Magia na visão Hermetica
O
que é mágica? Esta é uma questão que, mesmo em círculos
esotéricos, levanta muita discussão. Vários autores e filósofos
em todas as épocas teceram variadas interpretações a respeito do
assunto. Entretanto, os elementos-chave de todas as definições
existentes parecem concordar em apenas um ponto: Mágica envolve o
uso da mente humana para causar uma alteração: Mudança no mundo,
mudança do próprio indivíduo, mudança para com os outros.
Aleister Crowley definiu mágica como " a Arte ou Ciência de
causar uma mudança. Para que esta ocorra em conformidade com a
Vontade " (1). Doreen Valiente define mágica como " a
ciência do controle das forças secretas da natureza" (2).
Scott Cunningham chama mágica de " movimento de energias
naturais para criar uma mudança necessária" (3). Mas é Margot
Adler que tem a definição que considero ser a mais interessante de
todas. Ela diz:
Viagem Alem | Fazer Viagem Astral | Paranormal | Ocultismo | Espiritualidade |
Técnicas de Projeção Astral e Exercicíos para a Espiritualidade
"
Mágica é uma palavra conveniente para toda uma coleção de
técnicas, todas as quais envolvem o uso da mente. Neste caso,
veremos que todas estas técnicas envolvem a mobilização da
confiança, vontade e emoção, direcionadas a partir do
reconhecimento da necessidade, do uso das faculdades da imaginação,
principalmente através da habilidade de visualizar, a fim de
entender como outros seres funcionam na natureza para que possamos
usar este conhecimento de forma a atingir os fins necessitados "
(4).
Mágica,
portanto, é um instrumento da mente, e como tal é mental por
natureza. Mágica é um meio através do qual a vontade, a emoção e
a imaginação criam uma mudança verdadeira no mundo físico. Como,
porém, pode um instrumento mental e não físico criar uma alteração
no mendo físico e corpóreo? A resposta está na Verdade de que o
universo em si mesmo é Mental por natureza, e que a mente é a chave
para abrir os poderes do Cosmo.
Substância
pode ser definida como aquilo que está por dentro de todas as
manifestações exteriores. Atrás de toda aparência exterior neste
mundo, e em todos os outros mundos, deve existir uma realidade
substancial. Um imenso panteon de deuses e deusas mostra-nos como o
homem tentar dar nome a esta realidade substancial. Como John Barnes
afirmou, " O Todo é a Realidade Substancial que está escondida
em todas as manifestações de vida. O Todo é a Grande Avó -Avô
que criou a si mesmo, que sempre existiu e que irá existir para
sempre" (5).
Podemos
então, agora, deduzir as seguintes verdades com relação a este
Todo/Toda que não tem substância:
Ele/Ela
deve incluir tudo o que existe, ou não seria o Todo/Toda;
Ele/Ela
devem ser infinitos e sem limites. Apenas a não existência precede
o ser, e aquele que não é, obviamente não pode existir. Este
Ele/Ela não pode ser dividido, delineado ou contido, pois não pode
ser quebrado, separado ou ser preenchido (6)
Ele/Ela
devem ser imutáveis, pois nada está fora deste ser para causar uma
mudança nele(a).
Visto
que o Todo/Toda é Absoluto, Infinito, Eterno e Imutável, segue-se
naturalmente que tudo o que for limitado, finito, mutável ou
condicionado não pode ser o Todo/Toda. Como, então, podemos
conhecer o Todo/Toda, pois a natureza interior do Todo/Toda deve ser
passível de conhecimento, ou seja " pois nada mas o próprio
Todo[Toda] compreende sua própria natureza" (7). Na Tábua
Esmeraldina, Hermes Trismegistus revela esta verdade para todos nós:
"
Da forma mais verdadeira, sem erros, com certeza mais absoluta: Tudo
o que existe nas Profundezas corresponde ao que existe nas Alturas, e
tudo o que existe nas Alturas corresponde ao que existe nas
Profundezas, na execução do Milagre do Um/Uma. E assim como tudo e
todas as coisas vieram daquele(a) que é Um(a) , através da Mediação
daquele que é Um(a), assim todas as coisas vêm deste início, da
mesma forma. Seu pai é o Sol, sua mãe é a Lua. O Vento o(a)
carregou em seu ventre. Seu alimento é a Terra. É o pai [e mãe] de
tudo o que existe no Mundo" (8).
Portanto,
podemos adivinhar a natureza do Todo/Toda se olharmos para a natureza
do mundo que nos rodeia, incluindo a nós mesmos. A Grande Oração
da Deusa não nos diz: " se aquilo que buscais, vós não
encontrardes dentro de vós, vós jamais ireis encontrar fora de vós"
(9). Se olharmos para o Cosmo que nos rodeia, veremos que o que
chamamos de existência é composto de Matéria, Energia e Mente ou
Espírito. O Todo/Toda não pode ser material, " pois a matéria
não pode manifestar Vida ou a Mente, conforme disse o grande Hermes
Trismegistus: " o Corpo não tem razão ou inteligência "
(10). Como a vida e a Mente são manifestadas no Universo, o
Todo/Toda não pode ser matéria, pois " nada se ergue a alturas
maiores do que a sua própria fonte " (11). Então, o Todo/Toda
é, por acaso, Energia? O que é Energia, mas matéria num estado
mais alto de vibração? Mais ainda, Energia, como a Matéria, está
destituída de Vida e Mente, portanto, o Todo/Toda não pode ser
Energia. O que então existe que está numa escala mais alta do que a
Matéria e a Energia que sabemos existir no mundo ao nosso redor?
Mente e Espírito. Aqui está a verdadeira natureza do Todo/Toda,
como sempre falaram todos os iniciados: " O Todo/Toda é o
Infinito, a Mente Viva, que os iluminados chamam de Espírito"
(12).
Se
o Todo/Toda for Mente, então qual é a natureza de nosso universo
físico? Se o Cosmo realmente existe, então ele deve proceder do
Todo/Toda, como efeito vem sempre de uma causa. Entretanto, algo não
pode vir do nada. A partir do que, então, foi criado o nosso cosmo?
Uma vez que o Todo/Toda é Absoluto, então não há nada fora de si
mesmo para ser criado. Mais ainda, uma vez que o Todo/Toda é
indivisível e imutável, nosso universo não poderia ter sido criado
da substância do Todo/Toda. Novamente, devemos olhar para o
Princípio da Correspondência citada na Tábua Esmeraldina - Assim
na Terra, como no Céu; assim no Céu, como na Terra. Quais então
são as forma através das quais o homem cria o que precisa? Em
primeiro lugar, o homem cria coisas a partir da realidade que está
fora dele mesmo. Mas nada existe sem estar dentro do Todo/Toda,
portanto o Todo/Toda não pode criar nada que não esteja dentro de
si. O homem também cria através da reprodução, mas esta
reprodução envolve uma adição ao Todo/Toda por um lado, e uma
divisão deste Todo, por outro lado, sendo que nenhum destes dois
processos pode ser executado dentro do Todo/Toda. A última forma
através da qual o homem cria é através da Mente, e usando a Mente,
homens e mulheres podem criar sem usar nada do exterior, entretanto o
espírito deste mesmo homem está na criação mental. O Todo/Toda
portanto cria o Universo Mentalmente, através de um processo
semelhante, pois o Todo/Toda não pode criar de outra forma.
Portanto, chegamos aqui à conclusão dos Iniciados: " A Mente
Infinita do Todo/Toda é o Útero dos Universos" (13). Portanto,
assim como disse Hermes:
"Desta
forma, conhecemos Deus, pois ao termos todas as coisas dentro de nós
mesmos sob a forma de pensamentos, temos dentro de nós o próprio
Cosmo (14). Assim como a Mente do Todo/Toda deve ser Uma. Tal qual o
Todo/Toda é um, então tudo o que existe é criado dentro da Mente
do Todo/Toda é Um/Uma. , ou seja, " vejo o Todo/Toda, vejo-me
na Mente... No céu eu estou, na terra, nas águas, no ar; estou nos
animais, nas plantas. Estou no útero, antes do útero, após o útero
- estou em todos os lugares " (15).
O
Universo, portanto, é Mental por natureza. Todas as possibilidades
estão contidas no aforisma " se entendermos que tudo está na
nossa mente, veremos que nosso corpo é o poder da mente contigo ou
coagulado numa determinada vibração (16). Na realidade, tudo o que
vemos ao nosso redor, tudo o que permanece escondido, é "matéria
mental" . A crença de magos e feiticeiros de que o pensamento
pode ser projetado no universo e causar um impacto na realidade faz
perfeito sentido. As projeções de penssamento podem se tornar
realidades externas porque não há separação entre a realidade
mental e a realidade externa (17). Com rígida auto-disciplina e
através das técnicas de Magia, o iniciado/a iniciada ganha controle
sobre sua matéria mental, podendo portanto agir fisicamente através
da mente. Isto é o que chamamos de Magia/Mágica.
De
que maneira ocorre esta Transmutação Mental que chamamos de Mágica?
Para uma melhor compreensão desta pergunta, devemos voltar novamente
a Hermes Trismegistus e o Terceiro Princípio Hermético, o Princípio
da Vibração: "Nada descansa, tudo se move, tudo vibra "
{18}. A verdade desta asserção pode ser vista no cosmo que nos
rodeia. As luas revolvem ao redor dos planetas, que se movem ao redor
de um sol, que se movem ao redor do núcleo galáctico, e assim por
diante. Até as rochas mais sólidas e os corpos de nossos amigos
mais amados estão em constante movimento a nível molecular. Tudo
Vibra. Existem diferenças nas taxas de vibração entre as diversas
formas da matéria, e a mais alta vibração é a do espírito, que
ocupa o estado de vibração mais elevado em cada plano da
existência. A matéria nada mais é do que energia num estado
vibratório mais denso. Matéria e energia representam dois polos de
manifestação. A matéria é a vibração mais densa, o espírito é
a mais sutil (19). Daí, avançamos na direção do Quarto Grande
Princípio Hermético, o Princípio da Polaridade: " Tudo [o que
existe] tem natureza dupla, tudo tem o seu polo, todos tem o seu par
de opostos; semelhante e oposto são o mesmo, opostos são idênticos
em termos de natureza, mas diferem em grau" (20). Portanto, a
física nos diz que a única diferença entre água quente e água
fria está na taxa na qual as moléculas de uma e outra água vibram.
Portanto, a verdade é que a natureza do quente e do frio é a mesma,
e difere apenas no grau. O mesmo é válido para Felicidade e
Desespero, pois mesmo emoções são expressas em termos de estados
vibracionais. Porque a felicidade e a tristeza diferem apenas em
polaridade, para fazer alguém feliz, quando este alguém esteve
triste, o que se deve fazer é apenas mudar a polaridade o estado
vibracional do indivíduo através da Vontade. Como Laurie Cabot diz:
"
Feiticeiras usam o princípio de complementaridade, ou Polaridade,
que se manifestas em alterações positivas e negativas. Sabemos que
a carga de tudo pode ser alterada. Nada é fixo. Todos os objetos,
humores e estados da mente têm polos positivos e negativos,
semelhante a circuitos elétricos, entre os quais passa a energia.
Muitos encantos são nada mais do que a transformação de energias
positivas e negativas direcionadas pela consciência.
Encantos/feitiços,
portanto, são um dos meios através do qual a feiticeira/maga altera
estados vibracionais, ao longo das linhas de polaridade, para atingir
uma mudança física. Encantos e feitiços fazem isto direcionando a
Vontade através do uso de Símbolos, ou seja " um
encanto/feitiço é um ato simbólico feito num estado alterado de
consciência a fim de se obter uma mudança desejada. Fazer um
encanto/feitiço é projetar energia através de um símbolo (21). O
simbolismo existe nos encantos, bem como nos rituais através dos
quais muitos encantos são efetuados. Os símbolos são o elo
principal na nossa comunicação com o Mundo Interior, assim como um
satélite é o nosso elo principal em nossas comunicações com o
mundo exterior. Ao entrarmos em contato com este Eu Interior e
Inconsciente, nós tocamos o Alto Eu, o portal pessoal para o divino
em cada um de nós. "O eu inconsciente é o único portal para o
alto eu, e buscar o envolvimento do Inconsciente significa utilizar
os sentidos, os símbolos, sentimentos e ritual, não racionalidade e
lógica " (22).
Palavras
são parte importante deste processo simbólico, pois toda forma é o
véu de uma palavra, uma vez que a idéia é a mãe da palavra, e a
única razão para a existência das formas. Toda figura é um
caracter, todo caracter deriva e retorna a uma palavra (23). Palavras
e símbolos são como sombras de realidades mais elevadas. Usando uma
sombra, podemos adivinhar a forma da figura que cruza a luz; e
através do uso da Vontade, direcionada pela Palavra, podemos fazer
ser a forma no Mundo Físico. " As coisas que são externas são
para nós o que a nossa Palavra Interna faz ser. Acreditar que
estamos felizes é ser feliz; seja o que for que amamos torna-se
precioso na proporção da própria estima. É neste sentido que
podemos dizer que a Mágica muda a natureza das coisas (24). A
Imaginação é a outra chave através da qual aprendemos a fazer
Mágica. A Imaginação é, com efeito, "o olhar da alma";
pela Imaginação, delineiam-se formas a serem preservadas, e por
ela, preservamos as reflexões do mundo invisível (25). A nível
inconsciente, a visualização é o meio através do qual damos asas
às imagens que buscamos. Enquanto que palavras dão forma às
imagens que buscamos, a nível do inconsciente, e direcionam a
Vontade através do esforço consciente, a visualização é o vaso
que carrega a Vontade na direção do fim desejado. " As imagens
e objetos usados em encantos e feitiços são os canais, os vasos
através dos quais nosso poder é derramado e através da qual
conferimos forma ao que deve ser formado. Quando a energia é
direcionada em imagens que visualizamos, esta gradualmente se
manifesta em uma forma física e toma forma no mundo material"
{26}
Qual
é o papel do Deus e da Deusa num universo que, como vimos, é
essencialmente Um/Uma e essencialmente Mental
"
Os deuses são uma realidade, nas não no sentido do que pensamos
como realidade. Os ideais, ou Imagens Arquetípicas atrás dos deuses
têm estado nas mentes dos homens por milhares de anos, e
permanecerão lá por outros tantos milhares de anos. Os muitos
deuses/deusas representam cada um aspecto do Ideal da força criadora
do Todo/Toda que está atrás de tudo o que existe " (27).
A
Verdadeira natureza do Todo/Toda jamais será conhecida por nós. Mas
poderemos distinguir algumas características de sua natureza através
do princípio das correspondências. Portanto, devemos desenvolver de
forma inconsciente estas Figuras Arquetípicas do Deus e da Deusa
para nos ligarmos a um conceito que doutra forma não seríamos
capazes de entender. É por esta razão que o homem primitivo criou
uma grande variedade de arquétipos mitológicos, para que pudesse
ter dentro de si os significados ocultos das esferas mais elevadas,
que lhes eram elusivas e fugidias.
"
O homem primitivo causa em nós uma profunda impressão com a sua
subjetividade, e como tal deveríamos há muito ter-nos dado conta de
que os mitos se referem a algo de conteúdo psíquico. O conhecimento
do homem primitivo da natureza é essencialmente a linguagem da visão
exterior dos processos psíquicos inconscientes. Mas o fato de que
este processo é inconsciente, dá-nos a razão pela qual o homem tem
pensado sobre tudo , com exceção da psique, em sua tentativa de
explicar mitos, e que nosso inconsciente é um paciente que age e
sofre dentro de um drama interior que o homem primitivo redescobre
através de analogia, nos processos pequenos e grandes da Natureza "
(28).
"
Em essência, o homem separou o que por sua natureza é inseparável,
definiu o que por sua natureza está além de definições. Esta
definição inconsciente vem até nós na forma analógica de
arquétipos mitológicos. Analogia é a chave dos segredos da
Natureza e a razão fundamental de todas as revelações. É por este
motivo que todas as religiões parecem ser escritas nos céus e em
toda Natureza " (29).
Porque
existimos como uma forma mental dentro da Mente do Todo/Toda, é que
todos nós somos essencialmente a manifestação da Divindade. Dentro
de cada um de nós, existe a chama do Divino. É pela luz desta chama
que nossa Jornada para as alturas deve ser feita: o que era um brilho
pequenino, deve transformar-se na Chama Ardente. "[Os] deus[ses]
deram à parte soberana da mente do homem [e das mulheres] a
capacidade para ser a divindade umas das outras. Esta é a parte do
corpo situada no topo [cabeça], e que também nos caracteriza como
seres dotados de crescimento voltado para os céus, pois ela nos
eleva da terra para nossos companheiros, irmãos e irmãs de alma que
estão nos céus (30). Ao buscarmos dentro de nossas almas, é que
começamos a achar as Respostas, sob a forma de Imagens da Deusa e do
Deusa. O fato das pessoas sucumbirem a estas imagens eternas é pura
e simplesmente normal, pois esta é a razão de ser destas imagens.
Elas são feitas para atrair, convencer, fascinar e sobrepujar. Elas
são criadas do material primordial da revelação e refletem a
experiência única da divindade (31). Experimentar o divino em
nossas vidas, portanto, portanto, é tocar aquela parte de nós
mesmos que está em verdadeira união com o divino.; e ser um/uma com
o Divino é compartilhar seu poder, alinhar-se com o divino e
portanto erguer o estado vibracional na direção do divino:
"
Se, então, não vos fizerdes como Deus[a], não podereis
conhecê-Lo(La). Pois semelhante é passível de ser conhecido apenas
por seu semelhante. Fazei-vos, então, crescer na mesma estatura da
grandeza que transcende todas as medidas; saltai para frente de todos
os corpos; transcendei todo o tempo; transformai-vos na Eternidade;
então, vós conhecereis Deus(a)" (32)
Portanto,
o divino traz o poder até o ser humano, e até a Mágica: