Os Elementos, Os Elementais e Os Elementares
Os
Elementos, Os Elementais e Os Elementares.
Isis
Sem Véu
A
ATRAÇÃO E REPULSÃO UNIVERSAL.
Os
eruditos antigos e medievais acreditavam nas doutrinas arcanas da
sabedoria. Esta incluíam a Alquimia, a Cabala caldaico-judia, os
sistemas esotéricos de Pitágoras e dos antigos magos, e os dos
últimos filósofos e teurgista platônicos. Não devemos esquecer de
mostrar as grandes verdades que jazem sob as religiões
malcompreendidas do passado. Os quatro elementos de nossos pais,
terra, ar, água e fogo, contêm para o estudante da Alquimia e da
antiga Psicologia - ou, como agora é chamada, magia - muitas coisas
com que nossa filosofia jamais sonhou. Não devemos esquecer que o
que é agora chamado de Necromancia pela Igreja, e Espiritismo pelos
crentes modernos, e que inclui a evocação de espíritos mortos, é
uma ciência que, desde a remota Antigüidade, se difundiu quase
universalmente pela superfície de nosso globo.
Viagem Alem | Fazer Viagem Astral | Paranormal | Ocultismo | Espiritualidade |
Técnicas de Projeção Astral e Exercicíos para a Espiritualidade
Embora
não sendo nem alquimista nem astrólogo, mas simplesmente um grande
filósofo, Henry More, da Universidade de Cambridge, um homem de
renome universal, pode ser considerado um arguto lógico, cientista e
metafísico. Durante toda a vida ele acreditou fortemente na
feitiçaria. Sua fé na imortalidade e os hábeis argumentos na
demonstração da sobrevivência do espírito do homem após a morte
baseiam-se no sistema pitagórico, adotado por Cardan, Van Helmont, e
outros místicos. O espírito infinito e incriado que chamamos
comumente de DEUS, substância da mais elevada virtude e excelência,
produziu todas as coisas pela causalidade emanativa. Deus, portanto,
é a substância primária, e tudo o mais, a secundária; se Deus
criou a matéria com o poder de mover-se a si própria, ele, a
Substância Primária, é ainda a causa desse movimento, tanto quanto
da matéria, e podemos dizer acertadamente que é a matéria que se
move a si própria. "Podemos definir esta espécie de espírito
de que falamos como uma substância indiscernível, que pode
mover-se, que pode penetrar-se, contrair-se e dilatar-se, e que
também pode penetrar, mover e alterar a matéria", que é a
terceira emanação. Ele acredita firmemente nas aparições, e
defendia intransigentemente a teoria da individualidade de toda alma,
em que "personalidade, memória e consciência continuarão
seguramente num estado futuro". Ele dividia o corpo astral do
homem, após a sua saída do corpo, em dois veículos distintos: e
"aéreo" e o "etéreo". Durante o tempo em que o
homem desencarnado se move em suas vestes aéreas, está sujeito ao
Destino, ao mal e à tentação, vinculado aos seus interesses
terrestres, e por isso não é totalmente puro; é apenas quando
abandona esta roupagem das primeiras esferas e se torna etéreo que
ele se apresenta seguro de sua imortalidade. "Pois que sombra
pode esse corpo projetar que seja luz pura e transparente, tal como o
é o veículo etéreo? E é assim que se cumpriu o oráculo, quando a
alma ascendeu àquela condição de que já falamos, na qual só ela
fora do alcance do destino e da mortalidade". Ele concluiu sua
obra declarando que esta condição transcendente e divinamente pura
era o único objeto do pitagóricos.
Descartes,
embora um cultor da matéria, era um dos mais devotados mestres da
doutrina magnética e, num certo sentido, até mesmo da Alquimia. Seu
sistema filosófico assemelha-se bastante ao de outros grandes
filósofos. O espaço, que é infinito, é composto, ou antes
preenchido, por uma matéria fluida e elementar, e é a única fonte
de toda a vida, que enfeixa todos os globos celestiais e os mantém
em perpétuo movimento. As correntes magnéticas de Mesmer são por
ele disfarçadas nos vórtices cartesianos, e ambos repousam no mesmo
princípio. Ennemoser não hesita em afirmar que ambos têm mais em
comum "do que as pessoas imaginam, pois não examinaram
cuidadosamente o assunto".
O
bem-conhecido Dr. Hufeland escreveu uma obra sobre Magia, em que
propõe a teoria magnética universal entre homens, animais, plantas
e mesmo minerais. Ele confirma o testemunho de Campanella, Van
Helmont e Sérvio, no que se refere à simpatia existente tanto entre
as diferentes parte do corpo quanto entre as partes de todas os
corpos orgânicos e inorgânicos.
OS
FENÔMENOS PSÍQUICOS DEPENDEM DO MEIO FÍSICO.
Kepler
- precursor de Newton em muitas grandes verdades, inclusive na da
"gravitação" universal, que ele corretissimamente atribui
à atração magnética, embora chame a Astrologia de "a filha
insana de uma mãe muito sábia", a Astronomia - partilha da
crença cabalística de que os espíritos dos astros não passaram de
"inteligências". Ele acredita firmemente em que cada
planeta é a sede de um princípio inteligente e que todos são
habitados por seres espirituais, que exercem influência sobre outros
seres que habitam esferas mais grosseiras e materiais do que a sua
própria e especialmente sobre a nossa Terra. Como as influencias
estrelares espirituais de Kepler foram suplantadas pelos vórtices do
materialista Descartes, cujas tendências ateístas não o impediram
de acreditar que havia descoberto um regime que prolongaria sua vida
por mais de quinhentos anos, os vórtices deste último e as suas
doutrinas astronômicas poderão algum dia dar lugar às correntes
magnéticas inteligentes que são dirigidas pela Anima Mundi.
Batista
Porta, o sábio filósofo italiano, não obstante seus esforços para
mostrar ao mundo a fala de fundamento das acusações de que a Magia
é superstição e feitiçaria, tem sido tratado pelos críticos
modernos com a mesma injustiça que os seus colegas. Este célebre
alquimista deixou uma obra sobre Magia Natural, em que baseia todos
os fenômenos ocultos possíveis ao homem na alma do mundo que une
todas as coisas entre si. Ele mostra que a luz astral (* Capítulo V)
age em harmonia e simpatia com toda a Natureza; que ela é a essência
da qual os nossos espíritos são formados; e que, agindo em uníssono
com a sua fonte-mãe, nossos corpos siderais se tornaram capazes de
produzir maravilhas mágicas. Todo o segredo depende de nosso
conhecimento dos elementos afins. Ele acreditava na pedra filosofal,
"da qual o mundo tinha uma tão alta opinião que foi alardeada
durante tantos séculos e afortunadamente alcançada por alguns.
Finalmente, ele emite muitas sugestões valiosas a respeito de seu
"significado espiritual". Em 1643, surgiu entre os místicos
um monge, Padre Kirche, que ensinou uma filosofia completa do
Magnetismo universal. Suas numerosas obras abrangem muitos dos
assuntos apenas sugeridos por Paracelso. Sua definição do
Magnetismo é muito original, pois ele contradisse a teoria de
Gilbert, segundo a qual a Terra é um grande imã. Ele afirmava que,
embora toda partícula de matéria, e mesmo os "poderes"
invisíveis, sejam magnéticos, não constituem em si mesmo um imã.
Existe apenas um ÍMÃ no Universo, e dele procede a magnetização
de tudo. Este imã é naturalmente o que os cabalistas chamam de Sol
Espiritual Central, ou DEUS. Ele afirma que o Sol, a Lua, os Planetas
e as estrelas são altamente magnéticos; mas eles se tornaram assim
por indução vivendo no fluído magnético universal. Ele demonstra
a simpatia misteriosa existente entre os corpos dos três principais
reino da Natureza, e reforça o seu argumento com um catálogo
estupendo de exemplos. Muitos destes foram verificados pelos
naturalistas, mas ainda muitos cuja autenticidade não foi
reconhecida; assim, de acordo com a política tradicional e com a
lógica equivoca de nossos cientistas, foram negados. Por exemplo,
ele mostra uma diferença entre o magnetismo mineral e o
zoomagnetismo, ou magnetismo animal. Ele o demonstra pelo fato de
que, exceto no caso da magnetita, todos os minerais são magnetizados
pela potência superior, o magnetismo animal, ao passo que este o
possui como emanação direta da primeira causa - o Criador. Uma
agulha pode ser magnetizada sendo simplesmente segura pela mão
dotada de uma vontade poderosa, e o âmbar desenvolve seus poderes
mais pela fricção da mão humana do que por qualquer outro objeto;
assim, o homem pode transmitir a sua própria vida, e, em certa
medida, animar objetos inorgânicos. Isso, "aos olhos dos tolos,
é feitiçaria". "O Sol é o mais magnético de todos os
corpos", diz ele, antecipando, assim, a teoria do Gen.
Pleasonton em mais de dois séculos. "Os filósofos antigos
jamais negaram o fato", acrescenta ele, "mas perceberam que
o Sol prende todas as coisas a si, e também comunica este poder
unificante e outras coisas."
Kirches
explica todos os sentimentos humanos como resultado das modificações
de nossa condição magnética. Raiva, ciúme, amizade amor e ódio,
tudo são modificações da atmosfera que se desenvolve em nós e que
emana continuamente de nós. O amor é uma das variáveis, e por isso
as suas manifestações são incontáveis. O amor espiritual, o de
uma mãe por seu filho, o de um artista por uma arte particular, o
amor como pura amizade são manifestações simplesmente magnéticas
de sistemas em natureza congênitas. O magnetismo do amor puro é a
origem de toda coisa criada. Em seu sentido ordinário, o amor entre
os sexos é eletricidade, e ele o chama amor febris species, a febre
das espécies. Há duas espécies de atração magnética: simpatia e
fascinação; uma é santa e natural, e a outra, má e não natural.
À última, a fascinação, devemos atribuir o poder do sapo venenoso
que, simplesmente abrindo a boca, atrai o réptil ou o inseto que se
precipita nela para a sua destruição. O veado, assim como outros
animais menores, são atraídos pelo hálito da jibóia, e são
irresistivelmente compelidos a vir ao seu alcance. O peixe torpedo
entorpece o braço do pescador por algum tempo, com suas descargas.
Para exercer um tal poder com fins benéficos, o homem requer três
condições: 1º) nobreza de alma; 2º) vontade poderosa e capacidade
imaginativa; 3º) um paciente mais fraco que o magnetizador, senão
ele resistirá. Um homem livre dos estímulos e da sensualidade
mundanos pode curar dessa maneira as doenças mais "incuráveis",
e a sua visão pode tornar-se lúcida e profética.
A
ALMA DO MUNDO, E SUAS POTENCIALIDADES.
Especialmente
nos países que não foram abençoados com a civilização que
deveríamos buscar uma explicação da Natureza, e observar os
efeitos daquele poder sutil, que os antigos filósofos chamavam de a
"alma do mundo". Apenas no Oriente, e nas imensas regiões
da África inexplorada, encontrará o estudante de Psicologia
alimento abundante para a sua alma sedenta de verdade. A razão é
óbvia. A atmosfera nas regiões populosas está nocivamente viciada
pela fumaça e pelas emanações de fábricas, máquinas a vapor,
estradas de ferro e barcos a vapor, e especialmente pelas exalações
miasmáticas dos vivos. A Natureza depende, tanto quanto o ser
humano, das condições antes de poder agir, e sua poderosa
respiração pode, por assim dizer, ser facilmente estorvada,
impedida e interrompida, e a correlação de suas forças ser
destruída num dado ponto, como se ela fosse um homem. Não apenas o
clima mas também influências ocultas tendem diariamente não só a
modificar a natureza físico-psicológica do homem, mas também a
alterar a constituição da chamada matéria inorgânica num grau não
facilmente compreendido pela ciência européia.
Vejamos,
"Três espíritos vivem no homem e o animam", ensina
Paracelso; "três mundos projetam seus raios sobre ele; mas
todos os três apenas como a imagem e o eco de um único e mesmo
princípio de produção que constrói e une todas as coisas. O
Primeiro é o Espírito dos Elementos [corpo terrestre e força vital
em seu estado bruto]; e Segundo, o Espírito dos Astros [corpo
sideral ou Astral]; o Terceiro é o Espírito Divino [Augoeides].
Estando nosso corpo humano de posse da "matéria terrestre
primeva", como Paracelso a chama, podemos aceitar facilmente a
tendência da moderna pesquisa científica "para encarar os
processos da vida animal e vegetal como meramente físicos e
químicos". Essa teoria corrobora ainda mais as afirmações dos
filósofos antigos e a Bíblia mosaica, segundo as quais os nossos
corpos foram feitos de pó e para o pó voltarão. Mas devemos
lembrar que:
"`És
pó e ao pó voltaras',
não
é da alma que se falou"
O
homem é um pequeno mundo - um microcosmo dentro do grande
macrocosmo. Como um feto, ele está suspenso, por três espíritos,
na matriz do macrocosmo; e enquanto seu corpo terrestre está em
simpatia constante com a terra, sua mãe, a sua alma astral, vive em
uníssono com a anima mundi sideral. Ele está nela, como ela está
nele, pois o elemento que impregna o universo enche todo o espaço, e
é o próprio espaço, só que sem bordas e infinito. Quanto ao seu
terceiro espírito, o divino, o que é ele senão um raio
infinitesimal, uma das incontáveis radiações que procedem da Causa
Superior - a Luz Espiritual do Mundo? Tal é a trindade na natureza
orgânica e inorgânica - a Espiritual e a Física, que são Três em
Um, e a respeito da qual diz Proclus que "A Primeira Mônada é
o Deus Eterno; e Segunda, a Eternidade; a Terceira, o Paradigma, ou o
padrão do Universo"; constituindo as três a Tríada
Inteligível. Tudo neste universo visível é Emanação dessa
Tríada, e uma Tríada microcósmica em si. E assim elas se movem em
majestosa procissão nos campos da Eternidade, em torno do Sol
Espiritual, do mesmo modo como no sistema heliocêntrico os corpos
celestiais se movem em redor dos Sóis visíveis. A Mônada
pitagórica, que vive "na solidão e nas trevas", pode
permanecer sobre esta terra para sempre invisível, impalpável e
indemonstrada pela ciência experimental. Contudo, todo o universo
estará gravitando ao seu redor, como o fez desde o "começo do
tempo", e a cada segundo o homem e o átomo aproximam-se desse
solene momento na eternidade, em que a Presença Invisível se
revelará à sua visão espiritual. Quando cada partícula de
matéria, mesmo a mais sublimada, for rejeitada da última forma que
constitui o derradeiro elo daquela cadeia de dupla evolução, que,
através de milhares de séculos e sucessivas transformações,
impulsionou o ser para a frente; e quando ela for revestida pela
essência primordial, idêntica à de seu Criador, então esse átomo
orgânico impalpável terá terminado sua marcha, e os filhos de Deus
"regozijar-se-ão" uma vez mais com a volta do peregrino.
"O
homem", diz Van Helmont, "é o espelho do universo, e a sua
tripla natureza está em relação com todas as coisas". A
vontade do Criador, por cujo intermédio todas as coisas foram e
receberam seu primeiro impulso, é a propriedade de todo ser vivente.
O homem, dotado de uma espiritualidade adicional, tem a parte maior
dela sobre este planeta. Depende da proporção de matéria nele
existente a capacidade de exercer a sua faculdade mágica com maior
ou menor sucesso. Dividindo essa potência divina em comum com todo
átomo inorgânico, ele a exerce durante toda a vida, conscientemente
ou não. No primeiro caso, quando em plena posse de seus poderes, ele
se tornará o seu mestre, e o magnale magnum (a Alma Universal) será
controlado e guiado por ele. No caso dos animais, plantas e minerais,
e mesmo da média Humanidade, esse fluído etéreo que impregna todas
as coisas quando não encontra nenhuma resistência, e é abandonado
a si mesmo, os move seguindo seus impulsos diretos. Todo ser criado
nesta esfera sublunar foi formado deste magnale magnum (ou Alma
Universal), e relaciona-se a ele. O homem possui um poder celestial
duplo, e está unido ao céu. Este poder existe "não apenas no
homem exterior, mas, num certo grau, também nos animais, e às vezes
em todas as outras coisas, pois as coisas no universo estão em
relação umas com as outras; ou, pelo menos, Deus está em todas as
coisas, como os antigos já observaram com uma correção admirável.
É necessário que a força mágica seja despertada tanto no homem
exterior quanto no interior. (...) E se o chamamos de poder mágico,
só os ignorantes podem se assustar com essa expressão. Mas, se
preferis, podeis chamá-lo de poder espiritual - spirituale robus
vocitaveris. Existe um tal poder no homem interior. Mas, como existe
uma certa relação entre o homem interior e o exterior, essa força
deve ser difundida por todo o homem".
O
PODER DA IMAGINAÇÃO.
O
célebre escocês Maxwell oferecia-se para provar às várias
faculdades de Medicina que com certos meios magnéticos à sua
disposição ele poderia curar qualquer uma das doenças abandonadas
por elas como incuráveis, tais como epilepsia, insanidade,
coxeadura, hidropisia e as febres obstinadas ou intermitentes.
A
história familiar do exorcismo do "espírito mau procedente de
Deus" que obsediava Saul, ocorrerá a todos a este propósito.
Ela é assim relatada: "E sucedeu que, quando o espírito
maligno da parte de Deus vinha sobre Saul, tomava a harpa, e a
dedilhava; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o
espírito maligno se retirava dele".
Maxwell,
em sua De medicina magnética, expõe as seguintes proposições, que
não são outras senão as mesmas doutrinas dos alquimistas e dos
cabalistas:
"O
que os homens chamam de alma do mundo é uma vida, como o fogo,
espiritual, ligeira, luminosa e etérea como a própria luz. É um
espírito de vida que existe em toda parte, e que é em toda parte o
mesmo. (...) Toda matéria é desprovida de ação, exceto quando é
animada pelo espírito. Esse espírito mantém todas as coisas em seu
estado peculiar. Encontra-se na natureza livre de todos os grilhões;
e aquele que sabe como uni-lo a um corpo harmônico possui um tesouro
que ultrapassa todas as riquezas".
"O
espírito é o vínculo comum de todos os quadrantes da Terra, e vive
em tudo e por tudo."
"Aquele
que conhece este espírito da vida universal e as suas aplicações
pode prevenir todas as injúrias".
"Se
sabes utilizar este espírito e fixá-lo sobre algum corpo
particular, realizará o mistério da Magia".
"Aquele
que sabe como agir sobre o homem por meio desse espírito universal
pode curar, e à distância que lhe aprouver".
"Aquele
que pode fortificar o espírito próprio com este espírito universal
continuará a viver até a eternidade".
"Existe
um vínculo que une os espíritos ou as emanações, mesmo quando
eles estão separados uns dos outros. E qual é esse vínculo? É um
fluxo eterno e incessante dos raios de um corpo em outro".
"Entrementes",
diz Maxwell, "não é sem perigo ocupar-se dele. Muitos abusos
abomináveis podem ocorrer".
Vemos
agora quais são esses abusos dos poderes mesméricos e magnético
sem alguns médiuns curadores.
Curar,
para merecer tal nome, requer a fé do paciente ou uma saúde robusta
unida a uma vontade poderosa do operador. Com paciência suplementada
pela fé, pode o homem curar-se de quase todos os estados morbíficos.
O túmulo de um santo; uma relíquia sagrada; um talismã; um pedaço
de papel ou de tecido que foi manuseado pelo suposto curador; uma
panacéia; uma penitência ou uma cerimônia; a imposição das mãos,
ou algumas palavras pronunciadas de modo emocionante - um ou outro o
fará. É uma questão de temperamento, imaginação, auto-sugestão.
Em milhares de casos, o médico, o sacerdote ou a relíquia obtiveram
o crédito por curas que eram devidas única e simplesmente à
vontade inconsciente do paciente. À mulher com perda de sangue que
se espremia pela turba a fim de tocar a túnica de Jesus,
assegurou-se-lhe que foi a "fé" que a curou.
A
influência da mente sobre o corpo é tão poderosa que ela realizou
milagres em todos os tempos.
"Quantas
curas inesperadas, súbitas e prodigiosas foram realizadas pela
imaginação", diz Salvete. "Nossos livros de Medicina
estão repletos de fatos dessa natureza, que passariam facilmente por
milagres."
Mas,
se o paciente não tem fé, o que acontece? Se ele é fisicamente
negativo e receptivo, e o curador forte, saudável, positivo,
determinado, a doença pode ser extirpada pela vontade imperativa do
operador que, consciente ou inconscientemente, chama a si e se
fortalece com o espírito da natureza universal, e restaura o
equilíbrio perturbado da aura do paciente. Ele pode empregar como um
auxiliar um crucifixo - como fazia Gassner; ou impor as mãos e a
"vontade", como o zuavo francês Jacob, como o nosso
célebre americano Newton, que curou muitos milhares de sofredores,
como muitos outros; ou como Jesus, e alguns apóstolos, ele pode
curar com uma palavra de comando. O processo em cada caso é o mesmo.
Em
todos estes casos a cura é radical e real, e sem efeitos danosos
secundários. Mas quando alguém que está fisicamente doente tenta
curar, ele não apenas falha como também comunica muitas vezes a sua
doença ao paciente, e lhe rouba o pouco de força que tenha. O
decrépito rei Davi reforçava o seu vigor combinado com o magnetismo
sadio da jovem Abisague; e as obras de Medicina falam-nos de uma
senhora idosa de Bath, Inglaterra, que arruinou sucessivamente, da
mesma maneira, a constituição de duas criadas. Os velhos sábios, e
também Paracelso, removiam as doenças aplicando um organismo sadio
à parte afligida, e nas obras do filósofo do fogo acima mencionado
sua teoria é clara e categoricamente exposta. Se uma pessoa doente -
médium ou não - tenta curar, sua força pode ser suficientemente
robusta para deslocar o mal, fazê-lo sair do presente lugar, e
fazê-lo mudar-se para outro, onde brevemente reaparecerá; o
paciente, entrementes, acredita-se curado.
Mas,
que acontece se o curador está moralmente doente? As conseqüências
podem ser infinitamente mais nocivas; pois é mais fácil curar uma
doença física do que purificar uma compleição infeccionada pela
torpeza moral. O mistério de Morzine, Cévennes e dos jansenistas
ainda o é para os filósofos e os psicólogos. Se o dom da profecia,
assim como a histeria e as convulsões, podem ser transmitidos pelo
"contagio", por que não todos os outros vícios? O
curador, neste caso, comunica ao seu paciente - que é agora sua
vítima - o veneno moral que infecta sua própria mente e coração.
Seu toque magnético é contaminação; seu olhar, profanação.
Contra sua tara não existe proteção para o paciente passivelmente
receptivo. O curador o mantém sob seu poder, enfeitiçado e
impotente, como, a serpente mantém um pobre e frágil pássaro. O
mal que um desses "médiuns curadores" pode causar é
incalculavelmente grande; e tais curadores se contam às centenas.
Mas,
para fechar uma lista de testemunhas que se poderia prolongar
indefinidamente, bastará dizer que, da primeira à última, de
Pitágoras a Éliphas Lévi, da mais ilustre mais humilde, todas
ensinam que o poder mágico jamais foi possuído por aqueles
inclinados a prazeres viciosos. Apenas o puro de coração "vê
Deus" ou exerce dons divinos - apenas ele pode curar as doenças
do corpo e deixar-se guiar com relativa segurança pelos "poderes
invisíveis". Apenas ele pode dar paz aos espíritos perturbados
de seus irmãos e irmãs, pois as águas curativas não provêm de
uma fonte envenenada; uva não crescem em espinheiros, e cardos não
produzem figos. Mas, apesar disso, "a Magia nada tem de
supremo"; ela é uma ciência, e mesmo o poder de "expulsar
demônios" era um ramo seu, de que os iniciados fizeram um
estado especial. "A arte que expulsa demônios dos corpos
humanos é uma ciência útil e salutar aos homens", diz Josefo.
AS
ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES MEDIÚNICAS.
Indubitavelmente,
os que acreditam nos fenômenos modernos podem reclamar para si uma
grande variedade de vantagens, mas o "discernir espíritos"
está evidentemente ausente desse catálogo de dons "espirituais".
Falando do "diakka", que uma bela manhã ele tinha
descoberto num recanto sombrio da "Summer Land", A.J.
Davis, o grande vidente americano, assinala: "Um diakka é um
ser que experimenta um prazer insano em pregar peças, em fazer
sortes com truques, em personificar caracteres opostos; para quem as
orações e as palavras profanas têm o mesmo valor; dominado pela
paixão por narrativas líricas (...) moralmente diferente, ele não
tem nenhum sentimento de justiça, de filosofia ou de terna afeição.
Ele nada sabe daquilo que os homens chamam de sentimento de gratidão;
os objetivos do ódio e do amor são os mesmos para ele; seu lema é
muitas vezes medonho e terrível aos outros - o EU é tudo na vida
particular, e a aniquilação é exaltada com o fim de toda a vida
particular. Ontem mesmo um deles, assinando-se como Swedemborg, disse
a uma senhora médium o seguinte: "Tudo que é, foi e será, ou
pode ser, SOU EU; e a vida particular não passa de fantasmas
agregados de palpitações pensantes, correndo em sua elevação para
o coração central da morte eterna!"
Porfírio,
cujas obras - para emprestar a expressão de um fenomenalista
irritado - "emboloram como qualquer outro refugo antiquado nos
armários do esquecimento", fala assim desse diakka - se tal é
seu nome - redescoberto no século XIX: "É com a ajuda direta
desses maus demônios que se realizam todos os atos de feitiçaria
(...) é o resultado de sua operações, e os homens que injuriam
seus semelhantes pagam freqüentemente grande tributo a esses
demônios maus, e especialmente a seu chefe. Estes espíritos passam
o tempo enganando-nos, com um grande aparato de prodígios vulgares e
ilusões; sua ambição é a de serem tomados por deuses, e seu chefe
reclama ser reconhecido como o deus supremo"
O
espírito que se assina Swedenborg - citado do Diakka de Davis, e que
sugere ser o EU SOU - assemelha-se singularmente a este chefe dos
demônios maus de Porfírio.
Nada
mais natural do que esse aviltamento dos teurgistas antigos e
experiente por certos médiuns, quando encontramos Jâmblico, o
expositor da teurgia espiritualista, proibindo estritamente todo
esforço para produzir tais manifestações fenomênicas; a não ser
depois de um longa preparação de purificação moral e física, e
sob a orientação de teurgistas experientes. Quando, além disso,
ele declara que, com pouquíssimas exceções, o fato de uma pessoa
"surgir alongada ou mais espessa, ou elevar-se no ar" é
uma marca segura de obsessão por demônios maus.
A
experiências do Sr. Crookes é uma boa evidência de que muitos
espíritos "materializados" falam com uma voz audível.
Ora, nós demonstramos, com base no testemunho dos antigos, que a voz
dos espíritos humanos não é e não pode ser articulada, pois é,
como declara Emanuel Swedenborg, "um profundo suspiro". Em
qual dessas duas classes de testemunhos se deve acreditar sem medo de
errar? É a dos antigos que tiveram a experiência de tantos séculos
de prática teúrgicas, ou a dos espíritas modernos, que não têm
nenhuma, e que não têm fatos em que basear qualquer opinião,
exceto os que foram comunicados pelos "espíritos", cuja
identidade não têm meios de provar? Existem médiuns cujos
organismos foram utilizados às vezes por centenas dessas
pseudoformas "humanas". No entanto, não lembramos de ter
visto ou ouvido um só que tenha expresso outras coisas que não as
idéias mais ordinárias. Este fato deveria certamente chamar a
atenção dos espiritista menos crítico. Se um espírito pode falar,
e se o caminho está aberto tanto aos seres inteligentes quanto aos
não inteligentes, por que não nos dão eles comunicações que se
aproximem em qualidade em algum grau remoto das comunicações que
recebemos através da "escrita direta"? Se a mesma espécie
de "espíritos" se materializa e produz a escrita direta, e
ambas se manifestam através dos médiuns, e uma fala absurdos, ao
passo que a outra nos dá com freqüência ensinamentos filosóficos
sublimes, por que deveriam as suas operações mentais ser limitadas
"pelo horizonte intelectual do médium" num caso mais do
que no outro? Os médiuns materialistas - pelo menos até onde se
estende a nossa observação - não são menos educados do que muitos
camponeses e operários que em tempos diferentes deram, sob
influência suprema, idéias profanas e sublimes ao mundo. Quando os
espíritos se vêem dotados de órgãos vocais para falar, não lhes
é muito difícil exprimir-se de um modo condizente com a hipotética
educação, inteligência e posição social que tiveram em vida, em
lugar de cair invariavelmente no diapasão monótono de
lugares-comuns e, não muito raramente, de banalidades. Quanto à
observação esperançosa do Sr. Sargent, de que "pelo fato de a
ciência do Espiritismo esta ainda na infância, podermos esperar por
mais luz a esse respeito", tememos dever replicar que não é
através desses "gabinetes escuros" que a luz algum dia
recairá.
A
LÂMPADA INEXTINGUÍVEL, SÃO OBRAS DA ALQUIMIA.
É
fácil compreender que um fato ocorrido em 1731, que testificar um
outro fato que aconteceu durante o papado de Paulo III, por exemplo,
seja desacreditado em 1876. E quando os cientistas são informados de
que os romanos mantinham luzes em seu sepulcro por anos incontáveis
graças à oleosidade de ouro; e que uma dessas lâmpadas perpétuas
foi descoberta queimando brilhantemente na tumba de Túlia, a filha
de Cícero, não obstante a tumba ter estado fechada durante mil e
quinhentos e cinqüenta anos - eles têm um certo direito de duvidar,
e mesmo de descrer da afirmação, até se assegurarem, pela
evidência de seus próprios sentidos, de que tal coisa é possível.
Neste caso, eles podem rejeitar o testamento de todos os filósofos
antigos e medievais. O enterro dos faquires vivos e a sua
ressurreição subseqüente, após trinta dias de inumação, pode
parecer-lhes suspeito. Assim também a auto-inflição de feridas
mortais, e a exibição de suas próprias entranhas às pessoas
presentes por vários lamas, que curam tais feridas quase
instantaneamente.
Os
faquires continuarão a ser enterrados e a ressuscitar, satisfazendo
a curiosidade dos viajantes europeus; e os lamas e os ascetas hindus
ferir-se-ão, mutilar-se-ão eviscerar-se-ão e achar-se-ão ainda
melhores por isso; e as negações de todo o mundo não soprarão o
suficiente para extinguir as lâmpadas perpétuas de algumas criptas
subterrâneas da Índia, do Tibete e do Japão. Uma de tais lâmpadas
é mencionada pelo Reverendo S. Mateer, da Missão Londrina. No tempo
de Trivandrum, no reino de Travancore, sul da Índia, "há um
profundo poço no interior do templo, no qual imensas riquezas são
lançadas ano após ano, num outro lugar, uma cova coberta por uma
pedra, uma grande lâmpada de ouro, que foi acesa há mais de 120
anos, ainda continua a queimar", diz este missionário em sua
descrição do lugar. Missionários católicos atribuem essas
lâmpadas, como costuma acontecer, aos serviços obsequiosos do
demônio. O pastor protestante, mais prudente, menciona o fato, e não
faz nenhum comentário. O abade Huc viu e examinou uma dessas
lâmpadas, assim como outras pessoas que tiveram a boa sorte de
conquistar a confiança e amizade dos lamas e sacerdotes orientais.
Não se podem negar mais as maravilhas vistas pelo capitão Lane no
Egito; as experiências de Jacolliot em Benares e as de Sir Charles
Napier; as levitações de seres humanos em plena luz do dia.
Entre
as reivindicações da Alquimia está a das lâmpadas perpétuas. Se
dissermos ao leitor que vimos muitas delas, poderão perguntar-nos -
no caso de a sinceridade de nossa crença pessoal não ser
questionada - como podemos dizer que as lâmpadas que observamos eram
perpétuas, já que o período de nossa observação foi muito
limitado? Simplesmente porque, como sabemos quais os ingredientes
empregados, e a maneira de fazê-las, e a lei natural aplicável ao
caso, confiamos em que nossa afirmação pode ser corroborada por
investigações no local adequado. Onde se localiza este lugar e onde
se pode aprender este conhecimento, nossos críticos devem
descobri-lo, esforçando-se como nós o fizemos. Entrementes,
citaremos alguns dos 173 autores que escreveram sobre o assunto.
Nenhum deles, como lembramos, afirmou que essas lâmpadas sepulcrais
queimariam perpetuamente, mas apenas por um número indefinido de
anos, e exemplos se registram de sua contínua iluminação por
muitos séculos. Não se negará que, se existe uma lei natural pela
qual uma lâmpada pode queimar sem ser alimentada durante dez anos,
não há razão por que a mesma lei não permita a combustão por cem
ou mil anos.
Entre
muitas personagens de renome que acreditavam firmemente e afirmaram
energicamente que tais lâmpadas sepulcrais queimavam por vários
centenas de anos, e que poderiam continuar a queimar talvez para
sempre, se não tivessem sido extintas, ou os vasos quebrados por
algum acidente, podemos incluir os seguintes nomes: Clemente de
Alexandria, Hermolaus Barbarus, Apiano, Burattinus, Citésio, Célio,
Foxius, Costaeus, Casalius, Cedrenus, Delrius, Ericius, Gesnerus,
Jacobonus, Leander, Libavius, Lazius, Pico dela Mirandola, Eugênio
Filaletes, Liceto, Maiolus, Maturantius, Batista Porta, Pancirollus,
Scardeonius, Ludovicus Vives, Voltarranus, Paracelso, vários
alquimistas árabes e, finalmente Plínio, Solinus, Kirches e Alberto
Magno.
São
os egípcios, esses filhos do País da Química, que lhes reclamam a
invenção. Pelo menos eles foram o povo que utilizou tais lâmpadas
mais do que qualquer outra nação, por causa de suas doutrinas
religiosas. Acreditava-se que a alma astral da múmia permanecia
sobre o corpo pelo espaço de três mil anos do ciclo de necessidade.
Presa a ele por um fio magnético, que só podia ser quebrado por seu
próprio esforço, os egípcio esperavam que a lâmpada perpétua,
símbolo de seu espírito incorruptível e imortal, convenceria por
fim a alma mais material a abandonar o seu domicílio terrestre e
unir-se para sempre com o seu EU divino. É por isso que as lâmpadas
eram penduradas nos sepulcros dos ricos. Tais lâmpadas são, com
freqüência, encontradas nas cavernas subterrâneas dos mortos, e
Liceto escreveu um grande infólio para provar que em seu tempo,
sempre que um sepulcro era aberto, uma lâmpada ardente era
encontrada na tumba, mas extinguia-se instantaneamente devido à
profanação. Tito Lívio, Burattinus e Michael Schatta, em suas
cartas a Kirches, afirmam que encontraram muitas lâmpadas nas
cavernas subterrâneas da velha Mênfis. Pausânias fala da lâmpada
de ouro no templo de Minerva, em Atenas, que ele afirma ser obra de
Calímaco, e que queimava durante um ano inteiro. Plutarco afirma que
viu uma no templo de Júpiter Amon, e que os sacerdotes lhe
asseguraram que ela queimava continuamente há anos, e que, mesmo
quando colocada ao ar livre, nem o vento nem a água podiam
extingui-la. Santo Agostinho, a autoridade católica, também
descreve uma lâmpada do templo de Vênus, da mesma natureza que as
outras, inextinguível pelo vento mais violento ou pela água.
Encontrou-se uma lâmpada em Edessa, diz Cedrenus, "que, oculta
no topo de uma certa porta, queimou durante quinhentos anos".
Mas, de todas as lâmpadas, a mencionada por Maximus Olybius de Pádua
é de longe a mais extraordinária. Ela foi encontrada nas
proximidades de Ateste, e Scardeonius a descreve de maneira muito
viva: "Numa ampla urna de argila havia uma outra menor, e nesta
uma lâmpada ardente, que assim queimava há 1.500 anos, por meio de
um licor puríssimo contido em duas vasilhas, uma de ouro e outra de
prata. Estas estavam confiadas à guarda de Franciscus Maturantius,
que as avaliava por um valor extraordinário".
A
lâmpada de Antióquia, que queimou mil e quinhentos anos, num lugar
público e aberto, sobre a porta de uma igreja, foi preservada pelo
"poder de Deus", "que fez um número tão infinito de
estrelas para queimar com luz perpétua". Quando às lâmpadas
pagãs, Santo Agostinho assegura-nos que elas eram obra do demônio,
"que nos engana de mil maneiras". Nada mais fácil para
Satã do que representar um facho de luz, ou uma chama brilhante para
aqueles que entraram em primeiro lugar numa tal caverna subterrânea.
Isto foi sustentado por todos os bons cristãos durante o papado de
Paulo III, quando, na abertura da tumba na via Ápia, em Roma, se
encontrou o corpo inteiro de uma jovem nadando num licor brilhante
que a preservou tão bem que a face era bela como se estivesse viva.
A seus pés queimava uma lâmpada, cuja chama se apagou na abertura
do sepulcro. Segundo alguns sinais gravados, descobriu-se que ela
fora sepultada há mais de 1,500 anos e supôs-se que era o corpo de
Tulliola, ou Tullia, filha de Cícero.
Químico
e físicos negam que lâmpadas perpetuas são possíveis alegando que
tudo que é transformado em vapor ou fumaça não pode ser
permanente, mas deve consumir-se; e como a alimentação de óleo de
uma lâmpada acesa é exalada como o vapor, o fogo, por esse motivo,
não pode ser perpétuo, pois necessita de alimento. Os alquimistas,
por outro lado, negam que toda a alimentação do fogo ateado deve
necessariamente converter-se em vapor. Eles dizem que há coisas na
Natureza que não só resistem à ação do fogo e permanecem
inconsumíveis, mas também se mostram inextinguíveis pelo vento ou
pela água. Numa antiga obra química do ano de 1.705, intitulada
Nekpornoeia, o autor dá numerosas refutações às pretensões de
vários alquimistas. Mas, embora negue que se possa fazer um fogo
queimar perpetuamente, ele está propenso a acreditar na
possibilidade de uma lâmpada queimar por vários séculos. Além
disso, temos numerosos testemunhos de alquimistas que devotaram anos
a essas experiências e chegaram à conclusão de que isso era
possível.
A
INDESTRUTIBILIDADE DA MATÉRIA
A
descoberta da indestrutibilidade da matéria e a da correlação de
forças, especialmente a última, são proclamadas como um de nossos
grandes triunfos. É a “mais importante descoberta do presente
século”, como expressou Sir William Armstrong em sua oração como
presidente da Associação Britânica. Mas esta “importante
descoberta” não é em suma uma descoberta. Sua origem, deixando de
lado os traços inegáveis encontrados nos filósofos antigos,
perde-se nas densas trevas dos dias pré-históricos. Seus primeiros
vestígio descobrem-se nas especulações sonhadoras da teologia
védica, na doutrina da emanação e da absorção, do Nirvana, em
suma. Scoto Erígena esboçou-a em sua audaciosa filosofia do século
VIII, e convidamos o leitor a ler sua De divisione naturae, para
convencer-se desta verdade. A Ciência diz-nos que quando a teoria da
indestrutibilidade da matéria (entre parênteses, uma antiquíssima
idéia de Demócrito) foi demostrada, tornou-se necessário
estendê-la à força. Nenhuma partícula material pode jamais
perder-se; nenhuma parcela de força que existe na Natureza pode
desaparecer; portanto, a força mostrou-se igualmente indestrutível,
e suas várias manifestações ou forças, sob diversos aspectos,
revelaram ser mutuamente conversíveis, e apenas modos diferentes de
movimento das partículas materiais. E assim se redescobriu a
correlação de forças. O Sr. Grove, já em 1824, deu a cada uma
dessas forças, como calor, eletricidade, magnetismo e luz, o caráter
de conversibilidade, tronando-as capazes de ser num instante uma
causa e no próximo um efeito. Mas de onde vêm estas forças e para
onde vão, quando as perdemos de vista? Sobre este ponto, a Ciência
cala-se.
A
ANTIGUIDADE E A TEORIA DAS CORRELAÇÕES DE FORÇAS.
À
teoria da “correlação de forças”, embora possa ser nas mentes
de nossos contemporâneos "a maior descoberta de nosso século",
não pode explicar nem o começo nem o fim de tais força: e não
pode indicar-lhes a causa. As forças podem ser conversíveis e uma
pode produzir a outra, mas nenhuma ciência exata é capaz de
explicar o alfa e o ômega do fenômeno. E, assim parafraseado por
Jowett: "Deus conhece as qualidades originais das coisas; o
homem só pode esperar chagar à probabilidade". Os antigos
hindus baseavam sua doutrina da emanação e absorção precisamente
nessa lei. Tò "Ov, o ponto primordial num círculo infinito,
"cuja circunferência está em parte alguma, e o centro em toda
parte", que emana de si todas as coisas, e que as manifesta no
universo visível sob formas multifárias. As formas alternam-se,
misturam-se e, depois de uma gradual transformação do espírito
puro (ou o "Nada" búdico) na matéria mais grosseira,
começam a se retrair e também gradualmente a reemergir em seu
estado primitivo, que é a absorção no Nirvana - o que é então
isso senão a correlação de forças?
A
Ciência diz-nos que o calor desenvolve a eletricidade, e a
eletricidade produz calor; e que o magnetismo produz eletricidade, e
vice-versa. O movimento dizem-nos, resulta do próprio movimento, e
assim por diante, ad infinitun. Este é o ABC do ocultismo e dos
primeiros alquimistas. Descobrindo-se e provando-se a
indestrutibilidade da matéria e da força, o grande problema da
eternidade está resolvido. Que necessidade temos então do espírito?
Sua inutilidade está doravante cientificamente demonstrada!
Portanto,
pode-se dizer que os filósofos modernos não deram um passo além do
que os sacerdotes da Samotrácia, os hindus, e mesmo os gnósticos
cristãos tão bem conheciam. Os últimos demostraram-no no mito
maravilhosamente ingênuo dos dioskuri, ou "os filhos do céu",
os irmãos gêmeos a respeito dos quais diz Schweigger "que
morrem constantemente e voltam à vida juntos, pois é absolutamente
necessário "que um morra para que o outro possa viver".
Eles sabiam tão bem quanto os nossos físicos que, quando uma força
desaparece, ela simplesmente se converte numa outra força. Embora a
Arqueologia não tenha descoberto nenhum aparelho antigo para tais
conversões especiais, pode-se, não obstante, afirmar com perfeita
razão e com base em deduções analógicas que quase todas as
religiões antigas se fundavam em tal indestrutibilidade da matéria
e da força - mais a emanação do todo a partir de um fogo etéreo,
espiritual - ou o Sol Central, que é Deus ou Espírito, em cujo
conhecimento se baseia potencialmente a antiga Magia Teúrgica.
No
comentário manuscrito de Proclus sobre a Magia, ele dá a seguinte
explicação: "Do mesmo modo que os amantes avançam
gradualmente da beleza que é aparente em formas sensíveis para
aquela que é divina, assim os sacerdotes antigos, quando pensavam
que há uma certa aliança e simpatia entre as coisas naturais, entre
as coisas visíveis e as forças ocultas, e descobriram que todas as
coisas subsistem em tudo, edificaram uma ciência sagrada com base em
sua simpatia e similaridade mútua. Portanto, eles reconheciam nas
coisas subordinadas as coisas supremas, e, nas supremas, as
secundárias; nas regiões celestes, as propriedades terrestres
subsistindo de maneira causal e celestial, e na terra, as
propriedades celestes, mas de acordo com a condição terrestre".
Proclus
assinala certas peculiaridades misteriosas das plantas, dos minerais
e dos animais, todas as quais são muito bem-conhecidas por nossos
naturalistas, mas nenhuma é explicada. Tais são o movimento
rotatório do girassol, do heliotrópio, do lótus - que, antes de o
Sol se levantar, dobram as folhas, guardando-as consigo, por assim
dizer, e as expandem então gradualmente quando o Sol se levanta,
para recolhê-las novamente quando este se põe -, das pedras solares
e lunares e do hélio-selene, do galo e do leão, e outros animais.
"Ora, os antigos", diz ele, "tendo contemplado a mútua
simpatia das coisas celestes e terrestres, aplicaram-na para
propósitos ocultos, de natureza celeste e terrestre, por cujo
intermédio, graças a certas semelhanças, deduziram as virtudes
divinas nesta morada inferior.(...) Todas as coisas estão repletas
de naturezas divinas; as naturezas terrestres recebem a plenitude das
que são celestes, e as celestiais das essências supercelestiais, ao
passo que cada ordem de coisas procede gradualmente de uma bela
descida do mais alto ao mais baixo. Pois tudo que se reúne acima da
ordem das coisas dilata-se em seguida descendo, as diversas almas
distribuindo-se sob a conduta de suas diversas divindades".
Evidentemente,
Proclus não advoga aqui simplesmente uma superstição, mas uma
ciência ; pois não obstante ser oculta, e desconhecida de nossos
eruditos, que lhe negam as possibilidades, a magia ainda é uma
ciência. Ela se baseia solidamente e unicamente nas misteriosas
afinidades existentes entre corpos orgânicos e inorgânicos, nas
produções visíveis dos quatro reinos, e nos poderes invisíveis do
Universo. O que a ciência chama de gravitação, os antigos e os
hermetistas medievais chamavam de magnetismo, atração, afinidade. É
a lei Universal, que foi compreendida por Platão e exposta no Timeu
como a atração dos corpos menores pelos maiores, e dos corpos
semelhantes pelos semelhantes, estes últimos exibindo antes um poder
magnético do que a lei da gravitação. A fórmula antiaristotélica
de que a gravidade força todos os corpos a caírem com igual
rapidez, sem relação com o seu peso, sendo a diferença causada por
alguma outra desconhecida, aplicar-se-ia ao que parece com mais
adequação antes ao magnetismo do que à gravitação, pois o
primeiro atrai antes em virtude da substância do que do peso. Uma
completa familiaridade com as faculdades ocultas de tudo que existe
na Natureza visíveis e invisíveis; suas relações, atrações e
repulsões mútuas; a causa desta,
remonta
até o princípio espiritual que penetra e anima todas as coisas; a
habilidade para fornecer as melhores condições para que este
princípio se manifeste, noutras palavras, um profundo e exaustivo
conhecimento da lei natural - tal foi e é a base da Magia.
A
UNIVERSALIDADE DA CRENÇA NA MAGIA.
A
Magia era outrora uma ciência universal e estava inteiramente nas
mãos do sábio sacerdote. Embora o foco fosse zelosamente guardado
nos santuários, seus raios iluminavam toda a Humanidade. Como
explicaríamos de outro modo a extraordinária identidade de
"superstições", costumes, tradições e mesmo de adágios,
repetidos nos provérbios populares tão espalhados de um pólo a
outro que encontramos as mesmas idéias entre os tártaros e os
lapões como entre as nações meridionais da Europa, os habitantes
das estepes russas, e os aborígenes da América do Norte e do Sul?
Tylor demonstra, por exemplo. que uma das antigas máximas
pitagóricas, "Não ateie o fogo com uma espada", é
popular entre várias nações que não têm a menor conexão entre
si. Ele cita De Plano Carpini, que descobriu que esta tradição
prevalecia entre os tártaros já em 1246. Um tártaro não
consentirá por preço algum em jogar uma faca ao fogo, ou tocá-lo
com qualquer instrumento afiado ou pontiagudo, pois teme cortar a
"cabeça de fogo". Os kamachadals do noroeste asiático
consideram um grande pecado fazê-lo. Os índios Sioux da América do
Norte não ousaram tocar o fogo com agulha, faca ou instrumento
pontiagudo. Os kalmucks compartilham desse mesmo medo; e um abissínio
preferiria colocar os braços nus até os ombros num braseiro a
utilizar uma faca ou um machado perto dele.
Todos
os provérbios de Pitágoras, como muitos dos adágios antigos, têm
um duplo significado; e, enquanto têm um significado físico oculto,
expresso literalmente em suas palavras, encarnam um preceito moral,
que é explicado por Jâmblico em sua Vida de Pitágoras. Este "Não
revolta o fogo com uma espada" é o nono símbolo no Protréptico
desse neoplatônico. "Este símbolo", diz ele, "exorta
à prudência". Ele mostra "a propriedade de não opor
palavras mordazes a um homem cheio de fogo e de cólera - de não
lutar com ele. Pois freqüentemente por palavras impolidas agitareis
e irritareis um homem ignorante, e sofrereis por isso. (...)
Heráclito testemunha também a verdade desse símbolo. Pois, diz
ele, ‘É difícil lutar com cólera, pois não se pode mais fazer o
que é necessário para redimir a alma’. E ele tem razão em
dizê-lo. Pois muitos, deixando-se levar pela cólera, modificaram a
condição de suas almas, e tornaram a morte preferível à vida. Mas
governando a língua e calando-se, a amizade nasce do conflito, pois
o fogo da cólera se extingue, e vós não parecereis desprovidos de
inteligência".
O
grande corpo dos antigos materialistas, por mais cépticos que nos
pareçam hoje, pensava de outra maneira, e Epicuro, que rejeitava a
imortalidade da alma, acreditava, no entanto, num Deus, e Demócrito
admitia plenamente a realidade das aparições. A maior parte dos
sábios da Antigüidade acreditava na preexistência e nos poderes
divinos do espírito humano. A magia da Babilônia e da Pérsia
baseava nisso a doutrina de seus machagistia. Os Oráculos caldeus,
que Pleto e Pselo tanto comentaram, expuseram e ampliaram
constantemente o testemunho daqueles. Zoroastro, Pitágoras, Epicuro,
Empédocles, Cebes, Eurípedes, Platão, Euclides, Fílon, Boécio,
Virgílio, Cícero, Plotino, Jâmblico, Proclus, Pselo, Sinésio,
Orígenes e finalmente o próprio Aristóteles, longe de negarem a
nossa imortalidade, sustentaram-na muito enfaticamente. Como Cardan e
Pomponazzi, "que não eram partidários da imortalidade da
alma", como diz Henry More, "Aristóteles conclui
expressamente que a alma racional é um destino da alma do mundo,
embora a mesma essência, e que ela preexiste antes de habitar o
corpo".