ESPIRITISMO E EXTRATERRESTRES
Por
Elsie Dubugras, revisado por Dante Labate
- Apesar de pouco
conhecida, a ligação do espiritismo com a idéia de possíveis
seres extraterrestres é antiga. Allan Kardec, codificador da
doutrina, já em 1868 se referia à existência de vida inteligente
em outros mundos. Depois dele, muitos autores espíritas voltaram a
falar do assunto. Mas, curiosamente, nada se fala a respeito das
naves extraplanetárias usadas pelos alienígenas em suas viagens: os
enigmáticos discos voadores. “Deserto inimaginável estende-se
além das estrelas. Lá, em condições diferentes das do vosso
planeta, novos mundos revelam-se e desdobram-se em formas de vida,
que as vossas concepções não podem imaginar, nem vossos estudos
comprovar”
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“Aquele
que vem de vosso sistema depara-se com a ação de outras leis
regendo as manifestações de vida. Os novos caminhos que se
apresentam em tão singulares regiões abrem-nos surpreendentes
perspectivas.”
“Se
nos transportarmos além de nossa nebulosa, vemos que nos cercam
milhões de sóis e um número ainda maior de planetas habitados.”
Esses
períodos foram extraídos do capítulo 6 da A Gênese, obra
codificada pelo francês Allan Kardec, fundador do espiritismo. Estas
e outras passagens de sua obra evidenciam uma aceitação da
existência de vários planetas e da possibilidade de serem
habitados. No parágrafo 54 do capítulo A Vida Universal, ele
escreve: “Que as obras de Deus sejam criadas para o pensamento e a
inteligência; que os mundos sejam moradas se seres..., são questões
que já não nos causam dúvidas”. Mas adiante, no parágrafo 56,
lemos: “Se os astros que se harmonizam e seus vastos sistemas são
habitados por inteligências, estas não se desconhecem. Pelo
contrário, trazem marcado na fronte o mesmo destino e hão de se
encontrar, temporariamente, segundo suas funções de vida, e isto
poderá ocorrer de novo, segundo suas simpatias mútuas”.
Os
espíritas aceitam a existência de vidas e inteligências
extraterrenas. Não crêem que os inúmeros planetas existentes sejam
matéria inerte e sem vida. Mas, isso não significa que pensem ser a
vida nestes mundos igual à terrena. Já em 1868 A Gênese alertava o
homem para que não visse, em torno de cada sol, sistemas planetários
iguais ao seu e, também, para o fatos de lá não existirem somente
três reinos... “Assim como o rosto de nenhum homem é igual ao de
outro”, dizia Kardec, “da mesma forma são diversas as
civilizações espalhadas pelo espaço. Elas divergem segundo as
condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que
cabe a cada uma no cenário universal”.
Estas
observações, feitas há mais de um século, estão de acordo com L.
B. Taylor e seu livro For All Mankind, no capítulo Interplanetary
Ambassadors, onde diz: "Não existem dois planetas iguais, e há
grandes diferenças entre seus satélites. Cada um está num estágio,
tem uma história e terá um futuro diferente. Considerando como um
todo, o sistema solar é comparável a um laboratório rico em
quantidade e variedade de espécies". E o humano é uma delas!
Ainda
em A Gênese, ao falar dos seres humanos e dos extraterrestres,
Kardec diz que no intervalo de suas existências corporais “os
desencarnados formam a população espiritual da Terra”. Segundo
ele, a morte e o nascimento fazem com que as duas populações – os
encarnados (vivos) e os desencarnados (espíritos) – se completem
constantemente. Contudo, quando a Terra ou outro mundo necessitam de
renovação ocorrem épocas de grandes calamidades que provocam
imigrações e emigrações. Ele observa, ainda, que esta troca
populacional pode não se realizar num só planeta – como entre a
Terra e o plano espiritual que lhe é próprio – mas entre este e
um outro qualquer.
Adão
e Eva: extraterrestres?
Uma
destas imigrações de seres extraterrestres à Terra poderia ser a
origem da raça adâmica, simbolizada na Bíblia por Adão e Eva. Não
é inviável pensar-se que quando estes seres aqui chegaram, há
alguns milhares de anos, encontraram o planeta povoado por seres
humanos primitivos, o que estaria de acordo com fatos geológicos e
observações antropológicas.
Uma
dedução deste tipo é bastante lógica se, baseados nos livros
sacros, notaremos que já na segunda geração os descendentes de
Adão cultivaram o solo, trabalharam os metais, construíam cidades e
dedicavam-se à arte. Isso pode ser dado um grande impulso à
civilizações terrena, uma vez que os habitantes de até então,
muito provavelmente, não conheciam a maioria desses ofícios.
Se
aceitarmos esta hipótese, podemos presumir que estes extraterrestres
tivessem condições físicas que permitiram suas adaptações ao
nosso planeta e o desenvolvimento, aqui, de sua civilização.
Pode-se, portanto considerar viável a possibilidade de habitantes de
outros mundos terem semelhanças físicas, espirituais e mentais com
o homem. Talvez mesmo, e não é a primeira vez que se fala nisto,
sejamos seus descendentes.
Recentemente
cientistas exploraram alguns planetas por meio de aparelhos
sofisticados e não encontraram nenhum sinal de vida igual ou
diferente da nossa. Kardec , entretanto, parece ter previsto esta
possibilidade, pois fez uma interessante observação, bastante
aplicável nos dias de hoje: “Se jamais houvéssemos visto um
peixe, não poderíamos conceber um ser vivendo na água; não
teríamos a menor idéia de sua estrutura... Por que então não
admitir que outras formas de vida podem viver em outros planetas, num
meio diverso do nosso? Pudemos observar, até agora que na Lua não
vivem seres como nós, mas como não temos conhecimento de suas
estrutura, não podemos dizer com certeza se nela existem ou não
outros tipo de vida. Se não temos prova material e de visu da
presença de vida a inexistência de organismos apropriados a estes e
outros meios”.
Mais
adiante, no final do artigo, ele diz: “Por meio de simples
raciocínio pudemos chegar como muitos antes de nós, a uma conclusão
favorável à pluraridade dos mundos. Tal raciocínio é confirmado
pela revelações dos espíritos, que nos dizem que os mundos são
habitados por seres que podem ser mais ou menos evoluídos que nós...
E, ainda mais, hoje sabemos ser possivel entrar em contato com eles e
obter esclarecimento sobre seu estado. Assim, tudo é povoado no
universo. Planetas sólidos, o ar, as entranhas da Terra, e até as
profundezas etéreas”. (Revista Espirita, Março de 1868, página
65, 66, 67)
Os
espíritos falam sobre os extraterrestres
Por
várias vezes, artigos publicados na Revista Espírita descreveram
extraterrestres e falaram sobre seus costumes, moradias, alimentação
e meios de transporte e comunicação. Sobre os seres de Júpiter,
por exemplo, podemos ler que “a conformação física é quase
igual á nossa, mas menos densa e com um peso específico menor”. A
densidade de seus corpos é tão pequena que pode ser comparada aos
nossos fluidos imponderáveis, tendo o aspecto vaporoso, imaterial e
luminoso, principalmente nos contornos do rosto e da cabeça. Este
brilho magnético é semelhante àquele que os artistas simbolizaram
na auréola dos santos. Como a matéria desses corpos é mais
depurada, com a morte ela se dissipa sem passar pelo estado de
decomposição pútrida. O “homem” de Júpiter é grande, maior
que o terráqueo; seu desenvolvimento é rápido; e sua infância
dura apenas alguns meses. A duração de sua vida eqüivale a cinco
de nossos séculos.
Quando
à locomoção, é fácil e obtida pelo esforço de vontade, pois,
como a densidade do corpo jupiteriano é pouco maior do que a
atmosférica, ele se liberta facilmente da atração planetária.
Enquanto aqui andamos, eles deslizam pela superfície com a
facilidade de um pássaro no ar.
Victorien
Sardou, jovem literato contemporâneo de Allan Kardec, desenhou
diversas cenas jupiterianas. Desenhista sem habilidade, foi, segundo
diz, influenciado por um habitante de Júpiter que, séculos antes,
havia morado na Terra, onde fora oleiro r chamara-se Bernard Palissy.
Através de médium Sardou, Palissy não apenas fez um grande número
de pinturas onde retratava habitações, personalidades e cenas do
dia-a-dia, como menos também falou e explicou que, desde que um ser
possua um corpo físico, por menos que um denso que seja, necessita
não somente de alimentação e vestuário mas, ainda, de moradia e
organização social.
As
descrições que Palissy fez de Júpiter são curiosas. Disse que a
atmosfera desse planeta é diferente da terrestre. A água do planeta
é mais etérea, parece-se mais ao vapor, e a matéria, como a
conhecemos, quase não existe. Algumas plantas assemelham-se às
nossas, e existem flores com uma textura tão delicada que as torna
quase transparentes.
Ao
falar sobre as habitações, Palissy disse que o material com o qual
são construídas as casas do planeta funde-se sob a pressão dos
dedos humanos, como se fosse neve, e que este é um dos materiais
mais resistentes do lugar. As vidraças são feitas por uma espécie
de vidro líquido e colorido que endurece ao tomar contato com o ar.
Palissy disse que “a imobilidade das moradias era um entrave, e por
isso descobriu-se uma maneira de fazê-las leves e transportáveis a
qualquer lugar do planeta".
Segundo
ele, durante certas épocas do ano, o céu fica obscurecido por uma
nuvem de “casas” que vêm do todos os pontos. "É um passar
ininterrupto de moradias de várias formas, cores e tamanhos. Somente
quando finda a temperada, o céu fica livre destes curiosas pássaros.
Os
jupiterianos comunicam-se, normalmente, por telepatia, mas também se
utiliza da linguagem articulada. A Segunda visão (clarividência),
têm permanentemente. O estado rotineiro deles pode ser comparado ao
de um “sonâmbulo lúcido”, e é por isso que podem comunicar-se
conosco com uma facilidade maior que habitantes de mundos mais
grossos e materiais".
Quando
se perguntou a Kardec sobre as condições de luz e calor nos mundos
extraterrenos, ele respondeu que a existência nesses lugares deve
ser apropriada ao meio em que se vive. “Que impossibilidade haveria
para a eletricidade ser mais abundante do que na Terra e desempenhar
papéis cujos efeitos não compreendemos? Esses mundos podem conter
em si mesmos as fontes de luz e calor de que necessitam”, disse
ele.
Literatura
espírita não menciona naves espaciais
Entretanto,
não foi só Kardec que se manifestou a respeito do tema. Antes dele,
Margeret, uma das irmãs Fox que deram origem ao espiritismo na
América, havia mencionado o assunto. Posteriormente, numerosas
mensagens surgiram em diversas partes do globo. No Brasil, o médium
Chico Xavier psicografou mensagens enviadas pelo espírito do
jornalista brasileiro Humberto de Campos e por Maria João de Deus.
Ercílio Maes recebeu, do espírito Ramatis, A Vida no Planeta Marte.
Nesta obra, Ramatis explica que o marciano não apresenta as mesmas
características substanciais do terráqueo, pois, apesar de Ter a
mesma forma, vibra num plano mais energético que material. Seu mundo
situa-se num campo vibratório adequado a seu corpo físico, ou seja,
é menos material que o nosso.
José
Neufel diz que, “de acordo com a ciência, planos vibratórios
podem sobrepor-se ou interpenetrar-se. Nosso aparelhamento sensorial
é apto à percepção de fenômenos materiais situados entre as
fronteiras do plano vibratório em que vivemos. Normalmente, não
podemos transpô-las e penetrar em outro planos vibratórios e outros
graus energéticos. Logo, o fato de não percebemos certas vibrações
não significa que inexistam, mas apenas que estão aquém ou além
dos limites de nosso mundo sensorial. Se formos a Marte ou a qualquer
outro planeta, é provável que os consideremos inteiramente
desértico ou sem vida. Não é impossível, todavia, que eles
existam, num outro plano vibratório, mundos organizados e muito mais
adiantados que o nosso, imperceptíveis aos nossos sentidos”.
Na
literatura espírita, não encontramos qualquer menção às naves
espaciais avistadas por pessoas d todos os lugares do mundo. Chico
Xavier, no livro Nosso Lar, fala do “aerobus” mas, como a obra
trata do mundo espiritual do nosso planeta, não a comentaremos num
texto sobre ufologia. Também as vozes paranormais gravadas em fitas
aludem a maios de transporte mas, segundo pesquisadores, elas não
originárias de planos espirituais próximos à Terra, e por isso
também fogem um pouco do tema deste artigo.
Assim,
apesar de aceitar a existência de diversos planetas habitados, o
espiritismo ainda não oferece explicações sobre locomoção dos
extraterrestres por meio de naves espaciais, nem sobre alguns
“seqüestros” registrados. As comunicações existente entre o
homem e habitantes de outro planeta podem, segundo o espiritismo, ser
feitas por intermédio de médiuns que recebem mensagens de espíritos
que estão em comunicação com os extraterrestres.
Encerraremos
este artigo citando os dois últimos parágrafo da obra de José
Neufel, Buscando Vida nas Estrelas, onde ele sintetiza, muito bem, o
pensamento dos espíritas: “O homem, na sua extrema vaidade e seu
inescondível orgulho, considera-se o rei da criação, quando, na
realidade, é um ser ainda no início da escala evolutiva universal”.
“É
esta convicção que o espiritismo procura transmitir, bem como o
sentimento do que, ao melhorarmos nosso íntimo retificarmos nossas
falhas e imperfeições, aprimoramos nossos espíritos em múltiplas
e sucessivas existências, subimos na escala evolutiva e conquistamos
o direito de viver em mundos melhores, migrando por planetas,
estrelas e galáxias, numa apoteose gloriosa e sublime da ascensão
espiritual.”