norte.
Explicação
dos nomes de Deus
Existem
múltiplas idéias nos tradicionais nomes de quatro letras, mas
podemos fazer um breve resumo. Ihvh é um nome utilizado no Velho
Testamento e que os judeus devotos consideram tão sagrado que não
deve ser pronunciado; parece, aliás, que a pronúncia correta é
desconhecida.
Antigos
estudiosos, ignorando as sutilezas da tradição hebraica,
pronunciaram esse nome como Jeová; já os estudiosos modernos da
Bíblia preferem a forma Iavé. Entretanto, de um ponto de vista
esotérico, parece mais apropriado considerá‑lo um nome
composto apenas de vogais. O hebraico antigo, quando escrito, era
constituído unicamente de consoantes, mas são as vogais que dão
vida aos caracteres escritos; por conseguite, a Deus (o Verbo, ou
Logos), parece mais apropriado dar um nome apenas de vogais, quando
considerado em Sua essência, invisível, mas presente em toda parte,
dando vida à Criação.
Adni,
freqüentemente traduzido como Adonai, significa apenas Senhor. Esse
é o nome que substitui Ihvh quando um judeu devoto lê a Bíblia em
voz alta. Poderia, portanto, representar Deus manifesto diante de
Suas criaturas, Senhor, Protetor, Sustento e Criador.
MM,
que, em geral, se escreve Eheieh, é o nome que Deus revelou a Moisés
no arbusto em chamas. Em geral é traduzido como "Eu Sou",
ou "Eu Sou o que Sou". Enfatiza Deus como um fato sempre
presente, que é, que era, e que sempre será ‑ o eterno
companheiro de todas as Suas criaturas.
Agiu
é uma forma especial de código secreto, porque é um nome composto
com as letras iniciais de uma sentença, "Ateh Gedulah Le óhlahm
Adonai", que significa "Tu és poderoso para sempre, ó
Senhor". Essa construção artificial, que implica uma análise
para se chegar à compreensão, é um nome apropriado para o
quadrante setentrional, o qual, entre outras coisas, simboliza aquilo
que está oculto (o Sol da meia‑noite, etc.), a lei e a
compreensão.
Vibração
dos nomes
Agora
já podemos acrescentar esses quatro nomes aos nossos exercícios de
formulação dos quatro quadrantes. Os nomes, mais do que
pronunciados num tom de voz normal, deveriam ser "librados".
A postura tem um papel muito importante para produzir a vibração
tonal necessária; temos de assumir uma postura equilibrada. Podemos
conseguir isso mais facilmente colocando os pés na forma da letra T,
com o pé direito atrás do pé esquerdo. As mãos são colocadas
postas sobre o coração, com os dedos apontando para o alto, mantendo
uma leve pressão. Isso resulta numa posição como a de acólitos em
algumas cerimônias religiosas, mas, de fato, é muito mais que uma
pia atitude, porque se trata do remanescente de uma ioga pouco
conhecida no Ocidente. Produz equilíbrio físico e mental, e também
abre a cavidade torácica enquanto,, simultaneamente, lhe confere uma
leve pressurização.
Os
nomes são pronunciados com "respiração forçada".
Imagine que as palavras devam ser expelidas, da boca, contra um meio
mais denso que o ar; usando uma analogia um tanto esquisita, como se
você fosse obrigado a lançar suas palavras através de melado.
Um
pouco de prática logo mostrará quando você alcança a intensidade
correta. A voz se tornará mais sonora, e também ajudará muito
emendar as palavras entre si, enfatizando ao máximo as vogais e as
consoantes, sobretudo os sons com "m" e "n".
Pode‑se praticar com qualquer tipo de texto para desenvolver a
técnica. A vibração das palavras corretamente pronunciadas pode
ser sentida em algumas partes do corpo, especialmente nas palmas das
mãos e nas solas dos pés.
Quando
a técnica já pode ser dominada com naturalidade, sem distrações
causadas por acanhamento, você deve experimentá‑la com os
nomes divinos. Depois de criar a atmosfera necessária num
determinado quadrante, enquanto você permanece na postura
recomendada, vibre o nome de Deus; sinta Sua presença abençoando e
protegendo você, e construa uma imagem do aspecto de Deus com o olho
da mente, ou, então, veja Seu nome sob luz dourada. Sinta como suas
imagens já construídas ganham em vida e em poder quando você
invoca o nome Dele.
Depois
de praticar durante algum tempo, a mente se toma tão condicionada
que, quando você vibra o nome, as imagens e os sentimentos
associados àquele determinado quadrante já deverão fluir
automaticamente em sua consciência. Nesse caso, você terá
construí= do uma palavra mágica, uma palavra ou um nome que, devido
aos reflexos condicionados adquiridos com a meditação e a prática,
desprenderão energia psíquica de um determinado tipo controlado,
quando utilizada com intenção consagrada.
Poderes
das armas mágicas
É
consolidando poderes psíquicos específicos e realizações em
ações, objetos, sensações e sons específicos que o mago
desenvolve os poderes de suas armas mágicas. Por exemplo, sua espada
mágica não é realmente a arma que ele pode manusear em seu templo
físico, mas a espada interior,
espiritual/intuitiva/mental/emocional, desenvolvida através de
demoradas meditações, visualizações e a prática física de
exercícios dedicados ao quadrante oriental.
Isso
não deve encorajar o desenvolvimento do "mago de poltrona",
que não se esforça para conseguir pessoalmente armas mágicas
fisicamente reais. 0 manuseio efetivo da espada, a sensação de seu
peso, o fato de limpá‑la e guardá‑la são importantes,
pois servirão para "aterrar" todas as realizações
importantes, como nenhum outro fato poderia conseguir. Os atos e
objetos rituais mágicos são como um circuito ressonante de rádio:
a ação/objeto estimula a reação psíquica, que desenvolve um
maior poder de sugestão na ação/objeto, que, por sua vez, estimula
uma maior reação psíquica, a qual desenvolve um maior poder na
ação/objeto, e daí por diante.
A
energia ativa (espada), a vontade espiritual (vara), a compaixão e a
receptividade psíquica (taça) e a compreensão (disco) do mago se
desenvolvem, assim, sob direção divina, em quatro aspectos.
Entretanto
a magia não se exerce num vácuo psíquico. Ao abrir a percepção
para outros planos de existência, que os ignorantes pensam ser
completamente subjetivos, você naturalmente entrará em contato com
os habitantes daqueles planos, cujo foco de percepção se encontra
normalmente numa faixa diferente do espectro de percepção em que se
encontra o foco de percepção dos humanos. No contato com essas
entidades, conseguiremos guia e proteção, invocando a inteligência
arcangelical própria de cada quadrante.
0
método para vibrar os nomes arcangelicias é o mesmo que utilizamos
para os nomes de Deus. Cada sílaba é pronunciada separadamente,
prolongando bastante as vogais: Raa‑faa‑eel; Mü‑gueel;
Gaabrü‑eel; Aa‑rü‑eel.
Imagens
telesmáticas
Ao
vibrar os nomes em cada quadrante, é comum visualizarmos uma figura
antropomórfica (a figura convencional, com vestimenta comprida e
grandes asas, serve muito bem ao caso). Devemos entender que essas
imagens, junto com todas as imagens mágicas desenvolvidas na
imaginação criativa, são, por si, apenas imagens, como slides.
Entretanto, as "imagens telesmáticas", para chamá‑las
com seu nome técnico, atuam como focos para a entidade efetiva num
outro plano, de maneira que sua presença possa ser percebida na
consciência do postulante.
A
visualização mágica funciona em dois sentidos. Funciona
positivamente, pela habilidade do mago em formular imagens e
mantê‑las firmes em sua mente, até por um período
relativamente longo, quando isso é necessário (muitas vezes de uma
a duas horas); e também funciona negativamente, pela habilidade em
deixar que as imagens tenham vida e movimento próprios e de
observá‑las enquanto isso acontece, ou de conversar com elas,
mantendo um delicado equilíbrio entre deixá‑las estáticas ou
rígidas demais, e serem levadas para a difusão ou o caos.
Os
arcanjos podem ser visualizados com vestimentas nas cores de seus
quadrantes, cada um com seus próprios atributos simbólicos. Rafael
é um guia de viajantes e aparece na Bíblia como guia de Tobias.
Miguel é representado, em geral, matando o dragão da maldade com
uma longa lança. Gabriel é o anjo da Anunciação, e
freqüentemente~ tem uma trompa na mão. Os três são freqüentemente
representados na arte religiosa, e recomendamos uma pesquisa que
englobe os vários quadros e as lendas e também os episódios
bíblicos que se referem a esses três Arcanjos. O mago praticante
não deveria esquecer a biblioteca mais próxima; seria errado,
porém, desperdiçar nela todo seu tempo e todas as suas energias.
Ariel
é o menos conhecido. Seu nome deriva de uma palavra hebraica que
significa luz, e sua luz deriva da luz das estrelas, às quais se
associa no quadrante setentrional. Pode ser representado como uma
entidade escura, de feições já envelhecidas, carregando um grande
livro aberto e com um dedo apontando para as estrelas.
Depois
de formular os quatro quadrantes do círculo ou templo mágico e
tê‑los estabelecido em nosso íntimo como um aspecto
particular da realidade presidida por Deus, estando cada um sob a
jurisdição de um dos ministros arcangelicais de Deus, podemos agora
passar a descrever a mobília básica de nosso círculo mágico, e
que se resume no altar e nas colunas.
3/
O altar e as colunas
No
sentido filosófico, as ramificações simbólicas das colunas são
muito amplas. Entretanto, sua essência prática é simples, pois
representam o portal para os planos interiores.
Suas
cores podem variar, porém são sempre duas colunas, sendo uma de cor
clara (ou brilhante) e a outra escura. Representam a dualidade que
existe em todas as coisas criadas; por conseguinte, pode‑se
construir, para as colunas, um quadro de correspondências, tal como
para os quadrantes, bastante extenso. O estudante pode começar com
as que estão anotadas a seguir, embora cada mago deva compor sua
própria lista de realizações.
COLUNA
ESCURA
Negativo
Feminino Noite
Passivo
Receptor
Forma Pingala Yin
Boaz
COLUNA
CLARA
Positivo
Masculino
Dia
Ativo
Emissor
Força
Ida
Yang
Jachin
As
três últimas correspondências são os nomes desses princípios nos
idiomas hindu e chinês, e na instrução maçónica.
As
cores costumeiras para as duas colunas são o preto e o prata e,
embora pudéssemos visualizar cores diferentes ao formular colunas em
cada quadrante (respectivamente, nas cores ativas e passivas, que, em
geral, são: para o leste, azul/amarelo; para o sul,
carmesim/escarlate; para o oeste, prata/azul; para o norte,
marrom/verde), não é muito prático abarrotar o templo com colunas
de várias cores, bastando um único par nas cores preto e prata. Os
pormenores da construção estão sugeridos no Apêndice.
Exercícios
com as colunas
Também
nesse caso, como acontece com os quadrantes e, aliás, com qualquer
objeto do templo mágico, as colunas serão de escassa utilidade,
mesmo que sejam muito bonitas e coloridas, até que comecemos a
trabalhar com elas. Podemos fazer isso de três maneiras: Primeiro,
meditando sobre as colunas, individualmente, aumentando nossa
profundidade e amplitude de percepção do que elas representam;
segundo, ficando parados entre as duas colunas, transformando nossa
própria coluna vertebró, e suas extensões imaginárias, além da
cabeça e dos pés, numa terceira coluna, central; e, finalmente,
visualizando as colunas como um pórtico de templo egípcio (é
importante imaginar um dintel ligando as duas colunas), e
atravessando‑o devagar, elevando a percepção.
É
melhor concluir os exercícios na primeira modalidade antes de passar
para os da segunda e terceira. Por outro lado, quando o estudante
assim desejar, poderá efetuar esses exercícios simultaneamente com
os trabalhos nos quadrantes. Basta um pouco de imaginação para
poder combinar os exercícios, e o estudante inteligente e perceptivo
encontrará os meios para fazê‑lo.
O
primeiro exercício, as meditações sobre cada coluna, levará à
compilação de longas listas de atribuições, e anotações de
associações complexas de idéias. Será ótimo incluir meditações
sobre a terceira e invisível coluna do meio, que, finalmente, será
formada pelo próprio praticante. Ela representa a consciência e o
caminho do meio entre opostos, simbolizados pelas duas colunas
laterais. Os estudantes de Cabala encontrarão um farto simbolismo
disponível nesse simples glifo.
Contrapartes
imaginárias
O
segundo exercício aborda essas realizações num nível mais
prático. Coloque‑se fisicamente entre a coluna preta e a
coluna prateada, construindo suas contrapartes imaginárias dentro de
sua própria aura e também formulando a coluna central em seu
íntimo. A capacidade de reter essa imagem pode, em breve, provocar
sensações de poder psíquico ou mágico; mais ainda em pessoas que
estudam a Cabala e que costumam formular as esferas da Arvore da Vida
nas três colunas. A prática de exercícios relativamente simples,
mas de importância fundamental de respiração/mentalização, como
o da técnica da fontanela (p. 55), também pode acelerar esse
desenvolvimento.
Portão
para um pais oculto
O
terceiro exercício, que inclui o movimento físico associado à
visualização e receptividade subjetivas, é mais um exercício
mágico ritual no sentido completo da expressão. Antes de começar,
é importante estar "consciente": por exemplo, fazer uma
preparação com alguns minutos de relaxamento, seguidos por alguns
exercícios de respiração ritmada* com um pouco de meditação. Em
seguida, aproxime‑se o mais lentamente possível das colunas,
como se você estivesse
se aproximando do portão desconhecido para um país oculto o que
você realmente está fazendo. Perceba intensamente as duas colunas e
o dintel superior enquanto você os atravessa, e sinta a mudança de
consciência que se opera em você.
Pare
um pouco além das colunas e depois dê um passo atrás, voltando a
atravessar, percebendo as mudanças mais uma vez, e voltando ao seu
estado de consciência normal. A prática paciente e a vontade de "se
apressar devagar" conseguirão os melhores resultados. Esse
exercício simples, bem executado, pode proporcionar resultados de
grande alcance e pode até se desenvolver como uma técnica para uma
completa projeção astral.
Neste
último exercício, pode ser útil formular um "guardião da
entrada" e uma "senha", que será pronunciada
silenciosamente, ou talvez, um sinal visual. Ao pronunciar a senha,
ele abrirá o portal para você, dando‑lhe guia e proteção no
outro lado. A senha ou o sinal servem para a sua segurança pessoal.
Ao se produzir a associação de idéias, evitam que sua mente seja
inundada com material psíquico espontâneo ou inconsciente no
momento inoportuno de sua vida cotidiana. A prática habitual de
utilizar esse estratagema todas as vezes que você tenta elevar a
percepção confere‑lhe um controle automático embutido em sua
mente consciente, eliminando qualquer interferência de outras
entidades e outros planos.
Altar:
foco da percepção
O
outro item principal da mobília do templo. é o altar, e representa
o ponto focal da percepção do templo ou círculo. Pode ter várias
formas, mas a mais tradicional é a de um armário, tipo
guarda‑louças, quadrangular, de altura igual ao dobro da
largura ou profundidade. A forma ideal é a de um cubo duplo, ou dois
cubos sobrepostos, e sua altura terá aproximadamente um metro (três
pés). Em geral, sua cor é preta, com um pano branco na superfície
superior. As vezes, há também um pano inferior, que poderá ser
preto ou da cor apropriada para o trabalho em questão, com uma borla
em cada canto, representando os quadrantes.
É
tradição (e também é conveniente) guardar todos os objetos
menores do ritual no interior do armário do altar ‑ as armas
mágicas, o tun'bulo, o incenso, as lamparinas, os rituais, os
símbolos para meditação, os quadros, etc.
A
superfície do altar deve estar livre de qualquer objeto no começo e
no fim dos trabalhos e, durante os mesmos, pode acomodar apenas os
objetos que servem para esse trabalho ou para a meditação. Isso
está em conformidade com sua função como foco da atenção no
círculo.
Normalmente
a posição do altar é no centro do círculo, quando 0 templo não
está sendo utilizado ou durante trabalhos gerais. Durante rituais
que se referem a um determinado quadrante, o altar pode ser colocado
nesse quadrante. Citamos como exemplos principais destes ritos os que
se celebram durante as diferentes festividades sazonais; leste, para
o equinócio de primavera; sul, para o solstício de verão; oeste,
para o equinócio de outono; e norte, para o solstício de inverno.
Alguns
magos preferem ficar no centro, formando um altar ou ponto focal;
nesses casos, o altar ficará a leste, porque, sendo esse o quadrante
no qual nasce o Sol, é a direção de maior luz simbólica.
Posição
das colunas
As
colunas têm, em geral, uma posição relativa ao altar, e as
preferências podem variar. Alguns situam o altar diante das colunas,
como um símbolo de sacrifício antes de penetrar nos planos mais
elevados. Essa disposição é apropriada sobretudo nas cerimónias
de iniciação, quando o postulante é iniciado pela primeira vez
rios mistérios mágicos.
Uma
outra maneira consiste em colocar as colunas em cada lado do altar,
de forma a situar‑se diretamente entre estas. Assim, conferimos
ênfase ao perfeito equilíbrio de forças aplicadas a qualquer coisa
que se encontre sobre o altar, sendo essa a colocação mais
apropriada para consagrar talismãs, sacramentos ou outros símbolos.
A
terceira maneira consiste em colocar as colunas nos dois lados do
altar, um pouco mais em frente, de forma que o mago, quando se
encontra diante do altar, está entre as duas colunas. Esse método é
especialmente indicado para despertar a percepção.
Poderíamos
escrever muito mais sobre os pormenores das diferentes posições da
mobilia ritual, porém é mais apropriado que cada estudante efetue
suas próprias experiências e descubra a maneira mais favorável de
funcionamento. Esse é o treinamento ocultista realmente precioso,
posto que a leitura de livros a respeito constitui uma forma
inadequada de aprendizagem; um livro só pode indicar as linhas
gerais e elementares de um princípio, e oferecer algumas indicações
para uma possível e frutífera investigação pessoal.
4/
A vestimenta
Da
mesma maneira que um templo mágico é mais impressivo que um círculo
mágico temporário, pois proporciona a possibilidade de se colocarem
as cortinas permanentemente, nas cores apropriadas, em cada
quadrante, também poderá ser mais sugestivo se o estudante de magia
tiver uma vestimenta especial para utilizar durante o trabalho.
0
conjunto completo inclui: a túnica, o manto externo, sandálias, a
cobertura para a cabeça, a faixa, a salva e o anel.
A
peça principal é a túnica, que, em geral, é preta para os
iniciados comuns e dourada para os adeptos. 0 significado desses
termos é o seguinte: um adepto é alguém capaz de formar seus
próprios contatos com os representantes da hierarquia planetária,
enquanto que um iniciado não sabe fazê‑lo e depende de um
adepto para ser guiado no sentido de estabelecer tais contatos. A
túnica é uma peça simples, comprida até os tornozelos, com mangas
compridas e largas. Algumas pessoas vestem batinas, o que é uma
vantagem, pois podem ser compradas prontas; o inconveniente é que só
existem pretas. A túnica é uma veste que cobre desde o pescoço até
os pés.
A
faixa é, em geral, de corda branca com uma borla em cada
extremidade. É uma peça importante do ponto de vista ritual,
porque, entre outras coisas, representa o círculo mágico
individual. Durante a iniciação, a faixa é colocada no pescoço do
postulante como um cabresto, e ele só receberá autorização de
colocar a faixa na cintura quando for aceito como iniciado dentro do
grupo em questão.
As
sandálias também são importantes, pois representam a habilidade de
andar em planos além do físico. Jamais devem ser usados sapatos
comuns num templo ou sobre o pano com o círculo mágico. Durante a
prática, usam‑se chinelos, com meias da mesma cor, em lugar de
sandálias abertas. A cor pode ser vermelha (para adeptos,
simbolizando os poderes mágicos) ou preta (para iniciados).
Uma
vantagem psicológica
Ficar
apenas com as roupas de baixo é uma vantagem psicológica, mas nem
sempre isso é conveniente. Entretanto, quando os homens continuam
com suas calças e camisas sob a vestimenta mágica, os colarinhos
deveriam ser dobrados para dentro, eliminando‑se as gravatas, e
as pernas das calças deveriam ser enfiadas nas meias, ou presas de
alguma outra maneira, pois não existe nada mais amadorístico do que
colarinhos saindo da gola da vestimenta, e calças aparecendo por sob
a túnica e sobre os chinelos. Devem ser tirados também os adornos
metálicos como relógios de pulso, anéis, pulseiras, brincos, etc.;
o uso da aliança é permitido. Existe ainda a tradição de jamais
se levar dinheiro para o interior do templo.
A
nudez durante os ritos não é uma tradição mágica, pois não tem
qualquer vantagem e, sim, muitas desvantagens ‑ como, aliás,
algumas seitas pagãs e até mesmo antigos cristãos tiveram de
descobrir por sua própria experiência.
O
manto
0
manto externo é opcional, embora nos grupos rituais muitas vezes se
considere um emblema do cargo; o manto é um atributo do cargo, mais
do que uma peça utilizada permanentemente por um indivíduo. Por
exemplo, se um grupo celebra um ritual importante que exige oficiais
do leste, do sul, do oeste e do norte, haverá uma vestimenta
amarela, uma vermelha, uma azul e uma verde à disposição de cada
oficial. Por outro lado, o oficiante pode usar uma vestimenta de cor
diferente, conforme a natureza do rito.
Entretanto,
os mantos são caros e de feitio difícil, pois exigem um material
pesado, de boa qualidade e, em geral, têm símbolos bordados nas
costas. Vale a pena, entretanto, tentar a confecção de um manto,
porque usar um traz grandes vantagens psicológicas, e a cor e o
feitio podem ser de sua escolha pessoal. Normalmente os mantos têm
uma gola alta, ou um capuz, que pode ser puxado sobre a cabeça para
meditar ou em períodos de inatividade exterior.
Evidentemente,
nas regiões de clima quente, um manto pode vir a ser mais incómodo
que útil. Nas regiões frias, ou para trabalhos ao ar livre, pode‑se
recorrer a uma adaptação vantajosa, utilizando‑se uma japona
com capuz, cuja aparência é completamente normal para observadores
de passagem, mas que deverá ser utilizada apenas para trabalhos
mágicos. O significado da japona só é conhecido por quem a usa.
Essas peças de vestuário são muito úteis para as pessoas que
desejam trabalhar ao ar livre, em locais especiais e magnéticos, e n
princípio destaca especialmente o fato de que apenas o uso exclusivo
e dedicado confere o poder ao vestuário mágico, e não seu modelo
ou aparência estranha.
Uma
faca, uma vara, um frasco de água e um compasso são as quatro armas
mágicas e, com um pouco de imaginação criativa nesse sentido, é
possível enveredar por uma investigação muito satisfatória dos
pontos e das linhas de força de uma determinada região.
A
cobertura ritual para a cabeça pode variar bastante. Pode‑se
usar uma fita ou faixa simples, entretanto o melhor e o mais prático é
o nemyss*, cuja confecção é muito fácil (veja no Apêndice). Pode
ser de qualquer cor e normalmente tem a mesma cor da vestimenta. As
vezes é completado por um véu. Alguns preferem não usar uma
cobertura para a cabeça.
A
salva
A
salva indica o tipo de trabalho que você está efetuando. É apenas
uma espécie de insígnia, presa numa fita ao redor do pescoço e
suspensa à altura do coração, feita de metal ou de pergaminho.
Pode ostentar o nome mágico, ou as aspirações do mago, ou o
símbolo do grupo no qual este trabalha. Portanto, pode ser, por
exemplo, um tipo de rosa‑cruz. Os desenhos podem variar, mas,
em geral, de acordo com a idéia de que os dois lados da salva
representam, num certo sentido, as duas colunas; mas, num sentido
individual, pode‑se pensar na salva como um altar pessoal, na
faixa como um círculo individual, e a cobertura para a cabeça, a
vestimenta e as sandálias como o teto, as paredes e o chão do
templo individual.
Como
representa uma intenção pessoal, o desenho deve ser decidido
pessoalmente, e não é necessário insistirmos em outros detalhes.
Alguns ritualistas costumam usar uma estola ao invés da salva, ou
então junto com esta. Basicamente, a estola é uma fita, de razoável
largura, que, passando por trás da nuca, fica com as duas
extremidades soltas sobre o peito do mago. Às vezes, essas
extremidades são enfiadas na faixa.
O
anel
Finalmente,
o anel representa a vontade do mago, sendo colocado no dedo indicador
da mão direita (quando o mago é destro). Assim, de certa forma, tem
as mesmas funções da vara, e alguns magos dispensam seu uso.
Entretanto, é um objeto útil porque, como todas as varas empregadas
são apenas substitutas de uma vara secreta, como já foi explicado,
o uso do anel pode ser considerado uma espécie de mandato do dedo
que se apóia na vara substituta, indicando 0 verdadeiro poder oculto
que representa. Tal como a vara efetiva, o anel pode ter desenho e
cor pessoais, e os mais impressionantes são confeccionados com
broches soldados sobre anéis simples.
Não
é necessário que o anel tenha grande valor, pois os fatores
importantes são a intenção e a dedicação e, assim como em todos
os trabalhos mágicos, torna‑se necessário encontrar um
equilíbrio entre a sovinice e o extravagante desperdício. Isso é
demonstrado pela tradição das verdadeiras bruxas, dos tempos
antigos, que, não podendo adquirir objetos caros, conseguiam
transformar simples artigos domésticos, como facas, vassouras e
caldeirões, em poderosos instrumentos das artes mágicas.
Os
porões podem ser adequados (de fato, muitos rituais antigos eram
celebrados em grutas), mas nas casas modernas nem sempre existe um
porão. Resta mencionar que, nas construções modernas, os tetos
costumam ser baixos, e talvez seja necessário modificar alguns
gestos ritualistas mais amplos com a vara ou a espada (esta última,
por exemplo, pode ser substituída pela adaga).
Entretanto
não devemos nos esquecer de que os antigos templos dos mistérios,
absolutamente, não eram espaçosos. A maior parte do trabalho
importante se desenrola na mente, e pode ser executado em pé ou
sentado, sem uma necessidade absoluta de grande liberdade de
movimentos.
Assim,
pensando em termos de um templo portátil ou pré‑fabricado em
concreto, este pode ter dimensões reduzidas, como, por exemplo, dois
e meio metros quadrados. O concreto pré‑fabricado é mais
vantajoso que a madeira, considerando‑se o isolamento acústico,
o controle de temperatura e a prevenção de incêndios, mas
apresentará dificuldades em qualquer caso, a não ser que a
estrutura básica receba um bom acabamento; isso significa
revestimento, calafetação e instalações elétricas, além de
dispositivos para manter longe os ratos, que adoram roer velas para
complementar suas refeições.
Como
fazer seu próprio templo
Podemos
conseguir uma realização profunda e arquetípica construindo nosso
próprio templo, começando pela limpeza do terreno, seu nivelamento
e, depois, colocando sólidas fundações, medidas com o esquadro e o
compasso*. Numa área reduzida, de apenas oito pés quadrados,
podemos colocar o equipamento básico de colunas e altar, e ter
espaço para até quatro pessoas sentadas, uma em cada canto.
Essas
considerações significam que, ao usarmos um aposento interno, suas
proporções podem ser bastante modestas; podemos até utilizar uma
despensa, tomando as devidas precauções para obter boa ventilação
e acesso.
Da
mesma forma, podemos separar uma parte de um a osento. Uma sala em L
se presta muito bem para esse propósito. E~sempre melhor quando a
divisão pode ser permanente, mas quando temos de optar por uma
solução provisória, podemos fechar um canto com uma cortina;
assim, quando corremos a cortina, o canto se torna o ponto focal de
toda a sala.
Construção
e localização
8/
de um templo
Um
dos maiores problemas para os trabalhos de magia ritual é encontrar
um local adequado. Mesmo quando temos parentes e vizinhos
compreensivos, as condições de vida podem estar meio apertadas,
especialmente no ambiente urbano. Assim, além do sacrifício do
tempo que precisamos dedicar a esse trabalho, existe também o
sacrifício do espaço, que pode ser muito mais difícil, pois o
espaço reservado à magia não deve ser utilizado para outras
finalidades.
Entretanto
o poder pode ser desenvolvido à custa de sacrifício, porque, quando
renunciamos a alguma coisa em um plano, esta será devolvida num
outro plano ‑ o aspecto oculto do Princípio da Conservação
de Energia, de Newton.
O
local ideal é um aposento grande, com um teto suficientemente alto
para podermos erguer tranqüilámente uma espada ou uma vara. Além
do mais, deve ter uma temperatura estável e, tanto quanto possível,
ser à prova de som.
Os
ruídos da civilização
Essas
exigências dispensam qualquer explicação. É incômodo e irritante
efetuar um trabalho psíquico Com muito calor, aumentado pela
vestimenta ritual. Da mesma forma, um trabalho psíquico sob frio
intenso pode resultar ainda mais difícil.
0
acabamento acústico não é absolutamente essencial quando 0 local é
isolado. Em caso contrário, porém, torna‑se necessário por
dois motivos: primeiro, evitar que pessoas estranhas ouçam o que
está acontecendo, e segundo, para evitar os irritantes ruídos da
civilização, como rádios, veículos, construções ou descargas de
banheiros.
Antes
que o leitor desanime completamente, precisamos dizer que, depois de
muitos anos de experiência em magia, ainda não encontramos as
condições ideais para trabalhar, mas, mesmo assim, apesar das
dificuldades, já conseguimos excelentes resultados. Quando existe a
vontade, existe o jeito, e isso vale tanto para a magia como para
qualquer outra coisa.
Transformação
do sótão ou do porão
Quando
não existe a possibilidade de se dedicar todo um aposento ao templo,
podemos pensar em termos de reforma do sótão ou do porão, ou na
construção de um templo portátil. Todas essas possibilidades têm
suas vantagens e suas desvantagens. Os sótãos freqüentemente
têm formas irregulares, com vigas expostas em ângulos incômodos;
além disso, o controle da temperatura pode se tomar difícil, a não
ser que a reforma seja efetuada por um profissional.
Os
porões podem ser adequados (de fato, muitos rituais antigos eram
celebrados em grutas), mas nas casas modernas nem sempre existe um
porão. Resta mencionar que, nas construções modernas, os tetos
costumam ser baixos, e talvez seja necessário modificar alguns
gestos ritualistas mais amplos com a vara ou a espada (esta última,
por exemplo, pode ser substituída pela adaga).
Entretanto
não devemos nos esquecer de que os antigos templos dos mistérios,
absolutamente, não eram espaçosos. A maior parte do trabalho
importante se desenrola na mente, e pode ser executado em pé ou
sentado, sem uma necessidade absoluta de grande liberdade de
movimentos.
Assim,
pensando em termos de um templo portátil ou pré‑fabricado
em concreto, este pode ter dimensões reduzidas, como, por exemplo,
dois e meio metros quadrados. 0 concreto pré‑fabricado é mais
vantajoso que a madeira, considerando‑se o isolamento acústico,
o controle de temperatura e a prevenção de incêndios, mas
apresentará dificuldades em qualquer caso, a não ser que a
estrutura básica receba um bom acabamento; isso significa
revestimento, calafetação e instalações elétricas, além de
dispositivos para manter longe os ratos, que adoram roer velas para
complementar suas refeições.
Como
fazer seu próprio templo
Podemos
conseguir uma realização profunda e arquetípica construindo
nosso próprio templo, começando dela limpeza do terreno, seu
nivelamento e, depois, colocando sólidas fundações, medidas com o
esquadro e o compasso*. Numa área reduzida, de apenas oito pés
quadrados, podemos colocar o equipamento básico de colunas e altar,
e ter espaço para até quatro pessoas sentadas, uma em cada canto.
Essas
considerações significam que, ao usarmos um aposento interno, suas
proporções podem ser bastante modestas; podemos até utilizar uma
despensa, tomando as devidas precauções para obter boa ventilação
e acesso.
Da
mesma forma, podemos separar uma parte de um aposento. Uma sala em L
se presta muito bem para esse propósito. E~sempre melhor quando a
divisão pode ser permanente, mas quando temos de optar por uma
solução provisória, podemos fechar um canto com uma cortina;
assim, quando corremos a cortina, o canto se torna o ponto focal de
toda a sala.
Com
um arranjo desse tipo, é preferível optar por um aposento que não
seja muito utilizado durante o dia, pois isso poderia interferir
com as forças psíquicos do templo. Mas essa solução provisória
poderá ser considerada razoável se utilizarmos um quarto
sobressalente ou um grande corredor, que não poderá ficar
continuamente ocupado pela mobilia ritual.
Um
armário ritual
Podemos
obter um arranjo parecido com um armário ritual, que, em sua forma
mais útil é, em geral, um guarda‑roupa reformado para esse
fim ou outro móvel parecido que tenha prateleiras. As prateleiras
superiores são removidas, e a prateleira central serve como altar,
quando as portas estão abertas.
A
parte sob a prateleira pode ser fechada com uma cortina, e o espaço
sob o altar serve para guardar os símbolos, que dali podem ser
retirados e colocados em seus lugares para a cerimônia. No mesmo
espaço podem ser guardadas também as roupas e o pano com o círculo
mágico, que será colocado no chão, e que nessas circunstâncias é
especialmente útil.
Um
pano grande, com o desenho das configurações elementais e/ou
planetárias contribui de maneira eficiente para transformar a
atmosfera do aposento, quando colocado no chão, especialmente quando
se utilizam também as vestimentas.
A
vantagem de um local reservado e exclusivo está em podermos nele
entrar sem vestimenta e, sem qualquer preparação prévia, sentir
imediatamente a atmosfera envolvente aguçando nossa intuição e
penetração psíquica. Portanto um templo completamente equipado
poupa tempo e energias e, sem dúvida, é muito conveniente, embora
não seja absolutamente imprescindível; qualquer pessoa que
consegue tirar o máximo proveito dos escassos recursos de que
dispõe pode também progredirem seu estudo prático.
Como
em outros ramos do estudo esotérico, o importante é dar o passo
seguinte, desfrutando das oportunidades disponíveis, mesmo quando
parecem escassas. Isso servirá como uma invocação, e as
circunstâncias começarão gradativamente a melhorar. Esperar por
condições ideais antes de começar a fazer qualquer coisa pode
resultar numa espera infinita.
Muitos
problemas de construção e localização do templo podem ser
evitados quando praticamos nossa magia ao ar livre, embora o clima,
em geral imprevisível, possa criar outros riscos e incômodos.
Em
geral, existe uma certa diferença fie atitude entre os que são
atraídos pelos trabalhos em ambientes fechados e os que preferem
trabalhar ao ar livre, apesar desses trabalhos serem completamente
compatíveis, embora superficialmente diferentes. A primeira maneira
tende a ser mais formal e intelectualizada, e a segunda é uma
inclinação natural dos místicos da natureza e dos que se sentem
atraídos pelo "ofício", como é hoje chamado o
reflorescimento de costumes e crenças pagãos; em sua forma moderna,
encontra forte respaldo no lado místico e religioso daqueles que se
preocupam com a conservação ambiental da natureza.
Um
templo ao ar livre
É
possível fazer‑se um templo ao ar livre com pedras empilhadas,
conforme as diretrizes já dadas para um templo fechado. Num sentido
mais amplo, o horizonte é o círculo mágico. É óbvio que os
problemas para construir um círculo de pedras podem ser
consideráveis. Os problemas diminuem quando pensamos em termos de um
recinto de madeira e um círculo de mourões.
Mais
uma vez, a desvantagem desse tipo de construção é sua localização.
Pode parecer meio esquisita num jardim de periferia, e a curiosidade
dos vizinhos pode atrapalhar bastante os trabalhos.
Entretanto
existem amplas opções de ritos mágicos menos formais e menos
estruturados. Existem muitas fontes de poderes psíquicos que podem
ser desfrutadas nos campos e até nos parques urbanos.
Obviamente,
existem poderosas forças psíquicas associadas a antigos lugares de
culto, muito numerosos na Europa setentrional e nas Ilhas Britânicas,
e que não se restringem apenas aos centros turísticos de
Stonehenge, Glastonbury, Carnac, etc. Entretanto precisamos avisar
que alguns sítios antigos podem ser muito mais poderosos do que
imaginamos; por conseguinte, recomendamos prudência e bom senso.
Existem lugares excelentes, não‑influenciados por rituais
antigos, e que podem ser encontrados; seu bom poder natural servirá
para adquirir experiência. Sinta as diferentes vibrações
provocadas por bosques diversos e até por árvores isoladas,
especialmente as árvores "mágicas" (carvalhos, freixos,
espinheiro, e os bosques de salgueiros). Outros lugares,
especialmente aqueles com determinados tipos de pinheiros, podem ser
esquisitos e até hostis.
Podemos
utilizar também outros lugares públicos, especialmente igrejas e
catedrais, onde já existe uma atmosfera de devoção, acumulada
provavelmente durante séculos, e onde também existem muitas
correntes históricas que contribuem, sobretudo quando o prédio se
encontra em algum sítio antigo. Até uma construção prosaica como
a catedral de São Paulo, em Londres, com suas hordas de turistas,
possui seus pontos energéticos, os quais podem ser percebidos pelas
pessoas sensíveis.
Marcação
de um círculo
Essa
maneira de proceder garante que possamos trabalhar sem atrair atenção
desnecessária para a nossa pessoa. No campo, a coisa é bastante
simples, pois os objetos podem ter aparência totalmente comum.
Uma japona com capuz serve como vestimenta; uma varetinha ou uma
bengala substitui a vara; uma faca ou uma enxada, e uma caneca ou um
cantil podem servir como espada e taça, respectivamente. E uma
rosa‑dos‑ventos serve como excelente pentáculo para o
norte. Tudo isso e mais um cordão ou faixa formam um equipamento
completo para marcar um círculo ‑ em cujo centro nos
colocaremos, usando nossa imaginação mágica.
Num
local muito público, preferiremos demonstrar ainda menos
características exteriores que chamem atenção. Nesse caso, nos
aproximamos de um aspecto importante do trabalho mágico, cujo ritual
formal está na prática e na preparação. Trata‑se da
habilidade de dispensar todas as armas simbólicas visíveis e
utilizá‑las por meio de mentalização. Assim, todo mago tem
dois conjuntos de armas mágicas, como já disse Eliphas Lévi; um
físico, e um imaginário. Este último é realmente difícil de
formular sem que se tenha conseguido uma grande familiaridade com o
primeiro; mas, uma vez conseguida essa familiaridade, o conjunto das
armas imaginárias poderá ser utilizado com a mesma eficácia.
Dessa
forma, poderemos eventualmente trabalhar no recinto de uma catedral
ou num campo aberto com intenções mágicas, e desenvolver uma magia
tão poderosa quanto em nosso templo particular (ou talvez até
mais), sem que os transeuntes percebam qualquer coisa, satisfazendo
assim o antigo provérbio da magia:
Querer,
Saber, Ousar, Calar.
A
esfera mágica
Esse
auxiliar para a meditação possui muitas ramificações simbólicas,
como poderá descobrir por si mesma qualquer pessoa que se decida a
usá‑lo. A esfera pode ser feita em cartolina, na qual
recortamos dois círculos e dois semicírculos, como na Fig. 1.
Depois colorimos ambos os lados da cartolina, conforme as instruções,
e cortamos nas linhas cheias.
Encaixe
os círculos 1 e 2 mediante a fenda horizontal que chega até o
centro. Depois encaixe os semicírculos do círculo 3 nas partes
superior e inferior do círculo 2. Com uma execução perfeita,
teremos um quadrante amarelo, um quadrante vermelho, um quadrante
azul e um quadrante verde.
Imagine
que o círculo 1 seja o chão do templo físico, ou o círculo mágico
no soalho. O círculo 2 pode ser equacionado em termos de simbolismo
com as colunas que se encontram ao seu lado enquando você está no
centro ‑ elas estão simbolicamente estendidas ao infinito,
encontrando‑se em cima e embaixo de você para formar o círculo
2. Os cabalistas podem considerar o ponto no alto como Kether, o
ponto abaixo como Malkuth e o ponto central como Tifereth. O círculo
3 representa os planos interior e exterior (a leste e a oeste das
colunas do círculo 2), e também os mundos superior e inferior, ou
consciente e subconsciente. A meditação poderá trazer ainda mais
significados, especialmente relativos aos primeiros capítulos da
Doutrina cósmica, de Dion Fortune.
0
cubo mágico
É
uma construção *similar à anterior, apenas que se trata de um cubo
ao invés de uma esfera. Poderíamos dizer que representa o templo
ideal. Os pormenores da construção estão na Fig. 2, em que as
linhas pontilhadas indicam as dobras na cartolina, que podem ser
dobras para fora ou para dentro. As cores são iguais em ambos os
lados, em cada parte do diagrama. Depois de recortada e dobrada, a
cartolina se transforma num templo cúbico com quatro quadrantes
elementares, cada um com a forma de um altar ideal, o cubo duplo.
Também
aqui a meditação poderá revelar mais.
Construção
das colunas
A
forma mais simples de construir as colunas é arranjar dois caibros
de madeira, lisos, de 10 X 10 cm, com um comprimento de 1,80 m. Estes
podem ser colocados em bases de metal, para mantê‑los de pé,
e uma roda velha, comprada num ferro‑velho, pode servir muito
bem para isso. A esfera no topo pode ser uma bola de borracha, colada
ou enfiada num prego. Toda a peça deve ser pintada de preto ou
prata. Se precisarmos dependurar símbolos nas colunas (como a
espada, ou a vara, etc.), poderemos colocar pequenos ganchos ou
pregos, que não serão muito visíveis.
Algumas
pessoas gostam de colunas circulares, mas estas são problemáticas
de fazer, a não ser que você consiga encontrar tubos ou bastões de
um diâmetro suficientemente largo, e em material que não madeira.
Se você quiser as colunas redondas em madeira, esta deverá ser
torneada (e provavelmente em seções), ou, então, aplainada à mão
e depois lixada.
O
"nemyss"
Trata‑se
de uma cobertura ritual para a cabeça, muito simples e prática.
Experimentando, você poderá conseguir as melhores proporções para
seu uso, com tecidos de várias espessuras. Uma fazenda grossa ficará
rígida e com a aparência da cobertura para cabeça de algum antigo
deus egípcio. Já um material mais leve terá uma aparência
diferente, mas também eficiente.
A
borda, com fitas ou rendas, é colocada na testa, e as fitas ou
rendas são amarradas atrás. O nemyss pode ser ajeitado
a gosto.
Vestimenta
A
vestimenta mais simples, que pode ser facilmente confeccionada até
mesmo por um principiante, é a túnica, que consiste num corte de
tecido com um buraco no centro, para a cabeça. A túnica
convencional do mago é um pouco mais trabalhada. Os lados são
costurados, e tem mangas. Tradicionalmente as mangas são largas, e
se abrem ainda mais sobre os pulsos, dando à peça uma forma que
lembra a letra grega tau. Se você deseja respeitar essa tradição,
não faça mangas muito compridas, porque o manuseio de velas acesas
e de outros objetos rituais poderia se tomar perigoso!